Amber - WORD UP! (2)
13 de junho de 1933
Schultz estava largado no sofá. Estava abrindo seus olhos, havia uma luz muito forte, uma cortina balançando na sua frente e luz entrando. Na sua frente apareceu uma pessoa vestindo branco, tinha uma pele negra que brilhava no reflexo da luz, e seus cabelos cacheados caíam no seu rosto. Seu sorriso era branco e brilhante. Talvez ele estivesse morto, e aquele ali era um anjo.
“Ãhn… Bom dia. O senhor deve ser o senhor Schultz, não?”, disse a figura angelical.
Schultz se ergueu de susto. Sua cabeça estava latejando de dor, e estava morrendo de sede. Levantou com tanta velocidade que acabou batendo num copo de água que a mulher tinha na mão pra oferecer a ele. Acabou molhando todo mundo.
“Puxa, me desculpa! Eu acho que tava com a cabeça em Marte, sei lá”, se desculpou Schultz, apesar de todo molhado, “E você é…?”.
“Essa é a minha filha que eu te contei. O nome dela é Alice. Alice Briegel”, disse Briegel, no fundo, trajando seu terno de trabalho e terminando de dar um nó em sua gravata.
“Papai falou muito de você. Você chegou aqui desacordado, pensei que tivesse acontecido alguma coisa, mas parece que você exagerou um pouco na bebida ontem, não?”, disse Alice, dando um risinho.
“Coma alcoólico, esse cara de pau!”, brincou Briegel, “E olha que esse aí pra ficar desse jeito teve que beber muito mesmo, viu… O próprio corpo dele se desligou pra que parasse de fazer merda”.
Schultz parecia nem ouvir. Mas mesmo se ouvisse, não faria nada. Enquanto Briegel e Alice falavam, ele bebeu a jarra inteira de água que estava ao lado de Alice no gargalo. Só um copo era muito pouco.
“Ufa! Tô pronto pra outra!”, disse Schultz, depois de beber quase dois litros de água num gole só, “Sim, o coronel fala muito de você também. Mas eu pensava que você era uma pirralha! Você é crescida já!”
“Peraí… Você disse ‘coronel’? Esse é o seu apelido, papai?”, disse Alice, rindo.
“É. Foi esse aí quem me deu esse apelido!”, bufou Briegel, brincando.
Schultz riu de si mesmo ao ver que tinham ignorado completamente sua pergunta.
“Não, pera lá! Tô entendendo é nada! Você é muito grande pra ser filha dele! Quantos anos você tem?”, repetiu Schultz.
“Tenho vinte e seis anos. E, bem, como você pode ver”, disse Alice, apontando pra sua pele negra, “Sou adotada, obviamente”.
“É”, disse Briegel, dando um beijo na cabeça de Alice, “Mas eu te amo tanto quanto se fosse do meu próprio sangue!”.
“É verdade, haha! Papai é muito coruja”, disse Alice, envergonhada.
Schultz sorriu ao ver aquela cena. Não era uma família tradicional. Era um cara alemão entrando na meia idade e loiro, e uma garota adotada africana. Sem uma mãe, sem mais ninguém. E ainda assim todos se amavam, e não precisava de mais ninguém ali. Mas sem dúvida qualquer um que entrasse naquela família seria feliz, pois embora fossem apenas os dois, havia amor, carinho, respeito mais do que muita família infinitamente mais numerosa que aquela.
“Eu sou pouca coisa mais velho que você. Nasci em 1905, só dois anos de diferença”, disse Schultz, “Mas sabe, vendo vocês dois me dá um tiquinho de inveja. Uma inveja boa! Vocês dois parecem tão felizes, mesmo eu sendo um estranho você super me tratou bem, e, bem, não faz muito tempo que conheço seu pai, mas o considero como se fosse um irmão mesmo pra mim”, depois que Schultz disse isso, Briegel virou o rosto do espelho e deu um sorriso pro seu amigo.
“Seria bom um irmão sim. Mas olha, se você quiser entrar nessa família como meu irmão, não se esqueça que vai ter o pacote completo!”, brincou Briegel, piscando com um olho pra Alice.
Nessa hora Alice ficou toda sorridente, batendo as palmas freneticamente como se tivesse ganho alguém novo na família.
“Isso! Isso! Isso!”, disse Alice, “Se você vai ser um ‘irmão’ pro papai, pode ser o meu ‘tio’ também!”.
Schultz quase pulou de alegria! Ele não tinha nenhuma família perto dele ali em Berlim, estavam todos em Stuttgart, e justo aquela família que ele tinha acabado de conhecer depois de acordar de uma ressaca e tinha acabado de amar todos ali e desejado, mesmo que na sua alma, estar com aquela família agora via aquilo se tornando real. Ele não tinha nenhum sobrinho, era filho único. E subitamente havia acabado de ganhar um irmão e uma sobrinha!
“Nem precisava pedir! TÔ DENTRO! Vai me chamar de ‘tio Schultz’? Hahaha!!”, disse Schultz.
“Muito bem! Está feito então. Ludwig Schultz acabou de ser ‘adotado’ pelos Briegel, entrou pra família então”, disse Briegel, já com a gravata dobrada, se aproximando do amigo, “Então diga pro seu irmão, sua irmã e sua mãe também, porque estamos prestes a quebrar tudo, e você sabe o que fazer!”
“Isso aí! Quebrar tudo!”, brincou Alice, “Gostei muito dele, papai! Podemos ficar mesmo com ele? Quanto de ração ele come, e será que ele veio vacinado?”, depois que Alice disse, Briegel caiu na risada.
“Ei, corta essa! Eu não sou cachorro não!”, brincou Schultz, “Me respeita que a partir de agora vou ser seu tio! Hahaha!”.
Schultz estava largado no sofá. Estava abrindo seus olhos, havia uma luz muito forte, uma cortina balançando na sua frente e luz entrando. Na sua frente apareceu uma pessoa vestindo branco, tinha uma pele negra que brilhava no reflexo da luz, e seus cabelos cacheados caíam no seu rosto. Seu sorriso era branco e brilhante. Talvez ele estivesse morto, e aquele ali era um anjo.
“Ãhn… Bom dia. O senhor deve ser o senhor Schultz, não?”, disse a figura angelical.
Schultz se ergueu de susto. Sua cabeça estava latejando de dor, e estava morrendo de sede. Levantou com tanta velocidade que acabou batendo num copo de água que a mulher tinha na mão pra oferecer a ele. Acabou molhando todo mundo.
“Puxa, me desculpa! Eu acho que tava com a cabeça em Marte, sei lá”, se desculpou Schultz, apesar de todo molhado, “E você é…?”.
“Essa é a minha filha que eu te contei. O nome dela é Alice. Alice Briegel”, disse Briegel, no fundo, trajando seu terno de trabalho e terminando de dar um nó em sua gravata.
“Papai falou muito de você. Você chegou aqui desacordado, pensei que tivesse acontecido alguma coisa, mas parece que você exagerou um pouco na bebida ontem, não?”, disse Alice, dando um risinho.
“Coma alcoólico, esse cara de pau!”, brincou Briegel, “E olha que esse aí pra ficar desse jeito teve que beber muito mesmo, viu… O próprio corpo dele se desligou pra que parasse de fazer merda”.
Schultz parecia nem ouvir. Mas mesmo se ouvisse, não faria nada. Enquanto Briegel e Alice falavam, ele bebeu a jarra inteira de água que estava ao lado de Alice no gargalo. Só um copo era muito pouco.
“Ufa! Tô pronto pra outra!”, disse Schultz, depois de beber quase dois litros de água num gole só, “Sim, o coronel fala muito de você também. Mas eu pensava que você era uma pirralha! Você é crescida já!”
“Peraí… Você disse ‘coronel’? Esse é o seu apelido, papai?”, disse Alice, rindo.
“É. Foi esse aí quem me deu esse apelido!”, bufou Briegel, brincando.
Schultz riu de si mesmo ao ver que tinham ignorado completamente sua pergunta.
“Não, pera lá! Tô entendendo é nada! Você é muito grande pra ser filha dele! Quantos anos você tem?”, repetiu Schultz.
“Tenho vinte e seis anos. E, bem, como você pode ver”, disse Alice, apontando pra sua pele negra, “Sou adotada, obviamente”.
“É”, disse Briegel, dando um beijo na cabeça de Alice, “Mas eu te amo tanto quanto se fosse do meu próprio sangue!”.
“É verdade, haha! Papai é muito coruja”, disse Alice, envergonhada.
Schultz sorriu ao ver aquela cena. Não era uma família tradicional. Era um cara alemão entrando na meia idade e loiro, e uma garota adotada africana. Sem uma mãe, sem mais ninguém. E ainda assim todos se amavam, e não precisava de mais ninguém ali. Mas sem dúvida qualquer um que entrasse naquela família seria feliz, pois embora fossem apenas os dois, havia amor, carinho, respeito mais do que muita família infinitamente mais numerosa que aquela.
“Eu sou pouca coisa mais velho que você. Nasci em 1905, só dois anos de diferença”, disse Schultz, “Mas sabe, vendo vocês dois me dá um tiquinho de inveja. Uma inveja boa! Vocês dois parecem tão felizes, mesmo eu sendo um estranho você super me tratou bem, e, bem, não faz muito tempo que conheço seu pai, mas o considero como se fosse um irmão mesmo pra mim”, depois que Schultz disse isso, Briegel virou o rosto do espelho e deu um sorriso pro seu amigo.
“Seria bom um irmão sim. Mas olha, se você quiser entrar nessa família como meu irmão, não se esqueça que vai ter o pacote completo!”, brincou Briegel, piscando com um olho pra Alice.
Nessa hora Alice ficou toda sorridente, batendo as palmas freneticamente como se tivesse ganho alguém novo na família.
“Isso! Isso! Isso!”, disse Alice, “Se você vai ser um ‘irmão’ pro papai, pode ser o meu ‘tio’ também!”.
Schultz quase pulou de alegria! Ele não tinha nenhuma família perto dele ali em Berlim, estavam todos em Stuttgart, e justo aquela família que ele tinha acabado de conhecer depois de acordar de uma ressaca e tinha acabado de amar todos ali e desejado, mesmo que na sua alma, estar com aquela família agora via aquilo se tornando real. Ele não tinha nenhum sobrinho, era filho único. E subitamente havia acabado de ganhar um irmão e uma sobrinha!
“Nem precisava pedir! TÔ DENTRO! Vai me chamar de ‘tio Schultz’? Hahaha!!”, disse Schultz.
“Muito bem! Está feito então. Ludwig Schultz acabou de ser ‘adotado’ pelos Briegel, entrou pra família então”, disse Briegel, já com a gravata dobrada, se aproximando do amigo, “Então diga pro seu irmão, sua irmã e sua mãe também, porque estamos prestes a quebrar tudo, e você sabe o que fazer!”
“Isso aí! Quebrar tudo!”, brincou Alice, “Gostei muito dele, papai! Podemos ficar mesmo com ele? Quanto de ração ele come, e será que ele veio vacinado?”, depois que Alice disse, Briegel caiu na risada.
“Ei, corta essa! Eu não sou cachorro não!”, brincou Schultz, “Me respeita que a partir de agora vou ser seu tio! Hahaha!”.
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