Doppelgänger - #41 - Giancarlo Lucca.

“Lucca, sente-se aí”, disse Ar.

Nezha sentou-se. Aquilo parecia um escritório de um grande empresário. Mas ainda assim era apenas um dos muitos escritórios que Ar usava. A vista da janela dava para Waterloo. Ainda estava no centro de Londres.

“Agora é a sua vez de cumprir o trato. Quem diabos é esse Lucca?”, perguntou Nezha.

Ar tirou da prateleira um grande fichário. Ficou ainda alguns minutos em silêncio depois da pergunta que Nezha havia feito. Aquilo parecia uma eternidade para ele, mas Ar parecia vasculhar algo naquele fichário. Quando achou, sem ainda dizer uma palavra, mostrou pra Nezha.

Era uma folha com muitos dados, parecia uma ficha completa. A foto era muito parecida, exceto pelo cabelo, que era maior e jogado pra cima. Nezha tinha um cabelo bem curto, raspado, estilo militar. Via que na ficha a pessoa tinha as mesmas habilidades dele. Habilidades de espionagem, sabotagem, armas, interrogatório e disfarce. Seu nascimento era 10 de novembro de 1963. Também não batia com a de Nezha, que era 11 de outubro de 1973.

O nome no topo da ficha era bem claro: Giancarlo Lucca.

“Você foi o braço direito do meu pai, Lucca.”, iniciou Ar, “Porém, depois que meu pai foi acusado de traição e assassinado, você era o próximo da lista a ser caçado. Porém, antes de a Inteligência te achar, você foi atrás de Al”.

“Eu fui atrás do Al? Mas porquê? Isso não faz sentido!”, perguntou Nezha.

“Al estava tomado pela cólera e queria se vingar de cada um dos que foram responsáveis pelo expurgo e morte do irmão mais velho dele. Entre setembro e outubro de 1995 vocês se encontravam quase que diariamente, e você revelou a ele onde estavam muitos dos que trabalhavam com o Arch no Sector 9”.

“Impossível... Em 1995 eu... Merda... Não consigo me lembrar de nada!”, disse Nezha, como se estivesse sendo acometido por uma dor de cabeça.

“Mas a sua história não acaba aí, Lucca”, disse Ar, “Em 1995 ainda você, pelas condições onde você morava, você acabou contraindo uma pneumonia muito forte, e foi hospitalizado em estado terminal. Você estava mais morto do que vivo, e Al usou todos os recursos para te manter vivo. Te deixaram imerso em drogas durante quase cinco anos. Cinco longos anos você praticamente vegetou. E tentaram recriar suas células com células-tronco, radicais livres e outros medicamentos. Você era quase um Frankenstein deles”, disse Ar.

“Nossa... Mas eu, que estranho, eu me lembro vagamente de algumas coisas, como o carro que comprei em 1996, a viagem que fiz pra Irlanda em 1997... Isso que você me conta deve ser mentira!”, disse Nezha, avançando contra Ar, agarrando-o pelo colarinho, empurrando-o na prateleira.

“C-calma”, disse Ar, sendo sufocado por Nezha, “Só que eles não contavam com uma coisa, em abril de 2000 você fugiu! Você parecia um maltrapilho, tinha uma aparência terrível, e estava tão drogado que não conseguia falar nada com nada. Mas você nunca havia deixado de ser quem você sempre foi”, disse Ar.

“E QUEM SOU EU?”, gritou Nezha, furioso.

“Um... Grande es... Espião”, disse Ar.

Nessa hora Nezha largou Ar, que caiu no chão, ofegante.

Comentários

Postagens mais visitadas