Doppelgänger - #54 - Ela está grávida!
“Neige, rápido! Venha nos ajudar!”.
“Droga... Al, você tá me ouvindo? Você está bem?”
“Ele está bem! Só precisamos sair daqui logo!”
“Merda... Essa porta é a prova de gás?”.
“É sim! Vamos Al... Apoie-se em mim, reaja!”.
- - - - -
Al estava deitado num divã. Seu corpo parecia ter sido muito dopado, ele estava inteiro formigando. Sua boca estava seca. Sentia dificuldade em abrir os olhos e focar, mas logo estava conseguindo recobrar os sentidos.
Foi aí que Victoire entrou na sala.
“Al! Minha nossa, você tá bem? Vamos, beba um pouco disso”, Victoire ofereceu uma água salgada, que parecia um pouco um soro. Al bebeu, e sentia sua visão voltando gradativamente.
“Por quanto tempo eu fiquei apagado?”, disse Al, imaginando que haviam se passado dias.
“Foram uns vinte minutos você ficou desacordado. Mas pelo visto já está bem”, respondeu Victoire.
“Aonde diabos eu tô?”, perguntou Al.
Nesse momento a Velha apareceu, com toda sua elegância de grã-fina. Mas ao mesmo tempo seu rosto mostrava uma preocupação imensa. Ela fitou Al enquanto pronunciava as palavras.
“Como não está reconhecendo? Você está no Palácio St. James!”.
“Ah, é você, velha. Esperava qualquer pessoa salvando meu couro, exceto você. Minha nossa, o que foi isso? Eu não senti cheiro de nada!”, disse Al.
“Schwartzman é um perito em armas químicas. Nós tivemos foi muita sorte... Ele usou uma versão mais letal do gás Sarin. Sem odor, ataca sistema nervoso, talvez se demorasse mais alguns segundos pra te medicar, seria tarde”, disse Victoire.
“Hã? Você anda com medicação até pra Sarin contigo?”, perguntou Al.
“Não. Por isso que eu disse que demos muita sorte. Essa injeção que eu mandei você injetar em si mesmo pra retardar a Síndrome de Werner, sabe? Um dos seus compostos é capaz de neutralizar o Sarin. Atropina. Ela reage nos receptores nervosos e musculares, cancelando os efeitos. Eu uso pra ajudar no seu coração, um dos órgãos que mais está envelhecendo rápido por conta da doença que você contraiu. Cabelos grisalhos não são nada perto disso”.
“Ah...”, Al disse, sentando no divã, “Eu sempre esqueço de injetar essa merda em mim”.
“De doze em doze horas é a posologia. Al, preciso que você me ajude também a tratar seu envelhecimento acelerado. Por hora, vou deixar você em observação. Eu e a Agatha injetamos em nós mesmas a tempo, e se talvez você tivesse entrado naquele elevador com o Ar, você estaria morto. Nós realmente tiramos a sorte grande, mas não dá pra ficar contando com isso sempre!”.
- - - - - -
Quinze minutos depois Al estava caminhando por uma das salas do Palácio St James. Eles haviam escapado por um túnel subterrâneo que liga o Bunker de Churchill com o Palácio St James. Agatha ainda disse que todas as instruções foram dadas pelo Al de como chegar, e ele mal se lembrava de ter falado alguma coisa. Ao chegarem no local Neige os estava esperando e ajudou a carregar Al, que estava ainda sendo administrado o antídoto. Victoire preparou outras drogas para retirar os resquícios do Sarin do corpo de Al, e depois desses quinze minutos ele já estava bem e andando pela casa.
“Aqui está bem diferente da última vez que vim aqui”, disse Al, para a Velha.
“Decidimos dar uma mudada. Foi depois do novo casamento do meu filho com aquela jornalista. Desde meados de 2005 você não vem pra cá”, disse a Velha.
“As coisas mudaram, velha”, disse Al.
“Eu queria que você ficasse enfim longe da inteligência. Não quero que você tenha o mesmo destino do seu irmão. Te proteger é o que eu quero fazer com o resto da vida que eu tenho. Mesmo que eu tenha que te proteger daquele seu doppelgänger...”, disse a Velha.
“Não sei quem está certo, Velha. O Ar quer destruir o sistema. E foi o sistema que matou meu irmão, amaldiçoou meu nome, e me levou tudo. E é justamente o sistema que eu pareço defender. Provavelmente até meu irmão queria que o Ar vencesse, e ele está muito na minha frente já”.
“Não diga isso, querido. Sei que o sistema que levou seu amado irmão. Isso é inegável. Mas o mesmo sistema garante uma coisa inestimável chamada liberdade. Pessoas são livres para pensar, de terem seus valores, sua ética. Mesmo que apenas uma em um milhão consiga pensar e discutir o seu entorno, isso que você luta permite isso. O sistema pode ser algo podre, que os usa como meros peões nas mãos dos interesses maiores, mas garantir a liberdade de cada um pensar com sua cabeça é essencial – mesmo que nem todos consigam fazer isso”.
Nessa hora uma bela alta mulher de cabelos castanhos e olhos verdes entrou. Ela trazia uma pasta cheia de documentos. A Velha a viu entrando e foi cumprimenta-la com bastante euforia. Logo após ela um homem alto também entrou, que parecia ser seu marido.
“Kate! Minha nossa, estava contando os minutos desde que você foi buscar os exames. E aí? Me conta!”.
“Eu estou mesmo grávida!”, disse a jovem, eufórica.
Al ficou olhando aquela cena. Todas as pessoas ali pareciam bem felizes. Felizes por conta de uma criança estar sendo trazida ao mundo. Mais uma criança pra se juntar a todo o sofrimento do mundo. Foi depois desse pensamento que o marido da jovem veio cumprimenta-lo.
“E aí Al. Há quanto tempo! Veio somente nos visitar, ou vai se mudar de volta pra cá?”.
“Não, William. Na verdade, já estou de saída, mas fiquei feliz em revê-lo. Tem um sobrinho meu fazendo merda por aqui, vim aqui pra parar ele. Mas parabéns pelo filho. Sua mãe onde quer que esteja com certeza está muito feliz”.
Nessa hora William lacrimejou, e abraçou Al forte. Ele só tinha saudades da mãe.
“Droga... Al, você tá me ouvindo? Você está bem?”
“Ele está bem! Só precisamos sair daqui logo!”
“Merda... Essa porta é a prova de gás?”.
“É sim! Vamos Al... Apoie-se em mim, reaja!”.
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Al estava deitado num divã. Seu corpo parecia ter sido muito dopado, ele estava inteiro formigando. Sua boca estava seca. Sentia dificuldade em abrir os olhos e focar, mas logo estava conseguindo recobrar os sentidos.
Foi aí que Victoire entrou na sala.
“Al! Minha nossa, você tá bem? Vamos, beba um pouco disso”, Victoire ofereceu uma água salgada, que parecia um pouco um soro. Al bebeu, e sentia sua visão voltando gradativamente.
“Por quanto tempo eu fiquei apagado?”, disse Al, imaginando que haviam se passado dias.
“Foram uns vinte minutos você ficou desacordado. Mas pelo visto já está bem”, respondeu Victoire.
“Aonde diabos eu tô?”, perguntou Al.
Nesse momento a Velha apareceu, com toda sua elegância de grã-fina. Mas ao mesmo tempo seu rosto mostrava uma preocupação imensa. Ela fitou Al enquanto pronunciava as palavras.
“Como não está reconhecendo? Você está no Palácio St. James!”.
“Ah, é você, velha. Esperava qualquer pessoa salvando meu couro, exceto você. Minha nossa, o que foi isso? Eu não senti cheiro de nada!”, disse Al.
“Schwartzman é um perito em armas químicas. Nós tivemos foi muita sorte... Ele usou uma versão mais letal do gás Sarin. Sem odor, ataca sistema nervoso, talvez se demorasse mais alguns segundos pra te medicar, seria tarde”, disse Victoire.
“Hã? Você anda com medicação até pra Sarin contigo?”, perguntou Al.
“Não. Por isso que eu disse que demos muita sorte. Essa injeção que eu mandei você injetar em si mesmo pra retardar a Síndrome de Werner, sabe? Um dos seus compostos é capaz de neutralizar o Sarin. Atropina. Ela reage nos receptores nervosos e musculares, cancelando os efeitos. Eu uso pra ajudar no seu coração, um dos órgãos que mais está envelhecendo rápido por conta da doença que você contraiu. Cabelos grisalhos não são nada perto disso”.
“Ah...”, Al disse, sentando no divã, “Eu sempre esqueço de injetar essa merda em mim”.
“De doze em doze horas é a posologia. Al, preciso que você me ajude também a tratar seu envelhecimento acelerado. Por hora, vou deixar você em observação. Eu e a Agatha injetamos em nós mesmas a tempo, e se talvez você tivesse entrado naquele elevador com o Ar, você estaria morto. Nós realmente tiramos a sorte grande, mas não dá pra ficar contando com isso sempre!”.
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Quinze minutos depois Al estava caminhando por uma das salas do Palácio St James. Eles haviam escapado por um túnel subterrâneo que liga o Bunker de Churchill com o Palácio St James. Agatha ainda disse que todas as instruções foram dadas pelo Al de como chegar, e ele mal se lembrava de ter falado alguma coisa. Ao chegarem no local Neige os estava esperando e ajudou a carregar Al, que estava ainda sendo administrado o antídoto. Victoire preparou outras drogas para retirar os resquícios do Sarin do corpo de Al, e depois desses quinze minutos ele já estava bem e andando pela casa.
“Aqui está bem diferente da última vez que vim aqui”, disse Al, para a Velha.
“Decidimos dar uma mudada. Foi depois do novo casamento do meu filho com aquela jornalista. Desde meados de 2005 você não vem pra cá”, disse a Velha.
“As coisas mudaram, velha”, disse Al.
“Eu queria que você ficasse enfim longe da inteligência. Não quero que você tenha o mesmo destino do seu irmão. Te proteger é o que eu quero fazer com o resto da vida que eu tenho. Mesmo que eu tenha que te proteger daquele seu doppelgänger...”, disse a Velha.
“Não sei quem está certo, Velha. O Ar quer destruir o sistema. E foi o sistema que matou meu irmão, amaldiçoou meu nome, e me levou tudo. E é justamente o sistema que eu pareço defender. Provavelmente até meu irmão queria que o Ar vencesse, e ele está muito na minha frente já”.
“Não diga isso, querido. Sei que o sistema que levou seu amado irmão. Isso é inegável. Mas o mesmo sistema garante uma coisa inestimável chamada liberdade. Pessoas são livres para pensar, de terem seus valores, sua ética. Mesmo que apenas uma em um milhão consiga pensar e discutir o seu entorno, isso que você luta permite isso. O sistema pode ser algo podre, que os usa como meros peões nas mãos dos interesses maiores, mas garantir a liberdade de cada um pensar com sua cabeça é essencial – mesmo que nem todos consigam fazer isso”.
Nessa hora uma bela alta mulher de cabelos castanhos e olhos verdes entrou. Ela trazia uma pasta cheia de documentos. A Velha a viu entrando e foi cumprimenta-la com bastante euforia. Logo após ela um homem alto também entrou, que parecia ser seu marido.
“Kate! Minha nossa, estava contando os minutos desde que você foi buscar os exames. E aí? Me conta!”.
“Eu estou mesmo grávida!”, disse a jovem, eufórica.
Al ficou olhando aquela cena. Todas as pessoas ali pareciam bem felizes. Felizes por conta de uma criança estar sendo trazida ao mundo. Mais uma criança pra se juntar a todo o sofrimento do mundo. Foi depois desse pensamento que o marido da jovem veio cumprimenta-lo.
“E aí Al. Há quanto tempo! Veio somente nos visitar, ou vai se mudar de volta pra cá?”.
“Não, William. Na verdade, já estou de saída, mas fiquei feliz em revê-lo. Tem um sobrinho meu fazendo merda por aqui, vim aqui pra parar ele. Mas parabéns pelo filho. Sua mãe onde quer que esteja com certeza está muito feliz”.
Nessa hora William lacrimejou, e abraçou Al forte. Ele só tinha saudades da mãe.
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