Duas faces distintas de um mesmo ser.

Esse é um daqueles posts que eu quero mostrar como budismo é essa coisa que faz super sentido quando estudamos a fundo. Eu gosto muito de estudar, e quanto mais vou estudando e meditando sobre, mais eu vejo como tudo se encaixa magistralmente, como se fossem peças cortadas num quebra-cabeças.

Quero falar hoje do Achala. Um ser que, pela sua cara de poucos amigos, muitos demoram a reconhecer que ele é budista:


O que vou dizer? Ele é um dos meus favoritos. Mas existe muita gente que não gosta dele por ele ter essa cara de quem chupou limão e não gostou. Já eu, gosto muito. Achala é uma figura que mostra uma incrível determinação, muito simbolizado por essa espada na mão dele.

Com essa espada ele corta todos os obstáculos e libera o caminho para nós passarmos. Por isso, ele é muito associado com o fogo também, queimando-os, suportando tudo e não deixando sua meditação ser afetada. Note que meditação no budismo não significa apenas ficar lá sentado em posição de lótus, e sim manter o pensamento nos Budas e nos Guardiões do Darma, e ao mesmo tempo seguir os preceitos e ensinamentos do Buda.

Outros significados da espada pode ser como a de um ser que mostra sua dureza, que é capaz de usar a força pra ensinar seu pupilo. Mas ele não faz isso por mal. Amadurecimento ás vezes é um processo dolorido, logo precisamos passar, mas ele sabe até onde aguentamos. Nunca nos dá uma cruz maior que nós não consigamos carregar.

Por isso nesse primeiro Achala eu quis mostrar com destaque a espada, essa determinação toda dele.

Já o meu segundo, podem ver que ele está bem diferente:


Eu brinco que não sei porque as pessoas não gostam do Achala, se ele tem o cabelo encaracolado de anjinho! É um verdadeiro anjo! Mas esse parceiro é sim um cara muito bom. Eu citei a questão da espada significar essa determinação, a dor, logo na outra mão temos uma corda vajra, um instrumento esotérico que é usado para normalmente nos ligar a algo maior. Ela é toda entrelaçada assim.

Essa corda significa o aspecto compassivo do Achala. Que, embora ele na outra mão tenha uma espada, ele no fundo sofre muito por ver as pessoas sofrendo também. Por isso ele joga essa corda para ajudar os espíritos que a toquem.

Percebam que até a expressão, posição do corpo é diferente do primeiro. No primeiro eu fiz ele olhando para o além, determinado em passar e superar tudo, com o rosto mostrando uma garra tremenda.

Mas o segundo, eu já fiz ele de costas, como se ele olhasse pra quem não conseguisse suportar a rolada e o Achala dissesse: "Fique tranquilo, você vai conseguir". Até a expressão dele tá mais amigável, e ele olha nos olhos de quem vê a obra.

Engraçado como budismo tem dessas. O mesmo ser significa tanto a compaixão quanto a determinação. E no final, tudo faz um baita dum sentido, não?

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