Doppelgänger - #17 - Aquela dor forte no peito.

Nezha estava no saguão do hotel aguardando Agatha descer. Passou muito tempo sem nenhuma notícia dela, foi aí que ele ao perguntar pra Victoire, resolveu subir e acordar Agatha logo.

Ao bater na porta, viu três homens saindo do quarto dela. Eles pareciam estar bem suados, e arfando. Ao esticar o pescoço na porta viu Agatha se levantando, completamente nua, indo ao banheiro. Parecia melada com algo em todo o corpo.

"Nezha, me dá uns vinte minutos só pra eu tomar um banho, sim?", disse Agatha, "Depois de tantos anos na prisão fazia tempo que eu não sabia o que era um homem".

Nezha ainda era um cara um pouco inocente. Desceu de volta pro saguão e viu Victoire encarando-o, pois o mesmo não estava com Agatha.

"Err...", iniciou Nezha, que não sabia por onde começar, "Vi três homens saindo do quarto da Agatha. Parece que tiveram uma noite daquelas os quatro juntos".

"Bem puritano você pelo visto, hein?", disse Victoire, "Estamos na Europa, não vejo problemas da Agatha fazer isso. Não é ilegal ficar com três homens transando a noite toda. E depois de anos na prisão, bem... A Agatha sempre foi uma mulher bem ativa sexualmente. Achei que tava até demorando desde que ela saiu da prisão...".

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Villa Adriana, Itália

O contato deles era um bispo em Tivoli. Seu nome era Giuseppe della Chiesa. O local era bem curioso. Vários turistas no local tirando fotos, e no meio estavam Nezha, Agatha e Victoire. Num local tão cheio de pessoas, seria mesmo o local ideal para que se encontrassem?

"Signore Chiesa", iniciou Victoire, "Sou Victoire Blain, e esses são meus companheiros, Agatha e Nezha. Parece que o agente Spirit, da Holanda, entrou em contato com o senhor. Podemos conversar com o senhor?".

"Prazer em conhecê-la. Uma francesa, uma holandesa e um outro rapaz que não sei da onde é", falou o bispo, "Escolhi esse local pois sei que a qualquer momento podem acabar com a minha vida. Pelo menos aqui não será humilhante com um tiro, ou algo do gênero. Temos muitos turistas aqui no momento. Mas vamos adiante... O que querem saber?"

"Senhor, estamos em busca de um grupo de criminosos, o mais longe que chegamos porém é que eles teriam uma ligação muito forte com um grupo chamado Legatvs. O senhor sabe de algo?", disse Victoire.

"Um nome bem clichê. Nome de soldados romanos, mas funciona bem. O Legatus é uma sociedade que vai muito além do que todos imaginam. Eles têm muito, muito dinheiro, e muita força política. Mas posso afirmar que nenhum dos membros da Sociedade Legatus têm lá muita noção do seu trabalho, eles são apenas fantoches", disse o bispo.

"Fantoches? Como assim?", apressou Agatha.

"Existe um grupo que controla o Legatus. É um parasita. São comandados por um novo tipo de terrorista, que são muito mais silenciosos, porém tão destrutivos quanto, pois usam o maior de todas as armas que o homem criou", respondeu o bispo della Chiesa.

"O que quer dizer? Armas nucleares?", questionou Nezha.

"Não", respondeu o bispo, ríspido, "As armas que eles usam são bem mais poderosas. É o que chamamos de Terroristas Econômicos. Muitas pessoas pensam que são grupos isolados, mas suas ações são bem melhor arquitetadas que qualquer coisa".

"Terroristas econômicos? Isso não existe", respondeu Victoire, convicta.

"Existem sim, e são uma realidade bem mais comum do que pensa, senhorita francesa. O sistema bancário é muito simples de controlá-lo, hoje em dia qualquer pessoa se tiver os mecanismos corretos podem fazer rios de dinheiro. Porém, os terroristas econômicos não são pessoas que querem riqueza - o que eles querem é causar a instabilidade no sistema, ruindo países, empresas e economias inteiras. Esse mesmo grupo foi o responsável por diversos eventos atuais, da queda do Lehman Brothers, até a falência estatal na Espanha".

"Mas porque eles fariam isso se não é para conseguir dinheiro? Não faz sentido".

"Não é o dinheiro que eles querem. Se um grupo parasita suga o Legatus, ele não precisa de mais dinheiro. É como xadrez, um movimento certo no momento certo. Sinceramente, não sei o que os move, pois causando crises monetárias pelo mundo, usando as empresas que vão à falência como bodes expiatórios, eles reduzem o próprio poder deles a nada. É um grupo não muito grande, mas com grandes cabeças, de fato".

"E entre eles está esse rapaz aqui?", disse Agatha, mostrando uma foto de Ar.

"Sim! Esse rosto... É ele mesmo. Ele é um dos líderes!", disse o bispo, abismado de ver o quanto eles sabiam.

"Entendo. Então é um grupo organizado... Usam seu poder pra causar o caos no sistema monetário, usando sua influência em diversos meios. Faz sentido... Eles têm pessoas que são psíquicas, dominar a mente não seria uma tarefa complicada pra eles, e apagar depois".

Ao ouvir o apagar depois Nezha engoliu seco. Ele mesmo parecia ter sido alvo disso, não? Sua mente ainda estava confusa, mas acreditava que quando fosse o momento certo ele faria as perguntas certas.

"Isso faz sentido. Senhor, qual o nome da organização que age por detrás da Legatus?", perguntou Victoire.

"O nome dela é...", o bispo foi interrompido por uma ventania forte que trouxe muita terra pra cima deles, de súbito. A ventania durou alguns segundos, e quando a poeira baixou, algo parecia estar de errado na língua do velho.

"O senhor está bem? Isso é só terra, arde bastante. Cuspa um pouco no chão", respondeu Nezha.

Mas o velho não conseguia nem cuspir. Seus olhos estavam ficando vermelhos, foi aí que ele se levantou e, parecendo afônico, fez gestos para que o seguissem para o seu carro. Todos o seguiram, e ao entrar, viram que o velho dirigiu por aproximadamente meia hora, chegando num lugar distante e longínquo. Uma espécie de um bosque.

Ele desceu do carro e pediu para que o seguissem mata a dentro. Os três foram seguindo-o.

O que deu nesse velho?, pensou Nezha, Porque ele está indo no meio do mato desse jeito? Será que quer contar algo?

Foi aí que viram um homem imenso, vestindo um avental branco cheio de marcas de sangue batido e com uma máscara de Kitsune. E do seu lado, uma pequena jovem estava sentada, seus cabelos ruivos pareciam balançar sozinhos, e não havia vento algum. Ela vestia uma roupa de couro bem justa, mesmo que seu corpo fosse relativamente normal. Sua pele era morena, mas tinha grandes manchas brancas que pareciam vitiligo.

"Obrigado, Giuseppe, agora sente-se", a voz masculina sob a máscara falou. Nezha sabia que a conhecia de algum lugar.

Essa voz... Eu já ouvi ela antes. Ela me é bem familiar, parece que a ouvi não tem muito tempo. Essa mesma voz me causou medo e espanto, grossa desse jeito, porque estou com medo? Porque quero fugir desse jeito? Essa voz... Essa voz é...

"Schwartzman!!", gritou Nezha.

Nesse momento uma pessoa surgiu por detrás dos dois. Tinha cabelos brancos e vestia um grande sobretudo. Veio em passos fortes, batendo palmas, como se estivesse vendo um show. Ele não era maior que o judeu Schwartzman, mas definitivamente não era alguém que parecia ser amigo.

"Muito bem, camaradas. Podem deixar que a partir daqui eu assumo", disse o homem, porém ao ver Nezha ele fixou seus olhos nele, como se talvez o conhecesse, mas não estava lembrando, "Você... Não é possível que esteja vivo. Enfim, damas e cavalheiros, vim aqui fazer uma demonstração rápida da maior arma que o corpo humano já viu. Em quem devo começar?", e ele foi em direção a Nezha, com o punho cerrado.

Porém, depois de um som de um pistão de ar sendo comprimido, ele deu um salto, parando na frente de Giuseppe, e golpeando-o na face. Seus miolos voaram por alguns metros, e depois da onda de choque der dissipado o sangue, ossos e cartilagem, não havia nada do rosto de Giuseppe, estava completamente desfigurado e morto.

"Ele estava dopado. Schwartzman conseguiu dopá-lo no momento que aquela terra toda vôo. Realmente é uma arte, a arte da alucinação e perda de consciência. O resto, foi graças a nossa bonitinha ali que dominou a mente dele o fez ele vir até aqui. Vocês acham que estão longe, mas ele só deu voltas no mesmo local".

Todos ficam abismados. Foi aí que o velho tirou o sobretudo, e por baixo havia um exoesqueleto, cheio de pistões hidráulicos, capazes de potencializar muito a força de um punho, com explosões rápidas. Aquilo era fora de qualquer sonho, de onde havia saído aquele homem?

"Bom, e qual de vocês será agora? Duas mulheres e um homem. Acha que é capaz de proteger essas belezinhas?", disse o homem, "Memorize bem o meu nome. Otto Dietrich. Talvez esse nome vai causar espanto quando você encontrar a primeira pessoa quando acordar".

"Quando eu acordar?", questionou Nezha.

"Sim. Pois você vai dormir AGORA".

Nezha sentiu um punho no seu peito. Parecia que um caminhão o havia atropelado. Aquela dor queimava, e o impacto parecia ter vibrado todos os músculos e nervos do seu corpo. Ele nem mesmo sentiu o chão, segundo após o impacto ficou desacordado, e dali em diante, não se recorda de nada do que aconteceu.

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