Doppelgänger - #25 - INSURRECTION.

Birger Löfgren vivia numa tranquila mansão em Cockfosters, ao norte de Londres. Lar de muitos jogadores de futebol da liga inglesa e celebridades, o tranquilo bairro de Cockfosters guardava um dos maiores terroristas econômicos do mundo. Tinha uma vida tranquila, cheia de exuberância. Grandes carros, Porsches, Lamborghini e até um raro Koenigsegg. Carros potentes. Não tinha esposa fixa, e praticante cada noite estava com uma mulher nova. Na dúvida havia se esterilizado, mas isso não queria dizer que não dava caros mimos para cada nova buceta que se dormia com ele e aceitava tomar seu leitinho. As melhores bucetas da Grã Bretanha e Europa, aliás.

Estava de bermuda azul e camisa amarela. Ligando a sua tevê na sua sala e indo pra cozinha pegar algo para comer. Foi aí que uma voz feminina lhe chamou a atenção.

"Ora, ora, como vai senhor Löfgren?", disse a voz feminina, saindo da parede próxima da sua sala "Somos da Interpol. Gostaríamos de ter uma conversinha com o senhor".

Na hora Birger derrubou a faca de cozinha que estava na sua mão. Na mão da mulher loira, uma Walter P99 com silenciador. Antes que ele pudesse mesmo entender que era uma emboscada uma outra mulher com porte de francesa e um homem apareceram como que brotados do chão. Todos apontando armas para ele.

"Quem diabos é você?", disse Birger Löfgren.

"Meu nome é Agatha, e essas pessoas são meus companheiros de trabalho. Viemos ter uma conversinha com você, desculpe a falta de convite".

Birger Löfgren foi lentamente para a sua pia, onde embaixo havia um botão de alarme, que ele pressionou discretamente. Mas nada acontecera. Seu rosto mostrava um pavor indescritível.

"Dez seguranças, né? Eu coloquei todos pra dormir. Assim teremos tempo para nosso papinho", disse Agatha.

"Mas você... Você é uma mulher!".

"E...?", disse Agatha, ironicamente, "Quem disse que mulheres não conseguem dar uma bela surra num homem? Eu não tenho essas convenções, e não tenho medo de homem nenhum, independente do tamanho. Vamos, sente-se no seu sofá que a conversa será longa".

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Victoire estava numa posição privilegiada com a arma apontada para Birger Löfgren. Ela preferia snipers, sempre foi uma excelente atiradora de elite, e mesmo parecendo tão fraca fisicamente como Agatha, era tão mortal como ela, mesmo sendo muito atraente como mulher.

"Birger Löfgren... Quero que nos fale tudo sobre o Legatus. Que papo é esse de terrorismo econômico?".

"Ora, sua... Vejo que sabe mais do que imagino", disse Löfgren, "Mas eu sou apenas um agente deles pra se certificar que tudo está sendo feito dentro dos planos. Faço isso pra ter essa vida boa, afinal alguém deve fazer o trabalho sujo. Apenas sou pago pra isso, se você quer saber de quem idealiza isso, é alguém muito acima de mim".

"Por isso mesmo que precisamos da sua ajudinha. Não temos receio nenhum em deixar um furo na sua testa, Birger. Por acaso uma das pessoas seria esse aqui?", Agatha disse, mostrando uma foto de Ar que estava em seu dossiê.

"Sim. É o Ar. Mas raramente tenho contato com ele", disse Birger Löfgren.

"Raramente? Estamos na busca dele. Sabe qual são os planos dele? Ou por acaso ele é alguma espécie de comunista vermelho que quer afundar o mundo?", disse Agatha.

"Comunista? Ele não é tão burro. Acontece que o cerco começou a se fechar contra nós desde a queda do Lehmann's. Mas foi basicamente esse grupo que fez. Empresas hoje em dia são o novo governo, ditam a economia, o consumo, não existe mais governo. E como sabemos, empresas não têm nenhum escrúpulo quando o objetivo é conseguir mais dinheiro. Tudo o que eu faço é dar um empurrãozinho neles, com a ajuda dos Nobodies".

"Nobodies?", disse Nezha, que reconhecia esse nome de algum lugar.

"Sim", disse Birger Löfgren, "Pessoas subestimam os poderes de psíquicos. Milhões, talvez bilhões de pessoas são alvo de lavagem cerebral. Temos três grandes manipuladores mentais: Schwartzmann, o judeu químico, capaz de intoxicar uma pessoa com muitas das suas receitas pessoais, Sara, uma psíquica mortal, capaz de controlar as pessoas e ler suas mentes, e Ravena, uma médium poderosa que usa espíritos para saber detalhes e pontos fracos dos seus alvos".

Nezha novamente foi confrontado com a realidade. Químicos? Isso até era aceitável. Mas uma psíquica e uma médium? O que diabos era isso? Isso existe na vida real ou é algo fantasioso? Uma pessoa que pode levitar objetos ou conversar com fantasmas é algo que só existia nos livros e filmes, aquilo não poderia ser real. Aquilo não era fantasia! Por mais que ele procurasse algo lógico nas duas, pensando que estavam tão abismadas quanto ele, elas apenas olhavam com calma para Löfgren. Parecia que aceitavam toda essa estória biruta!

"Esses são os que você conhece. Mas não sabe dizer se existem mais pessoas?", disse Agatha.

"Não, não sei. Embora que eu consiga fazer muita coisa também. Dê um pouco de dinheiro para uma pessoa minimamente egoísta e você verá o mais podre no ser humano. No fundo magnatas são como criminosos: não sobrevivem muito tempo. O que fazemos é usar esses executivos e sua ganância para causar uma avalanche sincronizada e devastante na economia. Conseguimos afundar países inteiros, desde os Estados Unidos, até a Espanha, e nossos alvos estão apenas aumentando. E como as pessoas sentem muito medo de fazer algo contra esses bancos ou empresas, nossos atos são invisíveis. Ouvimos falar de terroristas do leste europeu, da América Latina ou até do Oriente Médio. Mas ninguém imagina que terroristas econômicos existam, pois pessoas como nós somos a brecha invisível do sistema".

"Total liberdade para atuar. Derrubar economias, países inteiros usando bancos. Tudo isso pra quê? Poder?", disse Agatha.

"Isso eu não sei. E francamente não quero saber, o cara me pagando bem, estou pouco me lixando pra mãe espanhola que não vai ter leite pra dar pros seus filhos ou pro funcionário demitido do Lehmann's. O sistema econômico quando você conhece dá pra ver que ele é muito fácil de se burlar. Cria-se dinheiro a partir do nada, juros em cima de juros para dar mais lucro, e no final das contas o um dólar de ontem não vale o mesmo no amanhã, mesmo as pessoas ganhando a mesma coisa. Afundar países em inflação até um ponto que os próprios bancos - gerenciados por esses mesmos tolos que influenciam - quebram, derrubando todo um país. O esquema é aplicar a força correta no ponto correto e ver as coisas até onde vão. Influência eu tenho, pois me foi nada pelo Ar. E mesmo que ele me perca, amanhã já terá um cara pra ganhar o mesmo que ando tirando. Quem negaria um emprego desse nos tempos de hoje?".

Victoire não tinha o que falar. Terroristas econômicos, pessoas que são capazes de destruir economias de países inteiros manipulando seus bancos e empresas. E com isso, causar mais ainda terror no mundo. Quanto mais ela pensava mais aquilo tudo fazia sentido: Guerras, armamento, economia de guerra. O mundo inteiro estava até o pescoço mergulhado nisso, e não conseguia ver isso. Apenas sabiam acordar nas suas vidas medíocres, em seus empregos medíocres, sendo manipulados pela vontade de um grupo de empresas que eram influenciados por uma única pessoa acima de tudo. Ar.

"Mas não entendo... O que diabos o Ar quer com isso tudo? Porque causar tanto terrorismo?", disse Nezha.

"Isso eu não sei, como eu disse. Teriam que perguntar pra ele. Raramente converso com ele, e quando o encontro diretamente, sempre é no mesmo lugar", disse Löfgren.

"E quando vai ser o próximo encontro?", perguntou Agatha.

"Hoje. Às 16h, em Canary Wharf", disse Löfgren.

"Canary Wharf? Mas aonde? Existem dezenas de edifícios lá!", disse Agatha.

"No subsolo restrito número treze do One Canada Square. Mas fiquem tranquilos que é impossível chegar lá. Aquele lugar é um verdadeiro cofre. A segurança é extremamente rígida, ninguém entra lá sem ser convidado. E mesmo que você tente fazer algo, são os melhores soldados da SAS que guardam o local. O Ar estava sumido um tempo, tinha ouvido um boato que ele tinha sido preso, mas pelo visto o tamanho poder político dele foi o bastante para tirá-lo de lá. Logo, posso afirmar que vocês não têm o apoio nem da polícia, menos ainda das empresas e nem em sonhos do governo. Tudo está arquitetado para o maior plano de colapso econômico que o mundo viu", disse Birger Löfgren.

"Um plano?", disse Victoire, abismada.

"Sim. Chamamos de Arthur Blaine Insurrection. Mas podem chamar do que quiser. Ninguém pode parar o cara. Agora podem me deixar ver a TV?", disse Birger Löfgren.

Porém ninguém percebeu que uma quinta pessoa já estava naquele local. Birger Löfgren tinha usado sua grande lábia pra fazer isso, e os distraiu tranquilamente enquanto um homem calçando tênis se aproximava com uma faca de guerra atrás de Victoire. 

E com um único impulso de súbito colocou seu braço no pescoço de Victoire, aplicando nela uma chave, imobilizando-a e usando de refém, enquanto apontava uma Desert Eagle para Agatha e Nezha. Seu rosto foi reconhecido na hora.

"Porra, Rockefeller!", gritou Agatha ao reconhecê-lo, "Mas que merda é essa? Onde diabos você estava? O que significa isso?"

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