Doppelgänger - #94 - O homem sem passado.
Nataku e Eliza estavam de frente ao Monumento. Atrás deles, Schwartzman observava tudo, com pouco mais de dez metros separando os dois. Por estar chegando no inverno, o sol estava se pondo pouco depois das 15h30.
A City, por mais que fosse um local igualmente seguro, ainda tinha o ar de local antigo. E com o anoitecer, por mais que houvessem luzes nas ruas, aqueles muros haviam presenciado assassinatos, guerras e o Grande Incêndio de Londres em sua história. E Schwartzman estava atrás, prestes a sozinho pegar Nataku e Eliza Vogl juntos.
Nataku e Eliza estavam um do lado do outro de frente ao Monumento. Estavam apreciando o silêncio. Eliza Vogl sabia que tinha que devia dar um tempo para que Nataku conseguisse entender tudo o que ela tinha explicado.
Já Nataku, estava em um estado de quase choque. Quanto mais descobria sobre, menos via uma luz no fim do túnel.
De súbito, Nataku perdeu o equilíbrio. Logo depois levou suas mãos na cabeça, como se estivesse sentindo uma dor de cabeça bem forte. Vogl se assustou, e colocou a mão nele, querendo saber o que estava acontecendo:
“Nataku, Nataku, você está bem? Tá passando mal?”, perguntou Vogl.
Mas Nataku não respondia. Seus olhos começaram a lacrimejar. A dor não parava, apenas aumentava. Foi aí que sua boca começou a emitir um surdo grito de dor. Algo estava acontecendo.
“Minha nossa, Nataku! Fala comigo! O que tá acontecendo? Tô ficando nervosa!”, disse a pequena garota Vogl.
E então Nataku caiu de joelhos no chão. A dor era tão intensa que seus olhos se viraram pra cima, e começou inclusive a babar. Era uma dor tão imensa que nem mesmo forças pra gritar ele tinha. Seus músculos tremiam, e o homem estava quase caindo inteiro no chão.
Ele não ouvia mais nada.
Aquela dor era tão grande que imagens do passado estavam sendo projetadas na sua mente.
Um jovem, com a aparência do Al, tirando o fato de usar uma barba logo abaixo do queixo estava na sua frente. A pessoa que via parecia estar ferida, ou algo assim, pois olhava sua mão, cheia de sangue. Ele colocou a mão no seu ombro, e falava com um imenso sorriso no rosto:
“Pássaros só voam juntos daqueles que são do mesmo tipo. Não sei se sou tão bom quanto você, mas gostaria muito de ser seu amigo. Ou pelo menos no mínimo você me deve uma! Muito prazer, meu nome é Arch. E o seu?”.
A próxima cena foi com uma mulher asiática. Uma oriental muito similar da que ele viu quando estava salvando Agatha na prisão na Holanda. Algo inexplicável dominava seu coração, que batia forte quando a via. Mesmo sem ele nem mesmo saber quem era.
Eles estavam num bar. E ela vomitou nele. O cheiro era péssimo.
Depois disso, mais um lapso de uma memória perdida, junto da imensa dor que dominava sua cabeça.
Eles estavam juntos, conversando. Ele não conseguia lembrar exatamente do que falou pra ela, mas sabia que aquilo era um misto de alívio com ansiedade. Aquilo era o amor. Aquele sentimento que todos nós sentimos antes de nos declararmos para quem nós mais amamos. O que ele não conseguiu esquecer foi a reação dela depois de uma frase que ele disse:
“Noriko, você quer namorar comigo?”.
A próxima cena da sua memória era conversando com novamente alguém bem parecido com o Al. Só que bem mais jovem do que está hoje. Sentia seu corpo doente, suas forças sendo sugadas. Estavam numa casa bem humilde e parecia que esse jovem parecido com Al estava buscando informações. Nataku só se lembrava do que havia falado pra ele:
“Seu irmão foi imbatível e um verdadeiro herói. E faz muita falta, foi a única pessoa que eu chamei de 'amigo' em vida. E agora... Está morto”.
A dor parecia continuar. Seu corpo não tinha outro instinto e não ser bater sua própria cabeça contra o chão, uma vez que estava de joelhos e com as mãos levadas na cabeça.
E Nataku viu sua morte. Viu sua doença cada vez mais deteriorando seu corpo. Se viu imerso num líquido estranho, sendo observado como se fosse um alienígena por cientistas de jaleco branco. Viu essa mesma dor e os poucos períodos que saía do coma. E sua memória cada vez mais embaralhadas. Um ruído mental. Apenas cenas perdidas, sem nenhuma ligação, sem nada que as fixasse na sua mente. Nada.
Eliza Vogl observava aquilo sem entender nada. Vendo Nataku batendo a sua própria cabeça incontáveis vezes no chão, ela não sabia o que fazer enquanto via aquela cena. A testa de Nataku estava vermelha, e começando a sangrar. Ela ficava abismada com a força da pancada que ele dava. E pessoas olhavam aquilo na rua e se perguntavam o que estaria acontecendo.
“AHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!”, Nataku gritou, começou baixinho, e foi aumentando o volume.
E aí depois do grito enfim Nataku disse algo, ainda aparentemente sofrendo de muita dor.
“Metamorfina!! Me dê mais metamorfina!!!”, gritou Nataku.
Depois disso, ele caiu no chão, deitando-se. Seus olhos estavam vermelhos, chorando de dor. Sua boca mostrava a baba, já seca, com aquela textura característica. Dava pra ver que ainda respirava. Mas a mesma estava ficando cada vez mais fraca. Vogl olhava pra aquilo, com os olhos lacrimejando, e não sabia o que fazer.
Foi aí que a última pessoa que esperavam que apareceria apareceu. Justo naquele momento.
“Lucca! Bom, já que você está aí, não se importaria se eu levar essa linda menininha pra um passeio, não?”, disse Schwartzman, agarrando Eliza Vogl pelo braço.
Nataku permanecia deitado no chão. Esgotado. Com a alma destroçada.
A City, por mais que fosse um local igualmente seguro, ainda tinha o ar de local antigo. E com o anoitecer, por mais que houvessem luzes nas ruas, aqueles muros haviam presenciado assassinatos, guerras e o Grande Incêndio de Londres em sua história. E Schwartzman estava atrás, prestes a sozinho pegar Nataku e Eliza Vogl juntos.
Nataku e Eliza estavam um do lado do outro de frente ao Monumento. Estavam apreciando o silêncio. Eliza Vogl sabia que tinha que devia dar um tempo para que Nataku conseguisse entender tudo o que ela tinha explicado.
Já Nataku, estava em um estado de quase choque. Quanto mais descobria sobre, menos via uma luz no fim do túnel.
De súbito, Nataku perdeu o equilíbrio. Logo depois levou suas mãos na cabeça, como se estivesse sentindo uma dor de cabeça bem forte. Vogl se assustou, e colocou a mão nele, querendo saber o que estava acontecendo:
“Nataku, Nataku, você está bem? Tá passando mal?”, perguntou Vogl.
Mas Nataku não respondia. Seus olhos começaram a lacrimejar. A dor não parava, apenas aumentava. Foi aí que sua boca começou a emitir um surdo grito de dor. Algo estava acontecendo.
“Minha nossa, Nataku! Fala comigo! O que tá acontecendo? Tô ficando nervosa!”, disse a pequena garota Vogl.
E então Nataku caiu de joelhos no chão. A dor era tão intensa que seus olhos se viraram pra cima, e começou inclusive a babar. Era uma dor tão imensa que nem mesmo forças pra gritar ele tinha. Seus músculos tremiam, e o homem estava quase caindo inteiro no chão.
Ele não ouvia mais nada.
Aquela dor era tão grande que imagens do passado estavam sendo projetadas na sua mente.
Um jovem, com a aparência do Al, tirando o fato de usar uma barba logo abaixo do queixo estava na sua frente. A pessoa que via parecia estar ferida, ou algo assim, pois olhava sua mão, cheia de sangue. Ele colocou a mão no seu ombro, e falava com um imenso sorriso no rosto:
“Pássaros só voam juntos daqueles que são do mesmo tipo. Não sei se sou tão bom quanto você, mas gostaria muito de ser seu amigo. Ou pelo menos no mínimo você me deve uma! Muito prazer, meu nome é Arch. E o seu?”.
A próxima cena foi com uma mulher asiática. Uma oriental muito similar da que ele viu quando estava salvando Agatha na prisão na Holanda. Algo inexplicável dominava seu coração, que batia forte quando a via. Mesmo sem ele nem mesmo saber quem era.
Eles estavam num bar. E ela vomitou nele. O cheiro era péssimo.
Depois disso, mais um lapso de uma memória perdida, junto da imensa dor que dominava sua cabeça.
Eles estavam juntos, conversando. Ele não conseguia lembrar exatamente do que falou pra ela, mas sabia que aquilo era um misto de alívio com ansiedade. Aquilo era o amor. Aquele sentimento que todos nós sentimos antes de nos declararmos para quem nós mais amamos. O que ele não conseguiu esquecer foi a reação dela depois de uma frase que ele disse:
“Noriko, você quer namorar comigo?”.
A próxima cena da sua memória era conversando com novamente alguém bem parecido com o Al. Só que bem mais jovem do que está hoje. Sentia seu corpo doente, suas forças sendo sugadas. Estavam numa casa bem humilde e parecia que esse jovem parecido com Al estava buscando informações. Nataku só se lembrava do que havia falado pra ele:
“Seu irmão foi imbatível e um verdadeiro herói. E faz muita falta, foi a única pessoa que eu chamei de 'amigo' em vida. E agora... Está morto”.
A dor parecia continuar. Seu corpo não tinha outro instinto e não ser bater sua própria cabeça contra o chão, uma vez que estava de joelhos e com as mãos levadas na cabeça.
E Nataku viu sua morte. Viu sua doença cada vez mais deteriorando seu corpo. Se viu imerso num líquido estranho, sendo observado como se fosse um alienígena por cientistas de jaleco branco. Viu essa mesma dor e os poucos períodos que saía do coma. E sua memória cada vez mais embaralhadas. Um ruído mental. Apenas cenas perdidas, sem nenhuma ligação, sem nada que as fixasse na sua mente. Nada.
Eliza Vogl observava aquilo sem entender nada. Vendo Nataku batendo a sua própria cabeça incontáveis vezes no chão, ela não sabia o que fazer enquanto via aquela cena. A testa de Nataku estava vermelha, e começando a sangrar. Ela ficava abismada com a força da pancada que ele dava. E pessoas olhavam aquilo na rua e se perguntavam o que estaria acontecendo.
“AHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!”, Nataku gritou, começou baixinho, e foi aumentando o volume.
E aí depois do grito enfim Nataku disse algo, ainda aparentemente sofrendo de muita dor.
“Metamorfina!! Me dê mais metamorfina!!!”, gritou Nataku.
Depois disso, ele caiu no chão, deitando-se. Seus olhos estavam vermelhos, chorando de dor. Sua boca mostrava a baba, já seca, com aquela textura característica. Dava pra ver que ainda respirava. Mas a mesma estava ficando cada vez mais fraca. Vogl olhava pra aquilo, com os olhos lacrimejando, e não sabia o que fazer.
Foi aí que a última pessoa que esperavam que apareceria apareceu. Justo naquele momento.
“Lucca! Bom, já que você está aí, não se importaria se eu levar essa linda menininha pra um passeio, não?”, disse Schwartzman, agarrando Eliza Vogl pelo braço.
Nataku permanecia deitado no chão. Esgotado. Com a alma destroçada.
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