Com um pé novamente na filosofia.

Criei coragem, fui num sebo (desemprego!) e comprei um Aristóteles. Eu, que sou apaixonado pela dupla Sócrates e Platão, devo dizer que estou um tanto impressionado com as primeiras coisas que li sobre o filósofo que gostava de pensar no mundo enquanto caminhava.

Tinha bastante esse hábito também, de ficar pensando na vida enquanto andava. Hoje, não sei, sinto que perdi um pouco. Minha vontade era voltar a ler filosofia depois do TCC. Como já sei mais ou menos quando vou apresentar, me dei o luxo de voltar a um dos estudos que eu queria ter feito no lugar de design: filosofia (e isso sem contar história, artes, fotografia e tantas outras vontades).

Li o Poética, do mestre de Alexandre Magno, o Aristóteles. Achei interessantíssimo, algumas passagens me chamaram mais a atenção:

De acordo com ele, no começo as peças teatrais eram nada mais que monólogos. Se você pensa que esses caras que ficam em pé no palco falando sozinho por quase duas horas é novidade, não é. Aristóteles fala que essa é uma espécie de versão primitiva de teatro, e depois o troço evoluiu para duplas e grupos, surgindo a retórica teatral.

Sensacional, eu diria. Sabe, acho que o twitter no fundo mostra que somos eternas pessoas presas num monólogo. Falamos com muitas pessoas, ninguém nos responde, alguns nos ouvem mas ninguém nos entende. Digo isso porque já passei da marca dos 8 mil tuítes, e se na faculdade me chamavam de tuiteiro, acho que agora podem é me chamar de um grande escritor de monólogos. Faz sentido fazer essa associação com os dois? Acredito que seja bem válido sim. No fundo aqueles 140 caracteres são nosso palco, a diferença é que enquanto encenamos, vemos encenação de outros também.

Um outro quesito que me chamou a atenção foi quando ele cita a origem da linguagem. Sou um admirador de Ludwig Wittgenstein e seus devaneios sobre a linguística, e justo no Aristóteles vi um pouco disso. Letra, sílaba, conectivo, articulação, nome, verbo, artigo, flexão, frase. Muita coisa pra explicar, só lendo mesmo!

Por fim, a imitação. Ele cita muito Homero, grande poeta grego, e diz que as artes nada mais são do que imitações da realidade. São apenas coisas maqueadas, não se compara com a realidade. Diferente do seu mestre, Platão, que puxa o saco pra música, Aristóteles parece ter uma quedinha pelas epopéias.

Agora me empolguei no Aristóteles, embora o segundo livro seja mais complicado. Filosofia, tá aí outro negócio que queria ter feito também.

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