Scarlett O'Hara.

Scarlett O'Hara de "O Vento Levou" sempre me fascinou. Acho que é uma semi-vilã que dificilmente é vista uma igual no cinema clichê de hoje em dia. Um dos filmes clássicos que fiz questão de comprar foi exatamente o "E o vento levou...", clássico do tempo da carochinha.

Chamo ela de vilã porque Scarlett é malévola por natureza. Mas ela é malévola porque é uma mulher idealizadora, que pensa que sabe o que quer, quando no fundo não sabe. Quando eu vi mesmo esse filme foi na adolescência, e essa personagem ficou de alguma forma gravada na memória pelo que poderia fazer.

Digo isso porque cinemas são cheios de estereótipos. Bucetinhas sempre são bucetinhas, mas a Scarlett é Mulher com "M" maiúsculo. O amado dela, Rhett Butler acaba sendo um homem médio, comportamento e modos operandi comum. O destaque mesmo é pra Scarlett.

Mimada, chata, exigente e mal humorada. Além de tudo com uma dose estranha de sadismo. Uma coisa que ainda me deixa fascinado nesse filme é que o antagônico da O'Hara não é o Rhett, e sim a... Mammy! A empregada negra. Veja bem a construção da linguagem dos diálogos entre a Scarlett e a Mammy. Verá como as duas se balanceiam perfeitamente, e parece que a única opção seria se eventualmente o porte forte da Mammy estivesse no corpo do Rhett. Caso isso acontecesse não seria "E o vento levou", e sim "Casablanca".

Mas acima de tudo a lendária atriz deu vida ao personagem, o que é muito difícil. Eu gosto de comparar com as atrizes de novelas. Por exemplo, eu não vejo as personagens da Mariana Ximenes, ou da Déborah Secco. Elas sempre fizeram dois tipos de personagens na tevê, a primeira o papel da santinha que fica revoltada, e a segunda sempre papel de pobre querendo fama, sucesso e dinheiro.

Porém, eu não vejo a Vivien Leigh por detrás da Scarlett O'Hara. Eu vejo a Scarlett O'Hara em pessoa, viva. Mesmo que na pele de outra pessoa, mas lá, viva. O'Hara foi a primeira personagem feminina com vida própria no cinema. Digo isso pelos seus atos, pelas suas caretas, pelo seu tom de voz irônico e imperativo, por tudo. Um tanto masculinizada, enquanto o objetivo das mulheres acaba sendo um namorado, Scarlett foi além. Queria o mundo.

Mesmo que esse mundo seja limitado.

Comentários

  1. Concordo.Eu vejo a Scarlett O'Hara em pessoa, viva.
    Rhett Buttler é um personagem riquíssimo que tem todas as qualidades da Scerlett mais uma : alta percepção sobre acontecimentos e natureza humana. Antes os homens médios de modus operandi comum fossem Rhett Butler. Não sei se você leu o livro, mas se não, recomendo. Vai valorizar ainda mais o que você viu no filme :)

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