Doppelgänger - #39 - A reviravolta

Victoire do alto do prédio, com um sniper, estava com a cabeça de Ar na mira. Ela era uma especialista em armas, além de combate. Embora suas habilidades no mano-a-mano fossem do mais alto nível, suas habilidades como atiradora de elite eram insuperáveis. Usar um PSG era mais confortável pra ela do que a calça legging que estava usando.

Ar ficou algum tempo mudo depois de encerrar a ligação. Seu rosto tinha um singelo sorriso, mas mostrava preocupação, por estar levemente cabisbaixo e olhando pros lados, tentando raciocinar.

“Agatha, onde está o Al?”, disse Ar, direto ao ponto.

“Eu não sei. Mas quem deve fazer perguntas aqui s...”, disse Agatha, que foi interrompida pelo Ar: “Não, não, não... Onde está o Al, vamos, me diga”.

“Nós não sabemos”, respondeu Nezha.

Ar ficou um tempo calado. Mesmo na mira de uma sniper ele parecia estar no controle de tudo. Mas ao mesmo tempo parecia apressado por algum motivo não aparente.

“Vocês são o de menos. Não posso agir com um cara como o Al solto por aí”, disse Ar.

Nessa hora o barulho de sirenes era ouvido, e Agatha sentiu um frio na espinha. Cerrou seus olhos e torcia para que não estivessem indo pra lá. Porém, o som ficava cada vez mais alto e nítido: policiais estavam indo pra lá.

“Vamos, Agatha. Se você me falar onde está o Al eu posso salvar a pele de vocês. Dentro de poucos minutos essa praça vai estar cheia de policiais para pegar vocês”, disse Al.

“MERDA, VICTOIRE! ATIRA NELE!!”, gritou Agatha, no microfone.

Victoire virou o rifle pra cabeça de Ar na hora. Seu dedo já estava no gatilho e pronto para disparar, quando Ar olhou pro prédio onde Victoire estava. E logo, Ar estava olhando para o andar onde Victoire estava. E momentos depois, os olhos de Victoire encontraram os de Ar.

Esse olhar... Não, não pode ser. Que sentimento é esse? Porque estou sentindo esse frio no estômago, essa tristeza? Droga, droga, droga... O tempo tá passando, preciso dar um fim nele logo, mas esse gatilho... Emperrou? Não!, pensou Victoire.

Não está emperrado, o que é isso?!, pensou Victoire.

Meus olhos estão ficando embaçados. Assim não vou conseguir mirar. E o ar-condicionado nem está ligado aqui, o que diabos está acontecendo! Preciso atirar nele logo!, pensou Victoire.

Nessa hora Victoire viu que não havia nenhum problema com a luneta do sniper. Seus olhos estavam lacrimejando, e uma lágrima caiu.

Não consigo atirar... Esses olhos, essa feição, parece a pessoa que eu amo! Eu sei que não é, mas isso parece um pesadelo! Eu jamais conseguiria matar ele... Ele parece muito o Al!, pensou Victoire.

“Bom, isso cuida dela”, disse Ar, irônico, “Agatha, última chance, é tudo ou nada: onde está o Al?”.

Agatha ficou calada encarando Ar. Ela não tinha pra onde correr. Ficou uns 30 segundos assim. O suficiente para que a polícia chegasse na praça.

Quatro viaturas da Força tática real e duas viaturas da polícia londrina estacionaram na frente da praça e despejavam uma tropa armada que estava indo em direção de Agatha e Nezha.

Era tarde.

Merda... Victoire não atirou porque? Será que o Ar mandou alguém lá?, pensou Victoire.

“Parados aí! Mãos para o alto! Aqui é a polícia!”, gritou o policial.

Agatha e Nezha levantaram as mãos. Ar permaneceu no mesmo local, de braços cruzados.  A holandesa não acreditava que isso estava acontecendo. Justo quando estava tão perto de por um ponto final nessa história, uma reviravolta dessas acontecer. Um grupo de policiais foram na frente dela e checaram pra ver se ela portava alguma arma, e logo Victoire estava de joelhos no chão junto de Nezha.

E quanto a Al? Ambos estavam preocupados. Será que esse treinamento vai durar quanto tempo? Quem é esse “mestre” que ele queria se encontrar? Mais do que nunca eles precisavam da ajuda de Al, e ele não estava lá.

Foram algemados e levados ao veículo para serem escoltados. Antes de entrarem o inspetor de polícia os encarava, e disse num inglês cheio de sotaque escocês:

“Vocês estão sendo presos por desobediência, traição e atividades ilegais. Seu status era ‘disavowed’, todas as suas atividades não estavam sendo monitoradas nem ao menos autorizadas. Foi difícil pegar vocês, mas enfim conseguimos. Já para a delegacia! Precisamos ter uma conversinha”.

Agatha não acreditava. Aquilo parecia um pesadelo. Tudo estava arruinado. Ar havia ganhado, ele é muito superior, mesmo sendo uma criança perto deles. Ar era um moleque de apenas vinte e quatro anos, mas incrivelmente inteligente, um prodígio.

Observando pela pequena janela do camburão, Agatha via Ar ainda os fitando, de longe.

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Victoire não sabia o que fazer. Seus amigos estavam sendo presos e ela não sabia o que fazer. Provavelmente ela seria a próxima. Foi aí que seu celular tocou.

“Victoire, sou eu, Neige. Eu estou bem próximo de você, preciso que siga as instruções para se encontrar comigo. Confie em mim, vamos dar um jeito nisso”.

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