Livros 2021 #16 - A queda do céu (2015)


Um antropólogo francês, que desde criança se maravilhava com estórias sobre povos isolados, enquanto está em seu mestrado resolve se mandar para a Amazônia brasileira onde encontra uma tribo que, até então, havia há muito pouco se revelado ao povo branco. Ele começa a conviver entre eles, aprende sua língua, e sua amizade de longa data com um dos xamãs resulta em livro sem igual, onde aprendemos sobre os costumes, religião, organização social, e de reflexões da importância da floresta para a nossa própria sobrevivência. — que o atual governo junto do agro só sabe devastar.

Tive a oportunidade ímpar de cruzar meus caminhos literários com essa obra magnífica chamada "A queda do céu", do antropólogo e etnólogo francês Bruce Albert e do xamã Yanomami Davi Kopenawa. Um livro que achei bem difícil no começo, mas que no final eu já estava tão mergulhado nos termos e costumes Yanomami, que tudo fluiu sem maiores percalços.

Bruce Albert viveu por quarenta anos com os Yanomami, que possuem uma terra demarcada no norte do Amazonas e do Roraima, e um pedaço da Venezuela. Aprendeu a língua deles, participava de sua rotina, e com a ajuda de Davi Kopenawa, gravava os testemunhos e histórias que o xamã contava e mais tarde compilou tudo em um livro imperdível. Esse é um dos grandes destaques desse livro, pois enquanto eu lia imaginava como se eu estivesse na frente do próprio Davi ouvindo suas incríveis histórias. Afinal, tudo entre eles é passado por tradições orais de geração a geração há séculos.


Bruce Albert (acima, com Davi Kopenawa) teve um carinho incrível com esse material, soube organizar e separar por temas, capítulos, e incontáveis notas do autor explicando os mais diversos temas, além de fotos coloridas no meio do livro e um incrível "postscriptum" dele onde conta bastidores do livro: como conheceu os Yanomami e sua amizade com Davi Kopenawa. E conta com um prefácio inspirador e reflexivo de Eduardo Viveiros de Castro — um antropólogo brasileiro que dispensa apresentações.

O livro não é dos mais fáceis, no entanto. A linguagem dele tem muitos termos tradicionais na língua Yanomami, e você vai ter que ir várias vezes nas notas no final do livro pra entender do que se trata (tem quase cem páginas de notas do autor!). Mas depois de aprender alguns significados-chave lá pelo segundo ou terceiro capítulo a leitura flui melhor.

Outra coisa que mais me entristece, e ao mesmo tempo acho uma coisa boa, é o facto do escritor ser um estrangeiro. Óbvio que eu queria ver antropólogos brasileiros fazendo esse tipo de obra, e mesmo no livro a gente vê que existiam outros juntos do Bruce Albert (como a professora Alcida Ramos, entre outros), mas isso mostra o quão mal tratamos as coisas típicas da nossa terra. E ao mesmo tempo dá vontade mesmo de deixar tudo nas mãos de estrangeiros, pois eles enxergam o valor que existe nelas onde nossas autoridades e população não vêem. 

E um outro ponto antes de entrar no conteúdo do livro que gostaria de ressaltar é que as críticas contra desmatamento que Davi faz pensei que eram críticas diretas ao atual governo, mas os depoimentos de Davi foram feitos até meados de 2009, e o prefácio de Eduardo Viveiros de Castro é de 2015 — todos governos do PT, onde as coisas já estavam bem ruins. Acho que ninguém imaginava o governo que seria eleito em 2018, e as consequências catastróficas para o meio ambiente que vieram depois que aquele capitão incompetente expulso do exército foi capaz de realizar quando chegou ao governo deixam todas as falhas do PT pequenas em comparação com o fim do Pantanal e da nossa Amazônia caindo nas mãos de madeireiros, grileiros e o agronegócio. Sempre há espaço pra piorar, e o atual chefe do executivo provou isso.

Primeira parte

O livro se divide em três partes. A primeira parte, "Devir outro", tem uma coletânea incrível sobre a religião, mitos, cosmologia e rituais dos Yanomami. E por ser escrito por um xamã, essa parte contém muitos detalhes, muitos advindos da inspiração espiritual deles. O contato espiritual dos xamãs se dão em duas vertentes: primeiramente por sonhos, onde a alma deles viaja através da floresta com a ajuda dos "xapiri", os seres espirituais da floresta, que podem ter as mais diversas formas de animais, pessoas, seres mitológicos, fenômenos da natureza, sejam bons ou maus. E a segunda maneira de contato espiritual se dá através de "beber Yãkoana":


Yãkoana é um pó extraído da árvore cujo nome científico é Virola Elongata, e ao contrário do termo "beber" que eles usam, esse pó é assoprado na narina do índio (foto acima). Esse pó sagrado é também o alimento dos xapiri, os seres espirituais da floresta, e é depois dessa aspiração que os xapiri "dançam" para os xamãs, que entram em um transe e obtêm suas visões e podem usar esses espíritos para cura, proteção da tribo, meditações, etc. Esse pó possui um potente alcaloide alucinógeno, muito conhecido por nós: o DMT (dimetiltriptamina), uma droga psicodélica, muito similar ao LSD.

Nessa primeira parte há outro destaque interessante para o mito da criação Yanomami. No início eram dois deuses, Omama e Yoasi. Eles não tiveram pais, são os seres primordiais. Vivem em um mundo que já havia passado por um cataclisma, onde o "céu" inicial já havia desabado e soterrado toda a vida. Esses seres antigos vivem em um mundo subterrâneo. Omama foi quem criou tudo, as florestas, os animais, e os humanos.

Omama era um ser bondoso e gentil, mas como era sozinho, precisava de uma esposa. Ele pescou, literalmente, sua esposa do monstro aquático Teperesiki (ás vezes associado à sucuri), pois até então ele fazia sexo na dobra do joelho do irmão. Sua esposa se chamava Tueyoma, e foi da união dela com Omama que surgiram os humanos — incluindo o primeiro xamã, seu primogênito.

O problema mesmo era o irmão, Yoasi. O que Omama tinha de altivez, esse tinha de coisa canalhice. Foi ele quem trouxe as doenças, morte, e várias coisas ruins. É o princípio oposto, dessa dualidade humana que existe em todos os seres, em todas as épocas, em todas as culturas já conhecidas. Parece que até o plano era sermos todos imortais, mas ele colocou na rede da esposa de Omama um pedaço de madeira que pendeu pra fora, parecendo o braço de alguém morto deitado na rede — isso foi suficiente para que os espíritos tucanos começassem a lamentar, achando que havia um morto ali, e assim a morte havia sido ensinada, de acordo com os Yanomami.

O primeiro filho de Omama foi um xamã, que aprendeu sobre a yãkoana, como se comunicar com os xapiri, e passou essa tradição milenar até os dias de hoje.

Davi Kopenawa, que perdeu o pai bem cedo (acredito que morto com um dardo de zarabatana de uma tribo inimiga), foi criado pelo padrasto em uma tribo próxima do rio Toototobi, na bacia do Amazonas. Nessa primeira parte ele conta bastante em como tinha sonhos bem únicos quando era criança — e isso era um sinal de que a criança tinha um dom espiritual latente, e, caso quisesse, poderia treinar para ser um xamã ao virar adulto. É um capítulo lindo onde ele conta todas essas experiências da infância! Isso seguido por outro capítulo onde ele nos presenteia com uma riqueza de detalhes como são os xapiri, como é a comunicação, e literalmente tudo o que sua visão espiritual o faz enxergar!

Logo após isso tem um capítulo interessantíssimo sobre como funciona a iniciação para se tornar um xamã. É um treinamento extenuante, onde um xamã mestre fica diversas vezes soprando pó de yõkoana em seu nariz. Porém para conseguir alcançar a comunicação com os espíritos, ele tem que abrir mão de diversas coisas — uma dieta restrita para limpar o corpo, abdicação sexual, muita meditação e visões com o uso da yõkoana por dias seguidos, e uma orientação e tutela constante do xamã que o guia (no caso de Davi, seu sogro, que foi um poderoso xamã). Aquele que se submete ao treinamento oferece sua própria vida, pois é muito desgastante. Mas se tudo ocorrer bem, e muitas aspirações de yãkoana depois, o jovem começa a abrigar os xapiri — muitos deles oferecidos pelo xamã que o guiou — em sua casa espiritual, que vão chegando um após o outro, e se estabelecendo na morada espiritual do recém despertado xamã. Deve ser uma experiência linda demais ver tudo isso!

Mas como eu disse, existem também xapiris maus. E é aí que entra a cura Yanomami. Quando o xamã entra em comunhão com os seus xapiris benéficos, ele os manda para batalhar contra os xapiri ruins que estão deixando a outra pessoa doente. Davi Kopenawa descreve de uma maneira muito interessante, pois é exatamente como uma batalha entre feras: uma morde de um lado, a outra arranca a carcaça, outra fica patrulhando, etc. E com o xapiri ruim eliminado, a pessoa pode se curar e melhorar.

Até animais para caçar, e boas colheitas na roça podem ser trazidas por meio dos xapiri. Eles ficam em uma casa espiritual que parece uma torre, com andares e cada um convivendo em seu canto. Essa torre fica presa nos céus, e quanto mais espiritualizado o xamã, maior sua casa espiritual. 

Segunda parte

A segunda parte do livro, chamada "A fumaça do metal", além de possuir bastante espiritualidade Yanomami, entra em um tema que no prefácio é perfeitamente resumida desse jeito: a catastrófica colisão dos Yanomami com os brancos. Como eu citei acima, os Yanomami viveram isolados por talvez uns setecentos anos entre as populações indígenas amazônicas. Esse contato com o branco só foi acontecer por volta da década de 1940 e 1960.

Então, de forma bem resumida, são séculos apenas interagindo entre si, vivendo na floresta, sem nenhum contato com gente de fora. Não conheciam doenças, poluição e desmatamento. E então isso tudo foi bruscamente maculado com o contato com brancos, trazendo epidemias, abrindo estradas (como a BR-210, conhecida como Perimetral Norte), e a chegada dos garimpeiros na década de oitenta, resquício da corrida do ouro na Serra Pelada, no Pará.

Para entender como eles realmente não tinham contato com nada da sociedade dos brancos: quando Davi ainda era criança, na década de 1950, inspetores do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), lideradas por um homem chamado Oswaldo de Souza Leal, queria por cima de tudo se casar com uma índia lá da tribo deles. Ao receber a recusa da família e da menina, ele jurou vingança: depois de ser enxotado das terras Yanomami, ele voltou com uma caixa com uma dinamite e explodiu na frente da residência comunitária deles, e logo após isso uma epidemia de uma doença exantemática (talvez sarampo, rubéola ou escarlatina) infectou todos na aldeia, e eles desde então diziam ser a "epidemia Oswaldo", por conta dessa infeliz série de eventos (a aparição de Oswaldo, a explosão da dinamite, e a epidemia).

Hoje a gente sabe que provavelmente alguém acabou passando essa doença pelo ar, e as coisas não são correlacionadas. Foi apenas uma coincidência.

Depois disso o Davi conta outra história muito doida sobre uma missão da organização evangélica americana New Tribes Mission, que são esses pregadores que se metem em cada buraco do mundo para catequizar povos tradicionais querendo "impedir com que eles vão para o inferno por sua fé demoníaca e abraçarem o Deus todo-poderoso". Isso me lembrou aquele missionário morto na ilha isolada no oceano índico, hahaha. O que mais me impressionou nesse capítulo é que os Yanomami até deram uma chance, mas ao verem que o Teosi (o "Deus" cristão na língua Yanomami) não respondia suas preces como os xapiri, desistiram e expulsaram aos chutes os americanos evangelizadores.

Tem um capítulo interessante a seguir contando como foi para Davi tentar "virar branco", usando roupas, trabalhando, e vivendo em casas de alvenaria. Mas ele felizmente responde ao chamado dos xapiri e vê que a vida de branco não era para ele. Ufa! Mas pelo menos aprendeu um pouco de português, e conseguia ajudar outros índios que apareciam doentes nos hospitais, por exemplo.

Uma série de capítulos bem pesados são apresentados depois. O primeiro é sobre a construção da estrada perimetral norte. Rasgando a terra dos Yanomami com suas máquinas, derrubando as árvores, e os isolando dos lados da construção, sentimos o quão dolorido foi ver esse monte de gente acabando com tudo, trazendo doenças (incluindo malária, que Davi pegou) e poluição. Nesse meio tempo foi fundada a CCPY (Comissão Pró-Yanomami) o embrião da atual Hutukara, a associação de proteção ao povo Yanomami, criadas nessa época para proteger as terras e sua identidade do povo branco. Nesse capítulo vemos aquele dilema do progresso, do ponto de vista dos brancos, que dizem que a floresta é "inútil", ou um "espaço vazio", quando na verdade é exatamente o oposto — em todos os sentidos.

O capítulo seguinte é sobre o que os Yanomami chamam de "comedores de terra", os garimpeiros (acima). Não fazia o menor sentido para um índio aquelas pessoas todas devastando as nascentes dos rios em busca de ouro, poluindo com mercúrio e óleo suas águas, e intoxicando todos os povos indígenas que dependem daqueles rios para sobrevivência. 

Isso faz com os índios se unam contra o inimigo em comum, e junto com a ajuda da polícia federal, vão conseguindo aos poucos expulsar todos aqueles garimpeiros. Tem uma parte interessante que mostra que eles todos uniram seus melhores guerreiros, com arcos e flechas, e foram em grupo tentar afugentar todos no garimpo — um perigo enorme, pois eles são em geral criminosos, armados, e gente da pior espécie (isso inclui um certo presidente que, além de tudo, é um garimpeiro nojento).

Uma curiosidade: aflito, sem entender o porquê do ser humano ter tanta afixação pelo ouro, Davi se consulta com os xapiri sobre a origem do ouro. E o que os espíritos lhe revelam é que o ouro são lascas do céu, da lua, do sol e das estrelas que caíram no primeiro tempo. Curioso que hoje a gente sabe que o ouro tem essa origem nas supernovas — estrelas que explodem no céu. Mais certo, impossível! Não achei isso uma coincidência, hahaha!

Terceira parte

Na parte final do livro, "A queda do céu", fala sobre tradições funerárias reahu, como as famílias se estabelecem, e sobre os intercâmbios culturais e religiosos de Davi ao redor do mundo, buscando compartilhar com o Brasil e o mundo a realidade e luta dos Yanomami.

O que no começo era um índio perdido sem saber como falar em público, se vê um grande orador. Recomendo inclusive a entrevista de Davi Kopenawa ao Roda Viva

Achei bonito o contato que Davi teve com os monumentos megalíticos ingleses, como o Stonehenge e Avebury. Ele sentiu uma conexão dos seus xapiri com os daquela terra, e viu como que apesar das pedras estarem lá, resistindo a séculos a fio, todo o seu significado e espiritualidade foram perdidos com o avanço da civilização. 

Outro ponto citado no capítulo seguinte que achei interessante, é como os Yanomami não possuem grandes apegos materiais. Se eles possuem uma faca, não tem medo de emprestar. O índio não precisa nem se preocupar em devolver, pode repassar para os outros, pois existe esse pensamento de como as coisas são para ser divididas, e que a posse é ruim e mal vista. Algo totalmente diferente da gente, hein?

A seguir Davi visita o Museu do Homem, de Trocadéro, em Paris. E lá mais um choque cultural: para os Yanomami, é algo desumano que um corpo seja enterrado, jogado ao rio, ou exposto publicamente (como uma múmia, como as existentes nesse museu). Quando alguém morre, o corpo é enrolado em folhas de palmeira e deixado no mato, onde apodrece. Depois que isso acontece, os restos mortais são trazidos para a tribo e uma festa chamada reahu é realizada, onde os restos mortais são cremados, e os ossos e cinzas são conservados em cabaças ou são digeridos com sucos (depende da denominação Yanomami). Nessas festas funerárias também tem muita comida, eles aspiram yõkoana em grupo, e rola até umas paqueras. 

Então para um xamã Yanomami ver uma múmia é algo desumano e desesperador, pois ele pensa que estão lucrando dinheiro em algum museu expondo os restos mortais de um indivíduo que devia estar sepultado da maneira tradicional deles. Imagino o quanto Davi deve ter sofrido ao ver isso em Paris, deve ter sido um baita choque, como ele mesmo narra no livro.

Uma parte que me tocou o coração foi quando Davi Kopenawa decide se encontrar com os Onondaga (foto abaixo), uma comunidade indígena no estado de Nova Iorque. O que foi uma comunidade cheia de vida, território, e membros, hoje se resume a pouco mais de duas mil pessoas presas em um quadradinho de terra de apenas 24 quilômetros quadrados ao sul da cidade de Syracuse. 

Fiz uns cálculos aqui meio grosseiros do quanto media o território total dos Iroqueses (onde os Onondaga fazem parte), e dava aproximadamente 942 mil quilômetros quadrados. Para comparação, os Yanomami hoje possuem uma área de 96 mil quilômetros quadrados. 

Ali Davi vê o quão de similar existem entre eles, como o culto ao mesmo xapiri, o quanto foram mortos por fazendeiros locais, e o quão desumano foi o tratamento que os racistas norte-americanos nojentos lhes deram ao longo de sua história, reduzindo uma comunidade inteira em um pedacinho de terra como reserva indígena.

Os Yanomami têm uma infeliz fama de serem selvagens, mas Davi mostra o quão organizado são. Mesmo nos tempos que haviam embates, eram todos direcionados a apenas aos guerreiros: mulheres e a aldeia eram sempre poupados. Havia uma necessidade de vingança até que esse sentimento fosse aplacado, fosse com a desistência ou morte. Mas mesmo brigas relacionadas a traições extraconjugais, eles resolvem de um jeito bem curioso: o marido e o amante ficam batendo suas cabeças para amansar sua raiva, hahaha. Bem melhor que a gente que briga, mata, divorcia, e fica com fama de corno.

E por fim ele conta que conceitos como ecologia são coisas que estão na raíz dos Yanomami desde sempre. Achei lindo a forma em como eles convivem com a floresta. Desde o facto de praticarem uma agricultura de subsistência bastante amigável com o meio ambiente, onde eles desmatam muito pouco e não usam a terra até ela ficar sem nutrientes (lembrando que o solo amazônico é um dos piores para agricultura, apesar da floresta imensa ali), e sabem trocar de terreno na hora certa, para deixar a floresta voltar naturalmente para onde era suas roças. E que desmatar a floresta faz o que estamos vendo agora: os rios voltam para o subterrâneo, a terra seca, perde a vida, os animais deixam de aparecer, e toda a vida, inclusive a humana, desaparece. Tem que mandar isso para aquele ex-ministro do meio ambiente desmata as florestas.

Tem até um elogio ao Chico Mendes!! Uma dessas personalidades brasileiras ilustres que andam sob ataque desse governo burro e genocida, como tantos outros como Paulo Freire. E por fim Davi faz uma declaração linda sobre a importância de suas tradições e do quanto ele tem orgulho de ser um Yanomami — e também quer deixar para seus filhos, netos e gerações posteriores a chance de poderem viver com dignidade, proteção e saúde em sua terra, mantendo suas tradições, cultura, sem o medo de serem contaminados pela necessidade de virarem como a gente branca da cidade.

Conclusão

Os índios nunca tiveram grande respeito, seja no Brasil, ou em outros países. Infelizmente a cultura ocidental do consumo tem devastado cada vez e mudado seus estilos de vida. Porém a gente não pode esquecer nunca que o sangue indígena — assim como o africano — está em nosso DNA como povo. Grande parte da população tem algum antepassado desses. E junto deles existe uma história de escravidão, de supressão da cultura e costumes, de preconceito e racismo, pobreza e morte.


Mas no caso dos índios, nos pegamos também no dilema ambiental. Vai chegar um tempo onde toda a floresta estará morta, os rios secarão, as chuvas vão ficar raras, pessoas passarão fome, e, embora isso tudo pareça uma descrição exata sobre o que o Brasil se tornou no governo atual, o estrago está feito pois tudo isso não é mais um futuro longíquo: devastação, efeito estufa, mudanças climáticas, fome e pobreza são nossas realidades do agora! O mundo está acabando, e estamos vendo tudo isso de camarote enquanto essa elite nojenta pega o dinheiro para gastar em Miami.

E então todos os alicerces do mundo vão ruir. E morremos um atrás do outro, seja branco da cidade ou índio da floresta. Todos nós compartilhamos o mesmo mundo. E quando não houver mais nenhum desses índios vivos — aqueles que protegem nossa floresta do agronegócio, do desmatamento, dos garimpeiros — o mundo acabará. Manter os índios vivos em suas aldeias é sinônimo da floresta ser preservada e protegida. 

Pois são eles que sustentam o céu. E o céu desabará em cima de todos nós, nos exterminando como espécie. E nem precisaremos de um meteoro, como foram os dinossauros. Nós mesmos estamos nos matando.

Comentários

Postagens mais visitadas