Guanyin
Eu tava querendo há tempos fazer uma nova Guanyin. A anterior eu estraguei muito na hora de passar o verniz fixador quando finalizei a pintura. O branco desbotou e... ficou tudo cinza. Foi bom, aprendi a usar o verniz (tem que tirar o excesso do pastel antes!) e, a minha primeira Guanyin se sacrificou pra me dar uma boa lição (snif!).
Eu gosto muito de aquarela! Primeiro porque tenho alergia à tinta a óleo. E embora eu goste de pintar com tinta acrílica, com essa tinta eu me sinto mais à vontade num quadro. É difícil encontrar um papel que aguente bem as pinceladas da tinta acrílica.
Fazer a Guanyin foi um desafio. Esse foi o rough final:
Queria focar no olhar e mostrar uma compassividade sem mostrar tristeza. E como todos os budas que eu faço, gosto de mostrar um aspecto mais humano. Primeiro na pose desconstruída. Existem trilhões de versões da Guanyin feita por chineses. As mais clássicas são ela nessa pose, sentada com o joelho dobrado. Grande parte delas são em pé, mas com essa roupa mais... Chinesa. Resolvi unir os dois, a pose de corpo clássica com a roupa mais "moderna".
Eu tenho muita dificuldade em fazer mulheres. Uma coisa que dificulta muito são seios. E seios são elementos super anatômicos, mas difíceis de fazer, porque cada um tem um peito diferente. Tem peito caído, peito levantado, peito grande, peito pequeno, peito "vesgo", enfim... Corpo feminino em geral é bem complicado, porque embora exista um "padrão básico" (tipo clássico grego) não é preciso muito lógica pra entender que apenas uns 5% das mulheres correspondem aquele corpo. Peito, bunda, pernas e cintura cada uma é diferente da outra. Homem tem menos opções, todo homem que malha fica com o mesmo corpo de Davi de Michelangelo.
E outro problema que eu tenho ao desenhar mulheres é a cabeça ficar desproporcional. Eu consegui consertar um pouco na pintura, mas o rough está mais cabeçuda. Porquê? Não sei, mas eu acho bem feminino mulheres cabeçudas (julguem-me), mesmo que esse coque, típico da Guanyin mesmo, tem que se tomar muito cuidado pra não transformar a cabeça num outro corpo.
Queria prestar uma homenagem pra minha primeira pintura que fiz em 2007, as Minhas três moiras:
Eu estava atrás de um cenário legal pra Guanyin. E embora não esteja 100% igual, acho que é possível ver uma grande similaridade com esse monte à direta da pintura com o cenário da Guanyin, né? Foi uma pequena homenagem que eu fiz pra minha primeira pintura. ;)
Por fim (hoje tô falando bastante da pintura! Acho que é porque é a primeira em muitos anos que eu gostei realmente), no rough não estava planejado nuvens. Mas, como eu tentei fazer no Avalokiteshvara anterior, eu gosto muito da passagem do Sutra de Lótus (Saddharma Pundarika Sutra), capítulo 25, o Portal Universal do Bodhisattva Avalokiteshvara.
E eu queria de alguma forma colocar uma referência a essa passagem belíssima, por isso as nuvens na pintura tem um formato de "círculo", mas uma coisa bem sutil, mas como tudo na pintura, não está ali por acaso. Como se esse círculo na nuvem fosse uma representação desse portal que nos transporta pra proteção da imensa compaixão desse bodhisattva maravilhoso.
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