Amber #97 - Vira, vira, vira homem, vira! Vira, vira, lobisomem.
“Yamada, pensando bem, foi um plano ruim”, disse Eunmi, no caminho até o quartel, ao lado de Yamada, “Eu não sei falar uma palavra de japonês”.
O japonês sabia falar fluentemente chinês, tão bem quanto um nativo. Aquela era a língua oficial que as pessoas falavam no pelotão de Tsai, por mais que Eunmi falasse coreano e Schultz falasse, entre outras línguas, o alemão. Porém apenas Tsai e Yamada sabiam falar a língua nipônica. E se sentindo apreensiva, Eunmi parecia recuar ao dizer isso. Yamada percebeu isso e por um momento raciocinou rápido, tendo uma ideia para esse problema.
“Oh! Verdade, né. Bom, vamos fazer o seguinte: me deixa sempre falar. Faça uma cara de quem está entendendo tudo, e quando eu virar pra você, você confirma com um sonoro ‘Hai!’, que significa ‘sim’ em japonês. Sem erro! Eu sei um lugar onde estão diversas fichas novas que apareceram por lá. Talvez tenha os dados de coreanos expatriados”, explicou Yamada. Nesse momento ele se lembrou que tinha algo no bolso que ele havia esquecido, e ao tirar Eunmi reparou que era uma pequena placa, com um nome escrito em caracteres chineses, “Verdade! Eu já estava quase me esquecendo. Aqui está seu nome! Endo Saeki”.
“Endo Saeki. Bom, pelo menos é um nome fácil”, disse Eunmi, observando Yamada colocar em seu uniforme.
“É sim. Já estamos chegando, é virando aquela esquina”, disse Yamada, apontando para o local, “Lembre do que eu te disse. Só responda ‘hai!’. Deixa que o resto eu faço!”.
“Hai!”, brincou Eunmi, mostrando até uma certa empolgação. Yamada por um momento achou aquilo estranho, pois Eunmi sempre fora muito séria. Mas viu que era justamente nesses momentos mais tensos que ela mostrava um lado amigável único que tinha.
Ao chegar na porta do quartel Yamada se apresentou e apresentou Eunmi, como Endo Saeki. Ele havia voltado no dia anterior, então muitos ali ainda o desconheciam, o que poderia ser um grande vantagem para que andassem no local sem levantar maiores suspeitas. Dentro do quartel, situado em um edifício, Yamada apontou para as escadas e começou a subir em direção do primeiro andar junto de Eunmi. Embora seus corações estivessem batendo forte por conta da adrenalina de estar em terreno inimigo, eles tentavam disfarçar mantendo um passo constante enquanto subiam as escadas.
“Yamada? Onde pensa que está indo?”.
Ao terminar de subir os lances de escadas e entrarem no próximo lance os dois ouviram uma voz. Era um homem falando em japonês. Yamada na mesma hora fez uma cara de desgosto, como se não quisesse encontrar justamente aquela pessoa naquele momento. Eunmi observava aquilo tudo sem entender uma palavra do que estava acontecendo.
“Capitão Sasaki!”, disse Yamada, em japonês, se virando e batendo continência. Eunmi fez o mesmo, “Como o senhor está nessa manhã?”.
“Péssimo, seu idiota. Ainda estou com aquele furúnculo me matando na minha coxa”, disse o capitão Sasaki. Nesse momento ele reparou em Eunmi, “E quem é esse aí?”.
“O capitão Yamamoto pediu para ir busca-lo. Ele veio de...”, disse Yamada, olhando para um mapa do território japonês atrás de Sasaki, tentando achar uma província que poderia dizer que Eunmi era, “...de Nara. O nome dele é Endo. Endo Saeki”, ao dizer Yamada encarou Eunmi como que pedindo para ela confirmar o que ele havia dito como eles haviam combinado antes.
“Hai!”, disse Eunmi, forçando a voz num tom mais másculo.
“Prazer em conhece-lo, soldado Endo. Seja bem vindo”, disse Sasaki, estendendo a mão. Eunmi apertou forte. Por conta dos treinamentos com Tsai, sua mão não era nem um pouco delicada, como muitas mulheres teriam. Isso foi vantajoso, já que sua voz não convencia muito. O capitão Sasaki se virou para trás, chamando um outro oficial que estava ali, “Ei, Kanamori! Deixa eu apresentar o cara que escapou das garras da Chugoku-no-hime!”.
O oficial Kanamori se virou e foi em direção a eles. Ele tinha um cabelo bem baixo, pele branca, bigode e claramente tinha um pouco mais de 1,70m.
“Muito prazer. Meu nome é Kanamori ‘Koro’”, disse Kanamori, se apresentando. Logo após ele falar tanto Eunmi quanto Yamada ficaram abismados.
Essa voz...! Parece muito...!, pensou Eunmi, ainda com os olhos quase que saltando das órbitas. O tom era muito parecido com Jin-su, mas sua aparência não tinha absolutamente em nada a ver com ele. Talvez fosse algum tipo de paranoia, medo de encontrar com ele e serem pegos, especialmente pois o tal oficial Kanamori não tirava os olhos de Eunmi.
“Koro?”, perguntou Yamada, achando que havia ouvido errado, “Koro, igual se escreve ‘incensário’?”.
“Goro! Kanamori Goro, Yamada idiota! Tá surdo, é?”, corrigiu Sasaki, reprimindo Yamada, “Onde raios já se viu um japonês usar um nome desses, ‘Koro’? Você parece que está ficando a cada dia mais burro e surdo mesmo, seu imbecil!”.
“Ah, mil perdões, senhor!”, disse Yamada, baixando a cabeça em forma de reverência. Na sua cabeça ele tinha certeza que havia ouvido “Koro” e não “Goro”, o que denunciava um estranho sotaque que o oficial Kanamori tinha. Mas se ele estava errado, estava errado e ponto. Era assim que funcionava no exército japonês. Não havia espaço para se questionar a autoridade.
“Oficial Endo, você tem uma pele muito bem cuidada”, disse Kanamori, se aproximando de Eunmi. Nessa hora Yamada, que estava com a cabeça baixa, percebeu que os sapatos de Kanamori tinham um pequeno salto, que lhe conferiam uma altura extra. Era pouca coisa, mas não passou desapercebido. Ao ver que ele estava se aproximando de Eunmi, rapidamente se ergueu de volta e viu o quanto Eunmi se segurava para não mostrar estranheza. A coreana devia estar muito confusa vendo aquilo tudo sem entender nada, e tentava se manter séria e focada para não levantar suspeitas. Kanamori se aproximou de Eunmi com os dedos tocando nas bochechas de Eunmi com as pontas dos mesmos, “Realmente tem muitos soldados que não possuem uma pele tão bem cuidada”.
Yamada então colocou a mão no ombro de Kanamori, o afastando gentilmente de Eunmi. O sotaque forte de Kanamori estava começando a soar estranho, e Yamada não conseguia lembrar de qual província nipônica era aquele jeito peculiar de falar.
“Bom, o senhor Endo tem uma esposa que cuida muito bem dele, certo Endo-san?”, disse Yamada, fazendo um sinal para Eunmi responder.
“Hai!”, respondeu Eunmi, com firmeza, em voz alta, cada vez mais engrossando a voz. Yamada se virou para Kanamori, com um rosto desconcertado, olhando para todos os lados tentando achar uma maneira de desviar do assunto. O sotaque de Kanamori continuava soando muito estranho. Era entendível, mas ele trocava muitos sons de “ga”, “gui”, “gu”, por “ka”, “ki”, “ku” em japonês. Sasaki continuava atrás deles, observando tudo, e Yamada prosseguiu:
“São uns cremes muito bons, que protegem do sol, e deixam os soldados com essa aparência mais tonificada na pele, e também...”.
“Sabe, pode soar desrespeitoso, mas eu diria que existe uma donzela por debaixo desses trajes”, disse Kanamori, fixando um olhar de dúvida sobre Eunmi, “Esses lábios também, carnudos. É difícil ver um homem com lábios assim. Como deixaram um soldado com uma aparência tão feminina se juntar ao exército”.
Eunmi obviamente não entendia uma palavra. Nesse momento Yamada pensou que realmente foi melhor ela não entender mesmo, pois aquilo era completamente machista, e o fato de Eunmi não esboçar nenhuma reação diante das ofensas era no final das contas uma vantagem para o disfarce.
“Mas é claro que é homem! Com certeza tem uma mulher por debaixo desses trajes, não é Endo-san?”, disse Yamada, que não só depois que falou viu que havia dito que ‘havia uma mulher’ debaixo dos trajes do falso Endo, que antes da Eunmi confirmar com um sonoro ‘hai’, Yamada correu para consertar, atropelando a fala da garota disfarçada: “Um homem, quer dizer, por debaixo desses trajes! Não uma mulher! Até me confundi, hahaha!”.
Yamada então resolveu lançar uma cartada diferente pra para tirar a atenção de Eunmi.
“Esse seu sotaque... O senhor é de que província do Japão?”, perguntou Yamada. Kanamori voltou sua atenção para o japonês, deixando seu olhar inquisitório contra Eunmi.
“Eu sou natural de...”, disse Kanamori, fazendo uma pausa, “É um pouco distante de Tóquio, não creio que você conheça pessoas da minha terra natal”.
“Tohoku”, disse Sasaki, ao fundo, “Não está reconhecendo o sotaque, Yamada?”.
“Tohoku? O senhor perdeu um bocado do sotaque ‘zuuzuu-ben’ de lá, o senhor não puxa muito as vogais. Mas de qualquer forma, se me permite, vou com o Endo-san lá pra cima. Temos uma tarefa que o senhor Yamamoto nos deu”, disse Yamada, apontando para a escada, gesticulando para Eunmi ir em frente, subindo. Antes de começar a subir o lance de escadas, Yamada se voltou para Kanamori, fazendo uma reverência, “Como dizem em Tohoku, Ganbappê!”.
E Yamada subiu as escadas sem olhar para trás. Kanamori ficou os encarando, especialmente Eunmi, que subiu as escadas também mantendo o olhar sobre ele. Qualquer coisa seria melhor do que ficar ali com Kanamori torrando a paciência. Ao chegar no andar de cima Yamada percebeu que Eunmi tinha uma cara de que havia algo a incomodando.
“Eunmi, por aqui”, disse Yamada, apontando para uma sala do prédio, “Escuta, tudo bem com você?”.
“Sim, acho que foi apenas uma paranoia boba de minha parte, Yamada”, disse Eunmi, se explicando, “A voz do Kanamori parecia muito a voz do Jin-su”.
“O quê?! Será que era ele?”.
“Não, a aparência não tem nada a ver. Aquele cabelo, tom da pele, bigode, não tinha nada a ver. E até era visivelmente mais alto que o Jin-su”, disse Eunmi, com uma cara desconcertada, como se estivesse vergonha de estar errada, “E outra, tem muito coreano com a voz bem parecida, acho que é besteira”.
Yamada nessa hora lembrou do pequeno salto que havia visto no sapato de Kanamori. Mas preferiu não comentar nada, pois isso aumentaria ainda mais a paranoia de Eunmi, que como ela mesma disse, não fazia o menor sentido.
“Vamos indo, Eunmi. Se você diz que não é ele, eu acredito completamente”, disse Yamada apontando para a sala onde estavam os papéis que ele disse, enquanto chegavam lá.
Os dois começam então a revirar os papéis. Haviam muitos documentos de soldados, relatórios de combates, fichas, papéis de espionagem, entre outras coisas. O tempo passava e os dois tentavam filtrar fichas de coreanos repatriados como japoneses no meio de tudo aquilo.
“Ei, Eunmi, isso aqui é coreano, não? Tem essas bolinhas nos caracteres, dá uma olhada!”, disse Yamada, chamando a coreana.
Quando Eunmi viu, ficou abismada. Era realmente uma ficha, que tinha o nome da pessoa escrita em hangul, o alfabeto coreano. Na foto era uma mulher, e lá estava outros dados escritos em japonês, que sem entender, pediu para Yamada traduzir.
“Sim, está aqui o novo nome dessa mulher. É um sobrenome e um nome japonês”, disse Yamada, lendo e traduzindo para Eunmi, “Escuta, tem outros desses aqui atrás, dá só uma olhada. Não são muitos”.
“Vamos ver! Talvez tenhamos uma pista que nos leve até Jin-su!”, disse Eunmi, pegando a pasta na mão.
Nesse momento os dois ouviram uma pessoa batendo na porta.
“Fica ali agachada atrás daquelas caixas que eu vou distrair quem está ali!”, disse Yamada, apontando um esconderijo para Eunmi, que foi correndo até lá com a pasta com os dados dos coreanos que mudaram de pátria se esconder. Yamada foi até a porta e ficou lá conversando com o oficial do outro lado da porta, o distraindo enquanto Eunmi buscava lá pistas de Jin-su.
Eunmi começou então a verificar procurando Jin-su. Eram bem mais papéis do que ela imaginava que teria, então levou um tempo. Homens, mulheres, crianças, idosos, diversos coreanos que estavam dispostos a abandonar sua nacionalidade coreana em prol de um novo nome e a cidadania japonesa do outro lado do mar.
Enquanto ela via os papéis, pensava nas histórias de vida que haviam ali. E nesse momento lembrou também da sua própria história. Tudo mudou quando seu noivo foi morto pelo capitão Miura. E embora fosse algo dolorido, conhecer tantas pessoas, treinar com Tsai, e se juntar a um pelotão de rebeldes chineses contra o domínio japonês nunca teria acontecido se essa fatalidade não tivesse acontecido. Ao mesmo tempo, no meio dos papéis, Eunmi se perguntava se como ela estaria naquele momento? Grávida do primeiro filho vivendo uma vida de dona de casa na Coréia?
Ela estava tão concentrada que nem percebeu Yamada se reaproximando dela:
“E então, Eunmi? Achou alguma coisa?”, perguntou Yamada, e nessa hora Eunmi tomou um susto. As folhas estavam quase acabando, e ainda não havia nenhum documento sobre Jin-su.
“Não, me desculpa. E a pessoa que bateu na porta, já foi embora?”, disse Eunmi, e Yamada assentiu com a cabeça. Depois ela prosseguiu: “Você pode me dar uma ajuda aqui? Falta pouco, e tem muitas mulheres e crianças. Pelo menos separa os homens pra mim?”.
“Claro! Deixa comigo!”, disse Yamada, pegando por volta de umas trinta fichas, começando a verificar uma a uma. Volta e meia ele repousava seus olhos em Eunmi, que estava completamente focada, sem nem desviar os olhos em nenhum momento. Ela parecia tensa e muito nervosa, mas Yamada não perdeu o foco, apesar das rápidas distrações fitando a coreana. Ao terminar se verificar, se voltou para ela, dizendo: “A maioria eram crianças e mulheres. Mas tinha uns três homens aqui. Olha, talvez eu possa ajudar se a gente começar de novo, deve ter passado sem querer um ou outro”.
Eunmi deu uma alongada no pescoço, que estava doendo um pouco depois de ficar tanto tempo parada verificando aqueles papéis. Depois de coçar os olhos e relaxar por um tempo ínfimo, ela pegou as três folhas que estavam nas mãos de Yamada.
“Sim, podemos verificar sim de novo. Será que você pode fazer a mesma coisa com os papéis que eu já vi?”, disse Eunmi, entregando as folhas que ela já tinha verificado para Yamada, que instantaneamente começou a varredura.
Eunmi então pegou as três folhas que Yamada havia dado e já logo de cara descartou a primeira. Ao olhar para a segunda, porém, era como se o seu coração tivesse parado. Ela tomou um susto enorme, pois aquele rosto ela reconheceria em qualquer lugar.
“Não pode ser, impossível!”, disse Eunmi segurando a folha.
“Ei, Eunmi. O sobrenome do Jin-su é ‘Choi’, não? Eu acho que lembro que o caractere chinês tinha ‘montanha’ e ‘pássaro’. Essa ficha aqui tem um Choi, foi uma das primeiras que você verificou, olha só”, disse Yamada, mas percebeu que Eunmi estava completamente em choque ao verificar a ficha que tinha em mãos. Yamada então saltou para o seu lado para ver a ficha que a havia deixado com tal expressão. Era um homem, de aparência relativamente jovem, e bem bonito. Não parecia a descrição que ela havia dado sobre Jin-su. Yamada então a perguntou: “Porquê essa cara? Esse aí é o Jin-su?”.
“Não. Esse é... Esse é o meu noivo”, disse Eunmi, abismada. A ficha não tinha um nome em coreano, apenas um nome em japonês. Parece que não havia sido preenchida. Diversos campos estavam em branco.
“Mas seu noivo não era um coreano? E ele não tinha sido morto?”, perguntou Yamada, tentando entender a expressão de susto de Eunmi, “O nome desse cara aí é Yamazaki Hideo”.
“Mas a foto, é idêntica á ele!”.
Yamada olhou para a folha, e reparou que o campo onde estava escrito “nome coreano” estava em branco.
“Não tem o nome dele. Mas olha, Eunmi, ele não estava morto?”, perguntou novamente Yamada.
“Sim, ele foi morto”.
“Então! Talvez apenas seja alguém parecido. Existem muitas pessoas parecidas, por aí. Seu noivo está morto, e talvez isso seja um imenso engano. Se fosse ele mesmo, teria o nome dele escrito em coreano, mas não tem nada escrito ali”, disse Yamada, tentando levar um pouco de razão para Eunmi, “Eu sei que você sente falta dele, e que seria uma esperança enorme encontrar algo sobre ele, como uma esperança de encontra-lo, ou algo do gênero. Mas não. Como você disse, ele morreu. Precisamos focar aqui, Eunmi!”.
Eunmi então deixou a folha de lado. Era realmente improvável que esse Hideo Yamazaki fosse seu falecido noivo. Foi apenas uma coincidência. Eunmi não entendia como ela se sentia abalada com um engano bobo desses, a ponto de fazê-la inconscientemente buscar informações sobre seu falecido noivo, mesmo que tecnicamente estivesse em busca de Jin-su. Ela balançou a cabeça e voltou a si, e seus olhos pousaram sobre a folha que estava na mão de Yamada, a folha que ele queria mostrar.
“Espera aí, onde você achou isso?”, perguntou Eunmi, puxando a folha da mão de Yamada, que ao ouvir a pergunta da menina, se sentiu bem por ela ter voltado a si mesma.
“Então, era isso que eu estava tentando te mostrar! O caractere chinês de ‘Choi’ é formado pelos caracteres de ‘montanha’ e ‘pássaro’ juntos, não? Esse aí é um Choi, e você não viu”, disse Yamada, pegando o resto das folhas, aguardando enquanto ela verificava a folha, “Bom, vou continuar procurando outros aqui, pode ser que você tenha passado sem querer e tal...”.
“Não, Yamada, não precisa mais procurar”, disse Eunmi, voltando olhar para o japonês, “Achamos o meu primo Jin-su. É ele sim, até o nome coreano ele está aqui, e a foto não deixa dúvidas!”, nesse momento Eunmi virou a folha para Yamada, apontando com o dedo um dos campos, “Qual o nome japonês dele agora?”.
Yamada ficou abismado quando leu. Ele passou por aquele campo sem perceber o nome japonês que ele havia adotado, e agora que leu, tomou um imenso susto.
“Eunmi, não acredito...”, disse Yamada, quase sem ar, “...O nome dele agora é Kanamori Goro!!”.
O japonês sabia falar fluentemente chinês, tão bem quanto um nativo. Aquela era a língua oficial que as pessoas falavam no pelotão de Tsai, por mais que Eunmi falasse coreano e Schultz falasse, entre outras línguas, o alemão. Porém apenas Tsai e Yamada sabiam falar a língua nipônica. E se sentindo apreensiva, Eunmi parecia recuar ao dizer isso. Yamada percebeu isso e por um momento raciocinou rápido, tendo uma ideia para esse problema.
“Oh! Verdade, né. Bom, vamos fazer o seguinte: me deixa sempre falar. Faça uma cara de quem está entendendo tudo, e quando eu virar pra você, você confirma com um sonoro ‘Hai!’, que significa ‘sim’ em japonês. Sem erro! Eu sei um lugar onde estão diversas fichas novas que apareceram por lá. Talvez tenha os dados de coreanos expatriados”, explicou Yamada. Nesse momento ele se lembrou que tinha algo no bolso que ele havia esquecido, e ao tirar Eunmi reparou que era uma pequena placa, com um nome escrito em caracteres chineses, “Verdade! Eu já estava quase me esquecendo. Aqui está seu nome! Endo Saeki”.
“Endo Saeki. Bom, pelo menos é um nome fácil”, disse Eunmi, observando Yamada colocar em seu uniforme.
“É sim. Já estamos chegando, é virando aquela esquina”, disse Yamada, apontando para o local, “Lembre do que eu te disse. Só responda ‘hai!’. Deixa que o resto eu faço!”.
“Hai!”, brincou Eunmi, mostrando até uma certa empolgação. Yamada por um momento achou aquilo estranho, pois Eunmi sempre fora muito séria. Mas viu que era justamente nesses momentos mais tensos que ela mostrava um lado amigável único que tinha.
Ao chegar na porta do quartel Yamada se apresentou e apresentou Eunmi, como Endo Saeki. Ele havia voltado no dia anterior, então muitos ali ainda o desconheciam, o que poderia ser um grande vantagem para que andassem no local sem levantar maiores suspeitas. Dentro do quartel, situado em um edifício, Yamada apontou para as escadas e começou a subir em direção do primeiro andar junto de Eunmi. Embora seus corações estivessem batendo forte por conta da adrenalina de estar em terreno inimigo, eles tentavam disfarçar mantendo um passo constante enquanto subiam as escadas.
“Yamada? Onde pensa que está indo?”.
Ao terminar de subir os lances de escadas e entrarem no próximo lance os dois ouviram uma voz. Era um homem falando em japonês. Yamada na mesma hora fez uma cara de desgosto, como se não quisesse encontrar justamente aquela pessoa naquele momento. Eunmi observava aquilo tudo sem entender uma palavra do que estava acontecendo.
“Capitão Sasaki!”, disse Yamada, em japonês, se virando e batendo continência. Eunmi fez o mesmo, “Como o senhor está nessa manhã?”.
“Péssimo, seu idiota. Ainda estou com aquele furúnculo me matando na minha coxa”, disse o capitão Sasaki. Nesse momento ele reparou em Eunmi, “E quem é esse aí?”.
“O capitão Yamamoto pediu para ir busca-lo. Ele veio de...”, disse Yamada, olhando para um mapa do território japonês atrás de Sasaki, tentando achar uma província que poderia dizer que Eunmi era, “...de Nara. O nome dele é Endo. Endo Saeki”, ao dizer Yamada encarou Eunmi como que pedindo para ela confirmar o que ele havia dito como eles haviam combinado antes.
“Hai!”, disse Eunmi, forçando a voz num tom mais másculo.
“Prazer em conhece-lo, soldado Endo. Seja bem vindo”, disse Sasaki, estendendo a mão. Eunmi apertou forte. Por conta dos treinamentos com Tsai, sua mão não era nem um pouco delicada, como muitas mulheres teriam. Isso foi vantajoso, já que sua voz não convencia muito. O capitão Sasaki se virou para trás, chamando um outro oficial que estava ali, “Ei, Kanamori! Deixa eu apresentar o cara que escapou das garras da Chugoku-no-hime!”.
O oficial Kanamori se virou e foi em direção a eles. Ele tinha um cabelo bem baixo, pele branca, bigode e claramente tinha um pouco mais de 1,70m.
“Muito prazer. Meu nome é Kanamori ‘Koro’”, disse Kanamori, se apresentando. Logo após ele falar tanto Eunmi quanto Yamada ficaram abismados.
Essa voz...! Parece muito...!, pensou Eunmi, ainda com os olhos quase que saltando das órbitas. O tom era muito parecido com Jin-su, mas sua aparência não tinha absolutamente em nada a ver com ele. Talvez fosse algum tipo de paranoia, medo de encontrar com ele e serem pegos, especialmente pois o tal oficial Kanamori não tirava os olhos de Eunmi.
“Koro?”, perguntou Yamada, achando que havia ouvido errado, “Koro, igual se escreve ‘incensário’?”.
“Goro! Kanamori Goro, Yamada idiota! Tá surdo, é?”, corrigiu Sasaki, reprimindo Yamada, “Onde raios já se viu um japonês usar um nome desses, ‘Koro’? Você parece que está ficando a cada dia mais burro e surdo mesmo, seu imbecil!”.
“Ah, mil perdões, senhor!”, disse Yamada, baixando a cabeça em forma de reverência. Na sua cabeça ele tinha certeza que havia ouvido “Koro” e não “Goro”, o que denunciava um estranho sotaque que o oficial Kanamori tinha. Mas se ele estava errado, estava errado e ponto. Era assim que funcionava no exército japonês. Não havia espaço para se questionar a autoridade.
“Oficial Endo, você tem uma pele muito bem cuidada”, disse Kanamori, se aproximando de Eunmi. Nessa hora Yamada, que estava com a cabeça baixa, percebeu que os sapatos de Kanamori tinham um pequeno salto, que lhe conferiam uma altura extra. Era pouca coisa, mas não passou desapercebido. Ao ver que ele estava se aproximando de Eunmi, rapidamente se ergueu de volta e viu o quanto Eunmi se segurava para não mostrar estranheza. A coreana devia estar muito confusa vendo aquilo tudo sem entender nada, e tentava se manter séria e focada para não levantar suspeitas. Kanamori se aproximou de Eunmi com os dedos tocando nas bochechas de Eunmi com as pontas dos mesmos, “Realmente tem muitos soldados que não possuem uma pele tão bem cuidada”.
Yamada então colocou a mão no ombro de Kanamori, o afastando gentilmente de Eunmi. O sotaque forte de Kanamori estava começando a soar estranho, e Yamada não conseguia lembrar de qual província nipônica era aquele jeito peculiar de falar.
“Bom, o senhor Endo tem uma esposa que cuida muito bem dele, certo Endo-san?”, disse Yamada, fazendo um sinal para Eunmi responder.
“Hai!”, respondeu Eunmi, com firmeza, em voz alta, cada vez mais engrossando a voz. Yamada se virou para Kanamori, com um rosto desconcertado, olhando para todos os lados tentando achar uma maneira de desviar do assunto. O sotaque de Kanamori continuava soando muito estranho. Era entendível, mas ele trocava muitos sons de “ga”, “gui”, “gu”, por “ka”, “ki”, “ku” em japonês. Sasaki continuava atrás deles, observando tudo, e Yamada prosseguiu:
“São uns cremes muito bons, que protegem do sol, e deixam os soldados com essa aparência mais tonificada na pele, e também...”.
“Sabe, pode soar desrespeitoso, mas eu diria que existe uma donzela por debaixo desses trajes”, disse Kanamori, fixando um olhar de dúvida sobre Eunmi, “Esses lábios também, carnudos. É difícil ver um homem com lábios assim. Como deixaram um soldado com uma aparência tão feminina se juntar ao exército”.
Eunmi obviamente não entendia uma palavra. Nesse momento Yamada pensou que realmente foi melhor ela não entender mesmo, pois aquilo era completamente machista, e o fato de Eunmi não esboçar nenhuma reação diante das ofensas era no final das contas uma vantagem para o disfarce.
“Mas é claro que é homem! Com certeza tem uma mulher por debaixo desses trajes, não é Endo-san?”, disse Yamada, que não só depois que falou viu que havia dito que ‘havia uma mulher’ debaixo dos trajes do falso Endo, que antes da Eunmi confirmar com um sonoro ‘hai’, Yamada correu para consertar, atropelando a fala da garota disfarçada: “Um homem, quer dizer, por debaixo desses trajes! Não uma mulher! Até me confundi, hahaha!”.
Yamada então resolveu lançar uma cartada diferente pra para tirar a atenção de Eunmi.
“Esse seu sotaque... O senhor é de que província do Japão?”, perguntou Yamada. Kanamori voltou sua atenção para o japonês, deixando seu olhar inquisitório contra Eunmi.
“Eu sou natural de...”, disse Kanamori, fazendo uma pausa, “É um pouco distante de Tóquio, não creio que você conheça pessoas da minha terra natal”.
“Tohoku”, disse Sasaki, ao fundo, “Não está reconhecendo o sotaque, Yamada?”.
“Tohoku? O senhor perdeu um bocado do sotaque ‘zuuzuu-ben’ de lá, o senhor não puxa muito as vogais. Mas de qualquer forma, se me permite, vou com o Endo-san lá pra cima. Temos uma tarefa que o senhor Yamamoto nos deu”, disse Yamada, apontando para a escada, gesticulando para Eunmi ir em frente, subindo. Antes de começar a subir o lance de escadas, Yamada se voltou para Kanamori, fazendo uma reverência, “Como dizem em Tohoku, Ganbappê!”.
E Yamada subiu as escadas sem olhar para trás. Kanamori ficou os encarando, especialmente Eunmi, que subiu as escadas também mantendo o olhar sobre ele. Qualquer coisa seria melhor do que ficar ali com Kanamori torrando a paciência. Ao chegar no andar de cima Yamada percebeu que Eunmi tinha uma cara de que havia algo a incomodando.
“Eunmi, por aqui”, disse Yamada, apontando para uma sala do prédio, “Escuta, tudo bem com você?”.
“Sim, acho que foi apenas uma paranoia boba de minha parte, Yamada”, disse Eunmi, se explicando, “A voz do Kanamori parecia muito a voz do Jin-su”.
“O quê?! Será que era ele?”.
“Não, a aparência não tem nada a ver. Aquele cabelo, tom da pele, bigode, não tinha nada a ver. E até era visivelmente mais alto que o Jin-su”, disse Eunmi, com uma cara desconcertada, como se estivesse vergonha de estar errada, “E outra, tem muito coreano com a voz bem parecida, acho que é besteira”.
Yamada nessa hora lembrou do pequeno salto que havia visto no sapato de Kanamori. Mas preferiu não comentar nada, pois isso aumentaria ainda mais a paranoia de Eunmi, que como ela mesma disse, não fazia o menor sentido.
“Vamos indo, Eunmi. Se você diz que não é ele, eu acredito completamente”, disse Yamada apontando para a sala onde estavam os papéis que ele disse, enquanto chegavam lá.
Os dois começam então a revirar os papéis. Haviam muitos documentos de soldados, relatórios de combates, fichas, papéis de espionagem, entre outras coisas. O tempo passava e os dois tentavam filtrar fichas de coreanos repatriados como japoneses no meio de tudo aquilo.
“Ei, Eunmi, isso aqui é coreano, não? Tem essas bolinhas nos caracteres, dá uma olhada!”, disse Yamada, chamando a coreana.
Quando Eunmi viu, ficou abismada. Era realmente uma ficha, que tinha o nome da pessoa escrita em hangul, o alfabeto coreano. Na foto era uma mulher, e lá estava outros dados escritos em japonês, que sem entender, pediu para Yamada traduzir.
“Sim, está aqui o novo nome dessa mulher. É um sobrenome e um nome japonês”, disse Yamada, lendo e traduzindo para Eunmi, “Escuta, tem outros desses aqui atrás, dá só uma olhada. Não são muitos”.
“Vamos ver! Talvez tenhamos uma pista que nos leve até Jin-su!”, disse Eunmi, pegando a pasta na mão.
Nesse momento os dois ouviram uma pessoa batendo na porta.
“Fica ali agachada atrás daquelas caixas que eu vou distrair quem está ali!”, disse Yamada, apontando um esconderijo para Eunmi, que foi correndo até lá com a pasta com os dados dos coreanos que mudaram de pátria se esconder. Yamada foi até a porta e ficou lá conversando com o oficial do outro lado da porta, o distraindo enquanto Eunmi buscava lá pistas de Jin-su.
Eunmi começou então a verificar procurando Jin-su. Eram bem mais papéis do que ela imaginava que teria, então levou um tempo. Homens, mulheres, crianças, idosos, diversos coreanos que estavam dispostos a abandonar sua nacionalidade coreana em prol de um novo nome e a cidadania japonesa do outro lado do mar.
Enquanto ela via os papéis, pensava nas histórias de vida que haviam ali. E nesse momento lembrou também da sua própria história. Tudo mudou quando seu noivo foi morto pelo capitão Miura. E embora fosse algo dolorido, conhecer tantas pessoas, treinar com Tsai, e se juntar a um pelotão de rebeldes chineses contra o domínio japonês nunca teria acontecido se essa fatalidade não tivesse acontecido. Ao mesmo tempo, no meio dos papéis, Eunmi se perguntava se como ela estaria naquele momento? Grávida do primeiro filho vivendo uma vida de dona de casa na Coréia?
Ela estava tão concentrada que nem percebeu Yamada se reaproximando dela:
“E então, Eunmi? Achou alguma coisa?”, perguntou Yamada, e nessa hora Eunmi tomou um susto. As folhas estavam quase acabando, e ainda não havia nenhum documento sobre Jin-su.
“Não, me desculpa. E a pessoa que bateu na porta, já foi embora?”, disse Eunmi, e Yamada assentiu com a cabeça. Depois ela prosseguiu: “Você pode me dar uma ajuda aqui? Falta pouco, e tem muitas mulheres e crianças. Pelo menos separa os homens pra mim?”.
“Claro! Deixa comigo!”, disse Yamada, pegando por volta de umas trinta fichas, começando a verificar uma a uma. Volta e meia ele repousava seus olhos em Eunmi, que estava completamente focada, sem nem desviar os olhos em nenhum momento. Ela parecia tensa e muito nervosa, mas Yamada não perdeu o foco, apesar das rápidas distrações fitando a coreana. Ao terminar se verificar, se voltou para ela, dizendo: “A maioria eram crianças e mulheres. Mas tinha uns três homens aqui. Olha, talvez eu possa ajudar se a gente começar de novo, deve ter passado sem querer um ou outro”.
Eunmi deu uma alongada no pescoço, que estava doendo um pouco depois de ficar tanto tempo parada verificando aqueles papéis. Depois de coçar os olhos e relaxar por um tempo ínfimo, ela pegou as três folhas que estavam nas mãos de Yamada.
“Sim, podemos verificar sim de novo. Será que você pode fazer a mesma coisa com os papéis que eu já vi?”, disse Eunmi, entregando as folhas que ela já tinha verificado para Yamada, que instantaneamente começou a varredura.
Eunmi então pegou as três folhas que Yamada havia dado e já logo de cara descartou a primeira. Ao olhar para a segunda, porém, era como se o seu coração tivesse parado. Ela tomou um susto enorme, pois aquele rosto ela reconheceria em qualquer lugar.
“Não pode ser, impossível!”, disse Eunmi segurando a folha.
“Ei, Eunmi. O sobrenome do Jin-su é ‘Choi’, não? Eu acho que lembro que o caractere chinês tinha ‘montanha’ e ‘pássaro’. Essa ficha aqui tem um Choi, foi uma das primeiras que você verificou, olha só”, disse Yamada, mas percebeu que Eunmi estava completamente em choque ao verificar a ficha que tinha em mãos. Yamada então saltou para o seu lado para ver a ficha que a havia deixado com tal expressão. Era um homem, de aparência relativamente jovem, e bem bonito. Não parecia a descrição que ela havia dado sobre Jin-su. Yamada então a perguntou: “Porquê essa cara? Esse aí é o Jin-su?”.
“Não. Esse é... Esse é o meu noivo”, disse Eunmi, abismada. A ficha não tinha um nome em coreano, apenas um nome em japonês. Parece que não havia sido preenchida. Diversos campos estavam em branco.
“Mas seu noivo não era um coreano? E ele não tinha sido morto?”, perguntou Yamada, tentando entender a expressão de susto de Eunmi, “O nome desse cara aí é Yamazaki Hideo”.
“Mas a foto, é idêntica á ele!”.
Yamada olhou para a folha, e reparou que o campo onde estava escrito “nome coreano” estava em branco.
“Não tem o nome dele. Mas olha, Eunmi, ele não estava morto?”, perguntou novamente Yamada.
“Sim, ele foi morto”.
“Então! Talvez apenas seja alguém parecido. Existem muitas pessoas parecidas, por aí. Seu noivo está morto, e talvez isso seja um imenso engano. Se fosse ele mesmo, teria o nome dele escrito em coreano, mas não tem nada escrito ali”, disse Yamada, tentando levar um pouco de razão para Eunmi, “Eu sei que você sente falta dele, e que seria uma esperança enorme encontrar algo sobre ele, como uma esperança de encontra-lo, ou algo do gênero. Mas não. Como você disse, ele morreu. Precisamos focar aqui, Eunmi!”.
Eunmi então deixou a folha de lado. Era realmente improvável que esse Hideo Yamazaki fosse seu falecido noivo. Foi apenas uma coincidência. Eunmi não entendia como ela se sentia abalada com um engano bobo desses, a ponto de fazê-la inconscientemente buscar informações sobre seu falecido noivo, mesmo que tecnicamente estivesse em busca de Jin-su. Ela balançou a cabeça e voltou a si, e seus olhos pousaram sobre a folha que estava na mão de Yamada, a folha que ele queria mostrar.
“Espera aí, onde você achou isso?”, perguntou Eunmi, puxando a folha da mão de Yamada, que ao ouvir a pergunta da menina, se sentiu bem por ela ter voltado a si mesma.
“Então, era isso que eu estava tentando te mostrar! O caractere chinês de ‘Choi’ é formado pelos caracteres de ‘montanha’ e ‘pássaro’ juntos, não? Esse aí é um Choi, e você não viu”, disse Yamada, pegando o resto das folhas, aguardando enquanto ela verificava a folha, “Bom, vou continuar procurando outros aqui, pode ser que você tenha passado sem querer e tal...”.
“Não, Yamada, não precisa mais procurar”, disse Eunmi, voltando olhar para o japonês, “Achamos o meu primo Jin-su. É ele sim, até o nome coreano ele está aqui, e a foto não deixa dúvidas!”, nesse momento Eunmi virou a folha para Yamada, apontando com o dedo um dos campos, “Qual o nome japonês dele agora?”.
Yamada ficou abismado quando leu. Ele passou por aquele campo sem perceber o nome japonês que ele havia adotado, e agora que leu, tomou um imenso susto.
“Eunmi, não acredito...”, disse Yamada, quase sem ar, “...O nome dele agora é Kanamori Goro!!”.
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