Os velhos hábitos.

Esse fim de semana estava saindo de casa para ir ao templo budista que frequento e encontrei o meu vizinho, voltando pra sua casa depois de ir buscar pão. Ele já é uma pessoa de idade, e estava casado há anos com a minha vizinha. Eu não tinha muito contato com ela nos últimos anos, apenas quando era criança. Ela fazia aniversário no mesmo dia que eu, mas obviamente, era bem mais velha.

Esse ano, no começo do ano, ela não resistiu a luta contra o câncer, e faleceu. Foi um choque pro esposo dela, que foi seu companheiro durante anos a fio. Ele nunca media palavras pra mostrar o quanto a amava, e dediquei muitas preces e meditações para que ele superasse, e ela encontrasse paz no além vida. Lembro de como seus olhos ficaram marejados quando nos encontramos na rua, dias depois do falecimento dela, em janeiro.

Ficamos jogando papo pro ar e uns moleques que tavam andando de bicicleta na rua vieram até ele e perguntaram:

"Tio, porque você compra tanto pão se é só pra você?"

E o meu vizinho, com um sorrisão na boca, disse isso:

"Ué, tudo bem que minha esposa já não tá lá em casa me esperando pra me ajudar a comer tudo isso. Mas não quer dizer que vou mudar meus hábitos, não acha, vizinho?".

De fato! Tudo bem que a esposa dele não vai estar lá pra comer o pão, mas acho que ela, onde quer que esteja, ficou muito feliz em ver que o marido continua com o mesmo hábito de comprar os cinco ou seis pães - mesmo que ela não esteja mais entre nós para comê-los. Fiquei tocado com isso, que mostra que esse amor que os dois nutriam vai além dessa vida.

Bonitinho, né?

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