O discípulo tolo. Parte V.
Maldito seja você, Charles de Gaulle.
"Senhor, sinto lhe dizer mas, por algum motivo que desconheça, o senhor não pode entrar nesse país", disse a senhorita do controle de imigrantes. Alguns homens engravatados estavam atrás de mim, mas subitamente uma ligação de telefone a fez mudar de ideia.
"Sua pontualidade está precisando ser calibrada, R", eu comentei, já na saida do aeroporto onde um carro simples me aguardava. Meu destino era uma cidade no centro do país.
A questão nem era tanto se eu queria pisar na França. Com certeza tudo fora armado pela Émilie. Não tinha muito tempo, tinha que me apressar. Quando cheguei ao local, me despedi do motorista, peguei minhas coisas e subi uma escada íngreme que dava num morro. Lá em cima tinha uma casa, guardada por um grande pastor alemão.
Entrei, o portão estava aberto. O cachorro estranhou mas de alguma forma ele ainda se lembrava de mim. Fui até a porta da casa onde encontrei ele, sentado de costas pra mim, apreciando a lareira queimando.
"Mestre. Mestre Vincent", eu disse, entrando no recinto.
"Não conheço esse nome", ele se virou, ficando em pé, "sou apenas um carpinteiro do vilarejo".
"Não... O homem que me ensinou tudo não é apenas um carpinteiro. Mestre, por favor, eu não tenho muito tempo, quero que me ouça!", eu disse, implorando.
Ele se levantou e veio até a minha direção. Vestindo trajes bastante simples, barbado e cabelo desgrenhado, ele ainda tinha aquele olhar aterrador. Um olhar de um mestre que repreende seu discípulo.
"Você abandona o treinamento no meio, foge da minha tutela e agora me aparece anos depois pedindo pra que eu te ouça?", o Mestre inicou, "E tudo por causa do seu irmão mais velho, depois que alguns boatos infundados apareceram e você decidiu ir atrás dele. Ridículo!".
Eu ajoelhei. Qualquer pessoa que falasse do meu falecido irmão mais velho me faria reagir de modo violento, mas não ele. Só ele que eu conseguia ouvir aquilo como um sermão.
"Mestre!", comecei, ajoelhado, "Quero que termine o seu treinamento comigo. Eu imploro!".
Ele andou a minha volta, me olhando.
"E o seu irmão? Encontrou pelo menos o cadáver? Saia já daqui. Não vou ensinar nada do que eu sei pra uma pessoa como você. O pouco respeito que eu tinha por você se perdeu", ele finalizou.
"Senhor, sinto lhe dizer mas, por algum motivo que desconheça, o senhor não pode entrar nesse país", disse a senhorita do controle de imigrantes. Alguns homens engravatados estavam atrás de mim, mas subitamente uma ligação de telefone a fez mudar de ideia.
"Sua pontualidade está precisando ser calibrada, R", eu comentei, já na saida do aeroporto onde um carro simples me aguardava. Meu destino era uma cidade no centro do país.
A questão nem era tanto se eu queria pisar na França. Com certeza tudo fora armado pela Émilie. Não tinha muito tempo, tinha que me apressar. Quando cheguei ao local, me despedi do motorista, peguei minhas coisas e subi uma escada íngreme que dava num morro. Lá em cima tinha uma casa, guardada por um grande pastor alemão.
Entrei, o portão estava aberto. O cachorro estranhou mas de alguma forma ele ainda se lembrava de mim. Fui até a porta da casa onde encontrei ele, sentado de costas pra mim, apreciando a lareira queimando.
"Mestre. Mestre Vincent", eu disse, entrando no recinto.
"Não conheço esse nome", ele se virou, ficando em pé, "sou apenas um carpinteiro do vilarejo".
"Não... O homem que me ensinou tudo não é apenas um carpinteiro. Mestre, por favor, eu não tenho muito tempo, quero que me ouça!", eu disse, implorando.
Ele se levantou e veio até a minha direção. Vestindo trajes bastante simples, barbado e cabelo desgrenhado, ele ainda tinha aquele olhar aterrador. Um olhar de um mestre que repreende seu discípulo.
"Você abandona o treinamento no meio, foge da minha tutela e agora me aparece anos depois pedindo pra que eu te ouça?", o Mestre inicou, "E tudo por causa do seu irmão mais velho, depois que alguns boatos infundados apareceram e você decidiu ir atrás dele. Ridículo!".
Eu ajoelhei. Qualquer pessoa que falasse do meu falecido irmão mais velho me faria reagir de modo violento, mas não ele. Só ele que eu conseguia ouvir aquilo como um sermão.
"Mestre!", comecei, ajoelhado, "Quero que termine o seu treinamento comigo. Eu imploro!".
Ele andou a minha volta, me olhando.
"E o seu irmão? Encontrou pelo menos o cadáver? Saia já daqui. Não vou ensinar nada do que eu sei pra uma pessoa como você. O pouco respeito que eu tinha por você se perdeu", ele finalizou.
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