Amber #44 - A violoncelista.
Os arredores do Burgtheater estavam relativamente vazios. Soldados austríacos e alemães, que por obra da Anschluss estavam carregando a mesma bandeira, andavam de um lado pro outro em grupos. Quando Briegel, Liesl e Alice chegaram na frente do teatro, viram soldados do lado oposto do edifício chegando, como que seguindo ordens de busca à Ursel Meyer.
“Coronel, acho que talvez seja melhor entrarmos. Está cedo, não parece estar acontecendo nenhum concerto ou algo do gênero. Talvez seja o único lugar que Meyer encontrou”, disse Liesl.
“Certo. Vamos lá então”, disse Briegel, entrando no teatro pela porta da frente. Antes de fechar Briegel deu uma olhada para a frente do teatro: soldados continuavam buscando Ursel Meyer em todos os cantos das redondezas. Não tinham muito tempo.
O teatro era belíssimo por dentro. Viena era mundialmente conhecida naquela época como uma das cidades mais musicais da Europa. E aquele teatro era um dos símbolos da importância que a música - especialmente a clássica - tinha para todo aquele povo. Era um prédio com uma opulência incrível, ricamente adornado dentro e fora, como se fosse um verdadeiro palácio.
Era dia de limpeza. Muitas pessoas que trabalhavam lá estavam limpando o local. Briegel, Liesl e Alice iam passando pelas pessoas, e todas olhavam surpresos para eles, e Briegel apenas ia na frente, cumprimentando todos com um aceno amistoso com a cabeça.
Isso tá parecendo o acampamento militar em Guernica. Eu detesto quando todos ficam me encarando como se eu viesse de outro planeta!, pensou Briegel. Foi aí que os três ouviram um som. Estava acontecendo um ensaio no salão principal daquele teatro. Liesl rapidamente avançou pra janela e olhou para aquele grupo de músicos. Viu então que havia alguém ali que lhe parecia muito familiar.
“Coronel! Olha quem está ali, no violoncelo!”, disse Liesl. Briegel aguçou a vista e reconheceu a pessoa. Era Ursel Meyer.
Por volta de cinco soldados nesse mesmo momento entraram no salão pela porta oposta. O maestro, que estava ensaiando com as pessoas, ao ver os soldados se ergueu e foi até eles.
“Herr Meyer?”, gritou um soldado, “Estamos buscando por uma fugitiva aqui. Precisamos averiguar o local”.
Briegel, Liesl e Alice, que viam tudo do outro lado nessa hora ficaram apreensivos.
O maestro Meyer fez um sinal de pausa e se ergueu de sua cadeira. Ursel Meyer, que estava disfarçada ali enfiou a cabeça na partitura, virando o rosto, dando um jeito de evitarem ver que ela estava ali. O maestro parecia profundamente desgostoso por conta da intromissão.
“Saiam já daqui, estamos ensaiando há meia hora! Nenhuma pessoa entrou aqui. Vamos, chispa! Xô! Xô! Xô!”, disse o maestro, espantando os soldados, como se fossem animais, “O Führer pode mandar em tudo lá fora, mas quem manda aqui no teatro sou eu!”.
Os soldados iam se virando um a um enquanto iam sendo expulsos de lá pelo maestro. De longe Briegel via que ele parecia uma boa pessoa. Com todas aquelas roupas informais, parecia que ele havia acordado de pijama e foi pro ensaio da mesma maneira. Faltava só o gorro pra completar o uniforme.
“Espera! Aquela ali!!”, apontou o soldado pros músicos, “É ela, eu tenho certeza!”.
E o soldado saiu do cerco do maestro e foi em direção dos músicos. Briegel abriu a porta e estava prestes a ir até lá, quando Liesl o puxou pela manga. O homem havia passado reto do arco de onde ficavam as cordas e estava pro lado desse, onde os instrumentos de sopro ficavam.
“Você! Ursel Meyer, você está pres-”, disse o soldado, mas ao ver o rosto da flautista, viu que ela não era o de Ursel Meyer.
“Eu disse que não tem ninguém com esse nome aqui!”, gritou o maestro, puxando o homem pelo colarinho das costas, “Agora me deixem ensaiar com minha orquestra, senão vou expulsar vocês na base da vassoura!”.
E assim os soldados foram todos expulsos. Ao fechar a porta o velho maestro soltou um sopro de alívio, e Ursel Meyer de longe era possível ver que ela havia relaxado também.
“Senhorita Meyer?”, disse Briegel, entrando no recinto.
“Vocês são insistentes, viu!”, disse o maestro Meyer, novamente ficando irritado, indo pra cima de Briegel, “Quantas vezes tenho que dizer que não tem nenhuma Mey-”.
“Tudo bem, maestro”, disse Ursel Meyer, se erguendo, “Eles são de confiança”, o maestro parou onde estava e Ursel foi ao encontro de Briegel, “Vi que vocês estavam do outro lado. Foram rápidos mesmo pra adivinhar onde eu estava. Realmente o que falam sobre você é bem verdadeiro”.
“Se falaram que eu sou bom, sinto lhe dizer, mas é mentira”, disse Briegel, olhando pra sua filha Alice e Liesl, “O que eu tenho mesmo é uma equipe de primeira, elas sim que são as melhores”.
“Muito bem. Acho que posso confiar em vocês, então”, disse Meyer, “Vocês também têm informações sobre Oliver Raines, e devem estar buscando as informações que eu tenho. Acho que podemos nos encontrar em um local mais propício pra trocar essas figurinhas”.
“Muito bem. Dê a hora e o lugar, que iremos”, disse Briegel, aceitando os termos.
“Baden. Fica ao sul de Viena. Me deem uns dois dias, a coisa tá meio preta pra mim aqui, como vocês podem ver”, Ursel nessa hora fez um gesto de ironia com os braços, “Pelo visto sou uma pessoa querida aqui”.
“Tem certeza que não precisa de ajuda? Podemos te ajudar enquanto você está por aqui”, disse Briegel. Mas ao falar Ursel ergueu a sobrancelha, deixando-a com um ar super irônico. Aquilo era mais do que um sinal de que ela poderia lidar com aquilo tudo sozinha.
“Tudo bem, fechado. Onde nos encontramos?”, perguntou Briegel.
“Cassino Baden. Umas 20h tá bom. Todo mundo na cidade conhece, é bem fácil de se chegar”, disse Ursel Meyer.
“Coronel, acho que talvez seja melhor entrarmos. Está cedo, não parece estar acontecendo nenhum concerto ou algo do gênero. Talvez seja o único lugar que Meyer encontrou”, disse Liesl.
“Certo. Vamos lá então”, disse Briegel, entrando no teatro pela porta da frente. Antes de fechar Briegel deu uma olhada para a frente do teatro: soldados continuavam buscando Ursel Meyer em todos os cantos das redondezas. Não tinham muito tempo.
O teatro era belíssimo por dentro. Viena era mundialmente conhecida naquela época como uma das cidades mais musicais da Europa. E aquele teatro era um dos símbolos da importância que a música - especialmente a clássica - tinha para todo aquele povo. Era um prédio com uma opulência incrível, ricamente adornado dentro e fora, como se fosse um verdadeiro palácio.
Era dia de limpeza. Muitas pessoas que trabalhavam lá estavam limpando o local. Briegel, Liesl e Alice iam passando pelas pessoas, e todas olhavam surpresos para eles, e Briegel apenas ia na frente, cumprimentando todos com um aceno amistoso com a cabeça.
Isso tá parecendo o acampamento militar em Guernica. Eu detesto quando todos ficam me encarando como se eu viesse de outro planeta!, pensou Briegel. Foi aí que os três ouviram um som. Estava acontecendo um ensaio no salão principal daquele teatro. Liesl rapidamente avançou pra janela e olhou para aquele grupo de músicos. Viu então que havia alguém ali que lhe parecia muito familiar.
“Coronel! Olha quem está ali, no violoncelo!”, disse Liesl. Briegel aguçou a vista e reconheceu a pessoa. Era Ursel Meyer.
Por volta de cinco soldados nesse mesmo momento entraram no salão pela porta oposta. O maestro, que estava ensaiando com as pessoas, ao ver os soldados se ergueu e foi até eles.
“Herr Meyer?”, gritou um soldado, “Estamos buscando por uma fugitiva aqui. Precisamos averiguar o local”.
Briegel, Liesl e Alice, que viam tudo do outro lado nessa hora ficaram apreensivos.
O maestro Meyer fez um sinal de pausa e se ergueu de sua cadeira. Ursel Meyer, que estava disfarçada ali enfiou a cabeça na partitura, virando o rosto, dando um jeito de evitarem ver que ela estava ali. O maestro parecia profundamente desgostoso por conta da intromissão.
“Saiam já daqui, estamos ensaiando há meia hora! Nenhuma pessoa entrou aqui. Vamos, chispa! Xô! Xô! Xô!”, disse o maestro, espantando os soldados, como se fossem animais, “O Führer pode mandar em tudo lá fora, mas quem manda aqui no teatro sou eu!”.
Os soldados iam se virando um a um enquanto iam sendo expulsos de lá pelo maestro. De longe Briegel via que ele parecia uma boa pessoa. Com todas aquelas roupas informais, parecia que ele havia acordado de pijama e foi pro ensaio da mesma maneira. Faltava só o gorro pra completar o uniforme.
“Espera! Aquela ali!!”, apontou o soldado pros músicos, “É ela, eu tenho certeza!”.
E o soldado saiu do cerco do maestro e foi em direção dos músicos. Briegel abriu a porta e estava prestes a ir até lá, quando Liesl o puxou pela manga. O homem havia passado reto do arco de onde ficavam as cordas e estava pro lado desse, onde os instrumentos de sopro ficavam.
“Você! Ursel Meyer, você está pres-”, disse o soldado, mas ao ver o rosto da flautista, viu que ela não era o de Ursel Meyer.
“Eu disse que não tem ninguém com esse nome aqui!”, gritou o maestro, puxando o homem pelo colarinho das costas, “Agora me deixem ensaiar com minha orquestra, senão vou expulsar vocês na base da vassoura!”.
E assim os soldados foram todos expulsos. Ao fechar a porta o velho maestro soltou um sopro de alívio, e Ursel Meyer de longe era possível ver que ela havia relaxado também.
“Senhorita Meyer?”, disse Briegel, entrando no recinto.
“Vocês são insistentes, viu!”, disse o maestro Meyer, novamente ficando irritado, indo pra cima de Briegel, “Quantas vezes tenho que dizer que não tem nenhuma Mey-”.
“Tudo bem, maestro”, disse Ursel Meyer, se erguendo, “Eles são de confiança”, o maestro parou onde estava e Ursel foi ao encontro de Briegel, “Vi que vocês estavam do outro lado. Foram rápidos mesmo pra adivinhar onde eu estava. Realmente o que falam sobre você é bem verdadeiro”.
“Se falaram que eu sou bom, sinto lhe dizer, mas é mentira”, disse Briegel, olhando pra sua filha Alice e Liesl, “O que eu tenho mesmo é uma equipe de primeira, elas sim que são as melhores”.
“Muito bem. Acho que posso confiar em vocês, então”, disse Meyer, “Vocês também têm informações sobre Oliver Raines, e devem estar buscando as informações que eu tenho. Acho que podemos nos encontrar em um local mais propício pra trocar essas figurinhas”.
“Muito bem. Dê a hora e o lugar, que iremos”, disse Briegel, aceitando os termos.
“Baden. Fica ao sul de Viena. Me deem uns dois dias, a coisa tá meio preta pra mim aqui, como vocês podem ver”, Ursel nessa hora fez um gesto de ironia com os braços, “Pelo visto sou uma pessoa querida aqui”.
“Tem certeza que não precisa de ajuda? Podemos te ajudar enquanto você está por aqui”, disse Briegel. Mas ao falar Ursel ergueu a sobrancelha, deixando-a com um ar super irônico. Aquilo era mais do que um sinal de que ela poderia lidar com aquilo tudo sozinha.
“Tudo bem, fechado. Onde nos encontramos?”, perguntou Briegel.
“Cassino Baden. Umas 20h tá bom. Todo mundo na cidade conhece, é bem fácil de se chegar”, disse Ursel Meyer.
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