Until Dawn (2015)


Esses dias meu irmão chegou em mim e disse: "Cara, você tem que jogar esse jogo! Eu duvido que você não vai ter um cagaço!". E me mostrou Until Dawn.

Pra mim é super difícil ter medo de jogos. Existem alguns jogos que até hoje eu não jogo, mas eram jogos antigos de terror, como os primeiros Silent Hill, Resident Evil e Alone in the Dark. Eram jogos que não tinham gráficos, eram bem zuados mesmo, mas eram extremamente aterrorizantes. Muito mais dos que os de hoje que tem muito mais poderio gráfico e realista. Existem diversos pesquisadores e teóricos em games que explicam o motivo desses jogos antigos/toscos darem mais medo do que os de terror atualmente. Mas esse não é o ponto desse post.

Until Dawn mostra o que vai acontecer em muito breve que todos andam predizendo: games substituirão o cinema. E é bom que você que ainda tem preconceito saia desse conceito de que games são "joguinhos" apenas. Games hoje em dia possuem roteiros, imersão e desenvolvimento de personagens tão bons quanto o cinema. E Until Dawn (assim como tantos outros) mostra pra que veio.

Bom, sendo sincero, não me deu medo algum. Eu tomava uns sustos com os sons (inevitável), mas nada de ficar traumatizado ou algo do gênero. O jogo te põe na mão pra criar o desenrolar de uma história de um daqueles thrillers adolescentes americanos. Tipo "Pânico", saca? E tem até o casting de atores reais que atuaram no game (usando motion capture, claro).

A mais famosa é a protagonista Sam, interpretada pela Hayden Panettiere (Pânico 4, Eu te amo Beth Cooper, e a voz da Kairi em Kingdom Hearts):


Sim, isso é gráfico de jogo. Ficou bem perfeita, eles conseguiram fazer um ótimo trabalho de motion capture. Só pra modos de comparação, essa é a uma foto da Hayden real, cujo foi baseada pra fazer a Sam, que ela mesma atuou:


Um ótimo trabalho, do caralho mesmo.

Além disso tem outros atores também que todos eles tiveram os movimentos e atuações captados pelo motion capture (tipo o Tom Hanks em "O Expresso Polar"), além de emprestarem suas feições para os personagens.

Como todo thriller adolescente, temos um time multi-étnico:



Loiras, brancas, negros, ruivas e até uma asiática. O plot é o seguinte: um ano antes dos acontecimentos do jogo esse grupo de adolescentes, que estavam passando um feriado numa casa de campo no meio do nada, fizeram uma brincadeira malvada com a Hannah e Beth, que são gêmeas e irmãs mais velhas do Josh (controlável no jogo). Elas ficaram tão putas e desesperadas que saíram correndo da casa e acabaram caindo num desfiladeiro, e nunca mais foram encontradas.

Um ano depois o mesmo grupo se reúne no mesmo lugar pra curtir o feriadão e aí que a trama se desenrola. Ao mesmo tempo que todos vão investigando o que aconteceu com as gêmeas mortas, eles percebem que tem um maníaco à solta e seres estranhos mutantes na espreita.

Mas o mais legal do jogo são duas coisas: o sistema de decisões e os relacionamentos entre os adolescentes.


Esse sistema de decisões te põe com as mãos no roteiro mesmo. Existe um tal de "efeito borboleta" que sempre é ativado de acordo com a decisão que toma no jogo, e isso acarreta coisas que acontecerão com você por ter tomado a decisão. Por exemplo: A Emily é ex-namorada do Mike, e enquanto você tá controlando o Matt (que é o atual namorado da japinha) ele vê com binóculos o Mike e a nova namorada, Jessica, se pegando. E nessa hora a Emily aparece, e você tem que decidir se mostra pra ela os dois se pegando (pra ela ficar mais puta) ou se você a protege e diz que viu nada (acalmando ela).

E essa decisão pode acarretar coisas no relacionamento dos jovens. É muito legal! É tipo um jogo de relacionamento, mas temático terror!


E isso entra no relacionamento dos personagens. Você pode fazer um fulano te odiar ou te amar, e isso pode acarretar fatores mais pra frente no jogo, como ele te salvar do maníaco que está solto ou te empurrar precipício abaixo. Por exemplo, quando eu jogava eu fiz de tudo pra Ashley ficar demonstrando medo e pro Chris ficar encorajando ela, cuidando dela. Resultado? Os dois se beijaram e rolou um affair. É bem interessante (e eu sempre vou ajudar o nerd babão e comer alguém, coitado).

Além disso no game você tem que pesquisar sobre o tal maníaco que está a solta, sobre o que havia acontecido no passado no local, e o que diabos aconteceu com as gêmeas que morrem no começo do jogo.

Agora o terror, sei lá. Meu irmão tinha muito medo de jogar (ele só jogava de dia, com o quarto iluminado e eu do lado). Já eu, fazia de tudo pra tentar ter medo (desligava a luz, deixava o som alto, jogava de noite), mas não conseguia sentir medo, porque achava muito legal ficar "causando" na relação entre os adolescentes e ver o resultado disso, haha! É como ser o diretor do filme e poder mudar o roteiro ali na hora com os personagens!

E no final, o mais legal: uma entrevista de making-of com os atores que ajudaram a fazer esse belíssimo jogo.


É bom que abram os olhos, hein! Os games estão cada vez mais cinematográficos. Não duvido que será questão de tempo que serão tratados como a evolução do cinema. A Academia que se cuide!

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