Doppelgänger - A história dentro da história (2)
A guerra é suja.
Desde o estabelecimento da ONU logo após a Segunda Guerra o mundo parecia enfim estar respirar paz. Guerras não tinham mais o pretexto de fazer com que a tecnologia fosse melhorada. Esta experimenta seu ápice hoje, e o maior exemplo disso é o grande salto que ela deu, mesmo com os conflitos locais que ocorrem até os dias atuais.
Porém o que poucos sabem é que o que temos hoje em dia é resultado do muito dinheiro rolando por aí. Dinheiro que patrocina as descobertas e teorias feitas no começo do século XX. Porém ao mesmo tempo em que eles criaram um método pacífico, capaz de trazer paz à humanidade sem causar nenhum grande massacre, é com o custo de que essa mesma riqueza consiga circular. Começou então a existir dois governos em cada país, o público e o privado.
Antes as guerras eram custeadas pelo governo. Hoje elas são patrocinadas por empresas. E não existe maneira de ir contra isso, pois todos nós somos movidos pelos interesses dessas mesmas empresas. Existe liberdade, mas a mesma liberdade é silenciada por essas mesmas empresas: um grupo de aproximadamente 11 pessoas que têm o mundo em suas mãos.
A guerra é suja, meu amigo. E ainda mais suja, pois é tingida com o mesmo verde de esperança das notas de dólares. Um pode ganhar três ou quatro mil dólares por mês, mas tenha certeza que tem alguém acima dele que está ganhando bem mais. Muito mais.
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Ele não podia respirar. Gritava e gritava. Aquela energia se reverberava pelo local. Seu rosto estava dentro de um saco de pano. Seus braços e pernas amarrados numa cadeira que parecia ser feita de aço. O homem na sua frente pegava um pouco de água e jogava na sua cabeça, impedindo-o de respirar.
Imagine o pânico da tortura. A morte é algo muito mais pacífico do que isso.
O saco se enchia de ar e esvaziava colado em seu rosto. Desespero. A água criava uma camada de pano úmido, que grudava e tinha o mesmo efeito de respirar com um plástico sobre a narina. O ar não entrava, e a pressão fazia seu nariz arder em chamas, dolorido.
O homem vestia uma jaqueta com marcas conhecidas. Era possível ver um grande "Hard Rock Café" nas costas. Parecia um bocado irônico. O torturado nunca foi contra capitalismo, coitado. Queria mesmo era que pelo menos aquela grana toda fosse mais bem dividida. Uma vida de miséria, a oposição a essa miséria. Miserável não é o que não tem dinheiro, mas sim o que não pensa. Ou o que deixa que essas empresas da própria mídia manipulem o seu pensamento.
O homem desatou o capuz dele, com um puxão. Aí era possível ver o estrago. Suas narinas sangravam, e seu rosto tinha diversos ferimentos, resultantes dos golpes de cassetete e joelhadas. Seu olho esquerdo estava inchado, e o direito um pouco também. Ele olhava pra cima, pra luz alaranjada que iluminava do teto e procurava uma esperança. Seus olhos enxergavam ao redor, mas não conseguiam ver. O enxergar sem ver.
O torturador colocou a mão no ombro e olhou pro seu estado, como se visse uma obra prima que havia acabado de esculpir. Ele via com orgulho a resistência daquele homem. Mas ainda estava apenas começando. Ele tirou uma faca do seu bolso, pequena, e apontou pra ele.
"Puxa, você é um dos que eu mais tenho orgulho! Tá inteirão. Mas esse seu olho aqui tá tão inchado que acho que você não precisa mais dele".
O torturado viu então a faca chegando cada vez próximo. Aquela bola roxa no olho esquerdo, cheia de sangue, doía sem nem mesmo tocam. Ele pegou o dedão e apertou-a firmemente, fazendo o globo ocular aparecer.
Seu olho estava vermelho. A dor o fazia lacrimejar, além do grito de dor. Por mais que ele olhasse para os lados ele ainda se questionou "Por quê?". O torturador olhava pra ele com um singelo sorriso em lábios, e com a faca na mão foi se aproximando do olho do homem ferido.
E em apenas um golpe, uma estocada no olho. Caía aquela gosma branca sobre o rosto, enquanto o torturador ia descendo ainda mais a faca. Ela cortava, e o corte parecia ser muito mais profundo do que realmente era. Parecia que estava cortando seu rosto inteiro em dois. Qualquer tipo de tortura seria bem melhor que aquela. O torturador se divertia, mas não dava sinais de risada. Era um maníaco sádico que não dava a mínima pra nada.
Ao tirar a faca, o rosto do homem caiu. A sensação era muito estranha, além da dor que era terrível. A sensação de estar enxergando com aquele olho e depois perdê-lo era muito estranha. Ele apenas sentia o músculo da pálpebra do olho perfurado que por mais que piscasse, parecia que havia algo ferroso, mas ainda assim não conseguia enxergar nada.
* Esse é um relato da tortura que meu irmão mais velho Arch sofreu, pouco antes de morrer.
Desde o estabelecimento da ONU logo após a Segunda Guerra o mundo parecia enfim estar respirar paz. Guerras não tinham mais o pretexto de fazer com que a tecnologia fosse melhorada. Esta experimenta seu ápice hoje, e o maior exemplo disso é o grande salto que ela deu, mesmo com os conflitos locais que ocorrem até os dias atuais.
Porém o que poucos sabem é que o que temos hoje em dia é resultado do muito dinheiro rolando por aí. Dinheiro que patrocina as descobertas e teorias feitas no começo do século XX. Porém ao mesmo tempo em que eles criaram um método pacífico, capaz de trazer paz à humanidade sem causar nenhum grande massacre, é com o custo de que essa mesma riqueza consiga circular. Começou então a existir dois governos em cada país, o público e o privado.
Antes as guerras eram custeadas pelo governo. Hoje elas são patrocinadas por empresas. E não existe maneira de ir contra isso, pois todos nós somos movidos pelos interesses dessas mesmas empresas. Existe liberdade, mas a mesma liberdade é silenciada por essas mesmas empresas: um grupo de aproximadamente 11 pessoas que têm o mundo em suas mãos.
A guerra é suja, meu amigo. E ainda mais suja, pois é tingida com o mesmo verde de esperança das notas de dólares. Um pode ganhar três ou quatro mil dólares por mês, mas tenha certeza que tem alguém acima dele que está ganhando bem mais. Muito mais.
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Ele não podia respirar. Gritava e gritava. Aquela energia se reverberava pelo local. Seu rosto estava dentro de um saco de pano. Seus braços e pernas amarrados numa cadeira que parecia ser feita de aço. O homem na sua frente pegava um pouco de água e jogava na sua cabeça, impedindo-o de respirar.
Imagine o pânico da tortura. A morte é algo muito mais pacífico do que isso.
O saco se enchia de ar e esvaziava colado em seu rosto. Desespero. A água criava uma camada de pano úmido, que grudava e tinha o mesmo efeito de respirar com um plástico sobre a narina. O ar não entrava, e a pressão fazia seu nariz arder em chamas, dolorido.
O homem vestia uma jaqueta com marcas conhecidas. Era possível ver um grande "Hard Rock Café" nas costas. Parecia um bocado irônico. O torturado nunca foi contra capitalismo, coitado. Queria mesmo era que pelo menos aquela grana toda fosse mais bem dividida. Uma vida de miséria, a oposição a essa miséria. Miserável não é o que não tem dinheiro, mas sim o que não pensa. Ou o que deixa que essas empresas da própria mídia manipulem o seu pensamento.
O homem desatou o capuz dele, com um puxão. Aí era possível ver o estrago. Suas narinas sangravam, e seu rosto tinha diversos ferimentos, resultantes dos golpes de cassetete e joelhadas. Seu olho esquerdo estava inchado, e o direito um pouco também. Ele olhava pra cima, pra luz alaranjada que iluminava do teto e procurava uma esperança. Seus olhos enxergavam ao redor, mas não conseguiam ver. O enxergar sem ver.
O torturador colocou a mão no ombro e olhou pro seu estado, como se visse uma obra prima que havia acabado de esculpir. Ele via com orgulho a resistência daquele homem. Mas ainda estava apenas começando. Ele tirou uma faca do seu bolso, pequena, e apontou pra ele.
"Puxa, você é um dos que eu mais tenho orgulho! Tá inteirão. Mas esse seu olho aqui tá tão inchado que acho que você não precisa mais dele".
O torturado viu então a faca chegando cada vez próximo. Aquela bola roxa no olho esquerdo, cheia de sangue, doía sem nem mesmo tocam. Ele pegou o dedão e apertou-a firmemente, fazendo o globo ocular aparecer.
Seu olho estava vermelho. A dor o fazia lacrimejar, além do grito de dor. Por mais que ele olhasse para os lados ele ainda se questionou "Por quê?". O torturador olhava pra ele com um singelo sorriso em lábios, e com a faca na mão foi se aproximando do olho do homem ferido.
E em apenas um golpe, uma estocada no olho. Caía aquela gosma branca sobre o rosto, enquanto o torturador ia descendo ainda mais a faca. Ela cortava, e o corte parecia ser muito mais profundo do que realmente era. Parecia que estava cortando seu rosto inteiro em dois. Qualquer tipo de tortura seria bem melhor que aquela. O torturador se divertia, mas não dava sinais de risada. Era um maníaco sádico que não dava a mínima pra nada.
Ao tirar a faca, o rosto do homem caiu. A sensação era muito estranha, além da dor que era terrível. A sensação de estar enxergando com aquele olho e depois perdê-lo era muito estranha. Ele apenas sentia o músculo da pálpebra do olho perfurado que por mais que piscasse, parecia que havia algo ferroso, mas ainda assim não conseguia enxergar nada.
* Esse é um relato da tortura que meu irmão mais velho Arch sofreu, pouco antes de morrer.
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