Crença no amor.

Essa conversa aconteceu há alguns meses, foi com um amigo meu.

"Eu estava esperando o momento certo, mas não rolou...", ele disse.

"Entendo. Mas o que seria esse momento certo? Vocês nem mesmo ficaram sozinhos nunca?", eu perguntei.

"Até ficamos. Mas eu queria algo romântico, uma situação com isso estaria perfeita", ele respondeu.

Por um tempo fiquei olhando pra ele, depois olhei pro horizonte. Fiquei refletindo. Não sei porque diabos eu me vi como era há um tempo atrás. Naqueles tempos de adolescente, que eu era apaixonadinho pelas menininhas. Naquele tempo tinha um amigo, que era um grande comedor, mas tinha a cabeça no lugar.

Ele dizia que sentia falta do tempo em que ficava sonhando com a garota, pensando em planos, o que ela estaria fazendo. E naquele época ele me via assim com as garotas e dizia que sentia falta desse sentimento.

Dessa vez, os papéis haviam se invertido. Eu que sempre repudiei a visão dele na época, agora eu era mais frio, sem essa crença no amor.

"Olha cara, eu não acredito em romantismo não. Mulher não gosta de romantismo, isso é um mito que inventaram em filmes. É algo que é idealizado por elas, mas elas nunca vão dar bola pra um romantico, isso é um mito. Digo isso porque eu já fui já um romântico, e sempre quando dava flores, era educado e atencioso, nunca rolava nada. Jamais. E amigo não dá beijinho, nem come a bundinha", eu respondi, seco.

"Nunca?", ele olhou pra mim, com um resquício de esperança.

"Nunca, desencana", eu disse.





Pausamos por um minuto.

"Escuta... Você acredita em amor?", ele perguntou.

"Não", respondi sem hesitar.

Mas naquele momento fiquei pensando. Vi ele cabisbaixo, parece que sua moral com as mulheres estava caindo quando contei pra ele a verdade sobre "homens românticos". Eu acho que na verdade queria que alguém tivesse me falado isso antes, como eu estava fazendo com ele. Mas enquanto falava essas coisas pra ele eu via que provavelmente não era isso que queria.

De alguma forma queria conviver com aquela minha verdade e seguir a vida. Não queria que alguém me desse um chacoalhão desse jeito. Foi um baque. Vendo que ele estava mudo depois, continuei:

"Escuta... É difícil acreditar em alguma coisa que você nunca tenha visto. É como Deus, sei que você é ateu, mas a gente precisa sentir Deus com a gente pra acreditar. Mesmo que todos os outros falem que ele existe, eu só passei a acreditar quando senti ele junto de mim algumas vezes. Amor é a mesma coisa, eu nunca senti na vida, não tenho como dizer como é, se é bom, se é isso ou aquilo", completei o pensamento.

"Mas nem nos filmes, cara?", ele persistiu.

"Filmes só focam em paixões. Filmes só mostram que o objetivo do cara é dar um beijo na mocinha, mas o 'E viveram felizes para sempre...' que vem depois que é o verdadeiro amor, que nunca é mostrado. Talvez porque esse amor mesmo seja uma coisa muito grande, impossível de ser mostrada num filme porque...", ele interrompeu.

"...Porque dura um grande tempo", ele completou o pensamento.

"Na verdade... Eu queria dizer que as vezes independe do tempo. Pode ser muito intenso e parecer que durou uma vida inteira", fechei a reflexão.

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