Doppelgänger - #95 - O homem que sabia quem era.
“Não!!”, dizia Vogl, sendo levada por Schwartzman.
O mundo parecia em câmera lenta. Nataku permanecia deitado no chão, vendo a menina dos seus olhos sendo levada para longe. Seus olhos não estavam focados em nada, a dor na cabeça havia tirado todas suas energias, esgotando-o completamente.
“Me solta, me solta!”, dizia Vogl, com as imagens e a voz ecoando na mente de Nataku.
Quem sou eu? Nem mesmo eu sei direito...
Parece que todas minhas memórias estão cada vez mais confusas... Eu não consigo me lembrar de muita coisa. Nem mesmo meu verdadeiro nome.
O que somos? Será que um mero nome é capaz de nos definir? Dizem que eu sou esse tal de Lucca, mas isso pra mim é apenas um nome. E uma pessoa não é um nome, não é uma imagem. Se eu sou o Lucca, eu tenho que ter memória, personalidade, sentimentos. Não é apenas aceitar esse nome e atender quando me chamarem. Um ser humano é bem mais que isso.
O que faz uma pessoa ser uma pessoa?, pensou Nataku.
Nataku se esforçou e ficou de joelhos. Eliza continuava sendo puxada, e chamando por Nataku, cada vez mais desesperadamente. E nesse momento Nataku viu que os olhos da menina estavam lacrimejando. Tristeza. Desespero. Ela seria levada para algum lugar e morta a sangue frio.
E aquilo entrou de tal maneira no coração de Nataku que ele sentiu algo lindo que ele não sabia como descrever. Era uma sensação de uma felicidade imensa, como se tudo de súbito fizesse sentido. Depois sentiu também uma gratidão sem fim, gratidão por estar vivo, gratidão por ter um coração e poder sentir aquilo. Gratidão por respirar. Gratidão por viver. Por fim, sentiu também uma vontade de proteger Vogl. Mesmo que arriscasse sua vida para isso.
Ela mal me conhece... E está chorando por mim. Por quê, Eliza Vogl? Nós nos conhecemos há apenas algumas horas. E porque meu coração está tão apertado vendo você partir? Não... Eu não quero isso. Eu não quero te perder! Eu não sei direito o nome disso que eu sinto, mas não vai ser agora que vou deixar você partir, pensou Nataku.
E ele foi se erguendo. E nesse momento, depois de todos os flashes de memória que ele teve, enfim começou a compreender o que era ser alguém. Afinal, ele era ninguém, uma pessoa com um passado confuso que achava que estava lá, mas nunca estava. Uma pessoa que apenas cumpria cegamente as ordens do governo, ou da Inteligência. Uma máquina de espionagem. Não havia mais as amarras que o prendiam. Não havia mais o medo. Não havia mais a incerteza.
Não importava se as pessoas diziam que ele era quem ele achava que não era. Naquele momento ele sabia exatamente o que ele sentia, ele sabia quem ele era. Que não era o que as outras pessoas diziam, ou o que elas lembravam que definiam quem Nataku era. Que mesmo que todas as memórias estivessem todas perdidas, o que o fazia ser quem ele era não era o que as outras pessoas diziam o que ele era. O que fazia ele ser quem ele era era o que ele nunca perdeu: sua essência.
Isso nenhuma lavagem cerebral conseguiria fazê-lo perder.
“Espera aí, Schwartzman”, disse Nataku, se erguendo, indo em direção deles.
Nesse momento o judeu ficou sem reação. Não era pra ele se erguer tão cedo. Não depois daquilo tudo! Algo estava errado. Tomando um controle remoto do seu bolso ele apertou o botão. E novamente Nataku foi dominado uma dor de cabeça imensa.
Porém ao invés dele gemer de dor e cair no chão, algo diferente aconteceu.
Nataku então parou, em pé. Estava a poucos centímetros dos dois, que permaneciam estáticos. Levou a mão na cabeça, mas não gritou. Permaneceu firme, erguido. Segundos depois olhou firmemente para Schwartzman. Foi nessa hora que o judeu viu que havia algo de errado. E aquela foi uma das raras vezes que Schwartzman sentiu um pouco de medo, vendo aquilo fora do seu controle. Algo estava muito errado.
“Quem diabos é você?!”, disse Schwartzman, não entendendo como Nataku se aguentava em pé ainda.
Nataku avançou dois passos. Seu rosto estava distorcido de tanta dor, uma mão na cabeça e embora ele mal pudesse ficar de pé, de algum lugar ele tirava forças.
Nataku colocou a mão no braço de Eliza Vogl firmemente e a puxou de volta pra si.
“Eu sou EU. E como nunca antes na vida eu tenho enfim certeza de quem eu sou”, disse Nataku, segurando Eliza Vogl do seu lado, “Mas se você quiser um nome pra me chamar, meu nome é Giancarlo Lucca”.
O mundo parecia em câmera lenta. Nataku permanecia deitado no chão, vendo a menina dos seus olhos sendo levada para longe. Seus olhos não estavam focados em nada, a dor na cabeça havia tirado todas suas energias, esgotando-o completamente.
“Me solta, me solta!”, dizia Vogl, com as imagens e a voz ecoando na mente de Nataku.
Quem sou eu? Nem mesmo eu sei direito...
Parece que todas minhas memórias estão cada vez mais confusas... Eu não consigo me lembrar de muita coisa. Nem mesmo meu verdadeiro nome.
O que somos? Será que um mero nome é capaz de nos definir? Dizem que eu sou esse tal de Lucca, mas isso pra mim é apenas um nome. E uma pessoa não é um nome, não é uma imagem. Se eu sou o Lucca, eu tenho que ter memória, personalidade, sentimentos. Não é apenas aceitar esse nome e atender quando me chamarem. Um ser humano é bem mais que isso.
O que faz uma pessoa ser uma pessoa?, pensou Nataku.
Nataku se esforçou e ficou de joelhos. Eliza continuava sendo puxada, e chamando por Nataku, cada vez mais desesperadamente. E nesse momento Nataku viu que os olhos da menina estavam lacrimejando. Tristeza. Desespero. Ela seria levada para algum lugar e morta a sangue frio.
E aquilo entrou de tal maneira no coração de Nataku que ele sentiu algo lindo que ele não sabia como descrever. Era uma sensação de uma felicidade imensa, como se tudo de súbito fizesse sentido. Depois sentiu também uma gratidão sem fim, gratidão por estar vivo, gratidão por ter um coração e poder sentir aquilo. Gratidão por respirar. Gratidão por viver. Por fim, sentiu também uma vontade de proteger Vogl. Mesmo que arriscasse sua vida para isso.
Ela mal me conhece... E está chorando por mim. Por quê, Eliza Vogl? Nós nos conhecemos há apenas algumas horas. E porque meu coração está tão apertado vendo você partir? Não... Eu não quero isso. Eu não quero te perder! Eu não sei direito o nome disso que eu sinto, mas não vai ser agora que vou deixar você partir, pensou Nataku.
E ele foi se erguendo. E nesse momento, depois de todos os flashes de memória que ele teve, enfim começou a compreender o que era ser alguém. Afinal, ele era ninguém, uma pessoa com um passado confuso que achava que estava lá, mas nunca estava. Uma pessoa que apenas cumpria cegamente as ordens do governo, ou da Inteligência. Uma máquina de espionagem. Não havia mais as amarras que o prendiam. Não havia mais o medo. Não havia mais a incerteza.
Não importava se as pessoas diziam que ele era quem ele achava que não era. Naquele momento ele sabia exatamente o que ele sentia, ele sabia quem ele era. Que não era o que as outras pessoas diziam, ou o que elas lembravam que definiam quem Nataku era. Que mesmo que todas as memórias estivessem todas perdidas, o que o fazia ser quem ele era não era o que as outras pessoas diziam o que ele era. O que fazia ele ser quem ele era era o que ele nunca perdeu: sua essência.
Isso nenhuma lavagem cerebral conseguiria fazê-lo perder.
“Espera aí, Schwartzman”, disse Nataku, se erguendo, indo em direção deles.
Nesse momento o judeu ficou sem reação. Não era pra ele se erguer tão cedo. Não depois daquilo tudo! Algo estava errado. Tomando um controle remoto do seu bolso ele apertou o botão. E novamente Nataku foi dominado uma dor de cabeça imensa.
Porém ao invés dele gemer de dor e cair no chão, algo diferente aconteceu.
Nataku então parou, em pé. Estava a poucos centímetros dos dois, que permaneciam estáticos. Levou a mão na cabeça, mas não gritou. Permaneceu firme, erguido. Segundos depois olhou firmemente para Schwartzman. Foi nessa hora que o judeu viu que havia algo de errado. E aquela foi uma das raras vezes que Schwartzman sentiu um pouco de medo, vendo aquilo fora do seu controle. Algo estava muito errado.
“Quem diabos é você?!”, disse Schwartzman, não entendendo como Nataku se aguentava em pé ainda.
Nataku avançou dois passos. Seu rosto estava distorcido de tanta dor, uma mão na cabeça e embora ele mal pudesse ficar de pé, de algum lugar ele tirava forças.
Nataku colocou a mão no braço de Eliza Vogl firmemente e a puxou de volta pra si.
“Eu sou EU. E como nunca antes na vida eu tenho enfim certeza de quem eu sou”, disse Nataku, segurando Eliza Vogl do seu lado, “Mas se você quiser um nome pra me chamar, meu nome é Giancarlo Lucca”.
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