Hoje fui passear.

Antes da pandemia começar, eu tinha pegado emprestado um livro na biblioteca que eu frequentava perto do templo. Volta e meia eu ia lá pegar livros para ler, e quando peguei Um beijo de colombina, achei que não precisava pegar outro, pois dali a duas semanas eu iria devolver e pegar outros livros para ler. O empréstimo foi feito no dia 7 de março de 2020. Porém, no dia 26 de fevereiro, um infeliz trouxe Covid19 da Itália para o Brasil, e justo quando eu iria devolver o livro, a quarentena começou, no dia 24 de março foi decretada, mas bem antes tudo já estava parando.

E o livro ficou. Quase um ano. Hoje decidi que deveria devolvê-lo. O Sesc não abriu completamente, mas pelo menos me permitiram devolver o livro. Como foi no meio da pandemia, não tive multa.

Mas teve algo mais legal: como eu estava na Avenida Paulista, aproveitei pra passear!

Sim, é perigoso se expor no meio da pandemia. Fiquei de máscara e evitei tocar nas coisas. Mantive distanciamento, e não fiquei comendo nada e menos ainda lançando gotículas conversando com alguém. A única coisa mesmo foi um Frappuccino que comprei pra tomar enquanto caminhava na rua.

Como a biblioteca do Sesc só abriria depois das 14h, e eu ainda tinha mais de uma hora, fui andando ali na Paulista de uma ponta até a outra. E depois voltei pra devolver meu livro. O dia estava fresco, apesar de estarmos no verão, e lembrei o quanto eu apreciava essa coisa chamada andar. Uma coisa que desde que a pandemia tinha começado eu havia mitigado. Eu mal saía do bairro, o destino sempre era o mercado, ou açougue. Mas hoje era meu passeio preferido: sozinho com meus pensamentos, bebendo um café gelado do Starbucks, andando nas calçadas olhando as pessoas, e minha mente indo a mil.

Muitas pessoas têm processos criativos diferentes. Tem gente que cria muito ouvindo jazz ou metal. Tem gente que tem criatividade depois de trepar, e outras pessoas usam maconha ou cocaína pra chegar nos mesmos objetivos. Mas a minha criatividade aparece quando caminho. Todos os capítulos de Amber nasceram enquanto eu andava e deixava minha imaginação solta enquanto meus passos me levavam aos lugares. Talvez seja uma influência aristotélica escondida, ou mesmo seja pelo quanto minha mente borbulha de ideias enquanto ando e crio cenários, histórias, roteiros e vidas.

Porém com a pandemia veio a impossibilidade de poder caminhar. E como isso me fazia falta, sabe? Eu mesmo escrevi muito pouco (ou nada) do meu livro nessa pandemia. Minha locomoção preferida é andar. E se me tiram isso, perco o chão!

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