Número cem!


Centésimo post! Ta ficando velhinho o blog. Seis meses, se continuar assim quando fizer um ano estarei com duzentos posts na blogger! Nunca contei mesmo, mas acho que já devo ter escrito uns trezentos textos durante esses três anos de blogs. Desde assuntos menos relevantes como música, cotidiano ou até assuntos que eu exponho aqui para uma discussão. Agradeço muito a quem sempre tem comentado, em todas as épocas. Since 2005!

Como estamos no número cem quero retomar uma discussão que eu tinha com um amigo que tinha no colegial unindo mais algumas reflexões atuais. Eu tinha na época o apelido de judeu, e nem é tanto por eu parecer um, e depois fiquei sabendo, pois esse cara tinha a estranha mania de pensar que eu era inteligente – e judeus embora sejam pessoas não tão numerosas sempre contribuíram com grandes gênios para a humanidade, desde Freud até Einstein. Mas acredito que não era apenas eu inteligente, mas nós éramos muito inteligentes, e quando discutíamos saíamos sempre de Maria Madalena e indo parar em Santo Agostinho, de tão distante que íamos.

Tentávamos sempre também de alguma forma explicar “Deus”.

Até hoje no perfil do Orkut dele está dito que ele ainda é um homem à procura do divino, assim como eu. Ele, ateísta e eu católico meio budista. Como é o centésimo, vou desenterrar essas velharias. Mas séculos que nem discutimos, e acho que com o tempo e distância acho que se pararmos vai ter muito fio pra tricotar.

Entende-se “Deus” como a forma superior, criador e julgador de todos os atos e de tudo. Ponto.

Pois desde os seus primórdios como seres pensantes, seres humanos sempre tiveram questionamentos, entre eles o do que existiria do outro lado. Antes de nos tornarmos seres “pensantes” quando um de nós morria era simplesmente deixado de lado. Houve então as primeiras comunidades onde as primordiais leis ditavam que caso você matasse a um outro encontraria do outro lado, depois que morresse e pagaria por tudo de mal que fizesse. Isso são teorias que são pré-concebidas até do códex babilônico.

Não gosto de pensar em Deus como um castigador. Pra ser sincero, já acho que pagamos bastante se fizermos algo já em vida. Tava assistindo esses dias um vídeo em que mostrava uma senhora entrando em pânico quando viu que o filho, no tráfico, havia sido morto por um policial. A repórter perguntou se ela sabia e a senhora disse que sim, mas não esperava que isso fosse acontecer. Não estou aqui pra criticar a criação de ninguém, embora eu adore meter o bedelho na minha criação. Cada pai ou mãe decide (veja bem, decide, não disse que necessariamente sabem) o que é melhor pro filho. O que quero dizer é que se fizermos algo de ruim em algum lugar ou hora da vida vamos pagar na mesma moeda pelo que de errado fizemos. Veja bem, se essa mãe permitiu que o filho assassinasse pessoas alguém imaginou quantas mães ficaram como ela, agora que viu o filho morto? Pelo mesmo fato que muitas pessoas adoram dizer que deveria existir coisas como pena de morte, mas ao mesmo tempo dizem que violência não deve ser reprimido com violência. É um grande paradigma da sociedade.

Tendo Deus então como um criador acho que as coisas ficam um bocado mais fáceis de se explicar. Refletia o seguinte: tantos filósofos pra dizer na inexistência de Deus mas quase nenhum pra dizer de sua existência, vendo que por um lado ninguém consegue provar que este também não existe. Pode parecer tolice, mas apenas visite alguma igreja ou templo de qualquer religião que verá coisas que são realmente inexplicáveis, então para eles não é a questão na inexistência, mas acho que da não-existência, pois pra eles tal coisa não existe, mas pra outros é bem real a presença do divino.

Adquiri desde aquela época uma visão muito particular do divino. Se, de acordo com preceitos cristãos somos criados à sua imagem e semelhança, de alguma forma adquirimos algo, assim como tenho o rosto de meu pai e o nariz de mamãe. Acredito sim que existe um Deus todo poderoso, que cria as coisas e rege. Mas igualmente acredito que por sermos criação dele temos também uma parcela dela conosco, que alguns tenham, que é desde a beatificação católica, as visões dos evangélicos, os insights budistas e hindus, as predições wiccas, as encarnações voodoos, etc.

É o que chamo de “milagre”, que é o único momento em que seres humanos meros mortais conseguem por um ínfimo tempo “ser deus”. Sim, acredito que temos sim um pouco dele conosco, dado pelas leis atuais da ciência onde nada se cria do nada e a vida não se inicia do nada. Juntos, eu e esse amigo tínhamos o anseio de um dia criar uma nova religião, não baseada no número de fiéis, ou dinheiro, ou tetos desabando em pleno centro de São Paulo. Mas uma filosofia que fizesse sentido para as pessoas, que adicionasse e não eliminasse, e que todos, de todos os credos pudessem se entender. Mas isso é muito, mas muito difícil. Mas quem sabe, não impossível.

Coisas como “Deus” são coisas que eu venho a vida inteira, e acho que ficarei ainda anos a fio procurando, assim como “amor” e “tempo”.

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