Doppelgänger - #99 - Tudo ou nada.
“Minha nossa, alguém, rápido, tragam um desfibrilador!! Esse rapaz tá tendo um ataque cardíaco!!”, disse um turista, observando Lucca.
Londres é uma cidade onde existem diversos desfibriladores públicos espalhados pela cidade, para salvar as pessoas que eventualmente sofram um ataque cardíaco súbito. Faz parte da política de saúde da cidade.
Lucca no chão já não sabia mais o que fazer. Segurava na sua mão firmemente a ampola com o antídoto. O antídoto que ele estava tão perto de conseguir. E viu então a morte de aproximando.
Porém, nenhum filme passou na sua mente. Era um jeito de morrer muito triste. Sem memórias. Sem nada querido que possa carregar pro além vida. Viver sem ter uma vida. Uma vida em que não se viveu.
E as dores apenas aumentavam e nada delas passarem. Seus olhos embaçados já estavam desistindo, e pouco a pouco seu corpo ia desistindo de lutar contra o veneno. Sentia seus membros formigando, depois de tantos espasmos musculares. Sentia seus olhos se fechando. Nem mesmo o esforço pra respirar ele estava querendo fazer. Depois de tanta dor, o que ele mais queria naquele momento era descansar.
No fundo Lucca estava tranquilo. Eliza Vogl havia corrido para o Monumento. Lá sem dúvida existiriam policiais, e eles a protegeriam. Suas únicas lembranças eram desses momentos curtos que havia tido com a menina. Momentos tão curtos que, assim como o amor, são atemporais.
Não precisamos de uma vida inteira para amar alguém. O amor pode acontecer assim, de uma maneira rápida e forte, e persistir pelo resto de uma vida. Não havia muito tempo que Lucca havia conhecido a pequena Vogl, mas era o tempo suficiente para que ele aprendesse o que era amor.
Quando fechou seus olhos, depois das memórias recentes da Eliza, veio uma outra memória, perdida, de uma mulher. Japonesa, sorridente, olhos puxados, pele branca, sorriso lindo. O cheiro dela, o corpo dela junto do dele, a troca de saliva, transpiração, respiração. Essa japonesa sem nome, que ele sempre via, e nunca soube quem era nos seus sonhos. Mas sentia saudades dela. Ela era alguém especial que havia tido a coragem de dividir a vida com ele.
Se ele apenas vivesse mais um pouco pra descobrir quem ela era...
Mas agora era tarde.
A vida de Lucca estava se esvaindo.
- - - - -
“Elizaaaaaa!”, gritava Schwartzman, “Come here to papa!”.
Schwartzman sorria igual nunca antes havia sorrido. Enfim, depois do fracasso de Ravena e Sara, enfim ele teria sua importância reconhecida. Com uma psíquica e mediúnica, ele sempre ficava em terceiro lugar no quesito de manipular as pessoas. Era apenas alguém que “dopava” as pessoas. Mas no final, era o único que não havia sido pego, ou derrotado. Era o campeão. E isso havia enfim provado que todos os anos estudando levou ele pra um patamar que nenhum outro paranormal o conseguiria superar.
Já Eliza, vendo Schwartzman cada vez mais se aproximando do Monumento, onde ela estava, estava pálida como a neve, assustada.
“Você conhece esse cara, menina?”, disse o funcionário da bilheteria do Monumento.
Eliza simplesmente não respondia. Seus olhos estavam arregalados e ela estava pasma, como se fosse uma presa na frente do predador. Completamente em estado de choque. E o jeito que Schwartzman vinha em sua direção era igualmente bizarro para o bilheteiro também.
Mas ele era o adulto da situação. Ele devia fazer algo. Aquela menina não havia esboçado nada, e pelo olhar de pânico dela olhando Schwartzman, sem dúvida ele não era seu “papai” como ele havia dito antes.
“Menina, passa aí, entra logo, que eu vou conversar com esse cara estranho”, disse o bilheteiro.
E Eliza, mesmo tremendo dos pés a cabeça se segurou no corrimão e subiu a escada mais difícil da vida dela. E escada em caracol dentro do Monumento. Ela mal subiu três degraus e Schwartzman já estava na porta.
“Ei cara, essa menina acho que não te conhece”, disse o bilheteiro, impedindo a entrada de Schwartzman, “Se você não ficar na tua eu vou chamar a polícia”.
Schwartzman pegou suas facas de combate e desceu um golpe no bilheteiro. Precisão cirúrgica. Cortou a barriga dele, e o chão ficou tingido de sangue, enquanto ele caía no chão com seu intestino saindo pra fora do corpo, gritando de dor.
“Essa menininha foi muito peralta, e o chefinho quer que ela morra”, disse Schwartzman, “Vem cá Eliza, fofinha. Não vai doer nada”.
A pobre Eliza Vogl não sabia o que fazer. Pessoas gritavam na rua, e ela viu o corpo de Lucca longe, o corpo sem movimento. Agora ela não tinha opção. Lucca deu sua vida pra salvar a dela. Ela tinha que fazer jus e sobreviver à ameaça de Schwartzman!
Era tudo ou nada.
Londres é uma cidade onde existem diversos desfibriladores públicos espalhados pela cidade, para salvar as pessoas que eventualmente sofram um ataque cardíaco súbito. Faz parte da política de saúde da cidade.
Lucca no chão já não sabia mais o que fazer. Segurava na sua mão firmemente a ampola com o antídoto. O antídoto que ele estava tão perto de conseguir. E viu então a morte de aproximando.
Porém, nenhum filme passou na sua mente. Era um jeito de morrer muito triste. Sem memórias. Sem nada querido que possa carregar pro além vida. Viver sem ter uma vida. Uma vida em que não se viveu.
E as dores apenas aumentavam e nada delas passarem. Seus olhos embaçados já estavam desistindo, e pouco a pouco seu corpo ia desistindo de lutar contra o veneno. Sentia seus membros formigando, depois de tantos espasmos musculares. Sentia seus olhos se fechando. Nem mesmo o esforço pra respirar ele estava querendo fazer. Depois de tanta dor, o que ele mais queria naquele momento era descansar.
No fundo Lucca estava tranquilo. Eliza Vogl havia corrido para o Monumento. Lá sem dúvida existiriam policiais, e eles a protegeriam. Suas únicas lembranças eram desses momentos curtos que havia tido com a menina. Momentos tão curtos que, assim como o amor, são atemporais.
Não precisamos de uma vida inteira para amar alguém. O amor pode acontecer assim, de uma maneira rápida e forte, e persistir pelo resto de uma vida. Não havia muito tempo que Lucca havia conhecido a pequena Vogl, mas era o tempo suficiente para que ele aprendesse o que era amor.
Quando fechou seus olhos, depois das memórias recentes da Eliza, veio uma outra memória, perdida, de uma mulher. Japonesa, sorridente, olhos puxados, pele branca, sorriso lindo. O cheiro dela, o corpo dela junto do dele, a troca de saliva, transpiração, respiração. Essa japonesa sem nome, que ele sempre via, e nunca soube quem era nos seus sonhos. Mas sentia saudades dela. Ela era alguém especial que havia tido a coragem de dividir a vida com ele.
Se ele apenas vivesse mais um pouco pra descobrir quem ela era...
Mas agora era tarde.
A vida de Lucca estava se esvaindo.
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“Elizaaaaaa!”, gritava Schwartzman, “Come here to papa!”.
Schwartzman sorria igual nunca antes havia sorrido. Enfim, depois do fracasso de Ravena e Sara, enfim ele teria sua importância reconhecida. Com uma psíquica e mediúnica, ele sempre ficava em terceiro lugar no quesito de manipular as pessoas. Era apenas alguém que “dopava” as pessoas. Mas no final, era o único que não havia sido pego, ou derrotado. Era o campeão. E isso havia enfim provado que todos os anos estudando levou ele pra um patamar que nenhum outro paranormal o conseguiria superar.
Já Eliza, vendo Schwartzman cada vez mais se aproximando do Monumento, onde ela estava, estava pálida como a neve, assustada.
“Você conhece esse cara, menina?”, disse o funcionário da bilheteria do Monumento.
Eliza simplesmente não respondia. Seus olhos estavam arregalados e ela estava pasma, como se fosse uma presa na frente do predador. Completamente em estado de choque. E o jeito que Schwartzman vinha em sua direção era igualmente bizarro para o bilheteiro também.
Mas ele era o adulto da situação. Ele devia fazer algo. Aquela menina não havia esboçado nada, e pelo olhar de pânico dela olhando Schwartzman, sem dúvida ele não era seu “papai” como ele havia dito antes.
“Menina, passa aí, entra logo, que eu vou conversar com esse cara estranho”, disse o bilheteiro.
E Eliza, mesmo tremendo dos pés a cabeça se segurou no corrimão e subiu a escada mais difícil da vida dela. E escada em caracol dentro do Monumento. Ela mal subiu três degraus e Schwartzman já estava na porta.
“Ei cara, essa menina acho que não te conhece”, disse o bilheteiro, impedindo a entrada de Schwartzman, “Se você não ficar na tua eu vou chamar a polícia”.
Schwartzman pegou suas facas de combate e desceu um golpe no bilheteiro. Precisão cirúrgica. Cortou a barriga dele, e o chão ficou tingido de sangue, enquanto ele caía no chão com seu intestino saindo pra fora do corpo, gritando de dor.
“Essa menininha foi muito peralta, e o chefinho quer que ela morra”, disse Schwartzman, “Vem cá Eliza, fofinha. Não vai doer nada”.
A pobre Eliza Vogl não sabia o que fazer. Pessoas gritavam na rua, e ela viu o corpo de Lucca longe, o corpo sem movimento. Agora ela não tinha opção. Lucca deu sua vida pra salvar a dela. Ela tinha que fazer jus e sobreviver à ameaça de Schwartzman!
Era tudo ou nada.
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