Amber #52 - Primeiro passo rumo à verdade.

“A Liga?”, disse Liesl baixinho para Alice, “Parece que inventaram esse nome agora. É um nome péssimo!”.

Alice olhou para Liesl com um riso contido, como se achasse a mesma coisa, sem dizer nada. Ao ver a reação de Alice, Liesl também sorriu baixinho.

“Então você sabia de algo?”, perguntou Roland, “E ainda assim não fez nada?”, nessa hora Roland encarou seu pai, “Francamente, isso não faz sentido! Se você quisesse, você poderia ter dizimado eles em um piscar de olhos. E você tá aí, na minha frente, sem fazer nada!”, concluiu Roland em um tom de desafio.

Heinrich Briegel continuou sentado encarando seu filho Briegel com um ar de fúria. Como o velho nunca deixava a cara de emburrado de lado, era impossível saber quando ele estava mais ou menos brabo. Vendo a situação e o silêncio que pairava no local, Ursel Meyer se viu na obrigação de falar:

“Na verdade, senhor Briegel, seu pai está sim fazendo muito. Essas informações são extremamente confidenciais. A Liga está entre os mais secretos entre os secretos, coisa que até a alta cúpula do governo talvez nem saiba da existência. Incluindo possivelmente até o Führer”, disse Meyer, que olhou pra expressão do velho Heinrich. Este por sua vez apenas olhou pra ela, em um sinal sem palavras que pedia pra ela prosseguir, “Infelizmente foi uma falha minha ter sido descoberta enquanto pesquisava por Oliver Raines. Mas ainda assim o senhor ainda não disse o motivo do interesse em Oliver Raines”.

Roland sentiu o olhar questionador de Meyer. Por mais que o fizesse não ficar confortável, era pior que o olhar raivoso que seu pai sempre disparava contra ele.

“Eu prefiro ir embora. Já consegui bem mais do que estava esperando”, disse Roland, dando um sorriso amarelo pro seu pai. Em seguida ele se voltou para Liesl, Alice e Max que ainda estavam sentados no sofá, “Vamos embora então, gente?”.

Alice e Max haviam se erguido e Roland estava já indo em direção da saída. Mas Liesl continuava sentada, com as mãos tensas sobre os joelhos, como se estivesse engasgada com algo. Ela não aguentou ficar sem dizer nada:

“Estamos em busca de um assassino, general Briegel”, disse Liesl, olhando pro chão. Depois ela voltou seu olhar pra Heinrich. Era como se fogo brotasse dos seus olhos, ela estava realmente corajosa em sozinha encarar aquela fera, “O assassino da minha prima, a única família que eu tinha”.

“Como é que é?”, disse Heinrich, assustado, se erguendo da sua poltrona, “Uma pessoa foi morta junto de Oliver Raines?”.

Roland, que já estava praticamente na porta, parou, olhando pra trás. Era difícil imaginar que seu pai conseguia expor uma outra emoção que não fosse asco, fúria. Naquele momento tanto ele quanto Meyer estavam chocados, mas de maneira contida, óbvio. Aparentemente aquela informação era uma que não apenas Heinrich Briegel não tinha, como talvez fosse uma peça-chave na resolução do quebra-cabeça.

“Sim. Minha prima. O nome dela era Margaret Braun”, disse Liesl. Nessa hora Meyer rapidamente pegou um papel e anotou o nome, “Mas eu infelizmente não tenho ideia do motivo dela ter sido assassinada. Ela era uma engenheira bélica, e eu não tenho ideia se ela guardava algum segredo”.

“Margaret Braun”, disse Heinrich, pausadamente, “E como foi esse assassinato? Mais alguém foi morto? Todos os registros foram sumariamente apagados!”.

“Apagados? Como assim?”, foi a vez de Roland, que estava praticamente indo embora, voltar pra conversa, “Queima de arquivo? Por quê?”.

“Nós também não sabemos. Mas aparentemente algo tentou ser escondido, apagado do registro oficial”, disse Meyer, “Como foi que isso aconteceu?”.

“Um atirador de elite, aparentemente”, começou Briegel, que detestava relembrar aquele dia em Guernica, “O primeiro tiro foi em Raines. Meu amigo Schultz pegou Liesl e começou a correr com ela, enquanto eu corri pra tentar salvar a Margaret. Mas não cheguei a tempo, foi muito rápido, e ninguém achou um rastro que fosse do atirador de elite. Nem mesmo as capsulas deflagradas”, disse hora Briegel olhou pra todos, “Quem quer que tenha feito isso sem dúvida não queria ser pego de forma alguma”.

Nessa hora todos ouviram o som de um vidro quebrando ao longe. Parecia ser dentro da casa.

“O que foi isso?”, perguntou Heinrich, olhando pra Meyer, “Meyer, vá averiguar, por favor”.

“Não vai ser preciso, general Briegel”, disse uma voz que eles conheciam, “Viemos buscar uma pessoa. Uma pessoa que vai ter uma passagem só de ida pra Dachau!”.

Era o oficial nazista que os havia provocado no cassino, horas atrás, junto de outros dois capangas. E ele estava encarando Alice. Nessa hora Max e Roland se colocaram na frente de Alice, para protege-la.

“Isso eu não vou impedir. Vão ter que passar por cima de mim!”, gritou Roland, com medo de algo acontecer à sua filha.

“Calados!”, gritou Heinrich, nessa hora todos olharam para o general Briegel, “Roland, sente-se e observe. Essa é a minha casa, então nada mais correto do que ser minha obrigação defende-la”.

O oficial nazista ficou fitando Heinrich sem dizer uma palavra, como se estivesse confuso com o que estava vendo ali. Só depois de alguns segundos ali ele havia percebido: faltava alguém.

“Onde está a mulher que estav--“, disse o oficial, mas antes que ele terminasse a frase a luz da casa foi desligada. Todos estavam no completo escuro.

Ursel Meyer não estava mais ali.

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