Doppelgänger - #49 - Vanitas.

Merda, merda, merda! Porque ele não negou? Teria sido muito mais fácil se ele dissesse que tudo aquilo era uma mentira criada pelo Ar!

Porquê? Porquê? Porquê? E quem fui eu? Quem eu amei? Eu tive filhos? Onde estudei? Quem eram meus amigos? Eu sou apenas uma ferramenta do governo, não existe nada de honra quando se trabalha na Inteligência. Somos ninguém. Não temos passado, não temos futuro! 

Nosso destino é trabalhar nas sombras, espiando, tudo em troca de quê? Dos interesses da Rainha? Dos interesses do meu país? Por Deus... E se eu matei pessoas? E se eu destruí países? E se eu arruinei famílias, amizades e negócios, eu fiz porquê?

Posso ter espiado muitas pessoas, mas quando será que conseguirei expiar meus próprios pecados?

Por favor, alguém... ALGUÉM ME ACORDE E DIGA QUE ISSO É UM PESADELO!!

“Nataku...”, disse Al, colocando a mão no seu ombro, “Vamos, levante-se. Você está bem?”.

“SAIA DA MINHA FRENTE! EU TENHO UMA MISSÃO A CUMPRIR!”, gritou Nataku, empurrando Al com violência contra a parede.

Nataku se aproximou da porta e disparou contra o teclado numérico. Uma pequena brecha abriu na porta, ele puxou e não conseguiu abrir. Lembrou que tinha alguns explosivos para derrubar portas, colocou um deles, contou até três, e explodiu, entrando numa imensa sala circular, muito iluminada, e com um aquário de vidro no centro, onde estava uma mulher, sentada numa cadeira, num local muito bem iluminado.

“Você é Sheryl Saunders?”, perguntou Nezha.

A senhora olhou pra Nataku com surpresa. Reparou que Nataku não parecia ser “um deles”. Ela estava sentada numa simples cadeira de madeira. Aquele aquário não tinha entrada, nem saída. E nem era possível ouví-la também. Nataku tentou dar um tiro no vidro, mas o vidro era a prova de balas, e ficou apenas trincado com o impacto.

O tempo estava passando. Se ele não arranjasse um jeito de tirá-la de lá, seria tarde.

“Obrigado, Lucca”, disse Ar, enquanto entrava na sala, “Sua missão está completa. E graças a isso, com essa mulher, ninguém conseguirá nos parar agora”.

Ar estava acompanhado de quinze soldados particulares, com uniformes diferentes, e ao lado dele estavam Sara e Schwartzman.

“Ar? O que você está fazendo aqui? E o que quer dizer isso?”, disse Nataku.

“Eu sabia que você receberia ajuda do Al. E, embora fosse fácil colocar você nesse imenso complexo de bunkers, eu precisava que você fosse na frente e abrisse o caminho para nós. Mas eu não conseguiria fazer isso sozinho... Por isso tive que usar você, pois eu sabia que haveriam umas mentes boas que te ajudariam”, disse Ar.

“Você... Você me usou?”, disse Nataku, sem acreditar.

“Isso soa muito pesado, não use essa palavra. Precisava sim era da sua ajuda, mesmo que envolvesse outras pessoas. Agora Sheryl Saunders é minha. Me desculpe se eu usei você, mas você se mostrou melhor que a encomenda”, disse Ar.

Ar se aproximou do aquário e puxou um laser, cortando o vidro como papel. Abriu um buraco e Schwartzman puxou a senhora Saunders pelo braço com muita violência.

“Arthur, seu maldito! O que você vai fazer? Vai me matar?”, dizia a senhora Saunders, enquanto dois soldados de Ar a tiravam de lá.

“Matar? Mas é claro que não! Preciso sim que você fique viva e me conte tudo o que você sabe”, disse Ar.

Quando Ar se virou viu havia uma luz de um pointer vermelho em seu peito. Na sua frente, perto da entrada, reparou que três pessoas haviam entrado na sala. Eram Al, Victoire e Agatha.

Todos os soldados dele se viraram pra eles, apontando suas armas. Ar vez um sinal para que não atirassem.

“Hahaha!!”, disse Ar, forçando um riso irônico, “Há quanto tempo não nos vemos, meu irmão! Eu sabia que vocês iam ajudar o Lucca a chegar aqui. Primeiro desarmando os sensores de segurança. Depois a bonitinha da Victoire com essas pernas lindas na legging salvando o Nataku. E os explosivos, bem... Devem ter sido coisa da Agatha que consegue essas coisas no mercado negro”, disse Ar.

“Ar, você não tem saída. Os soldados já estão chegando. Se forem nos prender, terão que levar você também”, disse Al.

“Não seja ingênuo. Eles não viram atrás de mim. Os criminosos de estado são vocês três. E mesmo que nos peguem, não vão fazer nada”, debochou Ar.

“Acha que o seu dinheiro vai salvar agora?”, disse Al.

“Dinheiro? Não, não vou usar uma tática de suborno, isso é muito clichê. E não funciona com cem porcento de eficácia. Foi de propósito que fiz meu sinal ser rastreado por vocês. Precisava que ajudassem Lucca a chegar até aqui. E agora que chegamos, posso levar quem vim buscar embora”, disse Ar.

Os três ficaram abismados com o pensamento de Ar. Ele parecia a Émilie, sempre estava um passo à frente. Isso parecia um talento genético, pois mais que pensassem, ele sempre estava um degrau acima deles.

“Acho que dos três, a única pessoa que sabe quem é essa mulher é você, não é, meu irmão? E você seria a última pessoa que atiraria nela também. E eu só vim resgatá-la, ao contrário desse país que mantém sob cárcere uma pessoa da importância que ela tem!”, disse Ar.

Algemaram a senhora Saunders como uma criminosa, e deixaram ela aos cuidados de Nataku, que saiu com ela pela mesma porta que havia entrado. Agatha e Victoire se olhavam, mas Al não deu nenhum sinal para atirar, menos ainda parar Nataku. Ele só ficava fitando Ar.

“Eu sei que você não faz isso apenas com o Legatus. Aliás, você não tem nenhuma influência no Legatus, ele é apenas um bode expiatório. E pelo visto, está rendendo tanto que até mesmo um exército mercenário você tem”, afirmou Al.

“Bem observado, meu irmão. Nós somos a justiça, e faremos a justiça nesse mundo. Nós lutaremos pelo que todos nós acreditamos. De fato, o Legatus é apenas mais um dos meus fantoches, porque somos mais, somos muito mais. Antes de construir um novo mundo cheio de justiça e igualdade, teremos que destruir o que já existe. Países, governos, economias, empresas, todos estão em nossas mãos. Nós somos... Vanitas!”.

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