Doppelgänger - #66 - A kind of magic.

Al estava na janela, observando o movimento. Ele estava atento, pois o jogo inteiro estava virado ao favor do Ar. Sem dúvida ele poderia rastrear e achá-lo. Na mesa estava Neige, com dois laptops, cruzando os dados e tentando achar quem seriam as pessoas de quem Al havia pedido informações.

"Pronto, os arquivos já estão baixados. Vou rodar o programa aqui pra cruzar os dados e achar os nomes. São gigabytes de nomes! Pode demorar alguns minutos", disse Neige.

Nessa hora Al viu pela janela quatro viaturas da polícia de Londres se aproximando. Aquilo não era coincidência, ainda mais se tratando de uma das melhores polícias da Europa. Eles estavam ali, e provavelmente iriam checar alguma coisa.

"Quantos minutos pra conseguir os nomes?", perguntou Al, de olho na janela.

"Acho que... 20 minutos, mais ou menos", disse Neige.

"Ótimo. Neige, me escuta... Tem vários policiais nas redondezas, vi inclusive um grupo deles entrando nesse hotel. Você tem a chave do outro quarto que reservamos? Quero que você vá pra lá, e fique por lá. É provável que os policiais irão buscar um dos meus nomes no registro de hóspedes e virão pra cá direto. Mas você, ninguém conhece. Pegue os laptops e vá pra lá. Vou tentar me comunicar com você quando estiver tranquilo", disse Al.

"Certo. Tome cuidado, Al. Nos vemos logo", disse Neige.

Al desceu as escadas de incêndio rapidamente. Eram apenas cinco andares separando ele do térreo. Ao descer dois andares, na porta do terceiro, ouviu dois policiais conversando. Eles estavam na porta do segundo andar e subindo as escadas.

"Ele é procurado como terrorista pela Interpol. Certo. Temos autorização de atirar para matar? Certo", disse o policial.

Merda... Depois falam que mataram aquele brasileiro por acidente. Esses caras estão é disputando pra ver quem consegue a minha cabeça e a bonificação por dever cumprido..., pensou Al, que entrou na porta que dava no corredor do segundo andar.

De fato, a polícia londrina era conhecida por ser implacável com criminosos. Mas incrivelmente sanguinária com terroristas. Inclusive os que eram apenas suspeitos de terrorismo depois dos ataques ao metrô londrino.

Havia uma senhora com um carrinho de limpeza. Al viu aquilo como uma chance.

Al pegou e saiu correndo ao lado dela, pisando forte no chão, realmente chamando a atenção. Viu que havia uma janela grande no final do corredor, a abriu, e passou por ela, indo pelo parapeito, com a intenção de descer pela fachada do prédio.

A senhora, assustada com aquilo, viu os dois policiais entrando pela porta da escada de emergência. Ela foi correndo até eles e disse que uma pessoa suspeita passou correndo por ali e pulou pela janela.

"Sim senhora. Fique escondida aqui. Ele pode estar armado, temos permissão para atirar pra matar!", disse o policial.

Os policiais foram até lá com suas armas em punho até a janela e colocam o pescoço pra fora pra ver se havia alguém.

Nada.

Ninguém conseguiria descer aquilo em tal velocidade. Exceto se fosse alguém com super poderes e pudesse voar. Um dos policiais gritou bem alto da janela para as unidades na rua perguntando se haviam visto alguém. Todas as viaturas disseram que ninguém havia passado por ali.

O segredo do bom mágico é chamar a atenção das pessoas para olharem pra uma mão, enquanto a outra mão faz o truque. Foi exatamente o que Al fez. Sua intenção era chamar a atenção da senhora para que ela olhasse pela janela e achasse Al suspeito. Ele abriu a janela e apenas se dependurou por alguns segundos - o tempo suficiente pra senhora virar de costas e falar pros policiais. Nesse tempo Al pulou de volta e contornou o corredor, passando por detrás dos guardas e desceu as escadas de incêndio enquanto eles iam até a janela averiguar se ele estava lá.

Antes de chegar no térreo, Al mandou uma mensagem SMS para Neige: Execute 24601.

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O térreo estava tranquilo. Al passou pela porta da escada  e foi andando calmamente. Segundos depois se virou e viu muitos policiais subindo. Foi em direção da área de serviço do hotel, chegando na saída dos fundos, onde os caminhões eram descarregados.

Al se misturou aos turistas e as muitas pessoas que andavam em direção da estação London-Waterloo, uma das maiores da cidade. Se juntar aquele mundo de gente era a melhor maneira de despistar. Quando já estava a pelo menos duzentos metros do hotel, entrou num beco. Fazia muito frio e sua respiração fazia aquele vapor característico. Era o inverno londrino que estava chegando.

"Não mova um músculo Al. Fim de jogo pra você", disse uma voz conhecida, apontando o cano gelado nas suas costas.

Al se virou e se assustou ainda mais com quem viu.

"Rockefeller...!", exclamou Al, surpreso.

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