Livros 2012 - #11 - O Evangelho de Maria
Terminei sexta-feira de ler O Evangelho de Maria, de Myriam de Magdala, que nada mais é do que um nome pomposo pra minha santinha Maria Madalena.
Eu nunca imaginei que um livro sobre cristianismo (ainda mais sobre um apócrifo) iria me ajudar a entender o budismo, hehe. No fundo todas as religiões do mundo tem um mesmo fim.
O livro tem comentários do filósofo e teólogo Jean Yves Leloup que é de fato o autor do livro, mas não é creditado. Talvez porque as informações estão todas ali nas poucas páginas do Evangelho de Maria Madalena, ele apenas as digere de um modo mais fácil de se entender.
Judaísmo, cristianismo e o islã (não confundir com islamismo, isso aí é a corrente ideológica radical-nacionalista usada pelos terroristas!) são religiões que tem a mesma origem: que são uns pensamentos de um maluco chamado Moisés que viveu há uns sete mil anos que pregava no tempo ainda que o povo israelita ainda era escravo dos egípcios.
Vou resumir um resumo do resumo (hã?):
A nossa bíblia chegou a nós graças a traduções feitas do aramaico (ou até línguas mais antigas) para o grego e posteriormente para o latim. Algumas palavras perderam o significado, principalmente o nome de Deus (Jeová), que era escrito como YHWH. A tradução é mais ou menos como "Eu sou".
No cristianismo somos criados à semelhança de Deus. Porém, nas origens, não teríamos que ser submissos a ele, pois também somos como ele, temos dentro de nós a essência desse Deus. Um Deus generoso e bondoso, que ama todos os seres que criou, que zela e nos protege. Um Deus bondoso, um "Eu sou" bondoso. Quando agimos como Deus, nós viramos o Deus pois quando deixamos nosso ego e olhamos pra dentro de nós, vemos um potencial incrível.
Legal né?
Isso tudo foi pregado por um rabi judeu, da Casa de Davi, que viveu na região da Palestina há mais de dois mil anos. Não sei se você o conhece, mas ele se chama Jesus de Nazaré (isso tá parecendo papo de crente, mas eu sou budista!).
Uma coisa que o cristianismo atual perdeu é o conceito de nous. Dá pra perceber que cada vez mais igrejas evangélicas tentam se aproximar do judaísmo, mas não entendem que a cagada já foi feita lá atrás, e se quiser entender mais sobre o cristianismo teríamos que olhar fora dos quatro evangelhos canônicos (Mateus, Lucas, Marcos e João). Talvez as epístolas de Paulo de Tarso nos ajudam um pouco, mas essas fontes apócrifas são essenciais se quiser pensar fora da caixa.
Mas voltando ao conceito de nous. Somos formados de corpo (soma), espírito (psique) e alma (nous). Nous é algo muito usado também por Platão/Sócrates, especialmente no momento em que este segundo é condenado à morte.
É o nous que nos conecta a algo divino. Nossa psique é nossa vontade, o nosso corpo é nossa veste carnal, mas é o nous que é capaz de transcender isso e alcançar a pneuma, ás vezes traduzido erroneamente como "espírito santo". Isso era algo que Jesus pregava aos seus discípulos no primórdio do Cristianismo, e hoje trata-se de um conhecimento esotérico, não difundido para todos. Pelo menos não até agora.
É por meio do nous que o homem deixa de ser andros e vira athropos. Pessoas entendem errado quando alguém fala de antropologia como "Ciência do Homem", mas estamos falando de Homem com H maísculo (o ser humano) e não homem com h minúsculo (o macho, oposto da fêmea). E era esse tipo de relação de Jesus tinha com a Madalena, numa Judeia dominada por judeus machistas que não compreendiam como uma mulher poderia ministrar a "Boa Nova" que Jesus pregava.
Infelizmente parece que a rolada toda virou de lado e hoje os mais cultuados ao lado do Cristo seja Pedro e João Batista, dois que já desde esse evangelho de Maria eram alvo de criticismo pelo seu machismo.
Eu nunca imaginei que um livro sobre cristianismo (ainda mais sobre um apócrifo) iria me ajudar a entender o budismo, hehe. No fundo todas as religiões do mundo tem um mesmo fim.
O livro tem comentários do filósofo e teólogo Jean Yves Leloup que é de fato o autor do livro, mas não é creditado. Talvez porque as informações estão todas ali nas poucas páginas do Evangelho de Maria Madalena, ele apenas as digere de um modo mais fácil de se entender.
Judaísmo, cristianismo e o islã (não confundir com islamismo, isso aí é a corrente ideológica radical-nacionalista usada pelos terroristas!) são religiões que tem a mesma origem: que são uns pensamentos de um maluco chamado Moisés que viveu há uns sete mil anos que pregava no tempo ainda que o povo israelita ainda era escravo dos egípcios.
Vou resumir um resumo do resumo (hã?):
A nossa bíblia chegou a nós graças a traduções feitas do aramaico (ou até línguas mais antigas) para o grego e posteriormente para o latim. Algumas palavras perderam o significado, principalmente o nome de Deus (Jeová), que era escrito como YHWH. A tradução é mais ou menos como "Eu sou".
No cristianismo somos criados à semelhança de Deus. Porém, nas origens, não teríamos que ser submissos a ele, pois também somos como ele, temos dentro de nós a essência desse Deus. Um Deus generoso e bondoso, que ama todos os seres que criou, que zela e nos protege. Um Deus bondoso, um "Eu sou" bondoso. Quando agimos como Deus, nós viramos o Deus pois quando deixamos nosso ego e olhamos pra dentro de nós, vemos um potencial incrível.
Legal né?
Isso tudo foi pregado por um rabi judeu, da Casa de Davi, que viveu na região da Palestina há mais de dois mil anos. Não sei se você o conhece, mas ele se chama Jesus de Nazaré (isso tá parecendo papo de crente, mas eu sou budista!).
Uma coisa que o cristianismo atual perdeu é o conceito de nous. Dá pra perceber que cada vez mais igrejas evangélicas tentam se aproximar do judaísmo, mas não entendem que a cagada já foi feita lá atrás, e se quiser entender mais sobre o cristianismo teríamos que olhar fora dos quatro evangelhos canônicos (Mateus, Lucas, Marcos e João). Talvez as epístolas de Paulo de Tarso nos ajudam um pouco, mas essas fontes apócrifas são essenciais se quiser pensar fora da caixa.
Mas voltando ao conceito de nous. Somos formados de corpo (soma), espírito (psique) e alma (nous). Nous é algo muito usado também por Platão/Sócrates, especialmente no momento em que este segundo é condenado à morte.
É o nous que nos conecta a algo divino. Nossa psique é nossa vontade, o nosso corpo é nossa veste carnal, mas é o nous que é capaz de transcender isso e alcançar a pneuma, ás vezes traduzido erroneamente como "espírito santo". Isso era algo que Jesus pregava aos seus discípulos no primórdio do Cristianismo, e hoje trata-se de um conhecimento esotérico, não difundido para todos. Pelo menos não até agora.
É por meio do nous que o homem deixa de ser andros e vira athropos. Pessoas entendem errado quando alguém fala de antropologia como "Ciência do Homem", mas estamos falando de Homem com H maísculo (o ser humano) e não homem com h minúsculo (o macho, oposto da fêmea). E era esse tipo de relação de Jesus tinha com a Madalena, numa Judeia dominada por judeus machistas que não compreendiam como uma mulher poderia ministrar a "Boa Nova" que Jesus pregava.
Infelizmente parece que a rolada toda virou de lado e hoje os mais cultuados ao lado do Cristo seja Pedro e João Batista, dois que já desde esse evangelho de Maria eram alvo de criticismo pelo seu machismo.
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