Doppelgänger - #125 - Stronghold Showdown
Al estava seguindo o doppelgänger de Arch de perto. Com passos silenciosos Al permanecia a pelo menos três metros atrás dele, observando cada um dos seus passos. Ele viu o suposto Arch subindo a escada, indo pro segundo andar. Tudo estava muito escuro, e cada vez mais estava difícil de distinguir seu alvo no meio daquela escuridão.
Esse cheiro... É o cheirinho do meu irmão mais velho..., disse Al, puxando sua memória olfativa.
Al se lembrou da época que descobriu o que fazia o perfume do seu irmão tão único. Ele não se lembrava obviamente da marca, mas o cheiro de alguém quando se impregna na nossa memória dificilmente nós esquecemos. Foi um dia, enquanto ele andava em Bond Street, no centro de Londres, que ao passar no local onde se localiza hoje o Madame Tussaunds (antigo planetário londrino) sentiu um perfume parecidíssimo com aquele que seu irmão usava.
Nesse mesmo instante Al se virou e foi atrás da pessoa, e meio descaradamente perguntou pra esse transeunte qual era o perfume. A pessoa falou a marca e depois Al foi a um especialista em perfumes saber quais eram as notas olfativas daquela mistura.
Sândalo e lavanda... É o cheiro do Arch. Está equilibrado, não parece aquele cheiro forte que eu senti quando estava na prisão. Meu irmão verdadeiro sabe exatamente o perfume que usa, pensou Al.
Ele foi subindo as escadas, quase que farejando o cheiro. Mas quando chegou no andar não havia ninguém.
Al se encostou na parede e virou o rosto, buscando. Nada. Passo a passo foi avançando com todo o cuidado. O cheiro ainda estava presente no ar, provavelmente o suposto Arch tinha passado por ali, não havia muito tempo. Al foi avançando, cruzando as várias portas fechadas. Nada. Alcançou um primeiro corredor, deu uma olhada. Estava totalmente escuro. Continuou a caminhar.
“Al, irmãozinho, é você?”, disse uma voz atrás de Al.
Quando Al se virou, seu coração quase que parou. Não era possível aquilo. Era muito similar. O olhar, a seriedade, o cheiro... Obviamente Arch estava bem mais velho do que sua última lembrança, no final da década de oitenta. Pelas suas contas Arch estava beirando os cinquenta anos, e a idade o havia deixado ainda mais imponente do que era antes. Seu cabelo estava totalmente branco, tinha rugas, e a sua inconfundível barba abaixo do queixo estava igualmente grisalha. Além de tudo o olho esquerdo dele era um globo branco. Arch havia perdido ele nas sessões de tortura antes de ter sido morto.
Al ficou em choque, congelado. Era seu irmão. Vivo!
Sua mente estava entrando em parafuso. Acreditava que ele estivesse morto esses anos todos, e agora estava de frente com ele. Não sabia se aquilo era um fantasma, se poderia abraça-lo, se poderia tocar nesse que o criou e o amou como nenhum outro antes. Queria voltar a ser criança, ter os tempos com seu irmão que tanto admirou e o inspirou de volta. As tardes brincando com ele, as longas conversas, o treinamento, os conselhos, tudo. Todos aqueles poucos segundos que o havia visto parecia que o enchia de esperança que até seus olhos ficavam cheios de lágrimas.
“Mano...!”, disse Al, sorrindo.
Al deu um sorriso como nunca antes dera depois desses mais de vinte anos. Seu coração irradiava felicidade, tanta felicidade em ver seu irmão que ele não conseguia dizer nada. Mesmo com os olhos cheios de lágrimas, e enxergando embaçado seu irmão, ele sequer piscava pra não perder um único segundo daquilo. Era ele!
Arch também, estava mudo. Também não acreditava que estava vendo seu irmãozinho na sua frente. O irmão que ele amou tanto, o irmão que foi como um filho pra ele, alguém que ele ajudou a criar, educar, e o ensinou tanto sobre a vida.
“Arch, vamos logo!”, disse uma voz ao fundo.
Isso tirou um pouco Al do seu “transe” em ver seu irmão mais velho. Quando olhou por cima do ombro do seu irmão viu um homem negro no fundo trajando um lança-chamas e uma mulher de longos cabelos negros ao lado dele. Eles pareciam aguardar Arch, que virou seu rosto em direção deles e assentiu com a cabeça.
“Meu irmãozinho, como você cresceu”, disse Arch, segurando Al pelos ombros, “Eu tenho que terminar uma coisa agora ali, não chegue perto de hipótese alguma. Por favor, cuide-se. Foi muito bom te rever, Al”.
E Arch deu um rápido abraço em Al e se virou, indo em direção do homem negro e da mulher de cabelos escuros, entrando numa das salas daquele imenso corredor.
As pernas de Al não respondiam mais, tamanha emoção. Simplesmente caiu de joelhos e começou a chorar. Aquilo estava dilacerando seu coração. Sentia uma dor tremenda, uma vontade de chorar incontrolável, uma impotência e o sentimento de tristeza de ver seu irmão virando as costas pra ele e novamente o deixando.
Queria gritar. Queria gritar pra que ele ficasse, que ele entendesse o quanto fazia falta pra ele. Mas soluçava tanto que mal tinha ar para fazê-lo. Queria gritar dizendo o quanto o queria do seu lado, nem que fosse por esse pouco tempo de vida que restava a ele. Mas não. Al estava tão emocionado com aquele encontro que nada podia fazer a não ser soluçar de joelhos no chão vendo seu irmão partir.
Acima de tudo sentia um arrependimento. Quando seu irmão o abraçou ele estava tão em choque que nem mesmo o agarrou. Sua vontade era o prender no abraço que ele tanto quis nesses anos todos e nunca soltá-lo. Era como se naqueles poucos minutos ele fosse completo de novo. Como se tudo o que aconteceu nesses anos todos, toda a humilhação e coisas horríveis que ouvira sobre seu irmão que tanto amou fossem de súbito... Esquecidas. Tudo era aquele abraço. Como se um pedaço do corpo dele que ele tinha perdido há mais de duas décadas estava de volta. E durante aqueles poucos segundos ele era uma pessoa completa novamente.
Durou alguns minutos esse seu choro. Mas pareciam décadas. Seu coração estava começando a acalmar.
Mano... Eu vou lutar. Pode deixar, pensou Al, se erguendo.
Ele tinha que voltar logo pra levar Eliza Vogl pra parar o VOID. Começou a correr em frente. E quanto mais se aproximava da porta onde o seu irmão havia entrado, vira do corredor que a luz estava acesa.
Mano? Ele está ali?, pensou Al.
Mais passos rápidos em frente e ouviu uma conversa. Era meio difícil de entender, mas ficava mais claro quanto mais se aproximava. O tom era alto.
“Você não estava morto? O que veio fazer comigo?”, gritou a voz. Não era Arch.
“Eu vim fazer o que eu devia ter feito há anos atrás, seu idiota”, disse Arch.
Nesse momento Al passou correndo em frente da sala, indo em direção da sala onde estava Neige e Eliza Vogl. Durou apenas alguns poucos segundos, mas parecia estar em câmera lenta. Todos os detalhes pareciam transcorrer nítidos. Nítidos até demais.
O que Al viu de relance foi Arch ao lado de um homem negro forte e alto, e a mulher magra branca de cabelos pretos na frente de uma quarta pessoa. Essa pessoa era grisalha e bem velha, vestia uma roupa estranha, que parecia uma armadura futurista escura, colada no corpo. Um exo-esqueleto.
Era Dietrich. O homem que havia feito diversas coisas, como manipular o Al, roubar a Dawn os Souls anos trás e agora estava trabalhando como braço direito de Ar.
Al continuou a correr e alguns passos adiante ouviu um estrondo. Era o lança chamas ativado. Dava pra se ouvir o grito de desespero de longe.
Era a voz de Dietrich. Estava sendo queimado vivo.
Esse cheiro... É o cheirinho do meu irmão mais velho..., disse Al, puxando sua memória olfativa.
Al se lembrou da época que descobriu o que fazia o perfume do seu irmão tão único. Ele não se lembrava obviamente da marca, mas o cheiro de alguém quando se impregna na nossa memória dificilmente nós esquecemos. Foi um dia, enquanto ele andava em Bond Street, no centro de Londres, que ao passar no local onde se localiza hoje o Madame Tussaunds (antigo planetário londrino) sentiu um perfume parecidíssimo com aquele que seu irmão usava.
Nesse mesmo instante Al se virou e foi atrás da pessoa, e meio descaradamente perguntou pra esse transeunte qual era o perfume. A pessoa falou a marca e depois Al foi a um especialista em perfumes saber quais eram as notas olfativas daquela mistura.
Sândalo e lavanda... É o cheiro do Arch. Está equilibrado, não parece aquele cheiro forte que eu senti quando estava na prisão. Meu irmão verdadeiro sabe exatamente o perfume que usa, pensou Al.
Ele foi subindo as escadas, quase que farejando o cheiro. Mas quando chegou no andar não havia ninguém.
Al se encostou na parede e virou o rosto, buscando. Nada. Passo a passo foi avançando com todo o cuidado. O cheiro ainda estava presente no ar, provavelmente o suposto Arch tinha passado por ali, não havia muito tempo. Al foi avançando, cruzando as várias portas fechadas. Nada. Alcançou um primeiro corredor, deu uma olhada. Estava totalmente escuro. Continuou a caminhar.
“Al, irmãozinho, é você?”, disse uma voz atrás de Al.
Quando Al se virou, seu coração quase que parou. Não era possível aquilo. Era muito similar. O olhar, a seriedade, o cheiro... Obviamente Arch estava bem mais velho do que sua última lembrança, no final da década de oitenta. Pelas suas contas Arch estava beirando os cinquenta anos, e a idade o havia deixado ainda mais imponente do que era antes. Seu cabelo estava totalmente branco, tinha rugas, e a sua inconfundível barba abaixo do queixo estava igualmente grisalha. Além de tudo o olho esquerdo dele era um globo branco. Arch havia perdido ele nas sessões de tortura antes de ter sido morto.
Al ficou em choque, congelado. Era seu irmão. Vivo!
Sua mente estava entrando em parafuso. Acreditava que ele estivesse morto esses anos todos, e agora estava de frente com ele. Não sabia se aquilo era um fantasma, se poderia abraça-lo, se poderia tocar nesse que o criou e o amou como nenhum outro antes. Queria voltar a ser criança, ter os tempos com seu irmão que tanto admirou e o inspirou de volta. As tardes brincando com ele, as longas conversas, o treinamento, os conselhos, tudo. Todos aqueles poucos segundos que o havia visto parecia que o enchia de esperança que até seus olhos ficavam cheios de lágrimas.
“Mano...!”, disse Al, sorrindo.
Al deu um sorriso como nunca antes dera depois desses mais de vinte anos. Seu coração irradiava felicidade, tanta felicidade em ver seu irmão que ele não conseguia dizer nada. Mesmo com os olhos cheios de lágrimas, e enxergando embaçado seu irmão, ele sequer piscava pra não perder um único segundo daquilo. Era ele!
Arch também, estava mudo. Também não acreditava que estava vendo seu irmãozinho na sua frente. O irmão que ele amou tanto, o irmão que foi como um filho pra ele, alguém que ele ajudou a criar, educar, e o ensinou tanto sobre a vida.
“Arch, vamos logo!”, disse uma voz ao fundo.
Isso tirou um pouco Al do seu “transe” em ver seu irmão mais velho. Quando olhou por cima do ombro do seu irmão viu um homem negro no fundo trajando um lança-chamas e uma mulher de longos cabelos negros ao lado dele. Eles pareciam aguardar Arch, que virou seu rosto em direção deles e assentiu com a cabeça.
“Meu irmãozinho, como você cresceu”, disse Arch, segurando Al pelos ombros, “Eu tenho que terminar uma coisa agora ali, não chegue perto de hipótese alguma. Por favor, cuide-se. Foi muito bom te rever, Al”.
E Arch deu um rápido abraço em Al e se virou, indo em direção do homem negro e da mulher de cabelos escuros, entrando numa das salas daquele imenso corredor.
As pernas de Al não respondiam mais, tamanha emoção. Simplesmente caiu de joelhos e começou a chorar. Aquilo estava dilacerando seu coração. Sentia uma dor tremenda, uma vontade de chorar incontrolável, uma impotência e o sentimento de tristeza de ver seu irmão virando as costas pra ele e novamente o deixando.
Queria gritar. Queria gritar pra que ele ficasse, que ele entendesse o quanto fazia falta pra ele. Mas soluçava tanto que mal tinha ar para fazê-lo. Queria gritar dizendo o quanto o queria do seu lado, nem que fosse por esse pouco tempo de vida que restava a ele. Mas não. Al estava tão emocionado com aquele encontro que nada podia fazer a não ser soluçar de joelhos no chão vendo seu irmão partir.
Acima de tudo sentia um arrependimento. Quando seu irmão o abraçou ele estava tão em choque que nem mesmo o agarrou. Sua vontade era o prender no abraço que ele tanto quis nesses anos todos e nunca soltá-lo. Era como se naqueles poucos minutos ele fosse completo de novo. Como se tudo o que aconteceu nesses anos todos, toda a humilhação e coisas horríveis que ouvira sobre seu irmão que tanto amou fossem de súbito... Esquecidas. Tudo era aquele abraço. Como se um pedaço do corpo dele que ele tinha perdido há mais de duas décadas estava de volta. E durante aqueles poucos segundos ele era uma pessoa completa novamente.
Durou alguns minutos esse seu choro. Mas pareciam décadas. Seu coração estava começando a acalmar.
Mano... Eu vou lutar. Pode deixar, pensou Al, se erguendo.
Ele tinha que voltar logo pra levar Eliza Vogl pra parar o VOID. Começou a correr em frente. E quanto mais se aproximava da porta onde o seu irmão havia entrado, vira do corredor que a luz estava acesa.
Mano? Ele está ali?, pensou Al.
Mais passos rápidos em frente e ouviu uma conversa. Era meio difícil de entender, mas ficava mais claro quanto mais se aproximava. O tom era alto.
“Você não estava morto? O que veio fazer comigo?”, gritou a voz. Não era Arch.
“Eu vim fazer o que eu devia ter feito há anos atrás, seu idiota”, disse Arch.
Nesse momento Al passou correndo em frente da sala, indo em direção da sala onde estava Neige e Eliza Vogl. Durou apenas alguns poucos segundos, mas parecia estar em câmera lenta. Todos os detalhes pareciam transcorrer nítidos. Nítidos até demais.
O que Al viu de relance foi Arch ao lado de um homem negro forte e alto, e a mulher magra branca de cabelos pretos na frente de uma quarta pessoa. Essa pessoa era grisalha e bem velha, vestia uma roupa estranha, que parecia uma armadura futurista escura, colada no corpo. Um exo-esqueleto.
Era Dietrich. O homem que havia feito diversas coisas, como manipular o Al, roubar a Dawn os Souls anos trás e agora estava trabalhando como braço direito de Ar.
Al continuou a correr e alguns passos adiante ouviu um estrondo. Era o lança chamas ativado. Dava pra se ouvir o grito de desespero de longe.
Era a voz de Dietrich. Estava sendo queimado vivo.
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