Final Fantasy X (2001)


Ano passado minha mãe me deu cem pratas. Resolvi então comprar um Final Fantasy que passei batido sem jogar na época que tinha meu Playstation 2 e jogar hoje, no PS4 do meu irmão. Terminei na última segunda-feira (dia 9). E mais um Final Fantasy pra lista!

O décimo capítulo dessa franquia conta a estória de Tidus, um famoso jogador de Blitzball (é tipo um futebol debaixo d'água) em Zanarkand, que de súbito é enviado pra mil anos num futuro longínquo, onde as pessoas têm medo de uma criatura gigantesca que destrói cidades e mata pessoas chamado Sin, e lá deve se unir a um grupo de pessoas pra escoltar uma donzela chamada Yuna - a única esperança de derrotar esse monstro que assombra o mundo no futuro.

Final Fantasy X foi bem divisor de águas da sua época. Foi o primeiro jogo onde haviam diálogos falados e desde então isso se manteve como tradição. E isso estamos falando de 2001, onde o mercado de dublagem estava ainda engatinhando, e a Square apostou nisso e se deu muito bem. Dava pra criar um jogo complexo, com gráficos bons e diálogos. Achei um vídeo bacana comparando as vozes ocidentais com as orientais:



Uma outra coisa que na época era bem revolucionário eram cutscenes processadas em CGI. Isso hoje em dia é meio estranho nos games atuais, pois no filminho do CGI é aquela coisa linda, fluída, bem diferente dos gráficos do game em si, mas a Square manteve isso até o Final Fantasy XIII (e, de uma forma sutil, ainda presente até no Final Fantasy XV). Eu joguei a versão FF10 HD Remaster, que é apenas as texturas e os gráficos melhorados um pouco (não é um remake), e as cenas em CGI estavam lá, só que dessa vez em HD.

Isso pra época também foi bem divisor de águas também. Tudo bem que a Square já meio tentava fazer isso desde FF8, mas no FF10 isso foi levado a outro nível. Lembro que eu moleque lá em meados de 2002 baixei um vídeo que na época era pesadíssimo (imensos 40MB pra época) com a famosa cena do primeiro beijo da Yuna e o Tidus e desde que vi aquela cena meu sonho era jogar aquele jogo. Quinze anos depois, cá estou eu!


(essa cena que citei acima, pra quem estiver curioso, começa a partir dos 15m48s do vídeo acima)

A história do game também é algo muito bem bolado. É um daqueles games que mesmo tendo muitos personagens consegue desenvolver bem as características e história de cada um. Nem que demore o jogo inteiro pra revelar, mas revela. E pelo jogo ser talvez o primeiro Final Fantasy realmente cinematográfico, existe essa característica de filme de te deixarem bem confuso quanto ao roteiro pra só ir revelando depois.

Digo, eu não sabia muita coisa do jogo. Mas quando comecei a jogar estava numa cidade futurista com o Tidus indo jogar Blitzball, e aí um tsunami aparece (que mais tarde descobre-se que era o Sin, o tal monstro destruidor de civilizações de mil anos no futuro), e você acorda com uma mina chata que não fala sua língua (e depois descobre que ela é a Rikku) e o Sin aparece e os ataca também e você vai parar numa espécie de ilha havaiana com um idiota cabeludo chamado Baka Wakka.

Fiquei pelo menos até o primeiro terço do jogo sem entender absolutamente nada, apenas seguindo em frente, pra só depois ir juntando as coisas e entender o que se estava passando. Ok, isso é legal, uma característica, mas acho que revelar um mínimo do roteiro no começo ajuda e até dá um incentivo a continuar.

Mas no final não é que tudo se encaixa?


Tirando as motivações individuais de cada personagem, a história é centrada no Tidus e na Yuna (primeiro e segundo personagens acima, da esquerda pra direita). Francamente sabia muito pouco sobre o Tidus, e a Yuna conhecia por causa dos hentais já tinha visto nas artes do jogo, mas existe um romance na história entre os dois, mas não é o foco principal, como Squall babaca e a Rinoa em FF8. Yuna, por ser uma invocadora (summoner) deve sair em peregrinação buscando todos os Aeons (os bichos que ela invoca) em diversos templos espalhados por todo o continente.

E pra isso ela conta com uma renca de guardiões (incluindo o Tidus) que vão junto dela pra assegurar que ela faça a peregrinação corretamente e no final invoque o Aeon final, matando o Sin. Inclusive o pai dela, o super fodelão Braska, havia morrido tentando invocar esse tal Aeon pra matar o Sin.

Porém mais pra frente a Rikku faz um mega plot-twist (eu chorei nessa hora!) dizendo que esse papo de "Aeon final" tinha joio nesse trigo, pois se a Yuna invocar, ela vai morrer. E porra, ela é muito gatinha pra morrer. Tidus fica obviamente revoltado (afinal, se dissessem antes, ele não teria se apaixonado por ela!), mas ele sempre diz que vai encontrar um jeito de fazer com que a Yuna não precise morrer, mas a própria Yuna está disposta a morrer, para eliminar o Sin do mundo.


Mas havia um jeito! E talvez apenas o Tidus, por não ser uma pessoa que havia crescido nessa Spira do futuro poderia imaginar. A religião das pessoas as fazem acreditar que apenas existe uma maneira, que é invocando esse Aeon final e se matando, mas descobrem que quem cria o Sin (esse bichão na foto acima) é exatamente os summoners que, achando que invocando o Aeon final sacrificando seu guardião, o fazem, mas acabam morrendo e tornando o guardião o novo Sin.

Foi assim com Jecht, o pai alcoolátra e irresponsável do Tidus, que se juntou ao Braska (pai da Yuna) e se sacrificou achando que isso derrotaria o Sin, mas o que rolou na verdade foi o Jecht virar o próprio Sin e o Braska morrer. D'oh!

Logo o grupo resolve que o único jeito sem ser fazendo essa invocação final é lutando contra o Sin no braço mesmo. E eles conseguem chegar até dentro do Sin, onde encontram o Jecht (pai do Tidus) e ele se transforma no Aeon final do Braska, o chefão final do jogo.



E o final (acima)? Nossa, é tão triste, cara. Eu acho que chorei mais do que no final do FF5. Chega fiquei soluçando.

Bom, agora vamos pra parte técnica do jogo.

Acho que eu seria muito injusto em dizer que o jogo tem os movimentos muito quadrados. Poxa, o jogo é de 2001, e isso naquela época era sensacional. Não tinham o motion capture que temos hoje em dia. Mas meu irmão, que me via de vez em quando jogando, ficava revoltado com isso, e minha resposta era sempre a mesma: O jogo é de 2001, dá um desconto, vai.

A trilha sonora é muito, muito, muito boa. Foi o primeiro Final Fantasy a não ter uma trilha totalmente composta pelo Nobuo Uematsu (que é tipo o Hans Zimmer dos games), mas várias músicas não saem da cabeça, como o Hymn of the fayth e a minha favorita (e de muita gente), a canção "To Zanarkand":



Ok, deram um vacilo não fazendo um tema principal internacional, deixando a original japonesa Suteki da ne, mas tudo bem, dá pra relevar. Normalmente fazem sempre um tema japonês e um tema internacional. Foda é achar uma japonesa que manje de inglês e japonês. Mas a Square quando quer, acha.

Minha maior queixa mesmo é no sistema de batalha. É tão retrógrado que se aproxima do primeiro Final Fantasy (1987) que é mais velho que eu, mas que funcionou bem naquela época. Normalmente nos sistemas de batalha sempre tem umas modificações, sejam classes, ou barras de carregamento, ou tempo ativo, enfim, sempre tem alguma novidade. Aqui parece que pegaram aquele estilo de batalha do FF1, tiraram a possibilidade de mirar vários alvos ao mesmo tempo (o que deixa o jogo um saco), e a única "novidade" mesmo é poder trocar a qualquer rodada pelos personagens na reserva. Só.

Eu não tenho nada contra esse estilo de batalha em turnos clássico, mas chega uma hora que fica maçante. São muitas animações, não tem muita velocidade na coisa, e fica um tático-chato. No final do jogo fica praticamente impossível lutar sem dar Hastega, ou gastar tempo e rodadas dando Protect e Shell em todos do grupo, UM A UM parece interminável. Um simples comando pra lançar a magia em grupo facilitaria MUITO. E enche o saco na hora de upar também.


Agora um ponto que mudaram muito foi que esse jogo não tem um nível individual pra cada personagem. Você ganha esferas e vai avançando numa espécie de tabuleiro aumentando a força, magia, ganhando técnicas, etc. Lembra o sistema sensacional do FF12, e isso até meu irmão curtiu bastante. Bem prático! Engraçado que isso é tão bom que serve de base até hoje na série Final Fantasy, passando pelo XII, XIII e XV.

Como um bom RPG tem muitas quests, superbosses, vários segredos escondidos, que eu até acho legal, mas não gostei tanto do jogo a ponto de querer fazer 100% dele. Ao menos não agora. Primeira vez, sem walkthrough, meu objetivo era mais apreciar a vista, sem compromisso.

Enfim, sensacional! Não ficou na lista dos meus favoritos, mas também não ficou na lista dos que não curti. O jogo é bom, e como sempre faz jus ao nome da série. Obrigado à Square por possibilitar reviver essa pérola dos games nos tempos atuais com esse remaster animal!

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