007 - Cassino Royale (2006)


Cara, eu lembro até hoje quando fui ao cinema assistir esse. 2006, eu tava ainda terminando o curso de inglês, e eu tinha ido no Shopping Campo Limpo, nas quebradas do Capão.

Mudar o ator que faz James Bond significa mudar entre muitas coisas a linguagem dos filmes. Quem vê todos os filmes de James Bond consegue sem problemas dividir em "eras" de acordo com cada ator que fez o papel, porque realmente a coisa muda de ator pra ator. Quando eu lá em meados de 2004 vi que o próximo filme seria Cassino Royale eu fiquei abismado.

Cassino Royale foi o primeiro livro de James Bond escrito por Ian Fleming. Porém, os filme não faz parte do cânon oficial da EON, pois parece que rolou umas tretas na década de sessenta entre os produtores e um deles caiu fora com os direitos do filme e lançou Cassino Royale em 1967 como um filme de... Comédia. Sim, isso mesmo, comédia. É um dos únicos dois filmes de James Bond não feitos pela EON, o outro é de uma história não original de Ian Fleming chamado Nunca mais outra vez (1983) com Sean Connery de volta no papel.


Eu não cheguei a assistir essa primeira versão do Cassino Royale. Mas esse tiozinho na foto acima é Bond, atuado por David Niven e a que faz Vesper Lynd (que também é personagem do livro e do filme de 2006) é ninguém menos que Ursula Andress. Sim, a musa que participou de 007 contra o Satânico Dr. No.

O filme atual tem o roteirinho daqueles que tem que ver algumas vezes até sacar. Cinema pós-moderno, saca? Eu adoro pós-modernismo, mas ás vezes enche o saco. Eu gosto de explicar que o filme é como voltar ao ponto zero mesmo, afinal foi o primeiro livro, e demorou quase cinquenta anos para ter uma versão oficial da EON. Logo, o Bond de antes morreu, nunca existiu. Agora é um Bond recém virado 007, novato e relativamente ingênuo. Tudo bem que nunca os filmes tinham muita ligação uns com os outros, mas é um novo Bond, literalmente e figurativamente.


E começa exatamente com a primeira missão de Bond como um agente duplo-0 com licença para matar. Você tira sua carta de motorista e fica louco de vontade de dirigir. Imagina se tivesse uma licença pra matar? Hahaha!

É um dos únicos filmes de James Bond cuja canção tema é cantada por um cantor. A canção You know my name ficou nas paradas de sucesso na época.

James Bond tem que investigar e deter Le Chiffre, um banqueiro que patrocina terrorismo e grupos armados na África com o dinheiro que ganha no poker. Para isso precisa entrar no jogo, e aí que entra a contadora do tesouro inglês Vesper Lynd, que empresta o dinheiro que Bond acaba perdendo (é o único filme que ele perde no poker, pra vocês terem noção). Logo, como era dinheiro do tesouro inglês, poderia significar que a Rainha estava financiando o terrorismo. Depois que Bond ganha e derrota Le Chiffre, bem... Aí fica confuso. Mas vamos por partes.


Pelo tema do filme ser um jogo de poker, quero dar os parabéns ao roteirista por ter colocado cenas de ação o suficiente pro filme não cair no tédio (acima). Não que eu não goste de poker, eu adoro assistir partidas no ESPN, mas uma pessoa leiga iria achar aquilo tediante. E o filme não é. E hoje em dia temos tecnologias como Chroma Key e tal, fazer cenas de ação como acima exigem bem menos dublê, e bem menos perigo.

Mas fala se mesmo assim não é uma cena de ação do caralho? Quando eu vi no cinema tive até que recuperar o fôlego. Eu sou acrofóbico, tenho pavor de altura, e essa cena eu só faria com Chroma Key e com o guindaste beeem baixinho.


Tem uma cena muito épica (acima) com o Bond indo no bar. Só que em todo raio de filme quando ele vai no bar ele sempre pede: Vodka Martini, shaken, not stirred. E, bem, eu disse que esse filme é um recomeço, e Bond ainda não criou sua bebida favorita. Logo, ele pede Mount Gay (uma famosa marca de rum) with Soda!

E o tiozinho no bar ainda olha incrédulo com Bond pedindo isso ao invés de Vodka Martini padrão. Só quem é fã dos filmes entendeu essa cena!


Depois tem uma cena de trepada que não termina em trepada (sim, James Bond mudou!), com Bond indo pegar mais pistas com a esposa do vilão. É um show de trocadalhos bem no estilo da língua afiada James Bond, mas claro, muito menos caricato do que quando era Pierce Brosnam (sim, James Bond mudou nisso também!).

Tem uma ótima cena de ação num aeroporto, mas eu já quero saltar pro poker. Mas antes, queria falar de uma parte que ficou muito engraçada na versão em inglês, como também na versão em português graças aos tradutores que fizeram um ótimo trampo pra não perder a piada, adaptando-a. A cena é quando Bond tira sarro do nome da Vesper:


Em inglês: "Vesper? I do hope you gave your parents hell for that".

"Vesper" em inglês é a missa vespertina que ocorre na igreja. Bond vê o nome da Vesper, que significa isso, e diz que ela deve ter mandado os pais dela pro inferno por ter colocado esse nome nela (entendeu né? Inferno, missa vespertida? Hã? Hã? Hã??).

Em português: "Vesper? Esse nome é porque você nasceu de véspera?"

Dispensa comentários o trocadilho em português, haha. Mas é legal que os tradutores não colocaram a piada literalmente em inglês porque não faria nenhum sentido. Ao mesmo tempo não poderia perder o humor e deboche de Bond nessa parte. Parabéns! Ficou ótimo! A fala da Vesper de Bond "lendo a mente" de Vesper é ótima também. Vale a pena assistir, porque ela desbanca todo o machismo de Bond com uma voadora de argumentos bem nos ovos! É muito legal!


A Vesper manda no esquema, não é fraca não! Adoro mulheres mandonas, conquistam meu coração. Outra cena legal é essa acima, com o Bond vestindo um smoking, por ordens da Vesper. Isso me lembra quando usei smoking na minha formatura. Quem nunca se olhou no espelho assim, se sentindo Bond, quando vestimos um smoking? Faltou só eu sacar uma arma no paletó, hehe.

Tem uma cena onde Bond aparentemente pede uma Vodka Martini no estilo lá que ele gosta. Mas na verdade o drink se chama "Vesper", e nesses bares se você pedir a receita é essa aí que ele fala no filme. Muita gente pensa que é a receita do famoso Vodka Martini que Bond toma. E é até interessante depois que Bond prova, ele fala: "Vou pensar num nome pra esse drink", e olha para a... Vesper, é claro!


Bond depois de perder esse primeiro jogo usando a desculpinha de que era pra saber como é o blefe do Le Chiffre (sabe de nada, inocente!), tem uma cena de ação com muita pancadaria enquanto o Le Chiffre está sendo torturado pelos terroristas africanos.

A cena é MUITO boa! E depois ainda vem outra cena mais tensa, de Bond dando porrada nos terroristas do Le Chiffre. O mais engraçado é a coitada da Vesper, que é uma contadora, não sabe bater em ninguém. Além de tudo ela está com um vestido de gala e salto alto. Desce um lance de escadas e Bond batendo no cara a alcança. E assim, sucessivamente, até descer toda a escadaria. Afinal, porque não tirou esse salto, menina!


É uma cena muito boa. Coreografia e ângulos de câmera nota dez. E no final enquanto o terrorista pega a arma pra atirar em Bond enquanto ele estrangula o cara, Vesper vai lá e tira a arma dele, deixando Bond terminar o trabalho e acabar com a vida dele.

Mais legal que isso é a famosa cena do chuveiro que vem depois.


Essa cena é tão sutil e tão bonita! Vesper está desse jeito porque ela acabou sendo cúmplice na morte de uma pessoa, e ela não foi feita pra matar, ela é uma contadora, foi um pesadelo pra ela isso tudo. Talvez nunca imaginou que tivesse que fazer isso, afinal ela foi lá apenas pra tomar conta do dinheiro do Estado enquanto Bond tenta derrotar Le Chiffre.

E Bond a encontra assim, de roupa e tudo no chuveiro, e sabe que ela está abalada e chorando. Talvez em outras épocas isso terminaria em sexo, mas não nesse filme. O gesto de lamber os dedos dela pra "limpar o sangue" também é muito poético e bonito. Um Bond sensível... Quem diria que viveríamos pra ver algo assim!

No outro dia Bond perde pro Le Chiffre de novo e tenta ir lá tirar satisfação com uma faca e tudo, já que o dinheiro acabou. Na escada encontra seu amigo de fé e irmão camarada Felix Leiter (esse é uma figurinha carimbada!) que resolve patrocinar o jogo de Bond, com a condição de que a CIA pegue Le Chiffre.

Bond volta ao jogo, pede um drink, mas o drink estava envenenado pela mina do Le Chiffre, uma loirinha emo:


Nessa hora que eu vi a cena eu pensei: Daniel Craig é um ator do caralho.

Tudo bem que teve uns filtros e uma câmera tensa pra ajudar na cena, mas a cena é muito boa. Nessa hora que o coração para então é muito legal, pois justo que aparece pra salvar a pátria? Vesper Lynd, a linda e maravilhosa.

Me fala se não é como acordar no paraíso vendo alguém como ela na frente? :)

E Bond ainda volta pro jogo e comenta: "I'm sorry. The last hand, nearly killed me...". Literalmente!

E aí começa a confusão no roteiro depois que Bond derrota Le Chiffre. Primeiro, Vesper é sequestrada, Bond vai com seu carro atrás do vilão que chora sangue e acaba capotando o carro. Nessa hora descobrimos que Mathis na verdade estava trabalhando com o Le Chiffre, como uma gente duplo. Bond é pego e torturado, numa cena que pra homens assistirem tem que ter saco pra ver.


Basicamente tiram a roupa de Bond, amarram ele na cadeira sem assento, deixando os testículos a mostra, e com um peso numa corda ficam batendo nas bolas. Eu não vou comentar essa cena porque dói até na gente, hahaha. Só quem tem testículos sabe o quanto isso dói. Antes da tortura tiram de Bond um sensor que ele tinha no braço pro MI6 saber onde ele está. E claro que no meio da tortura um agente do MI6 aparece e mete uma bala na testa de Le Chiffre, salvando Bond.

Na próxima cena o tal Mathis, o traidor, aparece como se nada tivesse acontecido, com Bond em recuperação dos ferimentos. Mathis é preso por agentes. E depois tem uma outra cena da Vesper, já caída de amores por Bond, dando uma declaração daquelas de amor pro cara. Que sonho de mulher!


Vesper: "You know James, I just want you to know that if all that was left of you was your smile and your little finger, you'd still be more of a man than anyone I've ever met".
Bond: "That's because you know what I can do with my little finger". (riços)
Vesper: "I have no idea".
Bond: "But you're aching to find out". (riços, riços, riços)

Bond e Vesper estão super apaixonados um pelo outro. Porém a história não termina num final feliz.

Vesper por algum motivo até então desconhecido saca toda a grana que Bond havia ganhado no poker com Le Chiffre e Bond recebe uma ligação dizendo que o dinheiro foi sacado por ela sem Bond saber. 007 vai atrás dela, e começa a trocar fogo com os caras que receberiam o dinheiro em um prédio em ruínas sendo reformado em Veneza.


Bond tenta salvar Vesper, mas ela acaba presa num elevador enquanto o prédio vai afundando na água. Bond tenta de todas as mais desesperadas maneiras abrir a porta, mas não consegue, e Vesper morre. #chatiado

O dinheiro acaba sendo levado pelo Mr White, e numa ligação pra M, Bond descobre que Vesper havia pegado o dinheiro pra pagar o resgate para uma organização que havia sequestrado seu namorado, um Franco-argelino. A essa organização era a mesma que estava por detrás de Le Chiffre e Mr White. Bond termina o filme indo atrás do Mr White, matando-o, e recuperando o dinheiro. E a organização? Vai ficar pro próximo filme!

E a BondGirl, mano?

Vesper Lynd (interpretada pela atriz Eva Green), ai, ai, um sonho (sim, é a terceira vez que digo isso).


Acho que esse filme mostra uma teoria minha que explica esse mundo injusto: que mulheres se sentem atraídas por homens canalhas, e homens pelas mulheres problemáticas. Quem nunca se apaixonou por uma garota lunática que levante a mão! E, especialmente se você não é o loiro rico de olhos azuis que ela gosta, sem chance, vai ficar só na masturbação mesmo pensando como seria se ela te desse uma chance. C'est la vie.


Vesper é assim! A Eva Green disse que não queria que lembrassem dela como apenas uma BondGirl. Corta essa, Eva! Ninguém duvida do talento ímpar dela como atriz! Tem atrizes que atuam, mas outras fazem a personagem se tornar algo vivo. E são pequenos detalhes que esses atores bons de verdade passam na sua atuação que nos fazem crer que essa atriz é fora de série.


E além de tudo ela é linda, com esses olhos verdes cinzentos. No filme ele era bem novinha, tinha apenas vinte e seis aninhos. Dizem que atração entre seres humanos se dá muito pelos genes. Se eu tenho uma certa aparência, vou buscar alguém diferente de mim com os genes que darão uma boa safra de filhos. Com a Eva Green com essa beleza toda, eu abriria uma fábrica de descendentes (isso não foi uma cantada. Se fosse, ia ser horrível, eu sei!).

Uma atriz de tirar o fôlego!

Comentários

Postagens mais visitadas