Doppelgänger - #118 - O tiro no coração.
Ar havia fugido. Al estava sem balas, os dois tiros que foram contra Ar haviam errado o alvo. Agora era tarde. Ele havia entrado na Bolsa de Valores de Londres. A qualquer momento ele iria colocar seu plano em ação. Sua insurreição estava pronta pra iniciar a qualquer momento.
Al olhava pra onde Ar havia corrido. Seu rosto mostrava uma expressão séria e compenetrada. Estava tão focado em sua missão que sequer viu quando atrás dele apareceram Neige e Eliza Vogl.
“Al! Pelo amor de deus, quem atirou na Victoire?”, disse Neige, assustado, se ajoelhando perto de Victoire.
“E-ela está m-morta?!”, disse Eliza Vogl, aterrorizada.
Al nem mesmo se virou para a direção dos dois. Ainda de costas pra eles ele respondeu, seriamente:
“Fui eu quem disparou. E não sejam tolos. Ela não está morta”, disse Al.
Mas Victoire bem que gostaria de estar morta.
O tiro havia acertado pouco abaixo do ombro esquerdo dela, estava alojada no braço, e o sangue jorrava tingindo o chão todo de vermelho. Ela sequer piscava. Olhava pra cima como se estivesse esperando a morte chegar. Mas a morte não chegaria pra ela depois de ser baleada no braço.
Mas acima de tudo ela estava em choque. O homem que ela mais amava havia dado um tiro nela. Homem esse que nunca conseguiu nutrir esse mesmo sentimento por ela.
Todos estavam mudos, e perceberam que Victoire, mesmo naquele estado de choque, estava tecnicamente bem. Eliza Vogl estava um pouco mais tranquila em saber que o tiro não havia matado ela, mas estendida no chão do jeito que estava Victoire parecia uma morta, inerte, sem reação alguma. Por outro lado Neige estava com ela nos braços, e ficava chamando por ela, enquanto a cabeça da francesa pendia e ela olhava pro nada, em choque, paralisada.
Diversas coisas passaram na cabeça de Victoire nesse momento.
Ela se lembrava do sonho que ela queria que se tornasse realidade. Que Al enfim a salvasse, viesse como um mocinho de um filme que viria salvá-la das garras do vilão. Porém os filmes são grandes mentiras que as pessoas assistem para trazer a fantasia que não existem em suas duras vidas regadas de realidade.
Al não estava lá para salvar ninguém. Al sequer nutria um único sentimento por ela, e isso fazia Victoire se render a um sentimento que, embora tenha sim uma aspiração no amor, era completamente submisso. Aquilo não era uma ficção. Não haveria um final feliz pra ela. Aquilo era a vida real, e na vida real as pessoas não estão dispostas a amar. Tudo faz parte de um jogo, onde o sortudo que conseguir que a outra pessoa já esteja apaixonada por ela ou ele irá ganhar. As pessoas não estão dispostas nos tempos atuais a serem conquistadas, a darem uma chance ao outro. Apenas querem viver suas fantasias com quem elegeram para tal, e ninguém mais que isso. Pessoas nos tempos atuais são seres mesquinhos que só querem amar quem eles mesmos querem. Nenhuma outra pessoa tem a menor chance se não for a que as pessoas idealizaram. Mulheres e homens que acreditam que algo como amor pode mudar as pessoas.
Mas o amor nunca mudará. Pois ele sequer existe no mundo de hoje.
Isso então é estar morta? O Al me matou. Isso foi tão bom. Não conseguiria viver num mundo onde o Al não está. Eu quero ser essa princesa, que mesmo que não consiga realizar o que quer, morre e é eternizada pra sempre por ter oferecido a vida para quem mais ama. Não quero mais saber dessa vida. Eu quero morrer. E parece que enfim eu consegui isso. E quer saber? Estou muito feliz. Muito mesmo. Morri nos braços da pessoa que eu mais amo, pensou Victoire.
Al, em pé, ainda de costas, viu que haviam se passado alguns minutos, e Neige estava com Victoire nos braços estendida no chão chamando por ela e ela não queria se levantar. Al disse apenas uma coisa, em alto e bom tom:
“Chega disso, Victoire. Levanta logo daí!”, disse Al, em pé, de costas para Victoire, virando apenas o rosto.
Victoire voltou do seu transe como que atingida por um raio que a trazia de volta à realidade. E como que uma pessoa que se afoga e volta depois de uma ressuscitação, ela sentou-se, puxando o ar como quem havia acabado de se afogar.
“Victoire! Por deus! Você está bem?!”, disse Neige, abraçando-a com lágrimas nos olhos.
Hã? O que aconteceu? Porque o Neige tá me abraçando desse jeito? Ele... Ele está chorando. Não tô entendendo... Era pra ser o Al, e não o Neige. Porque ele está chorando? Ele se preocupa comigo?, pensou Victoire.
Mas Neige não era o Al. E isso causava um nojo em Victoire. Ela mal se recompôs e deu um leve empurrão em Neige. E ao se virar viu Al, se costas pra ela, conversando com Natalya Briegel.
“O perímetro inteiro está fechado pra vocês. Al, não tenho como usar minha influência mais que isso. Você tem que entrar lá, carregar o rosebud que está com a menina no VOID e acabar com isso de uma vez por todas”, disse Briegel.
“Entendido”, disse Al, sério, “Então essa é a sucessora da Saunders? Eliza Vogl?”.
A pequena Eliza Vogl assentiu com a cabeça. Ela estava enfim de frente pro tal Al que todos falavam. Ele era bem mais alto e frio do que ela pensava. Não tinha absolutamente nada de parecido com Lucca.
“Fica tranquila, Eliza”, disse Neige para acalmá-la, “Ele parece durão mas é uma boa pessoa”.
“Mas ele... Atirou nela”, disse Vogl, apontando pra Victoire, que estava pressionando o ferimento no seu braço, sentada no chão.
“Ei, até parece! O Al tem uma mira excelente. Ele nunca atiraria na Victoire pra mata-la! Fica tranquila!”, disse Neige.
Victoire, nessa hora, olhou pra Neige. E depois ela olhou pra Al.
Nessas horas a gente vê como um coração apaixonado é capaz de distorcer as coisas. Mesmo depois de Victoire ter levado um tiro do próprio Al, da pessoa que ela mais amava, ainda era capaz de achar que aquilo tiro havia algum sentimento, alguma demonstração de afeto, por não ter sido um tiro no seu coração.
Mas a realidade é dura. E no mundo real, amor não existe.
“Não...”, disse Al, enfim se virando pra Victoire, Neige e Eliza Vogl, depois de ouvir o comentário de Neige, “...Eu errei o tiro”.
Nesse momento o mundo de Victoire havia desabado. E seu coração estava em frangalhos.
Al olhava pra onde Ar havia corrido. Seu rosto mostrava uma expressão séria e compenetrada. Estava tão focado em sua missão que sequer viu quando atrás dele apareceram Neige e Eliza Vogl.
“Al! Pelo amor de deus, quem atirou na Victoire?”, disse Neige, assustado, se ajoelhando perto de Victoire.
“E-ela está m-morta?!”, disse Eliza Vogl, aterrorizada.
Al nem mesmo se virou para a direção dos dois. Ainda de costas pra eles ele respondeu, seriamente:
“Fui eu quem disparou. E não sejam tolos. Ela não está morta”, disse Al.
Mas Victoire bem que gostaria de estar morta.
O tiro havia acertado pouco abaixo do ombro esquerdo dela, estava alojada no braço, e o sangue jorrava tingindo o chão todo de vermelho. Ela sequer piscava. Olhava pra cima como se estivesse esperando a morte chegar. Mas a morte não chegaria pra ela depois de ser baleada no braço.
Mas acima de tudo ela estava em choque. O homem que ela mais amava havia dado um tiro nela. Homem esse que nunca conseguiu nutrir esse mesmo sentimento por ela.
Todos estavam mudos, e perceberam que Victoire, mesmo naquele estado de choque, estava tecnicamente bem. Eliza Vogl estava um pouco mais tranquila em saber que o tiro não havia matado ela, mas estendida no chão do jeito que estava Victoire parecia uma morta, inerte, sem reação alguma. Por outro lado Neige estava com ela nos braços, e ficava chamando por ela, enquanto a cabeça da francesa pendia e ela olhava pro nada, em choque, paralisada.
Diversas coisas passaram na cabeça de Victoire nesse momento.
Ela se lembrava do sonho que ela queria que se tornasse realidade. Que Al enfim a salvasse, viesse como um mocinho de um filme que viria salvá-la das garras do vilão. Porém os filmes são grandes mentiras que as pessoas assistem para trazer a fantasia que não existem em suas duras vidas regadas de realidade.
Al não estava lá para salvar ninguém. Al sequer nutria um único sentimento por ela, e isso fazia Victoire se render a um sentimento que, embora tenha sim uma aspiração no amor, era completamente submisso. Aquilo não era uma ficção. Não haveria um final feliz pra ela. Aquilo era a vida real, e na vida real as pessoas não estão dispostas a amar. Tudo faz parte de um jogo, onde o sortudo que conseguir que a outra pessoa já esteja apaixonada por ela ou ele irá ganhar. As pessoas não estão dispostas nos tempos atuais a serem conquistadas, a darem uma chance ao outro. Apenas querem viver suas fantasias com quem elegeram para tal, e ninguém mais que isso. Pessoas nos tempos atuais são seres mesquinhos que só querem amar quem eles mesmos querem. Nenhuma outra pessoa tem a menor chance se não for a que as pessoas idealizaram. Mulheres e homens que acreditam que algo como amor pode mudar as pessoas.
Mas o amor nunca mudará. Pois ele sequer existe no mundo de hoje.
Isso então é estar morta? O Al me matou. Isso foi tão bom. Não conseguiria viver num mundo onde o Al não está. Eu quero ser essa princesa, que mesmo que não consiga realizar o que quer, morre e é eternizada pra sempre por ter oferecido a vida para quem mais ama. Não quero mais saber dessa vida. Eu quero morrer. E parece que enfim eu consegui isso. E quer saber? Estou muito feliz. Muito mesmo. Morri nos braços da pessoa que eu mais amo, pensou Victoire.
Al, em pé, ainda de costas, viu que haviam se passado alguns minutos, e Neige estava com Victoire nos braços estendida no chão chamando por ela e ela não queria se levantar. Al disse apenas uma coisa, em alto e bom tom:
“Chega disso, Victoire. Levanta logo daí!”, disse Al, em pé, de costas para Victoire, virando apenas o rosto.
Victoire voltou do seu transe como que atingida por um raio que a trazia de volta à realidade. E como que uma pessoa que se afoga e volta depois de uma ressuscitação, ela sentou-se, puxando o ar como quem havia acabado de se afogar.
“Victoire! Por deus! Você está bem?!”, disse Neige, abraçando-a com lágrimas nos olhos.
Hã? O que aconteceu? Porque o Neige tá me abraçando desse jeito? Ele... Ele está chorando. Não tô entendendo... Era pra ser o Al, e não o Neige. Porque ele está chorando? Ele se preocupa comigo?, pensou Victoire.
Mas Neige não era o Al. E isso causava um nojo em Victoire. Ela mal se recompôs e deu um leve empurrão em Neige. E ao se virar viu Al, se costas pra ela, conversando com Natalya Briegel.
“O perímetro inteiro está fechado pra vocês. Al, não tenho como usar minha influência mais que isso. Você tem que entrar lá, carregar o rosebud que está com a menina no VOID e acabar com isso de uma vez por todas”, disse Briegel.
“Entendido”, disse Al, sério, “Então essa é a sucessora da Saunders? Eliza Vogl?”.
A pequena Eliza Vogl assentiu com a cabeça. Ela estava enfim de frente pro tal Al que todos falavam. Ele era bem mais alto e frio do que ela pensava. Não tinha absolutamente nada de parecido com Lucca.
“Fica tranquila, Eliza”, disse Neige para acalmá-la, “Ele parece durão mas é uma boa pessoa”.
“Mas ele... Atirou nela”, disse Vogl, apontando pra Victoire, que estava pressionando o ferimento no seu braço, sentada no chão.
“Ei, até parece! O Al tem uma mira excelente. Ele nunca atiraria na Victoire pra mata-la! Fica tranquila!”, disse Neige.
Victoire, nessa hora, olhou pra Neige. E depois ela olhou pra Al.
Nessas horas a gente vê como um coração apaixonado é capaz de distorcer as coisas. Mesmo depois de Victoire ter levado um tiro do próprio Al, da pessoa que ela mais amava, ainda era capaz de achar que aquilo tiro havia algum sentimento, alguma demonstração de afeto, por não ter sido um tiro no seu coração.
Mas a realidade é dura. E no mundo real, amor não existe.
“Não...”, disse Al, enfim se virando pra Victoire, Neige e Eliza Vogl, depois de ouvir o comentário de Neige, “...Eu errei o tiro”.
Nesse momento o mundo de Victoire havia desabado. E seu coração estava em frangalhos.
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