Doppelgänger - #44 - Sinal de fumaça.
“Você fica bem de olhos azuis”, disse Agatha, sendo levada por Al para fora da sala de tortura.
“Vindo de você, vou considerar isso uma cantada”, brincou Al.
Os dois entraram num depósito de arquivos da Scotland Yard. Al tirou da sua bolsa um traje social feminino completo e um pouco de maquiagem para Agatha, que rapidamente se aprontou e, com um pouco de base, maquiou seu rosto. Prendeu o seu cabelo com um coque. Ficou com uma aparência muito melhor, exceto por uma marca no braço direito, um hematoma, fruto da tortura feita por Dawson.
Ambos saíram e caminhavam tranquilamente pelos corredores da Yard. Al subiu as escadas calmamente com o crachá falso, e a dois andares do térreo, viu que o sinal do seu celular havia voltado.
“Neige, preciso que ligue agora”, disse Al, no celular.
A holandesa se esforçava para não mancar. No seio, sentia uma dor imensa do tecido do bojo encostado na ferida no seu mamilo. Mas seu rosto permanecia sério, como se ela fosse uma própria funcionaria da Yard em seu turno. Mas por dentro, cada segundo daquilo era uma luta para andar naquele salto e mostrar-se elegante, para não levantar nenhuma suspeita.
“Al, qual o seu plano?”, perguntou Agatha.
“Eu vi isso num filme. Acho que vai dar certo. Vai ser pelo lugar mais seguro: a porta da frente”, respondeu Al.
Logo o sinal de incêndio foi acionado, e uma fumaça forte dominou aqueles andares do prédio. Aquela fumaça ao entrar no nariz ardia os olhos, e em poucos segundos o local inteiro estava tomado por uma fumaça cinzenta. Eles haviam incendiado o prédio?
O carro de bombeiros chegou, e Al ofereceu um pano pra Agatha cobrir seu nariz. Ele continuou puxando ela até a saída no meio daquela fumaça toda. Foi aí que eles entraram em um dos carros dos bombeiros.
“É bom revê-lo, meu amigo”, disse Neige.
“Pode nos deixar ali perto da Trafalgar Square? A gente pega um táxi de lá”, pediu Al.
E foi isso que Neige fez. Uma fuga nem um pouco original – similar a de Ethan Hunt em Missão: Impossível. Mas uma tática que funcionava bem. A tática da fumaça sempre pegava os caras da inteligência. Uma fuga tão clichê que seria óbvio pros caras da Yard que o resgate de Agatha havia sido arquitetado por alguém interno. Era um recado de Al para eles também.
No táxi Al tirou uma pasta cheio de documentos daquela pequena mala que tinha também as roupas de Agatha.
“O que é isso? Um dossiê?”, perguntou Agatha.
“Sim. Coisa do ‘n’. Mas muita coisa aqui eu já sabia ou suspeitava...”, disse Al, que ia passando os papéis pra Agatha.
Enquanto a holandesa lia os papéis, via o quanto Al e “n” estavam na frente. Muitas coisas ali ela nem mesmo havia imaginado. Ela viu que era hora de falar pro Al o que ela sabia daquela conversa que teve com o Ar no dia anterior em Canary Wharf.
“Ar tem o mercado financeiro mundial nas mãos. Empresas, ações, países inteiros. Ele ataca os elos fracos das correntes, e desencadeou essa última crise com as quebras dos bancos americanos, e quebrando bancos em diversos países, um após o outro. A tática parece que é usar persuasão com empresários, e parece que ele tem uma rede imensa dos capangas dele, todos infiltrados em diversos bancos pelo mundo, transferindo e investindo contra eles mesmos. E com todo esse poder ele consegue manipular a mídia. E como tudo faz parte do jogo financeiro, ninguém jamais vai prendê-lo por seus atos de terrorismo econômico”, disse Agatha.
“Sim. Eu já sabia disso, Agatha”, revelou Al, deixando Agatha abismada, “Mas olhando esse dossiê do ‘n’, dá pra termos mais pistas sobre as atividades de Ar. Pense comigo, Agatha... Legatus é uma instituição financeira como qualquer outra. Eles podem ser os agentes pra mexer na economia, mas o ponto é exatamente esse, veja esse papel”.
Agatha viu diversos nomes. Parecia o quadro de funcionários da Legatus. Várias e várias páginas. Alguns nomes destacados, mas na frente escrito: INVÁLIDO.
“Ar não tem absolutamente nenhuma ligação direta com Legatus. Ele disse que o Legatus manipula os bancos mundiais com seus agentes espalhados em todos os bancos do globo, certo? Não... Existe algo por trás do Legatus. Existe um grupo que serve como sombra do Legatus, pois ele próprio é apenas mais um fantoche dentro dos anseios do Ar”, disse Al.
“Impossível!”, disse Agatha, “O Ar não tem nenhuma ligação direta com o Legatus? E esses nomes que você marcou? São de pessoas que foram investigadas, mas que nada conclusivo foi encontrado?”.
“Isso. Digamos que estamos usando uma rede fantasma da NSA pra roubar alguns dados deles. Neige tem o acesso. O Legatus não tem nenhuma culpa, não conseguimos nenhuma prova contra eles, pois desde o começo eles são apenas um bode expiatório. Existe uma entidade que está na sombra da Legatus. Eu não sei o nome – muito menos se tem um nome, mas parto do fato de que Ar, a psíquica, o judeu maluco, Dietrich e Ravena fazem parte. E com certeza, muito mais gente. Vou chama-la de X-Legatus”.
Agatha viu os rascunhos de Al. Pensou bastante, e via que aquilo fazia sentido.
“Faz sentido. Ar nos colocou pra investigar um beco sem saída, quando na verdade deveríamos voltar na esquina e observar de longe que havia algo que não tínhamos visto”, disse Agatha.
“Existe algo por detrás da Legatus. Pense bem... As operações ilegais seriam facilmente detectadas pelos governos pelo fato de que a Legatus existe oficialmente. Seria capa de revistas e jornais, seria muito fácil de denunciar. Todo o dinheiro é lavado pela X-Legatus, e mais tarde usado pelos mesmos agentes que usam a Legatus para terem acesso fácil a diversos bancos do mundo. E assim, ter economias e empresas como reféns. E causar atos de terrorismo econômico”, disse Al.
“Mas nenhum deles é agente da Legatus. Ou melhor, são agentes duplos, da X-Legatus e da Legatus”, disse Agatha.
“Isso mesmo”, disse Al, “Eu já suspeitava disso, mas os papéis que ‘n’ levantou confirmam isso”.
“Mas por onde começaremos a investigar?”, perguntou Agatha.
“Neige vai nos ajudar. Parece que ele descobriu algumas coisas”, disse Al.
“Vindo de você, vou considerar isso uma cantada”, brincou Al.
Os dois entraram num depósito de arquivos da Scotland Yard. Al tirou da sua bolsa um traje social feminino completo e um pouco de maquiagem para Agatha, que rapidamente se aprontou e, com um pouco de base, maquiou seu rosto. Prendeu o seu cabelo com um coque. Ficou com uma aparência muito melhor, exceto por uma marca no braço direito, um hematoma, fruto da tortura feita por Dawson.
Ambos saíram e caminhavam tranquilamente pelos corredores da Yard. Al subiu as escadas calmamente com o crachá falso, e a dois andares do térreo, viu que o sinal do seu celular havia voltado.
“Neige, preciso que ligue agora”, disse Al, no celular.
A holandesa se esforçava para não mancar. No seio, sentia uma dor imensa do tecido do bojo encostado na ferida no seu mamilo. Mas seu rosto permanecia sério, como se ela fosse uma própria funcionaria da Yard em seu turno. Mas por dentro, cada segundo daquilo era uma luta para andar naquele salto e mostrar-se elegante, para não levantar nenhuma suspeita.
“Al, qual o seu plano?”, perguntou Agatha.
“Eu vi isso num filme. Acho que vai dar certo. Vai ser pelo lugar mais seguro: a porta da frente”, respondeu Al.
Logo o sinal de incêndio foi acionado, e uma fumaça forte dominou aqueles andares do prédio. Aquela fumaça ao entrar no nariz ardia os olhos, e em poucos segundos o local inteiro estava tomado por uma fumaça cinzenta. Eles haviam incendiado o prédio?
O carro de bombeiros chegou, e Al ofereceu um pano pra Agatha cobrir seu nariz. Ele continuou puxando ela até a saída no meio daquela fumaça toda. Foi aí que eles entraram em um dos carros dos bombeiros.
“É bom revê-lo, meu amigo”, disse Neige.
“Pode nos deixar ali perto da Trafalgar Square? A gente pega um táxi de lá”, pediu Al.
E foi isso que Neige fez. Uma fuga nem um pouco original – similar a de Ethan Hunt em Missão: Impossível. Mas uma tática que funcionava bem. A tática da fumaça sempre pegava os caras da inteligência. Uma fuga tão clichê que seria óbvio pros caras da Yard que o resgate de Agatha havia sido arquitetado por alguém interno. Era um recado de Al para eles também.
No táxi Al tirou uma pasta cheio de documentos daquela pequena mala que tinha também as roupas de Agatha.
“O que é isso? Um dossiê?”, perguntou Agatha.
“Sim. Coisa do ‘n’. Mas muita coisa aqui eu já sabia ou suspeitava...”, disse Al, que ia passando os papéis pra Agatha.
Enquanto a holandesa lia os papéis, via o quanto Al e “n” estavam na frente. Muitas coisas ali ela nem mesmo havia imaginado. Ela viu que era hora de falar pro Al o que ela sabia daquela conversa que teve com o Ar no dia anterior em Canary Wharf.
“Ar tem o mercado financeiro mundial nas mãos. Empresas, ações, países inteiros. Ele ataca os elos fracos das correntes, e desencadeou essa última crise com as quebras dos bancos americanos, e quebrando bancos em diversos países, um após o outro. A tática parece que é usar persuasão com empresários, e parece que ele tem uma rede imensa dos capangas dele, todos infiltrados em diversos bancos pelo mundo, transferindo e investindo contra eles mesmos. E com todo esse poder ele consegue manipular a mídia. E como tudo faz parte do jogo financeiro, ninguém jamais vai prendê-lo por seus atos de terrorismo econômico”, disse Agatha.
“Sim. Eu já sabia disso, Agatha”, revelou Al, deixando Agatha abismada, “Mas olhando esse dossiê do ‘n’, dá pra termos mais pistas sobre as atividades de Ar. Pense comigo, Agatha... Legatus é uma instituição financeira como qualquer outra. Eles podem ser os agentes pra mexer na economia, mas o ponto é exatamente esse, veja esse papel”.
Agatha viu diversos nomes. Parecia o quadro de funcionários da Legatus. Várias e várias páginas. Alguns nomes destacados, mas na frente escrito: INVÁLIDO.
“Ar não tem absolutamente nenhuma ligação direta com Legatus. Ele disse que o Legatus manipula os bancos mundiais com seus agentes espalhados em todos os bancos do globo, certo? Não... Existe algo por trás do Legatus. Existe um grupo que serve como sombra do Legatus, pois ele próprio é apenas mais um fantoche dentro dos anseios do Ar”, disse Al.
“Impossível!”, disse Agatha, “O Ar não tem nenhuma ligação direta com o Legatus? E esses nomes que você marcou? São de pessoas que foram investigadas, mas que nada conclusivo foi encontrado?”.
“Isso. Digamos que estamos usando uma rede fantasma da NSA pra roubar alguns dados deles. Neige tem o acesso. O Legatus não tem nenhuma culpa, não conseguimos nenhuma prova contra eles, pois desde o começo eles são apenas um bode expiatório. Existe uma entidade que está na sombra da Legatus. Eu não sei o nome – muito menos se tem um nome, mas parto do fato de que Ar, a psíquica, o judeu maluco, Dietrich e Ravena fazem parte. E com certeza, muito mais gente. Vou chama-la de X-Legatus”.
Agatha viu os rascunhos de Al. Pensou bastante, e via que aquilo fazia sentido.
“Faz sentido. Ar nos colocou pra investigar um beco sem saída, quando na verdade deveríamos voltar na esquina e observar de longe que havia algo que não tínhamos visto”, disse Agatha.
“Existe algo por detrás da Legatus. Pense bem... As operações ilegais seriam facilmente detectadas pelos governos pelo fato de que a Legatus existe oficialmente. Seria capa de revistas e jornais, seria muito fácil de denunciar. Todo o dinheiro é lavado pela X-Legatus, e mais tarde usado pelos mesmos agentes que usam a Legatus para terem acesso fácil a diversos bancos do mundo. E assim, ter economias e empresas como reféns. E causar atos de terrorismo econômico”, disse Al.
“Mas nenhum deles é agente da Legatus. Ou melhor, são agentes duplos, da X-Legatus e da Legatus”, disse Agatha.
“Isso mesmo”, disse Al, “Eu já suspeitava disso, mas os papéis que ‘n’ levantou confirmam isso”.
“Mas por onde começaremos a investigar?”, perguntou Agatha.
“Neige vai nos ajudar. Parece que ele descobriu algumas coisas”, disse Al.
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