Crise.

18h27

"Então é só isso que você tem pra me mostrar?", eu disse, guardando os papéis de volta no envelope.

"Sim... É um momento delicado. A qualquer momento a Crise da China pode tornar-se real. Um cataclisma sem precedentes nos aguarda", o velho disse.

Fiquei parado olhando pra ele. Sentei-me relaxado na poltrona. Olhei pro teto. Ouvia aquela barulheira ao meu redor. Pessoas me encarando (talvez por conta do cabelo, que naquele momento já estava todo desgrenhado). Eu não sabia o que dizer. Na verdade eu sabia, mas estava apenas pensando numa maneira melhor de falar.

"Eu sou um mero designer, vocês estão procurando a pessoa errada", respondi, sério.

"Posso considerar isso como uma negação?", ele perguntou.

"Vocês têm pessoas mais jovens e mais capacitadas do que eu. Se eu voltar, a senhora Elizabeth nunca vai me perdoar. Se eu estou aqui hoje conversando com você é porque devo tudo a ela. Ela que me ajudou naquela hora em que vocês queriam o meu sangue e minhas tripas", concluí.

O conteúdo do envelope era o de menos. Eu havia renegado tudo. E nada me faria voltar atrás. Nada.

"Levam meu irmão e a minha esposa. O que diabos vocês querem mais? Agora que encontro um pouco de paz nessa vida. Pode procurar outro. Estou fora.

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