O discípulo tolo. Parte IV
Eu era o número cinco.
Junto com os outros pupilos eu era apenas mais um. Mas eu era um dos caras que ele mais conversava. E sempre puxava uma reunião com todos com eu incluso. Um dia fiquei sabendo que ele ensinaria uma "técnica" nova ao discípulo número um. Não era que ele era o melhor, mas era o primeiro a receber sua tutela.
Essa técnica era um modo de persuasão que usava a própria "psiquê" do alvo. Algo como: você teria que sempre dialogar no mesmo patamar que ele. E ele provavelmente iria fazer o mesmo. O momento da virada seria quando um dos dois escorregassem. Aí quem fosse mais esperto, iria para o abate. Simples na teoria.
Porém, eu fiquei de fora. Ele dizia que isso levaria tempo, e eu não iria aprender, e provavelmente nunca aprenderia.
"Me diga uma coisa, se eu apontar uma arma pra sua testa, o que você faria?", ele questionou.
"Não sei... Provavelmente eu ficaria imóvel, assustado. Ou sei lá, poderia sair correndo, ou dar um tapa na arma. Não tenho ideia", eu respondi.
"Mas é exatamente isso, discípulo tolo. Você é imprevisível. Sabe qual o seu problema? Você fica aí, sorrindo o tempo tudo para todos. O mundo pode estar caindo lá na calçada, e você reage sorrindo. Uma pessoa pode vir te bater e você dar sorrir. E como sei que você não é retardado, isso me leva para a segunda opção, que é pior do que imaginava. Você não tem sentimentos, você esconde, nega todos e fica com um sorriso na sua cara inexpressiva", ele disse.
Fiquei parado um momento pensando. Desmanchei o sorriso. Dessa vez ele que riu, com ironia.
"Tolo! Você sorri pra esconder os sentimentos que estão aí dentro. Eu, como seu mestre, sei muito bem disso. E esse é o problema. Você não pode ficar com esse sorriso disfarçando tudo o que se passa dentro de você pra sempre. Isso se tornará um turbilhão e você será engolido por ele!", ele disse, elevando o tom da voz.
"Pft... Para de falar asneira!", eu respondi, rebelde.
"Eu não ensino a técnica exatamente porque você precisa ser frio e equilibrado para fazer isso. Mas sabe, você não é de todo mal. Eu vejo potencial em você, garoto. Essas suas emoções podem ser usadas ao seu favor, se você conseguir usa-las para te ajudar você nem vai precisar dessa técnica. Você será superior. Você irá muito além deles", ele finalizou.
"Minhas emoções podem me ajudar? Como?", perguntei, abismado.
Algumas semanas depois eu abandonei sua tutela. Não sei se foi o melhor, mas foi a minha escolha. O mestre sumiu sem terminar de treinar o discípulo. Até hoje estou na procura dele, quem sabe um dia? Preciso ainda fazer algumas perguntas pra ele.
Junto com os outros pupilos eu era apenas mais um. Mas eu era um dos caras que ele mais conversava. E sempre puxava uma reunião com todos com eu incluso. Um dia fiquei sabendo que ele ensinaria uma "técnica" nova ao discípulo número um. Não era que ele era o melhor, mas era o primeiro a receber sua tutela.
Essa técnica era um modo de persuasão que usava a própria "psiquê" do alvo. Algo como: você teria que sempre dialogar no mesmo patamar que ele. E ele provavelmente iria fazer o mesmo. O momento da virada seria quando um dos dois escorregassem. Aí quem fosse mais esperto, iria para o abate. Simples na teoria.
Porém, eu fiquei de fora. Ele dizia que isso levaria tempo, e eu não iria aprender, e provavelmente nunca aprenderia.
"Me diga uma coisa, se eu apontar uma arma pra sua testa, o que você faria?", ele questionou.
"Não sei... Provavelmente eu ficaria imóvel, assustado. Ou sei lá, poderia sair correndo, ou dar um tapa na arma. Não tenho ideia", eu respondi.
"Mas é exatamente isso, discípulo tolo. Você é imprevisível. Sabe qual o seu problema? Você fica aí, sorrindo o tempo tudo para todos. O mundo pode estar caindo lá na calçada, e você reage sorrindo. Uma pessoa pode vir te bater e você dar sorrir. E como sei que você não é retardado, isso me leva para a segunda opção, que é pior do que imaginava. Você não tem sentimentos, você esconde, nega todos e fica com um sorriso na sua cara inexpressiva", ele disse.
Fiquei parado um momento pensando. Desmanchei o sorriso. Dessa vez ele que riu, com ironia.
"Tolo! Você sorri pra esconder os sentimentos que estão aí dentro. Eu, como seu mestre, sei muito bem disso. E esse é o problema. Você não pode ficar com esse sorriso disfarçando tudo o que se passa dentro de você pra sempre. Isso se tornará um turbilhão e você será engolido por ele!", ele disse, elevando o tom da voz.
"Pft... Para de falar asneira!", eu respondi, rebelde.
"Eu não ensino a técnica exatamente porque você precisa ser frio e equilibrado para fazer isso. Mas sabe, você não é de todo mal. Eu vejo potencial em você, garoto. Essas suas emoções podem ser usadas ao seu favor, se você conseguir usa-las para te ajudar você nem vai precisar dessa técnica. Você será superior. Você irá muito além deles", ele finalizou.
"Minhas emoções podem me ajudar? Como?", perguntei, abismado.
Algumas semanas depois eu abandonei sua tutela. Não sei se foi o melhor, mas foi a minha escolha. O mestre sumiu sem terminar de treinar o discípulo. Até hoje estou na procura dele, quem sabe um dia? Preciso ainda fazer algumas perguntas pra ele.
Comentários
Postar um comentário