In rhythm - Parte II - Aquele que cumpre a ordem.
A noite londrina estava com muita névoa além do normal. Com aquela paisagem do Tâmisa, o parlamento ao fundo brilhava como um local que estivesse pegando fogo. E de fato os ânimos lá dentro não deviam ser os melhores.
Seu maior gênio, senhor Schultz, estava próximo da aposentadoria. O show deveria continuar. Buscaram durante meses a fio alguém para ficar no seu lugar. Haviam encontrado um jovem alto, de 1,91 m, cabelos castanhos médios, porte magro, e uma barba que cobria apenas o queixo. Tinha o hábito de fumar bastante - gostava especialmente de charutos, e não era qualquer um, preferia um genuíno cubano. Havia se casado com uma garota francesa, e os dois vivam juntos numa casa humilde na periferia londrina.
Esse homem era Arch.
"Parece que existem alguns narcotraficantes transportando drogas, precisamos acabar com a festa deles. Alguns dos nossos homens se infiltraram, mas sem sucesso. É algo importante, tem certeza que consegue fazer isso logo de início?", o homem questionou.
"Sim", Arch respondeu, recolhendo uma caixa repleta de escutas telefônicas.
"Estamos na Europa, mas lembre-se, não conseguimos controlar tão bem a imprensa como os ianques. Não vá fazer besteiras!", o homem alertou.
Arch ficou em silêncio. Virou-se e foi em direção da porta.
O homem pegou o relógio do bolso. Tinha uma foto de suas filhas. Ele entristeceu-se e lacrimejou. Fechou o relógio e colocou-o de volta no bolso.
Arch parou, virou-se e viu o homem naquele estado, cabisbaixo.
"Qual o seu nome? Você pode falar?", Arch questionou.
"Ludwig Schultz", o homem respondeu.
"Senhor Schultz, confie em mim. Apenas confie que o resto eu faço", Arch finalizou.
Schultz estava com saudades de sua família, em especial de suas filhas. Aquele homem naquele momento via que talvez não importasse o que acontecesse, uma falha resultaria no desastre de uma carreira inteira, e no caso de êxito seria mais tempo ainda de trabalho, sem perspectiva de fim.
Gostaria de por um momento não ser mais ele, viver uma vida comum, não perder ainda mais o tempo que tinha perdido por ter deixado de ver suas filhas crescerem e ter sido apenas usado como um instrumento do sistema. Via em Arch aquela confiança de quando era jovem, no período em que corria atrás do couro de soviéticos e fora preso pela KGB. Tinha pena dele. Gostaria na verdade de ter aceito aquele emprego como mecânico ganhando pouco do que entrar de cabeça num trabalho em que poucas pessoas teriam a coragem de fazer, e ter perdido uma vida inteira em troca de alguma coisa que ele nunca vira.
Dias depois Arch estava com um copo de um bom conhaque na mesa e um cigarro na outra, tragando-os pacientemente. Amante de uma boa bebida e de um bom cigarro, sempre estava com um Lucky Strike no bolso, no mínimo. Lucca estava na frente dele, conversando.
"Teremos esses dois casos pela frente. Acho que estamos perdidos, nunca vamos conseguir!", disse Lucca.
Arch pegou os papéis na esquerda e o cigarro na direita e ficou encarando as pastas, cheias de folhas.
"Fácil. Cara, sinto que vamos ter uma ascensão meteórica! Acho que eu sozinho consigo terminar esses dois. Esse terceiro vou deixar contigo, amigo, porque eu sou de ferro, mas não sou de aço!", disse Arch.
Lucca deu um riso na hora, muito discreto, olhando pra baixo com a cara de quem não entendia como Arch mesmo assim permanecia inabalável.
"Depois de todas as enrascadas que passamos você ainda me chama de 'amigo'?", afirmou Lucca, dando risada.
"Claro! Nós entramos no sistema! Muitas pessoas deram vida e anos de carreira, e conseguimos tudo isso em apenas alguns meses. Seremos nós que estaremos amanhã no comando, e depois, nós que moldaremos todo o sistema!".
O rapaz parecia esperançoso.
Mal sabia o que lhe aguardava a seguir.
Seu maior gênio, senhor Schultz, estava próximo da aposentadoria. O show deveria continuar. Buscaram durante meses a fio alguém para ficar no seu lugar. Haviam encontrado um jovem alto, de 1,91 m, cabelos castanhos médios, porte magro, e uma barba que cobria apenas o queixo. Tinha o hábito de fumar bastante - gostava especialmente de charutos, e não era qualquer um, preferia um genuíno cubano. Havia se casado com uma garota francesa, e os dois vivam juntos numa casa humilde na periferia londrina.
Esse homem era Arch.
"Parece que existem alguns narcotraficantes transportando drogas, precisamos acabar com a festa deles. Alguns dos nossos homens se infiltraram, mas sem sucesso. É algo importante, tem certeza que consegue fazer isso logo de início?", o homem questionou.
"Sim", Arch respondeu, recolhendo uma caixa repleta de escutas telefônicas.
"Estamos na Europa, mas lembre-se, não conseguimos controlar tão bem a imprensa como os ianques. Não vá fazer besteiras!", o homem alertou.
Arch ficou em silêncio. Virou-se e foi em direção da porta.
O homem pegou o relógio do bolso. Tinha uma foto de suas filhas. Ele entristeceu-se e lacrimejou. Fechou o relógio e colocou-o de volta no bolso.
Arch parou, virou-se e viu o homem naquele estado, cabisbaixo.
"Qual o seu nome? Você pode falar?", Arch questionou.
"Ludwig Schultz", o homem respondeu.
"Senhor Schultz, confie em mim. Apenas confie que o resto eu faço", Arch finalizou.
Schultz estava com saudades de sua família, em especial de suas filhas. Aquele homem naquele momento via que talvez não importasse o que acontecesse, uma falha resultaria no desastre de uma carreira inteira, e no caso de êxito seria mais tempo ainda de trabalho, sem perspectiva de fim.
Gostaria de por um momento não ser mais ele, viver uma vida comum, não perder ainda mais o tempo que tinha perdido por ter deixado de ver suas filhas crescerem e ter sido apenas usado como um instrumento do sistema. Via em Arch aquela confiança de quando era jovem, no período em que corria atrás do couro de soviéticos e fora preso pela KGB. Tinha pena dele. Gostaria na verdade de ter aceito aquele emprego como mecânico ganhando pouco do que entrar de cabeça num trabalho em que poucas pessoas teriam a coragem de fazer, e ter perdido uma vida inteira em troca de alguma coisa que ele nunca vira.
Dias depois Arch estava com um copo de um bom conhaque na mesa e um cigarro na outra, tragando-os pacientemente. Amante de uma boa bebida e de um bom cigarro, sempre estava com um Lucky Strike no bolso, no mínimo. Lucca estava na frente dele, conversando.
"Teremos esses dois casos pela frente. Acho que estamos perdidos, nunca vamos conseguir!", disse Lucca.
Arch pegou os papéis na esquerda e o cigarro na direita e ficou encarando as pastas, cheias de folhas.
"Fácil. Cara, sinto que vamos ter uma ascensão meteórica! Acho que eu sozinho consigo terminar esses dois. Esse terceiro vou deixar contigo, amigo, porque eu sou de ferro, mas não sou de aço!", disse Arch.
Lucca deu um riso na hora, muito discreto, olhando pra baixo com a cara de quem não entendia como Arch mesmo assim permanecia inabalável.
"Depois de todas as enrascadas que passamos você ainda me chama de 'amigo'?", afirmou Lucca, dando risada.
"Claro! Nós entramos no sistema! Muitas pessoas deram vida e anos de carreira, e conseguimos tudo isso em apenas alguns meses. Seremos nós que estaremos amanhã no comando, e depois, nós que moldaremos todo o sistema!".
O rapaz parecia esperançoso.
Mal sabia o que lhe aguardava a seguir.
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