Ali era apenas eu e você.

E lá estavamos nós. Todos já tinham ido embora. No carro apenas nós dois, conversando, andando pelo centro de São Paulo, noturno, deserto.

Rua Senador Feijó. Do lado direito o Anhangabaú, do lado esquerdo a 23 de maio. O carro havia parado bem no cruzamento, na frente da velha escola de direito. Tentamos puxar algum assunto, mas era tarde demais. O silêncio imperou, nossos rostos se aproximaram e nos beijamos.

Éramos só nós dois, um garoto e uma garota, despertando para a vida os amores, as paixões. Naqueles minutos em que ficamos o mundo lá fora não importava, e mesmo aquele centro da cidade velho, podre e fedido se transformava facilmente no cenário mais romântico de todos dentro daquele carro.

Mas não por causa dos fatores externos, mas porque naquele momento era algo tão simples, tão inocente, tão puro que naquele momento nós dois tínhamos tudo o que precisavamos na nossa frente: apenas nós dois.

Nada de planos futuros, de estabilidade, de dinheiro, de carro do ano ou um apartamento na esquina do trabalho. Um sentimento nascido da coisa mais simples, o desejo de amar do ser humano, e de ser amado.

Dentro alguns dias isso já vai fazer uns seis anos que aconteceu.
Tanta coisa mudou, certo?

Acho que nem somos mais os mesmos de seis anos atrás.
Mas ficou a boa lembrança, acho digno. =)

Momento de recaída? Não! Apenas estou sendo saudosista.
Essas lembranças cultivadas que nos fazem ver que não passamos desapercebidos pelo mundo.

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