Quando a morte nos faz lembrar que a nossa vida é um sopro...

Hoje acordei com uma mensagem no whatsapp da Bianca, namorada da Renata, uma grande amiga minha. Na mensagem ela dizia que tinha que me ligar. Na hora fiquei feliz, achei que era uma festa que estavam combinando, ou algo do gênero, mas logo ao ligar ela disse:

"Alain, a Renata faleceu ontem".

Como a vida é um sopro. E uma coisa tão frágil, que um dia estamos conversando com a pessoa como se nada tivesse acontecido e no outro simplesmente a pessoa falece. Renata era uma pessoa muito especial pra mim. E desde que recebi a notícia, não sei, não consegui chorar. Óbvio que estou muito triste. É muito difícil perder alguém e viver com essa única certeza que nunca mais viverá bons momentos com uma amiga querida.

Não acho que você também Renata, que sempre foi tão bem humorada e sorridente, iria querer me ver triste também. Acho que isso dentro do meu coração reflete que no fundo você sempre quis o bem de todas as pessoas à sua volta.

Por isso só quero lembrar das coisas boas.

Quero lembrar de quando te conheci no templo e você, apesar de super tímida, deixou todos surpresos com sua linda voz quando cantou. Quando voltávamos juntos e ficávamos no ônibus comentando "Nossa, essa menina é gata demais, né!". Quando meu coração quase parou quando fiquei sabendo que você foi internada e ficou entre a vida e a morte depois de uma crise de bronquite. Quando eu te levei flores no hospital, e disse "Quando eu fiquei sabendo que você tava internada senti um medo imenso do pior ter acontecido. Não pude deixar de me preocupar, afinal somos amigos né?". Quando você ia comigo no templo mesmo depois de trabalhar a madrugada inteira e estar exausta. Quando você me veio toda feliz que havia encontrado uma menina legal e estava namorando. Quando você lia meu livro, Amber, e dizia que achava o máximo e sempre esperava no meu blog pelo próximo capítulo.

Tem alguns meses desde a última vez que a gente se viu. Mas vou guardar no coração aquele abraço que demos aos nos despedir. Se eu soubesse que aquele seria o último abraço que eu daria na minha amiga eu teria apertado mil vezes mais!

Toda vez que eu escrevia um capítulo de Amber pensava em você lendo, e não tenho dúvidas que você lia todos, pois sempre queria discutir comigo o andamento da história e tudo mais!

Da última vez que a gente se falou você dizia estar tão empolgada com o trabalho de tatuadora, mas que ainda assim dava seus pulos, já que você estava bem, apesar das dificuldades. Vivendo junto da Bianca, correndo atrás dos seus sonhos, e eu juro que não teve um único dia que eu não tenha pensado: "Puxa, preciso ir lá visitar ela um dia desses!". Devia ter saído do pensamento e me esforçado mais, pois a partir de hoje infelizmente não tem mais como realizar isso.

Renata faleceu de uma crise respiratória. A bronquite que uma vez havia ameaçado sua vida dessa vez veio de maneira fatal. Infelizmente ela não resistiu, e faleceu indo pro hospital ontem.

Mas eu não quero pensar que nunca mais verei essa amiga, minha afilhada budista, essa parceira, essa pessoa que foi tão especial pra mim. Quero na verdade pegar esses incontáveis "quandos", as memórias que eu tenho dela e tantas outras como as que escrevi acima, e gravá-las no meu coração pra sempre.

Uma das coisas que eu sempre te ensinei foi que você, ao ser uma pessoa boa, se esforçasse em ser uma pessoa que os outros sentissem saudade de ter você ao lado.

Renata, você conseguiu.

Vá em paz, e sei que a partir de hoje vai estar sempre conosco.


Renata Pires da Costa
10/12/1988 - 25/07/2017

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