Doppelgänger - #43 - As lágrimas puras de Victoire.
“Toma esse cobertor”, disse Neige, oferecendo pra Victoire.
Victoire estava sentada abraçada com suas pernas, tremendo de frio. Já havia passado por maus bocados como detetive, mas isso era muito além do que ela poderia suportar. Não conseguia relaxar para dormir, todos seus companheiros estavam presos, e não havia nenhuma previsão da volta de Al do seu treinamento. Ela olhava pra janela e via o céu londrino, e nada conseguia fazer a não ser pensar em Al.
“Quer um chá? Eu só tenho Earl Grey...”, disse Neige, oferecendo uma xícara.
“Merci”, disse Victoire, em francês.
Enquanto tomava alguns goles, lágrimas caíam do seu rosto, pingando dentro do chá. Neige não entendia, e tampouco sabia o que fazer com uma mulher chorando na sua frente. Preocupado, tirou um lenço e se agachou ao lado de Victoire, enxugando suas lágrimas.
“Acalme-se, Victoire”, disse Neige, “Quer desabafar?”.
“Eu... Eu só...”, tentava falar Victoire, soluçando de tanto chorar, “Eu só queria que ele me amasse!”.
“Quem? O Al?”, perguntou Neige.
Victoire, com a caneca na boca, balançava a cabeça positivamente, com os olhos vermelhos de tanto chorar.
“Não sei muito sobre o passado do Al como você deve saber, mas ele tem uma ferida muito grande no coração. O Al nunca vai conseguir amar nenhuma mulher, exceto a falecida esposa. Por mais que ele te beije, por mais que ele passe a noite com você, ele nunca vai conseguir te amar. Não nutra esperanças, Victoire. A vida real é muito mais dura. Não seja uma prisioneira dos seus sonhos”, disse Neige.
“Então... O que eu faço? Eu não consegui atirar no Ar, pois ele parecia o Al! Meu coração palpitou, era como se eu tivesse que atirar no homem que eu amo! Eu odeio o Al, odeio esse sentimento. Ele é um cafajeste, só quer saber de me comer e não pensa nos meus sentimentos!”, desabafou Victoire.
“Victoire, eu não sei os detalhes do que está acontecendo entre vocês. Mas hoje mulheres são livres, inclusive pra amar quem quiserem. Antes de dizer que o Al é um cafajeste, eu tenho que te afirmar uma coisa: você é livre pra amar quem quiser. E você deixa isso acontecer com você porque você quer. Ele nunca vai conseguir te amar, e você se submete a ele, porque você quer. Você tem que amar primeiro a pessoa que você vê no espelho, e não o Al. Se você tivesse um pouco de amor próprio, não tenho dúvidas que seria mais confiante na hora de encontrar uma pessoa para amar”, disse Neige.
Neige ainda ficou um tempo do lado de Victoire. A TV estava ligada na BBC, e já era tarde da noite quando Neige olhou pro lado e viu Victoire sentada no chão ainda, abraçada com os joelhos, encostada no sofá.
“Você deve ser uma mulher fantástica, e muito homem ficaria muito feliz em ter uma mulher como você ao lado. Você parece que escolheu o Al como seu príncipe encantado, e só aceita ele, quando no fundo, ele é quem não te aceita. Você ficou aguardando ele todos esses anos, e não tenho dúvidas que muitos caras legais passaram pelo retrovisor, e você perdeu muito tempo e muitas possibilidades”, disse Neige, enquanto puxava uma manta para cobri-la, “A única responsável pela sua felicidade é você. Saiba dar chances para novos caras também. Você pode se surpreender”.
Neige pegou o cobertor e a cobriu. E a deixou ali, enquanto ia pro seu quarto dormir. Victoire depois de muito chorar cansou, e agarrou num sono.
[Todos os acontecimentos desde a viagem de Victoire, Agatha e Nezha de volta pra Inglaterra, até eles serem pegos por Ar e pela polícia inglesa em Canary Wharf ocorreram no dia 24 de novembro de 2012]
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25 de novembro de 2012
Agatha estava exausta, suada, e sangrando. Por mais que tivesse treinamento contra tortura, uma tortura era tortura. Estava recebendo choques em áreas sensíveis no corpo, seus mamilos estavam ardendo e queimando. Ela mal sentia seus dedos também, formigando. Dawson não havia dito nada sobre como estava Nezha, mas ela imaginava que ele também estaria passando por algo similar.
Porque as autoridades, em pleno século XXI, com tantas leis contra a tortura usavam tais meios ainda? Agatha, Nezha, Victoire e Al naquele momento não eram criminosos comuns. Eram verdadeiros inimigos do estado. Pessoas que deveriam ser silenciadas custe o que custar.
Dizem que algo similar aconteceu com outros célebres terroristas, por isso que muitos dos seus corpos nunca foram encontrados – provavelmente desfigurados ao extremo por causa da tortura que sofreram.
E Agatha estava no mesmo nível deles, mesmo que não fosse uma terrorista desse gênero. Estava cansada. E Dawson também estava cansado. Ele deixou Agatha praticamente nua no chão, com sangue e muitos hematomas no corpo. Uma pessoa entrou na sala, e se aproximou de Agatha, estendida no chão, e a levantou. Parece que mais um round de tortura estava pra começar.
“Já é a segunda vez que eu te salvo”, disse o homem que levantara Agatha, “Da próxima vez me dá um toque, sim?”.
Agatha reconheceu a voz, e não acreditava no que ouvia. Quando olhou pro lado viu um homem com uma peruca, uma barba grossa, mas os olhos eram inconfundíveis.
Era Al. De volta ao Reino Unido, salvando Agatha. Enfim.
Victoire estava sentada abraçada com suas pernas, tremendo de frio. Já havia passado por maus bocados como detetive, mas isso era muito além do que ela poderia suportar. Não conseguia relaxar para dormir, todos seus companheiros estavam presos, e não havia nenhuma previsão da volta de Al do seu treinamento. Ela olhava pra janela e via o céu londrino, e nada conseguia fazer a não ser pensar em Al.
“Quer um chá? Eu só tenho Earl Grey...”, disse Neige, oferecendo uma xícara.
“Merci”, disse Victoire, em francês.
Enquanto tomava alguns goles, lágrimas caíam do seu rosto, pingando dentro do chá. Neige não entendia, e tampouco sabia o que fazer com uma mulher chorando na sua frente. Preocupado, tirou um lenço e se agachou ao lado de Victoire, enxugando suas lágrimas.
“Acalme-se, Victoire”, disse Neige, “Quer desabafar?”.
“Eu... Eu só...”, tentava falar Victoire, soluçando de tanto chorar, “Eu só queria que ele me amasse!”.
“Quem? O Al?”, perguntou Neige.
Victoire, com a caneca na boca, balançava a cabeça positivamente, com os olhos vermelhos de tanto chorar.
“Não sei muito sobre o passado do Al como você deve saber, mas ele tem uma ferida muito grande no coração. O Al nunca vai conseguir amar nenhuma mulher, exceto a falecida esposa. Por mais que ele te beije, por mais que ele passe a noite com você, ele nunca vai conseguir te amar. Não nutra esperanças, Victoire. A vida real é muito mais dura. Não seja uma prisioneira dos seus sonhos”, disse Neige.
“Então... O que eu faço? Eu não consegui atirar no Ar, pois ele parecia o Al! Meu coração palpitou, era como se eu tivesse que atirar no homem que eu amo! Eu odeio o Al, odeio esse sentimento. Ele é um cafajeste, só quer saber de me comer e não pensa nos meus sentimentos!”, desabafou Victoire.
“Victoire, eu não sei os detalhes do que está acontecendo entre vocês. Mas hoje mulheres são livres, inclusive pra amar quem quiserem. Antes de dizer que o Al é um cafajeste, eu tenho que te afirmar uma coisa: você é livre pra amar quem quiser. E você deixa isso acontecer com você porque você quer. Ele nunca vai conseguir te amar, e você se submete a ele, porque você quer. Você tem que amar primeiro a pessoa que você vê no espelho, e não o Al. Se você tivesse um pouco de amor próprio, não tenho dúvidas que seria mais confiante na hora de encontrar uma pessoa para amar”, disse Neige.
Neige ainda ficou um tempo do lado de Victoire. A TV estava ligada na BBC, e já era tarde da noite quando Neige olhou pro lado e viu Victoire sentada no chão ainda, abraçada com os joelhos, encostada no sofá.
“Você deve ser uma mulher fantástica, e muito homem ficaria muito feliz em ter uma mulher como você ao lado. Você parece que escolheu o Al como seu príncipe encantado, e só aceita ele, quando no fundo, ele é quem não te aceita. Você ficou aguardando ele todos esses anos, e não tenho dúvidas que muitos caras legais passaram pelo retrovisor, e você perdeu muito tempo e muitas possibilidades”, disse Neige, enquanto puxava uma manta para cobri-la, “A única responsável pela sua felicidade é você. Saiba dar chances para novos caras também. Você pode se surpreender”.
Neige pegou o cobertor e a cobriu. E a deixou ali, enquanto ia pro seu quarto dormir. Victoire depois de muito chorar cansou, e agarrou num sono.
[Todos os acontecimentos desde a viagem de Victoire, Agatha e Nezha de volta pra Inglaterra, até eles serem pegos por Ar e pela polícia inglesa em Canary Wharf ocorreram no dia 24 de novembro de 2012]
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25 de novembro de 2012
Agatha estava exausta, suada, e sangrando. Por mais que tivesse treinamento contra tortura, uma tortura era tortura. Estava recebendo choques em áreas sensíveis no corpo, seus mamilos estavam ardendo e queimando. Ela mal sentia seus dedos também, formigando. Dawson não havia dito nada sobre como estava Nezha, mas ela imaginava que ele também estaria passando por algo similar.
Porque as autoridades, em pleno século XXI, com tantas leis contra a tortura usavam tais meios ainda? Agatha, Nezha, Victoire e Al naquele momento não eram criminosos comuns. Eram verdadeiros inimigos do estado. Pessoas que deveriam ser silenciadas custe o que custar.
Dizem que algo similar aconteceu com outros célebres terroristas, por isso que muitos dos seus corpos nunca foram encontrados – provavelmente desfigurados ao extremo por causa da tortura que sofreram.
E Agatha estava no mesmo nível deles, mesmo que não fosse uma terrorista desse gênero. Estava cansada. E Dawson também estava cansado. Ele deixou Agatha praticamente nua no chão, com sangue e muitos hematomas no corpo. Uma pessoa entrou na sala, e se aproximou de Agatha, estendida no chão, e a levantou. Parece que mais um round de tortura estava pra começar.
“Já é a segunda vez que eu te salvo”, disse o homem que levantara Agatha, “Da próxima vez me dá um toque, sim?”.
Agatha reconheceu a voz, e não acreditava no que ouvia. Quando olhou pro lado viu um homem com uma peruca, uma barba grossa, mas os olhos eram inconfundíveis.
Era Al. De volta ao Reino Unido, salvando Agatha. Enfim.
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