Entre andanças e devaneios.

Essa estória já tem um tempo.

Ela tinha o hábito de colocar os joelhos em cima das minhas pernas quando estávamos juntos. Nada contra. Era apenas uma característica.
E a gente ficava assim, conversando. Uma vez ela me mostrou um álbum de fotos antigas. Foi aí que a gente começou a se conhecer melhor.

"Olha, essa sou eu e a minha irmã, crianças", ela disse, apontando na foto.

Ela dizia que eu parecia os primos dela, já que tínhamos a mesma idade. Logo, ela tinha dificuldades de me ver como um namorado.

"Meus pais sempre me desprezaram. Quando passei na faculdade eles não disseram nada, parecia que eu estava fazendo apenas minha obrigação", ela iniciou.

"Mas e a sua irmã?", perguntei.

"Já a minha irmã parecia que ela tinha mais méritos que eu, afinal ela tinha conseguido entrar numa faculdade que era até mais fácil de entrar do que na minha", ela prosseguiu.

Dizia que gostava do fato de eu não beber, na época. E de fato não bebia, eu não tinha desandado ainda. Sinceramente ainda me questiono se eu bebo a ponto de dizer que realmente bebo. Mas, enfim, questões superficiais.

"Eu na faculdade bebia muito. Eram festas e mais festas, baladas e mais baladas. Eu me apaixonei por um professor na época. Eu era muito infantil, boba, meu mundo era muito limitado".

Mas parecia que ela mesmo já crescida, mais velha, continuava a cultivar esse lado mais infantil, inocente até. Não entendia essa dualidade, e francamente, as manhas enchiam o meu saco. Mas ao mesmo tempo era interessante ouvir as estórias da vida, dos caminhos que levaram, os elogios e tudo mais. Um dia ela terminou tudo, mas me olhou nos olhos. Foi corajosa, expôs, e não pude negar. A gente não daria certo. Mesmo.

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