A chuva cofunde-se com lágrimas.
A primavera de 1986 jamais sairá a da mente. Mesmo depois de tanto tempo.
Um garoto chorava num canto. Do seu lado, pessoas gritavam, um público ecoavam gritos por todo o alto salão. Sentou-se abraçando seus joelhos, sozinho, tremendo pelo frio. Via muitas pessoas passando na sua frente, mas já estava acostumado a tal humilhação. Todos passavam gritando: "Seu irmão mais velho... Ele é um traidor! Morrerá como tal, você vai ver moleque!".
Esse garoto, era eu.
Homens têm muito disso. Vimos um homem e o chamamos de herói. Seguimos seu exemplo, suas crenças, suas convicções. Tiremos disso uma noção de justiça e de bons modos, seguimos como um repertório de como ser um verdadeiro homem por toda a vida. Isso meus caros vai muito além de machismo. Chama-se honra.
E naquele momento, aquela pessoa pela qual era meu maior exemplo estava sendo julgada injustamente e seria castigada pelas duras penas. Ele era inocente, e apenas eu e mais uma dúzia de pessoas sabiam. Porém, era o grito das pessoas que ecoavam junto que faziam com que tudo que diziam tornasse a justiça. Uma justiça criada por eles. Pessoas julgam que crianças não têm noção do que adultos falam. Até hoje sempre que converso com elas, converso como pessoas normais, não como débeis mentais, afinal, naquela época me julgaram, mesmo sendo uma criança de oito anos, como um grande tolo.
Ele foi condenado. Sua esposa também.
Suas convicções foram jogadas para o lixo, descartadas como lixo pela sociedade. Ele morreu. Sem glória, sem honra, com todo seu passado destroçado. Não haviam destruído apenas mais um mero casal inglês, mas destruíram uma família inteira, que havia se constuído como por base no amor fraternal puro e sincero.
Me ensinou acima de tudo a ser um homem. Me ensinou como investigar. Me ensinou como funciona a vida. Ainda hoje eu olho pro céu e vejo as constelações, que embora aqui no hemisfério sul eu não os possa ver, por um momento eu fecho os olhos e consigo vê-lo do meu lado. Nos momentos difíceis, nos felizes, em todos os momentos.
Eu não acredito, e nunca acreditaria que é correto abandonar as pessoas. Se eu acreditasse nisso, seria o mesmo que dizer que o destino do meu irmão foi morrer como um traidor como sempre o acusaram, como as pessoas que ele chamou de "amigo" viraram-se acusando ele.
Sei que ele está lá em cima. Eu o vejo com grandes asas, que sei que jamais terei. Mas mesmo que eu não tenha tais asas, eu tenho dois pés que se fincam no chão e sempre me erguerão quando eu estiver caído. Pois sei que ele estará lá de cima me olhando, me apoiando e me protegendo, mesmo que hoje eu já tenha passado dos vinte e ainda por dentro pareça um garoto atrás do irmão que já se fora.
"Alexander, be stronger. Grow up and become stronger then I never realized for myself."
"I will."
Um garoto chorava num canto. Do seu lado, pessoas gritavam, um público ecoavam gritos por todo o alto salão. Sentou-se abraçando seus joelhos, sozinho, tremendo pelo frio. Via muitas pessoas passando na sua frente, mas já estava acostumado a tal humilhação. Todos passavam gritando: "Seu irmão mais velho... Ele é um traidor! Morrerá como tal, você vai ver moleque!".
Esse garoto, era eu.
Homens têm muito disso. Vimos um homem e o chamamos de herói. Seguimos seu exemplo, suas crenças, suas convicções. Tiremos disso uma noção de justiça e de bons modos, seguimos como um repertório de como ser um verdadeiro homem por toda a vida. Isso meus caros vai muito além de machismo. Chama-se honra.
E naquele momento, aquela pessoa pela qual era meu maior exemplo estava sendo julgada injustamente e seria castigada pelas duras penas. Ele era inocente, e apenas eu e mais uma dúzia de pessoas sabiam. Porém, era o grito das pessoas que ecoavam junto que faziam com que tudo que diziam tornasse a justiça. Uma justiça criada por eles. Pessoas julgam que crianças não têm noção do que adultos falam. Até hoje sempre que converso com elas, converso como pessoas normais, não como débeis mentais, afinal, naquela época me julgaram, mesmo sendo uma criança de oito anos, como um grande tolo.
Ele foi condenado. Sua esposa também.
Suas convicções foram jogadas para o lixo, descartadas como lixo pela sociedade. Ele morreu. Sem glória, sem honra, com todo seu passado destroçado. Não haviam destruído apenas mais um mero casal inglês, mas destruíram uma família inteira, que havia se constuído como por base no amor fraternal puro e sincero.
Me ensinou acima de tudo a ser um homem. Me ensinou como investigar. Me ensinou como funciona a vida. Ainda hoje eu olho pro céu e vejo as constelações, que embora aqui no hemisfério sul eu não os possa ver, por um momento eu fecho os olhos e consigo vê-lo do meu lado. Nos momentos difíceis, nos felizes, em todos os momentos.
Eu não acredito, e nunca acreditaria que é correto abandonar as pessoas. Se eu acreditasse nisso, seria o mesmo que dizer que o destino do meu irmão foi morrer como um traidor como sempre o acusaram, como as pessoas que ele chamou de "amigo" viraram-se acusando ele.
Sei que ele está lá em cima. Eu o vejo com grandes asas, que sei que jamais terei. Mas mesmo que eu não tenha tais asas, eu tenho dois pés que se fincam no chão e sempre me erguerão quando eu estiver caído. Pois sei que ele estará lá de cima me olhando, me apoiando e me protegendo, mesmo que hoje eu já tenha passado dos vinte e ainda por dentro pareça um garoto atrás do irmão que já se fora.
"Alexander, be stronger. Grow up and become stronger then I never realized for myself."
"I will."
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