Doppelgänger - #38 - It's all about the money.

“Bom, esses rapazes atrás de vocês vão garantir que vocês não se mexam. Não querem causar comoção pública aqui no meio de Canary Wharf, né?”, disse Ar.

Agatha sentiu o cano da arma nas suas costas.

“Ar, porque logo aqui no meio da praça? Você previu que o Löfgren ia morrer?”, disse Agatha.

“Não. Aquele lá é descartável como os outros que vieram antes dele. Na verdade eu estava planejando que vocês iriam encontrar com ele. Foi de propósito que eu coloquei o Löfgren ligado a todos aqueles bancos. Entendam que o sistema que eu criei é muito maior do que apenas aquilo”.

“O quê? Não é apenas o Löfgren?”, perguntou Nezha.

“Não, existem muitos outros”, Ar deu um riso cínico, “Eles são muito úteis. O mercado financeiro é muito fácil de se manipular. E de diversas maneiras. Dinheiro hoje vale porcaria nenhuma, por mais que esteja circulando. Porém, as pessoas continuam aí presas e pessoas como nós conseguem agir sem problemas por aí”.

“Ar... Você é um terrorista!”, disse Agatha, com fúria no rosto.

“Bom, isso é apenas um título que vocês me deram. Eu só mexo os pauzinhos. Mexeu com as empresas, diminuiu o lucro desses empresários imbecis, toda a ação deles fica algo muito fácil de se prever. E eu gosto de brincar com esses países. Já quebrei vários bancos, dei poder a outros, tudo isso usando meramente o capital. Sabe, meus agentes estão presentes em todos os bancos, sabendo de todas as ações, e mesmo que seja uma economia forte, eu posso destroçar com um mero comando. Fazer dinheiro hoje em dia é muito fácil, e se você quebra o elo certo da corrente, todo o resto desmorona”.

Ar virou o iPad e mostrou que estava acessando um aplicativo de mapas. Estava na Europa, mostrou a tela pra eles rapidamente e voltou a falar.

“Vamos ver com quem eu vou brincar agora. Vejamos... Ucrânia! O leste europeu é uma grande fábrica de prostitutas pra esse lado. Loiras e peitudas. Vamos mover alguns milhões para um grupo separatista, mandar uma mensagem pra alguns fabricantes de armas pra venderem armas pra eles, e vamos pedir pra empresas de petróleo entrar em contato com eles em off pra eles causarem alguma bagunça por lá. Vou criar uma desestabilização lá pra jogar alguns empresários que quero ali”, disse Ar.

“O que... Petróleo?”, perguntou Nezha.

“Sim. Tem muito dinheiro lá. Não sei exatamente o que vai acontecer, mas com o interesse nos recursos de lá podem tentar de tudo: desde uma revolução interna, como um ataque terrorista, tudo sobre o pretexto de sanar a sede imensa dos empresários. It’s all about the money. E vamos ganhar nossa comissão. Mas se eu me encher, eu posso quebrar eles também, tudo vai de acordo com o meu humor ou com que país eu quero brincar. Meus muitos agentes vão tomar conta de fazer as coisas acontecerem”.

“Seu patife! E como nenhum governo nunca se mexe contra você?”, disse Agatha, elevando a voz.

“Simples. Eles sempre dizem que isso é culpa do mercado financeiro, uma vez que as empresas podem falir ou ganhar lucro. Por isso nunca me culpam, sabe o porquê? Tudo é apenas um jogo. Fazem as transferências, vendem ações, criam boatos, promovem algo em especial. Vendem mais ações, enfim. É um mercado muito sensível”.

“Mesmo assim, não acho que apenas assim você consegue fazer essas coisas”, disse Agatha.

“Um bom mágico não revela os seus segredos”, ironizou Ar.

“Esses agentes da Legatus devem fazer parte de uma rede, todos são interligados”, disse Agatha.

“Sim, isso é óbvio. São realmente muitas pessoas, e no fundo o Legatus é apenas mais uma instituição financeira como qualquer outra. São contatos entre as empresas, muitas vezes feitas com espiões industriais, isso é uma parte do esquema. Nenhum CEO sabe da existência dos agentes, e todos eles estão em cargos de extrema importância em diversas dessas empresas, bancos e agências”.

“Mesmo assim, isso é muito pouco. Existe algo a mais aí!”, disse Nezha.

“Conseguimos fazer dinheiro a partir do nada, como qualquer instituição financeira. A diferença é que o dinheiro não fica no Legatus rodando em juros, enriquecendo. Esse mesmo dinheiro é investido contra e a favor de empresas. Elas podem denunciar, mas não denunciam por um simples motivo”, disse Ar.

“Pft... Essa eu entendi. Se uma empresa é ajudada hoje a derrubar um rival, ela mesma não tem porque reclamar se no outro dia o mesmo for feito contra ela. Logo, os empresários estão mesmo nas suas mãos, Ar. Realmente... Genial”, disse Agatha.

“Bingo! Acho que o nosso maior trunfo na manga foi quebrar o sistema financeiro americano há quatro anos. Todo mundo põe a culpa em calote das pessoas, mas não foi nada disso. Quebramos um banco forte, pois sugamos todo o dinheiro dele e repassamos para um maior. E ambos estavam sob meu controle, queria mesmo era causar problema ao governo. A parte que desviamos foi muito maior do que daquelas dívidas de hipotecas... E se um banco quebra, bem... É o elo fraco do mundo financeiro. Uma reação em cadeia que todos os que dependiam daquele banco caem juntos. Um após o outro. Domínio geral, do dinheiro, da mídia, e do governo”.

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