Saint Seiya e budismo. (2)
Spoilers abaixo!
Depois não me venha com mimimi dizendo que não avisei!
Queria fazer mais um post, relacionado ao Shaka de Virgem, já que ele é a maior referência ao budismo no anime, e falar onde o autor, Masami Kurumada, acertou ou errou. Se você não viu o primeiro, clica aqui fiote.
Antes de falar do anime, quero voltar ao mangá, uma cena que só existe lá (não tem no anime).
Logo depois que o Ikki ganha a armadura de Fênix ele se depara com o Shaka, que foi enviado para a Ilha da Rainha da Morte para dar um safanão no Jango e nos Cavaleiros Negros. Porém Shaka encontra justo o Ikki, que já tinha dado cabo de Jango, e estava acabando de pagar a última prestação da armadura de Fênix.
E aí ele se depara com um maluco vestindo uma armadura dourada, e provavelmente seu primeiro pensamento deve ter sido: FU-DE-U.
Shaka, com toda sua sabedoria, ao ver o Ikki com sua armadura zero quilômetro tira uma com a cara dele chamando o Ikkide macaco de Son Goku (do chinês, Sun Wukong). Mas não é o Goku de Dramongall, e sim o que originou esse, o rei símio Son Goku, da obra folclórica chinesa "Jornada para o Oeste".
É muito extensa, aliás. E sinceramente, tenho preguiça de ler.
Mas basicamente era sobre um macaco que apontava mil e uma confusões e, depois de esgotadas todas as opções pra sossegar o bicho, tiveram que chamar o Buda pra dar um jeito nele.
O macaco tinha super poderes. Pelo conto, ele conseguia com seus saltos percorrer longas distâncias, e aí o Buda chegou no macaco e disse: "Você pode correr, mas jamais poderá escapar de mim. Você é um grão de areia na minha mão".
O macaco, óbvio, duvidou do Buda e quis se mostrar o fodão. Ele percorreu essas longas distâncias com o poder dele e marcou pilares em cada lugar na terra que passava.
Só que depois o macaco se ligou que cada um desses pilares eram apenas OS DEDOS da palma da mão de Buda, e que por mais que ele fosse forte, não passava de um grão de areia na palma da mão do Buda. Enfim ele percebeu que tinha sido preso pelo Buda na palma da mão dele sem perceber, já que essa palma era nada menos que o nosso mundo, com montanhas, rios, etc.
E aí ele ficou preso por séculos vagando pela palma da mão de Buda.
De acordo com a religião budista, faz sentido! Essa resposta veio enquanto eu meditava nesse fim de semana sobre isso. Vou falar das minhas conclusões:
Óbvio que não estamos na palma literalmente de Buda, caso contrário o Buda deveria ser uma espécie de Titã da mitologia grega, um gigante. Mas depois que praticamos o budismo, chegamos a ter momentos de reflexão, e vemos que tudo ao nosso redor é Buda.
Entenda que Shakyamuni atingiu a iluminação há dois mil e quinhentos anos, e essa iluminação não é apenas dicas para nos tornarmos mestres da nossa própria mente, mas o de entendermos que toda aquela compaixão imensa, o jeito bonzinho e amigável do Buda histórico, que ajudou as pessoas de coração, ouvia com carinho e aconselhava é algo que foi passado até os dias de hoje.
O próprio budismo esotérico tem como imagem principal do Buda o Tathagatha Vairochana, o iluminador, que representa esse aspecto do Siddartha Gautama: como um grande sol, presente em tudo, que irradia sua sabedoria para todos os lados e está presente em tudo.
E é claro que isso não é motivo para nós temermos, como se Buda fosse uma velha fofoqueira esperando você fazer besteira pra te dar uma chicotada. Não, jamais! Longe disso. É observando o nosso entorno que vemos a beleza das coisas, a bondade e a imensa compaixão desse carinha chamado Siddartha Gautama que nasceu e deixou ensinamentos há mais de dois mil e quinhentos anos.
E aí, mesmo que em alguns momentos nos sintamos como o Son Goku, como o "rei do universo", nós ficamos humildes em perceber que existe uma força maior que nos guia e protege. Isso é mais real se você pensar que antes do Buda Shakyamuni vieram muitos outros Budas também, mas só ele que deixou o manual de como se chegar lá.
Tem o resto da história também que o Shaka não conta, mas anos depois vagando na palma da mão de Buda, o bodhisattva Avalokiteshvara liberta o macaquinho com a condição que ele ajudasse Xuanzang, então um monge budista, a levar o Ensinamento Budista para a China são e salvo. O macaco aceita e é libertado pra ajudar o monge.
Se o macaquinho existiu ou não são outros quinhentos, mas esse é um contos budistas mais legais e famosos que se tem por aí, sem dúvidas!
Voltando ao mangá:
Aí o Shaka usa o "Om", que é esse "desenho" aí na fala dele.
"Om", sendo direto e claro, é dito no budismo como o "som do universo". Acho que vocês lembram de algum filme/seriado que mostra alguém meditando fazendo um barulho: "Aaaaaaa-uuuuuuhhmmm". Isso é bem anos noventa, mas o povo pensava que era assim, que tinha que fazer o som... Quando o som tem que na verdade estar na sua cabeça!
É uma vocalização budista, é um som que tem poder e mérito por si próprio.
É como o hām do Achala (não é "ham" de presunto!), que também é um golpe do Shaka! Mas o Om é uma liberação de energia, enquanto o hām é o estado de Achala, o imutável e determinado, que no caso de Shaka quando usa esse golpe vira um grande escudo de energia.
Fizeram até um Achala ali do lado, hehe.
Mas tio, o que é o Achala? É o Buda armado com uma espada?
Boa! O Achala é um vidyaraja (nossa, isso ajudou MUITO a entender né?), que pode ser traduzido como rei da sabedoria. Eles não existiram de verdade como pessoas, como o Buda. São como divindades, ou melhor ainda: figuras que representam um aspecto da fé budista. Tipo deus grego, sabe? Afrodite não existiu, mas ela era a encarnação de um aspecto do ser humano, no caso a beleza e o erotismo.
No caso do Achala, ele significa a determinação imutável. Existem outros vidyarajas dentro do budismo, mas o Achala é o principal e mais importante, e super popular no Japão e no Tibet.
No mangá, como a gente pega da versão japonesa, o hām foi transformado em kan. É mais pela fonética da língua presa do japonês, mas o significado místico é o mesmo. É aquele símbolo que está no quadrinho que mostra o rosto do Shaka, logo acima dele:
Bom, falei demais, mas na próxima quero falar do resto dos golpes.
Senão vai ficar duas horas pra carregar as imagens do post, hehe.
Depois não me venha com mimimi dizendo que não avisei!
Queria fazer mais um post, relacionado ao Shaka de Virgem, já que ele é a maior referência ao budismo no anime, e falar onde o autor, Masami Kurumada, acertou ou errou. Se você não viu o primeiro, clica aqui fiote.
Antes de falar do anime, quero voltar ao mangá, uma cena que só existe lá (não tem no anime).
Logo depois que o Ikki ganha a armadura de Fênix ele se depara com o Shaka, que foi enviado para a Ilha da Rainha da Morte para dar um safanão no Jango e nos Cavaleiros Negros. Porém Shaka encontra justo o Ikki, que já tinha dado cabo de Jango, e estava acabando de pagar a última prestação da armadura de Fênix.
E aí ele se depara com um maluco vestindo uma armadura dourada, e provavelmente seu primeiro pensamento deve ter sido: FU-DE-U.
Shaka, com toda sua sabedoria, ao ver o Ikki com sua armadura zero quilômetro tira uma com a cara dele chamando o Ikki
É muito extensa, aliás. E sinceramente, tenho preguiça de ler.
Mas basicamente era sobre um macaco que apontava mil e uma confusões e, depois de esgotadas todas as opções pra sossegar o bicho, tiveram que chamar o Buda pra dar um jeito nele.
O macaco tinha super poderes. Pelo conto, ele conseguia com seus saltos percorrer longas distâncias, e aí o Buda chegou no macaco e disse: "Você pode correr, mas jamais poderá escapar de mim. Você é um grão de areia na minha mão".
O macaco, óbvio, duvidou do Buda e quis se mostrar o fodão. Ele percorreu essas longas distâncias com o poder dele e marcou pilares em cada lugar na terra que passava.
Só que depois o macaco se ligou que cada um desses pilares eram apenas OS DEDOS da palma da mão de Buda, e que por mais que ele fosse forte, não passava de um grão de areia na palma da mão do Buda. Enfim ele percebeu que tinha sido preso pelo Buda na palma da mão dele sem perceber, já que essa palma era nada menos que o nosso mundo, com montanhas, rios, etc.
E aí ele ficou preso por séculos vagando pela palma da mão de Buda.
De acordo com a religião budista, faz sentido! Essa resposta veio enquanto eu meditava nesse fim de semana sobre isso. Vou falar das minhas conclusões:
Óbvio que não estamos na palma literalmente de Buda, caso contrário o Buda deveria ser uma espécie de Titã da mitologia grega, um gigante. Mas depois que praticamos o budismo, chegamos a ter momentos de reflexão, e vemos que tudo ao nosso redor é Buda.
Entenda que Shakyamuni atingiu a iluminação há dois mil e quinhentos anos, e essa iluminação não é apenas dicas para nos tornarmos mestres da nossa própria mente, mas o de entendermos que toda aquela compaixão imensa, o jeito bonzinho e amigável do Buda histórico, que ajudou as pessoas de coração, ouvia com carinho e aconselhava é algo que foi passado até os dias de hoje.
O próprio budismo esotérico tem como imagem principal do Buda o Tathagatha Vairochana, o iluminador, que representa esse aspecto do Siddartha Gautama: como um grande sol, presente em tudo, que irradia sua sabedoria para todos os lados e está presente em tudo.
E é claro que isso não é motivo para nós temermos, como se Buda fosse uma velha fofoqueira esperando você fazer besteira pra te dar uma chicotada. Não, jamais! Longe disso. É observando o nosso entorno que vemos a beleza das coisas, a bondade e a imensa compaixão desse carinha chamado Siddartha Gautama que nasceu e deixou ensinamentos há mais de dois mil e quinhentos anos.
E aí, mesmo que em alguns momentos nos sintamos como o Son Goku, como o "rei do universo", nós ficamos humildes em perceber que existe uma força maior que nos guia e protege. Isso é mais real se você pensar que antes do Buda Shakyamuni vieram muitos outros Budas também, mas só ele que deixou o manual de como se chegar lá.
Tem o resto da história também que o Shaka não conta, mas anos depois vagando na palma da mão de Buda, o bodhisattva Avalokiteshvara liberta o macaquinho com a condição que ele ajudasse Xuanzang, então um monge budista, a levar o Ensinamento Budista para a China são e salvo. O macaco aceita e é libertado pra ajudar o monge.
Se o macaquinho existiu ou não são outros quinhentos, mas esse é um contos budistas mais legais e famosos que se tem por aí, sem dúvidas!
Voltando ao mangá:
Aí o Shaka usa o "Om", que é esse "desenho" aí na fala dele.
"Om", sendo direto e claro, é dito no budismo como o "som do universo". Acho que vocês lembram de algum filme/seriado que mostra alguém meditando fazendo um barulho: "Aaaaaaa-uuuuuuhhmmm". Isso é bem anos noventa, mas o povo pensava que era assim, que tinha que fazer o som... Quando o som tem que na verdade estar na sua cabeça!
É uma vocalização budista, é um som que tem poder e mérito por si próprio.
É como o hām do Achala (não é "ham" de presunto!), que também é um golpe do Shaka! Mas o Om é uma liberação de energia, enquanto o hām é o estado de Achala, o imutável e determinado, que no caso de Shaka quando usa esse golpe vira um grande escudo de energia.
Fizeram até um Achala ali do lado, hehe.
Mas tio, o que é o Achala? É o Buda armado com uma espada?
Boa! O Achala é um vidyaraja (nossa, isso ajudou MUITO a entender né?), que pode ser traduzido como rei da sabedoria. Eles não existiram de verdade como pessoas, como o Buda. São como divindades, ou melhor ainda: figuras que representam um aspecto da fé budista. Tipo deus grego, sabe? Afrodite não existiu, mas ela era a encarnação de um aspecto do ser humano, no caso a beleza e o erotismo.
No caso do Achala, ele significa a determinação imutável. Existem outros vidyarajas dentro do budismo, mas o Achala é o principal e mais importante, e super popular no Japão e no Tibet.
No mangá, como a gente pega da versão japonesa, o hām foi transformado em kan. É mais pela fonética da língua presa do japonês, mas o significado místico é o mesmo. É aquele símbolo que está no quadrinho que mostra o rosto do Shaka, logo acima dele:
Bom, falei demais, mas na próxima quero falar do resto dos golpes.
Senão vai ficar duas horas pra carregar as imagens do post, hehe.
Comentários
Postar um comentário