Untitled.
E ele vai, caminhando olhando pra frente. Incrível como apenas um local consegue descrever bem São Paulo: correria. Vê as pessoas daquele jeito, com roupas clichés, mulheres de calças pretas sociais justas no bumbum, cabelos em coque, sérias e enrugadas. Homens de terno e cabelo jogado pra trás, em seus celulares ameaçando seus empregados. De alguma forma sorri, pois esse é o destino inevitável de muitos com certeza. Inclusive o seu próprio.
Mas de alguma forma ele não se vê. Não vê seu futuro! Isso que é decadência da raça humana. Não pensa em ter filhos, ter namorada, ter emprego. Uma pessoa que pegou o extremo do "viva o presente" e vive assim. Não conhece o futuro. Quer esquecer o passado mas isso já é pedir demais.
Tem horas que ele olha pro céu lá em cima. Vê que não importa o quão alto esses prédios cheguem, não conseguirão alcançar essa coisa multicolorida lá em cima. Não é difícil reparar essa pessoa andando na rua: de longe é apenas um lunático olhando pro céu, mas só ele sabe o quanto de milhões de coisas que passam pela sua cabeça a todo o momento. Disparos cerebrais. Sandices na tela de LCD. Poesias em slow motion ¹.
dyed in red shit[er] ou Distorced Instability? ²
Opa! Esbarrou em alguém. Olhou tanto pro céu que se perdeu. Em seu celular, um Nokia 5310 todos os dias se pergunta porque 2 gigas de músicas se a gente não ouve nem 128 megas. Acha iPod um exagero. Mas ele se contradiz. Diz ser contra exageros mas sofre de megalomania. Sente-se ás vezes um rei de um castelo de areia - castelo de areia somem no primeiro vento, mas veja bem! Não importa o castelo estar lá, se foi derrubado ou se não existe, o que importa é ter um rei, um rei justo, honesto e de honra.
Porém, sozinho.
Anda no shopping sozinho, enquanto dezenas de casais juntinhos caminham juntos. Acha isso um porre, mas vai que é porque não tem ninguém. Na verdade teve alguém, mas isso foi há muitas primaveras. Não tem vergonha de viver, de ser feliz. De alguma forma quando vê pessoas da sua idade em revistas ou jornais não se vê como uma pessoa adulta. Não é que pensa ser uma criança, mas de alguma forma não sabe até onde termina e começa o real. Ou sei lá! Ninguém sabe, nem ele, nem eu, nem ninguém. Vai que é porque não teve uma infância: não podia brincar com os amiguinhos, não podia nunca ir mal nos estudos senão os castigos ultrapassavam o limiar de "dentro da lei", não podia paquerar as menininhas, não podia ser o segundo melhor, sempre apenas o primeiro lugar e nada mais. Sua vida sempre foi repleta de "não pode", enquanto seu coração dizia "eu quero".
Mas é aí que reside a tal magia.
Tem alguém andando na calçada da Paulista. Tem alguém de fones de ouvido, mas nem sempre ouvindo música. Tem alguém olhando nos olhos das pessoas procurando alguma luz no fim do túnel dentro delas. Tem alguém que não é bonito, mas é irresistivelmente charmoso e cavalheiro conversando com a sua namorada. Tem alguém de mão no bolso e cachecol no pescoço observando os pombos. Tem alguém querendo comer um Melona e fazendo careta porque tem dentes sensíveis. Tem alguém sozinho, sempre sozinho, indo ao cinema, ao teatro, a exposições, a passeios, a grupos de teatro, a mostras de cinema, fazendo arte, escrevendo neste blog, falando sozinho e falando sozinho em inglês nesse exato momento.
Tem alguém andando na calçada da Paulista!
Um leonino mandão, egocêntrico, nem um pouco normal, de idade contraditória e claro... Membro do Império Britânico.
desculpe, Nao poderei ir seu aniversario. estou em Stockholm e dentro em dias estarei voandu pra barcelona. desde jah meus feliz....... parabens!
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