Doppelgänger - #129 - Obrigado, Al.

Era ninguém menos que o Ar no celular. Al estava atônico.

“Ar? Do que você tá falando?”, perguntou Al.

“Você não apenas achou o Rosebud pra mim, como também o trouxe e até mesmo o ativou! Você fez um favor imenso pra mim mesmo”, disse Ar.

“O que quer dizer com isso?”.

“Queria que também me perdoasse por ter te envolvido nessa coisa toda. Ter sido obrigado a ter tirar de não sei onde você estava vivendo, exilado, com a desculpa de vir parar minha Insurreição. Mas no final das contas, você se provou mais útil do que eu poderia imaginar!”, disse Ar.

Al ficou mudo.

“Sim, sim! Provavelmente você nesse momento deve estar pensando que o Rosebud seria algo para me parar, mas aí eu acabo ligando pro seu celular que você achava que era seguro, que ninguém mais sabia, e nesse momento você deve estar pensando que havia um traidor entre vocês”, disse Ar.

“Um traidor? Alguém me traiu?”, perguntou Al.

“Cara, pior que eu tentei. Mas Victoire, Agatha, Neige e Natalya Briegel eram incorruptíveis! Você realmente tem um time de ouro com você. O Lucca ficou com as dúvidas dele, mas ele na verdade não pendia nem tanto do meu lado, nem tanto do seu. Mas no final das contas ele confiou a pirralha aí do seu lado com o Rosebud a você, e não a mim. Mas não pelo Rosebud, ou pela capacidade dele me parar. Mas porque alguém colocou na cabeça dele que eu iria matar a menina. Pelo amor de deus, Al! O que a vida de uma menina que mal tem dez anos seria útil pra mim? Eu não sou o vilão dessa estória. Eu só queria o Rosebud ativado! Eu iria devolver ela sem mexer um único fio de cabelo dela”, disse Ar.

Al continuou em silêncio, apenas ouvindo Ar:

“Você estava nas minhas mãos o tempo todo, Al. Tudo, tudo, tudo foi planejado por mim. Foi muito estranho terem achado você depois de tantos anos no aeroporto de Charles De Gaulle no último dia nove de outubro e terem pedido sua ajuda pra virem atrás de mim, não? Talvez depois de tantos anos você não negaria um pedido, e provavelmente nem mesmo suspeitou de nada de início. Mas aí você veio pra Europa, pra Londres, e aqui nos encontramos, depois de tanto tempo”.

“Um encontro de bosta”, disse Al.

“Isso mesmo, meu irmão! De fato eu sempre estava a um passo na frente de todos vocês. E de fato, eu conseguiria ficar um passo na frente de pessoas naturalmente, mas eu estava muito ocupado com os planos da minha insurreição. Por isso, eu deixei tudo nas mãos do VOID. Eu sempre dava um jeito de ficar próximo de vocês, de fingir que estava mordendo uma isca, mas todas as pistas, todas as evidências por menores que fossem, foram todas colocadas estrategicamente pra tentarem fazer vocês pensarem que estavam se aproximando de mim. Mas tudo foi planejado, meu amado irmão”, disse Ar.

“Você nos manipulou esse tempo todo?”, disse Al.

“Exato! Puxa, pensei que iria demorar mais pra sua ficha cair! Eu gostaria de te pedir pra sentar pra ouvir, mas acho que você tá muito tenso até mesmo pra sentar. É normal nossa mente ficar desacreditada depois de uma ideia ficar tão fixada na nossa cabeça. Eu te entendo perfeitamente”, disse Ar.

“Fala logo!!”, gritou Al.

“Calma aí, bonitão! Bom, como você sabe, estou com meus planos de Insurreição faz tempo. E agora que eu consegui completar não faria diferença alguma te contar, afinal nada pode ser desfeito. E eu gostaria muito de não ter precisado da sua ajuda, desde que você se exilou em algum país no fim do mundo, todo depressivo depois de perder seu irmão mais velho e sua amada esposa. Depois de ter sido tantos anos usado como uma ferramenta do governo. Pois bem...”.

Al apenas ouvia.

“...Por mais que eu precisasse de meios pra causar um caos econômico mundial e eu tivesse bancos e diversas instituições financeiras eu precisava de algo que agilizasse esse processo. E embora eu tivesse o VOID, e ele sempre apagava qualquer rastro meu, era impossível não ser conhecido em alguns círculos. E os Insiders, como a Sheryl Saunders, me conheciam. E sabiam dos meus planos também. Mas ao mesmo tempo, pro meu azar, descobri depois que eram os Insiders que tinham o Rosebud também”, disse Ar.

“Você então me manipulou para que fôssemos atrás dos Insiders e pegássemos o Rosebud?”, perguntou Al.

“Bingo! Mas aquele maníaco do Schwartzman, vestido de turista, acabou cagando tudo quando matou a Saunders sem minha autorização. Acho que ele pensou que ela andaria com o Rosebud por aí, mas depois que o Lucca saiu da cena do crime nós investigamos o corpo, mas não havia nada. Por um momento pensei que eu tinha perdido o jogo! Fiquei furioso com o Schwartzman. Quase tudo foi pelo ralo. Não sei porque diabos ele fez isso, aquele judeu burro”.

“E então vocês confiaram que o Lucca iria descobrir os segredos da Saunders, e deixou que ele agisse sozinho, indo atrás das informações”, perguntou Al.

“Isso mesmo. E ele ainda fez melhor. Descobriu que havia uma pessoa que guardava tudo o que Saunders tinha de informações. Uma linda menininha, um gênio na verdade, com mais estudo do que todos nós. Mas que não passa de uma menininha... Eliza Vogl. A que está do seu lado. E como a dama da sorte estava do meu lado, embora Saunders soubesse exatamente o que o Rosebud fazia, provavelmente sabe-se lá o motivo não contou pra Eliza o que o Rosebud fazia. Coisas da vida, sabe? Se isso fosse um filme, seria muito estranho. Mas isso é a vida real, e pessoas cometem erros! E essa é a magia da coisa!!”, brincou Ar.

“Al, me perdoa...”, dizia Vogl, chorando e soluçando. Al passou a mão na cabeça dela confortando-a. Talvez Saunders na verdade queria proteger a garota, por isso não contou nada. E como a morte foi imprevista, nem mesmo teve como contar pra menina a tempo.

Ar prosseguiu:

“Eu só tive que esperar vocês descobrirem tudo. Foram atrás do Insiders, ganharam a confiança deles, e trouxeram Eliza Vogl com o Rosebud pra mim. E você achando que tinha conseguido chegar até aqui por conta dos seus méritos! HAHAHAHA!”, o riso de Ar foi gritante e cheio de deboche, “Meu irmão, você e seus amiguinhos eram os únicos que não sabiam de nada! Pobres idiotas! Essa investigação nunca foi uma investigação! Vocês foram manipulados igual uns patinhos!”, disse Ar, segurando o riso.

“Aonde você tá, seu merda?!”, gritou Al no celular.

O silêncio imperou do outro lado da ligação. Nessa hora todas a luzes da Bolsa de Valores foram ligadas. Tudo estava claro. Era como se um caminho estivesse brilhando na frente deles indicando o destino.

“Eu estou bem aqui, na sua frente, meu irmão. Vem cá pra você ver minha vitória  sobre você”, disse Ar.

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