As diversas emoções das olimpíadas.

Pois é, acabou! Eu estive assistindo o tempo todo as Olimpíadas. Foram duas semanas boas e ao mesmo tempo sofridas. E quando o Brasil passava para as fases seguintes, era mais duro ainda, pois em muitos esportes que achávamos que nos daríamos bem acabamos perdendo. Mas ganhamos muito também! Fico imaginando que isso tudo rolou pois os nossos atletas tinham muita raça e garra mesmo, pois investimento que é bom... Nada. Espero que esse seja o maior legado dessas olimpíadas, e desperte nas grandes empresas e empresários desse país o quão valioso é se investir nessa galera e no esporte.

Queria então fazer um post sobre emoções que eu senti durante as olímpiadas! Como eu disse, eu vi muita coisa. Acho que vale a pena compartilhar.

Superação
O que é o impossível? Tênis de mesa é um daqueles esportes que é meio "dominado" por uma etnia, como atletismo e natação, por exemplo. Nele quem reina mesmo são asiáticos. Mesmo no Brasil, o melhor que o país teve nas Olimpíadas foi um brasileiro de ascendência asiática, o lendário Hugo Hoyama, em Atlanta 96. Mas o carioca Hugo Calderano, um jovem que apenas vinte anos, que nasceu justamente lá em 1996 quando Hugo Hoyama se tornava uma lenda no tênis de mesa, foi um dos que eu mais vibrei.


Era a terceira rodada, e Calderano enfrentou Tang Peng, o número 15 do mundo. Realmente parecia que tinha tudo pra terminar em tristeza pro Brasil, mas ainda assim ele superou e seguiu em frente e incrivelmente derrotou um tenista de mesa que era - em teoria - anos luz de distância dele. Infelizmente Hugo Calderano caiu na próxima rodada pro japonês Jun Mizutani (que ganhou o bronze!), mas ali o impossível havia sido quebrado. Imagina esse moleque nas próximas olimpíadas, cara. Esse tem chão!

Alegria
Eu acho que países que ainda sofrem por serem pobres são aqueles que mostram as maiores alegrias e sinceridades na hora da conquista. Afinal, se já é difícil pra uma Simone Biles ou Michael Phelps que vivem num país bom, imagina pra esses atletas que vivem em países miseráveis. E não teve vitória que mais emocionou do que as meninas da Sérvia contra os Estados Unidos.


Óbvio que eu me emocionava com as conquistas do Brasil, e fiquei triste demais quando o vôlei feminino perdeu pras chinesas (mas também puta-que-o-pariu, aquela gigantona da Zhu Ting não deu um respiro pro Brasil, porra!), mas quando as sérvias ganharam, putz, eu que choro até em campeonato de futebol de botão chorei de alegria igual criancinha, hahaha.

Acho que nessa hora passa um filme de todas as dificuldades, todas as lágrimas por terem batido o país que era impossível de se bater no vôlei, e, enfim, o melhor lugar do mundo era naquele abraço, com toda emoção da vitória. Infelizmente as sérvias não conseguiram bater as chinesas, mas ter chegado numa final olímpica era um feito inédito pra elas. Foi marcante demais! E elas desabando no chão depois da vitória suada de 3x2, nossa, vai ficar na minha memória.

Raiva
Se quiser provocar um mesa-tenista, diga que o esporte que ele joga é "pingue-pongue". Se quiser provocar um jogador de Badminton, diga que o esporte que ele joga é "peteca". O Brasil pela primeira vez estava participando com Badminton, e o mais emblemático era que justamente nosso melhor atleta, Ygor Coelho de Oliveira, era um de tantos que foram revelados em projetos sociais e salvos de uma vida de crimes. E a torcida, bem, a torcida do Brasil é aquela emoção toda até em campeonato de truco. O adversário era o número 68 do mundo, Scott Evans.


A raiva não é tanto pelo irlandês ter eliminado o brasileiro. Mas a torcida jogou tanto com o Ygor, e o moleque merecia tanto, e jogou tão bem no começo que isso provocou muito o irlandês. Quando Evans terminou como vitorioso ele tirou a camisa e começou a xingar a torcida, a provocar, e nossa, muito chato isso. Tudo bem que depois o cara até se desculpou, foi meio no calor do momento, mas precisava disso tudo? O placar e a eliminação já eram certos, não precisava pisar nas pessoas.

Err... Hã?
Não sei bem o que comentar sobre Ryan Lochte. Ok, o cara errou, mentir é muito feio e faz o nariz crescer igual do pinóquio. E embora todo mundo queira crucificar o cara, eu fico pensando que o que o Brasil teve foi muita sorte. Muita sorte que foi uma mentira. O Brasil em si é um país violento, e nas capitais a coisa é infinitamente pior. Seja Rio, São Paulo, Fortaleza, Belém, Porto Alegre, todos lugares são muito perigosos, especialmente pra quem vem de países de primeiro mundo. Turistas são roubados, mortos, estupradas, sequestrados, enfim. Isso é um facto e ninguém argumenta contra.


A questão é: se Ryan Lochte tivesse sido assaltado mesmo, qual seria o discurso? Claro, provavelmente chegariam e dariam aquela desculpa básica que é culpa dos problemas sociais, e tal, mas como tantos outros casos ficariam apenas nas desculpas. É fácil depois que o cara admite que mentiu dizer que nós nos sentimentos com o orgulho ferido e que isso que ele fez manchou nossa "imagem" (como se ela fosse boa no quesito violência urbana...).

Mas o caso de Ryan Lochte é uma mentira no meio de centenas de verdades. Verdades essas que são os infelizes casos de violência que ocorrem a turistas aqui. Foi mancada, foi. Mas se fosse verdade? Será que fariam o de sempre? Apenas desculpas e nenhuma ação eficaz pra proteger os brasileiros e turistas da violência epidêmica do nosso país? Antes de apontar o dedo dizendo que ele mentiu e errou, será que não é bom apontarmos o dedo pra nós mesmos e cobrarmos das autoridades que não haja violência nenhuma pra que nem casos como mentira de Ryan Lochte da vida acontecessem?

Tristeza
Toda eliminação que o Brasil sofria em qualquer esporte era dramática. Já falei das meninas do vôlei. A do futebol também foi tensa, mas infelizmente era o jeito das suecas jogarem, fechar o time atrás e deixar a loteria dos pênaltis decidir (e fiquei feliz quando as alemãs deram uma surra nelas!). Mas não teve eliminação mais doída na minha opinião do que a do handebol feminino. Não era tipo Neymar que tá lá cagando dinheiro e uma medalha a mais ou a menos não fazia diferença na conta bancária.



O handebol feminino foi campeão em 2013, e grande parte das jogadoras daquele título ainda estavam lá. Era certeza de medalha. E elas lutavam muito num país que tem muitos talentos (tanto no masculino quanto no feminino) e quase nenhum apoio ou patrocínio. Mas as holandesas foram muito táticas, e todas as vezes que o Brasil conseguia encostar no placar, as holandesas se distanciavam mais. Foi um jogo muito sofrido que terminou em derrota.

Óbvio que elas mereciam mais, eu chorei horrores, pois na derrota sempre parece que o esforço de anos é jogado no lixo. São anos de treino pra decidir em dois tempos de trinta minutos na quadra. Mas faz parte, apesar da tristeza. Quantas estórias não conhecemos de atuações ruins em olimpíadas que serviram de força pra buscar o ouro na seguinte? Dezenas! A torcida fez sua parte, e pareciam gritar mais ainda pra apoiar a seleção que nas olímpiadas nunca passou das quartas. Foi a derrota mais triste que vi.

Gargalhadas
Normalmente atletas sempre são aquelas pessoas super focadas e sérias, talvez apenas na vitória é que mostrem alguma felicidade, mas não teve como não cair na risada com a nadadora chinesa Fu Yuanhui. Se você dar uma googlada apenas no nome dela vai ver diversas fotos dela fazendo caretas até dizer chega, e justo ela, que veio de um país asiático que como muitos são conhecidos pelo seu jeito sério de ser. Yuanhui é uma porra louca muito engraçada!



Quem não riu quando a repórter chinesa veio dar os parabéns pra ela ter ganhado o bronze e nem mesmo ela sabia, hahaha! A expressão dela é sensacional, depois que ela se aposentar do nado pode virar atriz ou comediante que estarei lá na primeira fila pra assistir! E mulher engraçada então é muito raro e difícil, mas ela não media esforços para isso. Ela é tão descontraída que é impossível não se apaixonar por essa chinesinha louca! Como não amar essas caretas? Ganhou meu coração!

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Enfim, esses são os momentos que mais gostei que talvez não tiveram tanta divulgação como os outros mais famosos. Óbvio que vibrei com a conquista da judoca Rafaela Silva, fiquei abismado com a velocidade (e as mulheres que ele come) do Usain Bolt, a "zika" da Hope Solo, a eliminação da Larissa e Talita (e posterior prata da Ágatha e Bárbara), o Michael Phelps e as marcas por "dormir em cima das medalhas" no corpo, a imbatível Simone Biles, e o nosso mais novo herói nacional Isaquias Queiroz dos Santos.


Mas apesar das vitórias ou derrotas, foi a olimpíada mais legal que já vi. Parabéns a todos! E vídeo do Japão aquecendo pras Olimpíadas? Puxa, colocaram uma fantasia perfeita no Shinzo Abe, ficou muito perfeito de Mario! Parecia mesmo que ele tinha se transformado, de tão perfeita que era a fantasia! E fiquei abismado como o Japão além disso abriram um buraco no centro da terra ligando o Japão e Rio de Janeiro pro primeiro ministro passar AO VIVO. Deu pra ver no vídeo, foi sensacional, só queria saber quanto tempo vão reformar esse buraco no meio do Maracanã que dá no Japão.

Perigo enorme de alguém cair ali, cara.

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