Amber - Peu m'importent les problèmes, puisque tu m'aimes.

Eu o amava. Amava com toda minha força. O amava com todo o meu ser. E o pior que era tudo culpa minha. Eu devia ter controlado essa chama quando ela estava em seu princípio. Eu devia ter repreendido esse sentimento enquanto ele era controlável. Eu não devia ter me rendido a essa paixão ao crer que havia uma esperança entre nós.

Lembro perfeitamente como foi aquele dia. Meados de agosto de 1938, faltava apenas umas duas semanas para o casamento de Alice e Max. Eu esperava sentada num degrau vendo o coronel comprando um guarda-chuva novo. Era agosto, e a estação das chuvas estava terminando, mas ainda volta e meia chovia. Coloquei minha mão segurando minha cabeça enquanto me apoiava nos joelhos enquanto estava sentada.

Eu gostava de vê-lo assim, de longe. Quando a gente é menina, temos um hábito bonito de ficar com nossos olhos pousados nas pessoas que amamos. Sentimos um sentimento tão puro e sincero pela pessoa que amamos nessa tenra idade, uma coisa tão boa, que infelizmente a vida adulta nos tira. Nos tira a inocência para jogarmos o terrível jogo da sedução, nos tira a sinceridade para aprendermos a mentir dizendo que não gostamos da pessoa para não parecermos fracas, nos tira a pureza para que sempre ao tivermos um sentimento por alguém, colocarmos diversos obstáculos para que o amor não se concretize.

Sabia que seria meio difícil dele ver que eu o estava fitando apaixonadamente. Era uma felicidade tão boa! Era algo que me preenchia, mesmo que fosse apenas a presença dele. Eu via as suas mãos fortes, seu sorriso gentil aos vendedores, o jeito elegante que ele caminhava, as pequenas rugas que apareciam por conta da idade, e o cabelo grisalho que dividia espaço com os fios loiros.

Era apenas uma pausa na rotina. Eu ainda era a assistente. Uma simples pausa para comprar um guarda-chuva, trocar o antigo que não havia suportado a última estação de chuvas em agosto. Mas havia algo imprescindível que era poder ficar lá sentada, aguardando ele, suspirando e imaginando como seria tê-lo em meus braços.

“Ei, tá apaixonada, menina?”.

Na hora ouvi uma voz masculina do meu lado perguntando eu dei um pulo de susto. Tentei disfarçar a cara, mas não tinha como ser o coronel, ele ainda estava saindo da loja. Virei o rosto pro lado e vi ninguém menos que o senhor Schultz. Ele estava com uma garrafa de cerveja na mão e mordiscando um sanduíche de salsicha alemã na outra. Seu sorriso de que me havia pego no flagra só me fazia sentir um imenso medo do que viria a seguir se descobrissem meu segredo. Schultz é o melhor amigo do coronel. Se o coronel soubesse que eu tinha sentimentos por ele eu estava perdida!

“Apaixonada? Não, que isso. Não sei do que o senhor Schultz está falando!”, tentei disfarçar.

“Ah, qual é, Liesl! Eu já vi muitas novinhas me olhando com esses olhares cheios de ‘vem cá e me domina, tigrão’! Algumas vezes eu já fui me divertir, ensinar como é que se faz para as novinhas, mas acho que você pode manter esse meu segredo em troca de eu manter o seu”, disse Schultz, e eu já estava vermelha de rubor da cabeça aos pés. Não consegui falar nada, responder nada, mas Schultz achou que devia quebrar o silêncio da pior maneira possível: “Quer um pedaço? Tá uma delícia!”.

“Não, obrigada. Não estou com fome...”, eu disse, sem saber onde enfiar a cara.

O coronel Briegel havia saído da loja, e estava esperando um momento pra atravessar a rua.

“Ei, sabe como vai fazer pra chegar nele?”, perguntou Schultz, enquanto observava Briegel do outro lado da rua olhando pros carros para atravessar.

“Não sei do que está falando, senhor Schultz”, eu respondi, tentando acabar com aquela conversa.

“Eu posso te dar umas dicas valiosas! É sempre bom ter amizade com amigos da pessoa que você tá afim, sabia? É mais de meio caminho até o sucesso!”, disse Schultz, sorrindo. Nesse momento Briegel começou a atravessar a rua indo até a direção deles.

“Ok, tudo bem. Acho que dicas de conquista seriam valiosas para uma ‘amiga’ minha, mas obviamente não seriam pra mim, e...”, eu disse correndo olhando pro Schultz, mas não tive coragem de prosseguir ao ver que o coronel já estava chegando na nossa frente.

“E aí, Schultz, tudo joia?”, perguntou Briegel ao ver que eu estava ao lado do senhor Schultz, “Já foi buscar algo pra comer? Por isso você tá com essa pancinha aí”, na hora que o coronel disse isso eu me ergui pra ir embora e encarei Schultz silenciosamente, de forma que o coronel não viu, “Vamos indo, Liesl? Precisamos voltar pra SD. Agora estou seguro pra que a chuva não me...”.

“Coronel, pera aí, rapaz!”, disse Schultz o interrompendo, “Cara, você lembra da Sibyl?”, nessa hora o coronel ficou pensativo em silêncio, como se tentasse se lembrar do nome.

“Sibyl? Não era Sibylla? Aquela que você conheceu no bar antes de ontem?”, perguntou Briegel, se recordando e corrigindo Schultz.

“É! Sibylla, Sibyl, tudo a mesma coisa!”, disse Schultz, “Eu preciso que você me faça um favorzão pro seu amigo aqui. Aquela gatinha mora bem ali, e ele pegou aquela minha correntinha de ouro que minha mãe me deu. Preciso que você vá lá e diga que precisa da correntinha de volta, diga que eu morri, sei lá, e precisa da grana pro enterro! Ela lembra de você! Faz aquela sua cara de chorão, finge que seu sorvete caiu no chão!”.

“Nossa, Schultz, quando penso que você não tem limites pra ser cara de pau, e você me surpreende!”, disse Briegel, completamente sarcástico, “Teria sido melhor dizer que você tinha herpes, sei lá”.

“Ei, com herpes não se brinca, cara! E eu não sou tão frio assim!”, disse Schultz, com uma cara de ironia, “Apesar que ela tinha uns peitinhos firmes, e uma xaninha que vou te falar, quentinha por dentro! Vontade de não sair mais de dentr...”.

“Ok, chega!”, disse Briegel, e depois ele olhou pra mim com uma cara de quem ia fazer algo que não estava com a mínima vontade de fazer, “Liesl, pode me dar uns minutinhos? Eu já venho, tudo bem?”.

“Tudo bem, coronel! Vou ficar te esperando aqui”, eu disse, e fiquei lá sentada naqueles degraus, ao lado do senhor Schultz. Ficamos em silêncio aguardando até o coronel Briegel sair. Quando o coronel já não estava mais próximo de nós eu puxei novamente o assunto, “Tudo bem então, senhor Schultz. Eu sou sua amiga, mas não entendo como você pode me ajudar com dicas de conquista”.

“Liesl, a razão de eu não conseguir dormir com mais de uma mulher por noite é apenas um: porque se eu fosse mulher, eu com certeza teria dois ou três por noite. Pra mulher conquistar um cara é muito mais fácil, e francamente, eu queria muito ver esse meu amigão aí feliz com alguém”, disse Schultz, dando uma mordida no sanduíche e um gole na garrafa de cerveja, “Vocês super combinam juntos, vocês são todos certinhos! O coronel é tão certinho que eu duvido que iria propor sexo anal com a esposa! Super combina contigo!”.

Eu fiquei super vermelha, mas tentei disfarçar. Acho que nunca havia pensado que amar significava transar com a pessoa eventualmente.

“Mas as dicas não são pra mim. Lembra que eu te disse que as dicas eram pra uma ‘amiga’ minha, que eventualmente está interessada no coronel”, eu disse, enfatizando o “amiga” na minha frase. Schultz então deu uma última mordida no sanduíche e sentou-se do meu lado na escada.

“Ok, então presta muita atenção pra passar essas dicas de sedução pra sua ‘amiga’. Eu acho que o principal ‘essa sua amiga’ já tem. E eu consigo ver isso nos seus olhos, nesses dois globos de cores verde que você usa pra você ver a...”, disse Schultz, mas quando viu que falou o “você” e eu fiz uma cara de quem não gostou, rapidamente corrigiu, “Opa, desculpa, quis dizer a sua ‘amiga’ que tem olhos verdes. Eu não duvido que quando ‘ela’ vê o Briegel as pupilas crescem. Eu já reparei isso, e em pessoa de olhos claros como nós é denúncia na certa que a pessoa está apaixonada!”.

“Hã? Como assim?”, perguntei, tentando entender aonde ele queria chegar.

“É meio instinto do ser humano. As pessoas ficam mais atraentes com pupilas dilatadas. Mas elas acontecem quando em geral veem uma pessoa que possuem sentimentos. Não dá pra se ter muito controle”, disse Schultz, dando um gole na cerveja, “Olha, você tá saindo da fase de criança e virando uma adolescente, mas acho que não custa nada te dar umas explicadas básicas que você vai aprimorando. Minha próxima dica de sedução feminina é uma clássica: mexa os seus cabelos!”, nessa hora Schultz deu um sorrisinho malicioso. Rapidamente depois de falar ele puxou o laço que prendia meu longo cabelo encaracolado e loiro, e nessa hora acabei soltando um gritinho de susto. Não esperava por aquilo.

“Minha nossa, meus cabelos! Não, espera!”, eu disse, assustada, tentando pegar a fita de volta pra amarrar meu cabelo.

“Nada disso, Liesl! Solta o cabelo! Mexe nele, bagunça, joga de lado, arma ele. Seu cabelo é sua arma de sedução! Se estiver que descontar o nervosismo de ficar na frente do coronel, tente descontar no cabelo. Pensa que você tá tentando ficar mais bonita pra ele, mostra mais seu rosto, destaca seus olhos, mostra seu pescoço, vai...”, nessa hora Schultz virou pra mim, como se estivesse esperando algo, “Mexe o cabelo e me mostra”.

Eu não entendi direito, mas sei lá, mexi meu cabelo tentando ser sensual de alguma forma. Eu pensei que estava fazendo certo, mas Schultz me olhou com uma cara de que estava fazendo tudo errado. Sem jeito eu tentei sorrir, um sorriso amarelo. Anos mais tarde lembro que Schultz disse que eu estava parecendo um monstrinho com o cabelo bagunçado, como uma criança que havia acabado de brincar no parquinho.

“Que isso, Liesl, tá errado! Errou feio! Errou rude! É isso que eu tô falando, dá licença...”, disse Schultz. Ele simplesmente com as mãos ajeitou meu cabelo, colocou de lado sobre meu ombro, e do outro lado prendeu atrás da minha orelha. Foi bem simples e bem rápido, e eu não tinha noção do que exatamente ele tinha feito, “Olha ali no reflexo do vidro do carro. É disso que eu tô falando”.

Me levantei e me aproximei do vidro do carro do coronel pra ver meu reflexo. Minha nossa, apenas de soltar meu cabelo e dispor ele de uma forma diferente eu saí daquela imagem de adolescente virgem para um mulherão que eu nem conseguia me reconhecer! Não era mais aquela criancinha de antes, parecia uma mulher feita, como aquelas que eu via nas ruas sendo paqueradas pelos rapazes!

“Minha nossa, Schultz, isso foi sensacional! Eu pareço outra pessoa!”, eu disse, mas Schultz veio atrás de mim e colocou as duas mãos nos meus ombros.

“Próximo passo da conquista feminina: saiba tocar. Esse é um segredo imenso, e se a mulher me toca eu sinto, é 90% de chance que eu vou dormir com ela, pois eu sei bem como o jogo funciona!”, disse Schultz, ainda com as mãos nos meus ombros de maneira gentil. Ele tirou as mãos e foi pro meu braço, acima do meu cotovelo, “Sabe, tocar um homem faz ele ficar de pau duro em 2.35 segundos. E não tô falando de tocar partes íntimas. Pelo menos não ainda! O homem vai se sentir bem com essa sua atitude, e vai sentir que vai poder avançar passos com você. E como toda mulher faz, coloca a armadilha e a isca pro cara! Como todo homem vai ficar se achando porque ‘conquistou’ você, mas na verdade no jogo de sedução é bem o contrário, é o homem que é sempre manipulado pela armadilha que a mulher joga! Comece no pescoço, desça pro cotovelo e depois vá para as mãos. Não tem erro, menina!”.

“Nossa, eu tinha uma imagem totalmente diferente do senhor, Schultz. Eu achava que você era apenas um mulherengo sem noção, mas você entende das coisas”, eu disse, realmente abismada com tanto conhecimento que ele tinha.

“Puxa, eu disse que manjava um pouquinho! Nós homens temos que nos virar em vinte pra conquistar alguém, pra mulher é tão fácil que só de observar já tenho uma noção das táticas mais infalíveis”, disse Schultz, fazendo uma pausa dramática enquanto eu virava o rosto pra ver meu reflexo no vidro do carro e mexia meu cabelo, “Mas espera, Liesl, tenho uma última dica! E é essa aqui!”.

De começo eu não entendi. Schultz ficou parado na minha frente com uma cara de feliz, sem dizer nada. Demorou muito pra eu entender o que ele estava fazendo. Era o sorriso.

“Sorrir?”, perguntei, sem jeito.

“Exato! Sorrisos abrem portas, Liesl! Já dizia a vovozinha!”, disse Schultz, tentando falar com um sorriso no rosto pra mostrar credibilidade, “E com homens abrem muitas portas! Então sempre tente sorrir e manter contato visual nos olhos dele. Sei que o coronel não é de contar muitas piadas, mas quando ele contar, ache engraçado! Dê risada! Homem fica sempre cheio de confiança quando mulheres riem das piadas dele, por mais que sejam horríveis. Não precisa sempre mostrar os dentes, mas um belo sorriso de Monalisa pode ser incrivelmente sensual, sem mostrar nenhum dente!”, nessa hora Schultz pausou sua fala, virou de costas, e depois deu um giro, surgindo na minha frente com um sorriso apenas labial, mas incrivelmente sexy, por mais que eu detestasse admitir isso, “Assim. Viu só? Acho que se seguir essas dicas você vai se dar muito bem!”.

Ainda haviam alguns minutinhos até o coronel chegar. Ficamos durante alguns momentos praticando como jogar o cabelo, como ter um olhar sensual e sorrir de maneira atraente, como uma mulher. Schultz me dava várias dicas incríveis como “tente fazer isso”, ou “faça dessa maneira que é infalível”. Foi uma tarde muito divertida, e acho que a partir daquele dia eu não via mais o senhor Schultz como o melhor amigo da pessoa que eu amava. Eu o via como um grande amigo também que eu jamais imaginaria que nos tornaríamos.

“Ah, chega! Hahaha!”, eu disse, dando risada e me encostando na mureta da escada. Schultz também riu e se sentou nos degraus. Acho que ele viu nesse momento que eu não era apenas uma criança sem graça.

“Ei, eu tô muito feliz que seja você...”, disse Schultz, que depois se corrigiu, “Opa, desculpa, quero dizer que eu tô muito feliz que seja ‘sua amiga’ que esteja interessada no meu amigo. Eu não conhecia muito essa ‘sua amiga’, mas conhecendo agora acho que é totalmente o que esse meu amigo merece. O coronel infelizmente não teve uma vida comum, sempre cheio de responsabilidades desde adolescente, já lutou na guerra, tem um pai que é um pedaço de merda que só pisa nele, e é tão afogado de trabalho que nunca teve tempo pra namorar. Exceto uma vez ou outra, mas era bem raro”.

“Puxa, isso é muito triste. Qual foi a última namorada dele? Você lembra?”, perguntei.

“Claro que sim! Era uma italiana, eu só lembro que o nome dela era Flavia. Nossa, ela era muito gata, e rolou muita química entre eles! Eram como dois fósforos de esfregando até pegar fogo, hahaha”, disse Schultz. Francamente não sei se gostei muito desse tipo de descrição, mas tudo bem, ele depois prosseguiu: “Mas já tem tanto tempo, e ele acha que tá muito velho pra isso. Olha, Liesl“, nessa hora ele parecia bem sério. Ok, ainda tinha um pouco daquele bom humor que ele sempre tinha, mas parecia ser o mais sério que o senhor Schultz conseguia ficar, “Não estou dizendo que vai ser fácil. Você não é uma menina, mas ainda não é uma mulher. Por mais que eventualmente você consiga seduzir o Briegel, ele é tão certinho que eu acho que vai ser muito difícil fazer com que ele supere essa imagem de te ver como uma garota, e não uma mulher, como uma namorada, ou até uma esposa”.

Nessa hora eu senti como se estivesse com um furacão no meu estômago. Por mais que eu tentasse negar, isso que Schultz dizia estava coberto de verdade. Fiquei cabisbaixa, perdi realmente as esperanças. Eu era muito nova, havia uma imensa diferença de idade, e eu não tinha nada a oferecer que as outras mulheres feitas interessadas no coronel tivessem. Com certeza na visão dele eu era apenas uma garotinha, e essa frustração era tão grande que envolta naquele silêncio meus olhos se encheram de lágrimas.

“Sabe, eu acho que a merda do mundo é esse romantismo todo”, disse Schultz, “Pessoas veem casamento como ápice de um relacionamento, que devem passar a vida inteira juntos, que sexo é a expressão máxima do amor. Como se sentimentos superassem considerações reais, que tenham que aceitar tudo o que a pessoa faz. E isso na verdade faz as pessoas sofrerem horrores, pois é impossível uma única pessoa preencher tantos requisitos! Amor e sexo podem caminhar juntos, acho que devemos discutir sobre dinheiro abertamente, e é claro que a pessoa tem defeitos, e a gente tem que apontar para que a pessoa melhore, e não ir aceitando a pessoa do jeito que é. E claro que é impossível achar tudo em apenas uma pessoa. Obviamente eu amaria minha esposa, mas ela nunca vai ser tão amiga quanto o coronel é pra mim, e não vai ser minha melhor conselheira, minha parente favorita, minha contadora, e minha guia espiritual. A natureza humana é assim, cada pessoa é importante pra gente de maneira diferente. Delegar tudo pra uma pessoa é a maior besteira que podemos fazer”.

“É por isso que você não se envolve com ninguém?”, eu perguntei.

“Exatamente. Acho que isso tira um pouco a visão de um ser um suposto ‘canalha’ com a mulherada, não é mesmo?”, respondeu Schultz.

“Entendi. Isso que você fala faz muito sentido mesmo. Acho que foi uma conversa muito valiosa, não apenas pra me explicar como seduzir, como me portar como uma mulher, mas também uma forma de ter um relacionamento mais frutífero e sadio. Realmente não tinha ideia que teria tanta bagagem pra refletir assim em apenas um dia!”, eu disse, de alguma forma feliz. Apesar de não ter falado o que estava na minha mente que havia me deixado tão triste, o senhor Schultz conseguiu me puxar pra cima de volta desse jeito tão único que ficou gravado pra sempre no meu coração essa amizade.

Pouco tempo depois o coronel apareceu. A primeira coisa que eu fiz quando o vi foi abrir um sorriso grande e sincero, e ele retribuiu sorrindo pra mim. Voltamos até a SD, conversando no carro sobre trivialidades. Enquanto estávamos nos despedindo Schultz deu uma piscadinha com o olho, e fiquei tranquila em saber que meu segredo sobre meus sentimentos estavam seguros com ele. Enquanto eu pegava o bonde de volta pro meu pequeno apartamento eu sentia um pouco daquela tristeza enorme que fica no nosso coração quando nos despedimos da pessoa que amamos.

A gente parece que quer passar mais tempo com a pessoa, nem que seja apenas conversando, dando risada, ou falando besteira. Ao lado da pessoa o tempo passa voando, tudo ao nosso redor nos faz feliz, tudo fica mais colorido. Aí somos atingidas por uma saudade imensa, mesmo que tenham passado apenas alguns minutos desde que nos despedimos. Ficamos sem perceber contando os minutos, horas, dias, até a próxima vez que iremos nos encontrar. E também sentimos um bocado de frustração por não ter tido coragem de ter colocado pra fora todos aqueles sentimentos que sentia, e como o tempo era tão bom, e passava tão rápido quando estávamos juntos.

Mas independente desse imenso sobe e desce de sentimentos, tinha algo em mim que me preenchia profundamente. E nessa hora tive uma certeza: que não me importavam os problemas, desde que você me ame.

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