Once upon a time...

Era uma vez um príncipe, que vivia num castelo sozinho. Tinha medo do mundo lá fora, mas acima de tudo era muito egoísta e mesquinho. Achava que nunca encontraria uma princesa como todos seus amigos tinham achado, logo decidiu ficar enclausurado na sua torre, não porque alguém o havia ameaçado. Mas por simples vontade ou descrença no amor.

Um dia ele percebeu alguém invadindo seu castelo, e se deparou com uma princesa magnífica, dentro de uma carrugem, trajando um vestido rosado, cabelos cor de beringela, um sorriso tímido e olhos negros. O príncipe logo se apaixonou por aquela donzela, e percebera que tinha sido salvo por ela por de alguma forma.

Pois naquele mesmo momento aquele castelo não era mais cinza. Havia vida lá dentro, e não apenas uma mente solitária negando tudo o que acontecia ao seu redor. O principe não percebia, ou então percebia sim, que havia encontrado o que a vida mais tinha de bom: uma companhia para espantar a sua solidão.

Alguém para ver com ele as nuvens no céu, ficar juntinho na lareira, abraçá-lo e acima de tudo ser feliz. A felicidade que ele nunca imaginara que encontraria na vida, de alguma forma tinha encontrado quando aquela princesa havia adentrado seu solitário castelo. Ele era feliz e sabia disso.

Um dia a princesa sumiu. O príncipe moveu todos seus subordinados pra saber onde ela estava. Como que um dia eles estavam tão felizes e de súbito ela simplesmente abriu a porta e saiu? O príncipe questionava, mas nunca encontrou tal resposta. E mesmo se tivesse feito alguma coisa, queria encontra-la e pedir desculpas por ele ter sido um idiota para eles voltarem a ser felizes. Por mais que pensava, nunca encontrara tal resposta.

Passados alguns meses, o principe obteve algumas informações. Aparentemente ela teria resolvido voltar para seu amor antes do príncipe, e escolhera exatamente isso: deixar o príncipe de lado, de súbito. Porém, esse amor do passado havia falecido numa terra distante há muito tempo.

Ela então marcou um encontro com o pobre príncipe numa ponte, e de lá, após dar um último beijo no seu amado príncipe ela se jogou para cima de uma carruagem que vinha, que a atropelou.

E naquele momento em que o pobre príncipe a pegou pelos braços, chorando, ela pediu pra que ele jamais chorasse por nada nesse mundo. Pois as lágrimas do príncipe faziam aquela princesa triste. E sempre que ele parecia um pouco triste ela fazia de tudo para alegrar aquele pobre príncipe frustrado.

Ele prometeu que não choraria por nada nesse mundo.

Desde então aquele príncipe lacrou no lugar mais fundo do seu coração a tristeza, junto com ela. Ele apenas sorria para as pessoas, as divertia, e deixou aquele lado mais sério em algum lugar na sua alma.

E aí sim, alegrar aquela que uma vez fora a pessoa mais importante na sua vida, que lhe ensinara a ser feliz, quando ele era mais triste...

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Alguns anos se passaram. Montado em seu cavalo, com sua capa, o príncipe estava na frente de um novo castelo. E com uma nova princesa estava na sua frente.

"Desculpe, mas eu não sinto nada por você, príncipe. Acho que não daríamos certo. Não quero viver feliz para sempre do seu lado", a princesa disse, sem jeito.

"Haha, tudo bem. Eu sou um príncipe cuja princesa o abandonou há muitos anos. Estou em busca de uma nova princesa, mas tudo bem, sua alteza sabe em que direção fica o próximo castelo?", ele perguntou.

"O senhor príncipe já passou por muitos castelos?", a princesa que o rejeitou perguntou.

"Já sim. Já perdi a conta de tantos castelos! Estou aqui para salvar as princesas, assim como fui salvo por uma, há muitas primaveras atrás. Mas nenhuma delas querem ser salvas. Ou talvez não queiram ser salvas por mim", o príncipe replicou.

"Pobre príncipe. O próximo castelo fica a três dias de viagem daqui naquela direção. Espero que tenha mais sorte nele, e que ache uma princesa pra você", a princesa indicou.

O príncipe então colocou seu chapéu, subiu em seu cavalo com um sorriso, deu uma piscadinha pra princesa e disse:

"Então é pra lá que eu vou! Cuide-se, princesa, e boa sorte!", ele disse enquanto guiava seu alazão branco.

E aí o príncipe continuou no seu galope, sorrindo enquanto passava pelos grandes vales, florestas, perigos, dragões, salvava um número incontável de princesas que não queriam viver feliz para sempre com ele.

E continuava por todos os cantos do mundo a galopar, procurando por alguém que ele pudesse substituir aquela pela qual foi um grande amor da sua vida.

Sabia que lá do céu aquela princesa o olhava feliz, pois ela era feliz quando ele estava feliz. O príncipe continuou a levar rejeições atrás de rejeições de outras princesas pelo mundo...

...Mas sem perder o sorriso, jamais!

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