Eu odeio ler filósofos gregos. Mas não é bem um ódio, existe uma admiração sem-fim por eles ao mesmo tempo. Ontem á noite, meu grande amigo Ivo me emprestou seus volumes de livros sobre Platão. Mesmo um pouquinho receoso, comecei a ler. Como todo livro baseado numa obra de um alguém, ela começa com sua biografia - já conhecida por mim - então resolvi ir avançando a leitura sem me ater a muitos detalhes. Comecei então pelo primeiro conto, Eutífron.
Pra quem não conhece, esse é um registro de um diálogo de Sócrates e Eutífron, bem na fase em que ele já estava condenado a beber cicuta e morrer. Lá, Eutífron quer matar seu pai, pois foi pela culpa dele que seu pai ao castigar um servo acabou matando-o. Logo, ele queria fazer justiça e acusar seu pai e levá-lo a um julgamento, e Sócrates o questiona, afinal o que seria piedade?
Ele bate numa tecla que eu achei interessante. Daí que vem o meu ódio por filósofos gregos, especialmente Sócrates e Platão. Eles falam coisas que é bem difícil de pensar algo contrário, e o pior, com sua habilidade incrível eles conseguem de uma forma me fazer pensar muito sobre aquilo, por isso eu acabo evitando. Não me considero um filósofo, afinal filósofo é bem aquela pose de sábio, e coisa que eu não sou é sábio, eu tenho sim são muitas dúvidas, alias desde criança, eu era a que queria entender por cima de tudo como que a gravidade de um buraco negro era tão forte que era capaz de atrair os próprios fótons da luz e por aí vai.
Mas afinal, o que diabos me chamou tanto a atenção no conto? Sócrates, como sempre muito questionador, começa a fazer ali mesmo um debate sobre o que é piedade, se é o que você julga ou o que os deuses, ou a sociedade, julga. Afinal cada deus teria uma apologia diferente, pra cada um seria algo relacionado e um outro algo, e fiquei pensando.
Como existem coisas que pessoas julgam como o certo e o errado. E as pessoas começam julgar isso pelo que a maioria da sociedade diz e não pelo seu próprio ego. Infelizmente meus caros, pensar não é uma arte. Arte dá trabalho, é tortuosa ás vezes, comunica, mas na minha opinião existe algo bem distinto com esses dois conceitos. Na arte, conhecimentos de proporção, geometria e composição é que vale. Existem regras? Existem. Até mesmo aos modernistas. Até o fato de "pinte o que você quiser", já diminui em muito o leque de coisas, pois é variável, quando termina não é mutável (exceto algumas extremamente atuais, mas mesmo assim o leque é apenas algumas opções) e existe ali um limite, nem que seja o do quadro, espaço físico, enfim.
Pra eu que estou começando a levar isso mais sério agora, estou vivendo e presenciando como você começa pensando em uma coisa, aí essa se transforma e você nunca consegue "terminar a obra". E não sei se existe uma resposta completa e isso ou não. Nesses dias a professora da faculdade, na matéria de filosofia, contou o velho conto da caverna de Platão, dos homens presos que só podiam ver as sombras de quem aparecesse num fundo de uma caverna. Um belo dia um deles tem a chance de sair e apreende o que é o verdadeiro mundo, e quando volta pra contar a eles, simplesmente é ignorado e jogado de lado.
E todos só vêem o aspecto supostamente feliz do homem que sai da caverna e encontra com o mundo. Mas eu digo que o mundo não passa das coisas que você pode ver, sentir e interagir. Se o mundo de sombras deles era aquele porque incriminá-los? Não acredito em uma verdade absoluta, mas aquela era a verdade dos homens presos na caverna, àquilo era suas vidas, seus pensamentos e tudo mais. O homem saiu e conheceu uma outra realidade, tão real quanto à primeira (afinal, existe tantas ilusões nesse mundo como naquele), mas somos levados a acreditar que o mundo de luz, cores e outras pessoas é melhor do que aqueles em que os homens estavam condenados.
Afinal porque cargas d'água? Pelo fato do homem ser esse bicho social fraco? O prisioneiro que saiu da caverna apenas conheceu uma realidade paralela com aquela que ele vivia, e julgou ser aquela a correta baseado em que? Porque a maioria vive nela? Porque existem pessoas ditas felizes nela? Porque existem cores - igual minha professora afirmou?
O homem vendo as sombras poderia muito bem baseado naquelas sombras e observação dos seres formularem suas próprias teorias desde comportamento humano (ou daqueles seres das sombras), psique, natureza, ambientação, tanto quanto um outro qualquer que vive na outra esfera e sequer observa isso. Somos levados a acreditar que é a nossa verdade que é a correta, mas baseado em quê? No que os "deuses" de Platão dizem? No que a "sociedade" impõe?
Só vemos a perspectiva de uma falsa limitação que ao meu ponto de vista não existe. O homem sempre ganhou mais ao observar o simples, o comum e o que pequeno do que o maior gigantesco. Desde a tecnologia que cada vez é mais centrada em diminuir as coisas (nanotecnologia) até o espaço, onde apenas é fundadas em teorias e nada mais. Poxa, a gente APENAS pisou na Lua e temos um telescópio gigante no espaço que diz que estamos do "Supercluster de virgem". E daí? Pergunto de consegue ver além disso? Consegue fazer um mapeamento do universo? Vendo por outro lado a vivência com as sombras, com os mínimos detalhes dos desenhos das paredes, as vozes que eles ouviam, eles prestariam muito mais atenção e teriam provavelmente conhecimento que nenhum outro ser que vivesse no mundo real teria. E esse conhecimento seria pior? Limitado? Com certeza, não! Afinal seria um conhecimento de primeira instância repetitivo e limitado, mas por outro seria bem denso e profundo. Mas mesmo assim seria considerado ruim? Claro que não meus caros.
Seres humanos têm a mania de pensar no quanto mais, melhor. O dilema de que quantidade é qualidade. Você pode ter a chance de ver mil coisas, mas do que adianta se não tens o conhecimento amplo de nenhuma delas? Muitos têm a chance de poder interagir com milhares de coisas, lugares, pessoas, mas não o fazem plenamente, porque talvez até se atenha a detalhes, mas apenas os que realmente virem os detalhes e as partes conjuntas deles é que entenderão o todo, e não pelo pensamento ao contrário.
Filosofia acima de tudo é pensar. E questionar. Mas achar a verdade, isso cada dia que eu vivo vejo que é cada vez mais difícil. É um caminho tortuoso, é meio que ver que você está indo contra tudo ao seu redor, mas pra quê? Pra quem entender as pessoas e como elas pensam? Pra que ser diferente e não agir como todos? São questionamentos complicados igualmente.
[Na foto, eu e o meu Beethoven fofo]
Pra quem não conhece, esse é um registro de um diálogo de Sócrates e Eutífron, bem na fase em que ele já estava condenado a beber cicuta e morrer. Lá, Eutífron quer matar seu pai, pois foi pela culpa dele que seu pai ao castigar um servo acabou matando-o. Logo, ele queria fazer justiça e acusar seu pai e levá-lo a um julgamento, e Sócrates o questiona, afinal o que seria piedade?
Ele bate numa tecla que eu achei interessante. Daí que vem o meu ódio por filósofos gregos, especialmente Sócrates e Platão. Eles falam coisas que é bem difícil de pensar algo contrário, e o pior, com sua habilidade incrível eles conseguem de uma forma me fazer pensar muito sobre aquilo, por isso eu acabo evitando. Não me considero um filósofo, afinal filósofo é bem aquela pose de sábio, e coisa que eu não sou é sábio, eu tenho sim são muitas dúvidas, alias desde criança, eu era a que queria entender por cima de tudo como que a gravidade de um buraco negro era tão forte que era capaz de atrair os próprios fótons da luz e por aí vai.
Mas afinal, o que diabos me chamou tanto a atenção no conto? Sócrates, como sempre muito questionador, começa a fazer ali mesmo um debate sobre o que é piedade, se é o que você julga ou o que os deuses, ou a sociedade, julga. Afinal cada deus teria uma apologia diferente, pra cada um seria algo relacionado e um outro algo, e fiquei pensando.
Como existem coisas que pessoas julgam como o certo e o errado. E as pessoas começam julgar isso pelo que a maioria da sociedade diz e não pelo seu próprio ego. Infelizmente meus caros, pensar não é uma arte. Arte dá trabalho, é tortuosa ás vezes, comunica, mas na minha opinião existe algo bem distinto com esses dois conceitos. Na arte, conhecimentos de proporção, geometria e composição é que vale. Existem regras? Existem. Até mesmo aos modernistas. Até o fato de "pinte o que você quiser", já diminui em muito o leque de coisas, pois é variável, quando termina não é mutável (exceto algumas extremamente atuais, mas mesmo assim o leque é apenas algumas opções) e existe ali um limite, nem que seja o do quadro, espaço físico, enfim.
Pra eu que estou começando a levar isso mais sério agora, estou vivendo e presenciando como você começa pensando em uma coisa, aí essa se transforma e você nunca consegue "terminar a obra". E não sei se existe uma resposta completa e isso ou não. Nesses dias a professora da faculdade, na matéria de filosofia, contou o velho conto da caverna de Platão, dos homens presos que só podiam ver as sombras de quem aparecesse num fundo de uma caverna. Um belo dia um deles tem a chance de sair e apreende o que é o verdadeiro mundo, e quando volta pra contar a eles, simplesmente é ignorado e jogado de lado.
E todos só vêem o aspecto supostamente feliz do homem que sai da caverna e encontra com o mundo. Mas eu digo que o mundo não passa das coisas que você pode ver, sentir e interagir. Se o mundo de sombras deles era aquele porque incriminá-los? Não acredito em uma verdade absoluta, mas aquela era a verdade dos homens presos na caverna, àquilo era suas vidas, seus pensamentos e tudo mais. O homem saiu e conheceu uma outra realidade, tão real quanto à primeira (afinal, existe tantas ilusões nesse mundo como naquele), mas somos levados a acreditar que o mundo de luz, cores e outras pessoas é melhor do que aqueles em que os homens estavam condenados.
Afinal porque cargas d'água? Pelo fato do homem ser esse bicho social fraco? O prisioneiro que saiu da caverna apenas conheceu uma realidade paralela com aquela que ele vivia, e julgou ser aquela a correta baseado em que? Porque a maioria vive nela? Porque existem pessoas ditas felizes nela? Porque existem cores - igual minha professora afirmou?
O homem vendo as sombras poderia muito bem baseado naquelas sombras e observação dos seres formularem suas próprias teorias desde comportamento humano (ou daqueles seres das sombras), psique, natureza, ambientação, tanto quanto um outro qualquer que vive na outra esfera e sequer observa isso. Somos levados a acreditar que é a nossa verdade que é a correta, mas baseado em quê? No que os "deuses" de Platão dizem? No que a "sociedade" impõe?
Só vemos a perspectiva de uma falsa limitação que ao meu ponto de vista não existe. O homem sempre ganhou mais ao observar o simples, o comum e o que pequeno do que o maior gigantesco. Desde a tecnologia que cada vez é mais centrada em diminuir as coisas (nanotecnologia) até o espaço, onde apenas é fundadas em teorias e nada mais. Poxa, a gente APENAS pisou na Lua e temos um telescópio gigante no espaço que diz que estamos do "Supercluster de virgem". E daí? Pergunto de consegue ver além disso? Consegue fazer um mapeamento do universo? Vendo por outro lado a vivência com as sombras, com os mínimos detalhes dos desenhos das paredes, as vozes que eles ouviam, eles prestariam muito mais atenção e teriam provavelmente conhecimento que nenhum outro ser que vivesse no mundo real teria. E esse conhecimento seria pior? Limitado? Com certeza, não! Afinal seria um conhecimento de primeira instância repetitivo e limitado, mas por outro seria bem denso e profundo. Mas mesmo assim seria considerado ruim? Claro que não meus caros.
Seres humanos têm a mania de pensar no quanto mais, melhor. O dilema de que quantidade é qualidade. Você pode ter a chance de ver mil coisas, mas do que adianta se não tens o conhecimento amplo de nenhuma delas? Muitos têm a chance de poder interagir com milhares de coisas, lugares, pessoas, mas não o fazem plenamente, porque talvez até se atenha a detalhes, mas apenas os que realmente virem os detalhes e as partes conjuntas deles é que entenderão o todo, e não pelo pensamento ao contrário.
Filosofia acima de tudo é pensar. E questionar. Mas achar a verdade, isso cada dia que eu vivo vejo que é cada vez mais difícil. É um caminho tortuoso, é meio que ver que você está indo contra tudo ao seu redor, mas pra quê? Pra quem entender as pessoas e como elas pensam? Pra que ser diferente e não agir como todos? São questionamentos complicados igualmente.
[Na foto, eu e o meu Beethoven fofo]
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