Doppelgänger - #122 - We are everywhere
Olivia Carrion estava com outros três capangas. Um ficou com ela, enquanto outros dois estavam escoltando Neige para longe dali.
Como não tinham algemas, ambos os caras – altos, com roupas militares escuras, e cara de poucos amigos – levavam Neige segurando-o pelo braço firmemente. A palidez e o medo do americano contrastava com a frieza dos homens que o carregavam.
“Ei, escuta, vocês vão me bater ou me matar, ou algo assim?”, perguntou Neige, desesperado.
Os homens pareciam ignorar tudo aquilo. Nem mesmo viraram os olhos, e continuavam com suas expressões caladas e sérias.
Havia um emblema na roupa deles. Como um brasão, do lado do peito. Parecia muito o brasão que haviam descoberto que tinha uma ligação com Vanitas, a organização criada pelo Ar. Porém era muito melhor produzido, colorido, haviam até uns animais estilizados do lado, parecia um verdadeiro emblema da realeza. Mas no centro ainda se destacava as letras L, R, e o grande arco em cima deles.
“Olha, eu tenho amigos que estão nesse lugar agora, então vou ser bem breve com vocês. Se me deixarem ir, posso garantir uma saída tranquila pra vocês. Caso contrário, sofrerão as consequências”, disse Neige.
É claro que aquilo era um blefe. Porém, mesmo assim, os dois homens olharam pra ele, encarando-o. Neige engoliu seco. Deu pra ver, por mais que suas palavras dissessem uma coisa, seu corpo dizia outra totalmente diferente.
“Eu tô falando sério”, disse Neige, esboçando controle da situação pra maquiar sua mentira, “Me deixem voltar agora e nada acontecerá com vocês!”.
Nessa hora dos dois homens pararam. Não sabiam realmente julgar se aquilo era mentira ou verdade. Eles começaram a conversar entre si em um idioma que Neige não tinha mínima ideia do que era. Ainda seguravam firme Neige, que não via escapatória alguma dali. Uma gota de suor frio correu sua espinha nessa hora, e ele torcia com todas as suas forças de que eles estivessem conversando entre si algo sobre deixar ele ir embora, ou algo do gênero.
Um dos caras virou seu rosto e encarou Neige. Sua resposta era cheia de sotaque, mas ainda assim, inconfundível:
“Sem chance, idiota”, disse o guarda.
Ambos começaram a andar novamente levando Neige pelo braço. Estavam perto da escada que dava na saída e no térreo do prédio. Era tudo ou nada. E Neige no desespero insistia na mentira:
“Olha, então não digam que eu não os avisei!”, disse Neige.
Nessa hora um som, como se fosse uma explosão foi ouvida por Neige. Parecia levemente distante. Ele mal virou seu rosto pra ver o que ela quando um rio de sangue se desenhou do seu lado, e o homem na sua direita simplesmente começou a cair, soltando-o.
O que é isso...?, pensou Neige tentando entender o que havia acontecido.
Ele mal teve tempo pra ver o que estava acontecendo que viu novamente o som de um disparo longe. O guarda que o segurava do outro lado mal teve tempo de se abaixar, a bala furou seu queixo e seu pescoço de frente, furando a carne e saindo do outro lado da nuca, fazendo ainda mais sangue jorrar do lado inverso.
Cacete!! Eu sou o próximo?, pensou Neige, que viu que se tratava de um sniper. Ele se abaixou e se esgueirou pela parede.
Droga, não tenho como me esconder aqui, é um corredor, e provavelmente esse atirador de elite está me vendo do mesmo jeito! Acho que a melhor opção é correr...! Deve ser difícil acertar um alvo em movimento!, pensou Neige, que começou a correr desesperadamente de volta à sala onde estavam Eliza Vogl e a agente Olivia Carrion.
- - - - - -
Do lado de fora Natalya Briegel estava apreensiva. Estava muito preocupada com Al, Neige e Eliza Vogl lá dentro. E Victorie havia entrado havia um tempo já. Dentro do furgão de armamento do exército ela vira o espaço que um sniper da Heckler & Koch estava ocupando na prateleira até ser levado, momentos atrás.
“PSG1. Engraçado como essas velharias ainda atraem esses jovens”, Briegel disse, brincando com Bose.
“Olha, não vou negar não, estão entre as minhas favoritas, mesmo com as super poderosas de hoje em dia”, disse Bose.
Ambos se viraram, descendo do furgão. Tudo ao redor deles continuava muito calmo. Todos os carros de polícia, as luzes brilhando, as pessoas orientando os pedestres e motoristas. Nada ali parecia ser o palco de uma insurreição.
“Weaver, venha cá, por favor”, chamou Natalya.
“Sim, madame”, disse Weaver.
“Acho que a ala sul está com poucos homens. Ali é acesso fácil até a entrada da bolsa de valores, acho melhor colocar mais homens...”, disse Natalya, que se viu interrompida por um bip no rádio de Weaver. Parecia urgente.
“Só um segundo, madame”, disse Weaver, colocando o radio no ouvido.
Natalya Briegel estava apreensiva. Aquilo não cheirava bem a ela. Pensou em dar uns passos e tomar o rádio comunicador de Weaver pra saber o que estava acontecendo, mas achou que aquilo iria queimar a sua confiança com ele, que mesmo depois de tanto tempo continuava servindo ela como seu braço direito. Mesmo numa missão nem um pouco oficial.
As palavras que Briegel ouvia eram indecifráveis. Ventava muito, e os sons da redondeza camuflavam ainda mais, por mais que ela ficasse encarando tentando saber o que estava sendo falado.
Até o momento em que Weaver, ainda com o rádio no ouvido, olhou pra Briegel. Depois tirou o olhar dela. Aquilo realmente não devia ser bom.
Weaver deu um comando pelo rádio e se voltou para Natalya.
“Senhora Briegel, espero que a senhora não ofereça nenhuma resistência pra isso”, disse Weaver.
Soldados começavam a se aproximar. Eles pareciam render outros soldados e alguns estavam se juntando em grupo se aproximando calmamente para onde Briegel e Bose estavam.
“Resistência? Do que está falando, Weaver?”, perguntou Natalya.
“Madame, eu sinto muito, mas recebi uma ordem do próprio filho de Arch, e eu, e todos os que aqui estão, que acreditam no papel dele, não podemos deixar de cumprir o que nos foi mandado”, disse Weaver.
Natalya estava sem reação. Simplesmente não podia acreditar naquilo. Weaver e todos aqueles homens estavam do lado de Ar? Parecia que embora todos ali fossem militares e policiais do mesmo lado, de súbito estavam todos revelando um grupo dentro de um grupo maior, rendendo seus próprios companheiros de farda ao comando de Weaver. Bose estava atônico em ver seus companheiros policiais e capitães do exército voltando suas armas para ele. O indiano não conseguia falar absolutamente nada.
“Eu não acredito... Justo você, Weaver?”, disse Natalya enquanto Weaver a algemava.
“Nós estamos em todos os lugares”, sussurrou Weaver.
Como não tinham algemas, ambos os caras – altos, com roupas militares escuras, e cara de poucos amigos – levavam Neige segurando-o pelo braço firmemente. A palidez e o medo do americano contrastava com a frieza dos homens que o carregavam.
“Ei, escuta, vocês vão me bater ou me matar, ou algo assim?”, perguntou Neige, desesperado.
Os homens pareciam ignorar tudo aquilo. Nem mesmo viraram os olhos, e continuavam com suas expressões caladas e sérias.
Havia um emblema na roupa deles. Como um brasão, do lado do peito. Parecia muito o brasão que haviam descoberto que tinha uma ligação com Vanitas, a organização criada pelo Ar. Porém era muito melhor produzido, colorido, haviam até uns animais estilizados do lado, parecia um verdadeiro emblema da realeza. Mas no centro ainda se destacava as letras L, R, e o grande arco em cima deles.
“Olha, eu tenho amigos que estão nesse lugar agora, então vou ser bem breve com vocês. Se me deixarem ir, posso garantir uma saída tranquila pra vocês. Caso contrário, sofrerão as consequências”, disse Neige.
É claro que aquilo era um blefe. Porém, mesmo assim, os dois homens olharam pra ele, encarando-o. Neige engoliu seco. Deu pra ver, por mais que suas palavras dissessem uma coisa, seu corpo dizia outra totalmente diferente.
“Eu tô falando sério”, disse Neige, esboçando controle da situação pra maquiar sua mentira, “Me deixem voltar agora e nada acontecerá com vocês!”.
Nessa hora dos dois homens pararam. Não sabiam realmente julgar se aquilo era mentira ou verdade. Eles começaram a conversar entre si em um idioma que Neige não tinha mínima ideia do que era. Ainda seguravam firme Neige, que não via escapatória alguma dali. Uma gota de suor frio correu sua espinha nessa hora, e ele torcia com todas as suas forças de que eles estivessem conversando entre si algo sobre deixar ele ir embora, ou algo do gênero.
Um dos caras virou seu rosto e encarou Neige. Sua resposta era cheia de sotaque, mas ainda assim, inconfundível:
“Sem chance, idiota”, disse o guarda.
Ambos começaram a andar novamente levando Neige pelo braço. Estavam perto da escada que dava na saída e no térreo do prédio. Era tudo ou nada. E Neige no desespero insistia na mentira:
“Olha, então não digam que eu não os avisei!”, disse Neige.
Nessa hora um som, como se fosse uma explosão foi ouvida por Neige. Parecia levemente distante. Ele mal virou seu rosto pra ver o que ela quando um rio de sangue se desenhou do seu lado, e o homem na sua direita simplesmente começou a cair, soltando-o.
O que é isso...?, pensou Neige tentando entender o que havia acontecido.
Ele mal teve tempo pra ver o que estava acontecendo que viu novamente o som de um disparo longe. O guarda que o segurava do outro lado mal teve tempo de se abaixar, a bala furou seu queixo e seu pescoço de frente, furando a carne e saindo do outro lado da nuca, fazendo ainda mais sangue jorrar do lado inverso.
Cacete!! Eu sou o próximo?, pensou Neige, que viu que se tratava de um sniper. Ele se abaixou e se esgueirou pela parede.
Droga, não tenho como me esconder aqui, é um corredor, e provavelmente esse atirador de elite está me vendo do mesmo jeito! Acho que a melhor opção é correr...! Deve ser difícil acertar um alvo em movimento!, pensou Neige, que começou a correr desesperadamente de volta à sala onde estavam Eliza Vogl e a agente Olivia Carrion.
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Do lado de fora Natalya Briegel estava apreensiva. Estava muito preocupada com Al, Neige e Eliza Vogl lá dentro. E Victorie havia entrado havia um tempo já. Dentro do furgão de armamento do exército ela vira o espaço que um sniper da Heckler & Koch estava ocupando na prateleira até ser levado, momentos atrás.
“PSG1. Engraçado como essas velharias ainda atraem esses jovens”, Briegel disse, brincando com Bose.
“Olha, não vou negar não, estão entre as minhas favoritas, mesmo com as super poderosas de hoje em dia”, disse Bose.
Ambos se viraram, descendo do furgão. Tudo ao redor deles continuava muito calmo. Todos os carros de polícia, as luzes brilhando, as pessoas orientando os pedestres e motoristas. Nada ali parecia ser o palco de uma insurreição.
“Weaver, venha cá, por favor”, chamou Natalya.
“Sim, madame”, disse Weaver.
“Acho que a ala sul está com poucos homens. Ali é acesso fácil até a entrada da bolsa de valores, acho melhor colocar mais homens...”, disse Natalya, que se viu interrompida por um bip no rádio de Weaver. Parecia urgente.
“Só um segundo, madame”, disse Weaver, colocando o radio no ouvido.
Natalya Briegel estava apreensiva. Aquilo não cheirava bem a ela. Pensou em dar uns passos e tomar o rádio comunicador de Weaver pra saber o que estava acontecendo, mas achou que aquilo iria queimar a sua confiança com ele, que mesmo depois de tanto tempo continuava servindo ela como seu braço direito. Mesmo numa missão nem um pouco oficial.
As palavras que Briegel ouvia eram indecifráveis. Ventava muito, e os sons da redondeza camuflavam ainda mais, por mais que ela ficasse encarando tentando saber o que estava sendo falado.
Até o momento em que Weaver, ainda com o rádio no ouvido, olhou pra Briegel. Depois tirou o olhar dela. Aquilo realmente não devia ser bom.
Weaver deu um comando pelo rádio e se voltou para Natalya.
“Senhora Briegel, espero que a senhora não ofereça nenhuma resistência pra isso”, disse Weaver.
Soldados começavam a se aproximar. Eles pareciam render outros soldados e alguns estavam se juntando em grupo se aproximando calmamente para onde Briegel e Bose estavam.
“Resistência? Do que está falando, Weaver?”, perguntou Natalya.
“Madame, eu sinto muito, mas recebi uma ordem do próprio filho de Arch, e eu, e todos os que aqui estão, que acreditam no papel dele, não podemos deixar de cumprir o que nos foi mandado”, disse Weaver.
Natalya estava sem reação. Simplesmente não podia acreditar naquilo. Weaver e todos aqueles homens estavam do lado de Ar? Parecia que embora todos ali fossem militares e policiais do mesmo lado, de súbito estavam todos revelando um grupo dentro de um grupo maior, rendendo seus próprios companheiros de farda ao comando de Weaver. Bose estava atônico em ver seus companheiros policiais e capitães do exército voltando suas armas para ele. O indiano não conseguia falar absolutamente nada.
“Eu não acredito... Justo você, Weaver?”, disse Natalya enquanto Weaver a algemava.
“Nós estamos em todos os lugares”, sussurrou Weaver.
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