Amber #28 - O ser que expelia veneno
Briegel e Sundermann foram barrados dentro do acampamento de Dela Rosa. Era um acampamento grande, afinal era onde eram feitas as reuniões e as tropas despachadas para as missões. E estava relativamente vazio, com apenas Briegel, Sundermann, Dirlewanger e mais uns cinco soldados alemães enviados para ajudar as forças de Francisco Franco no golpe de estado.
“Brincar? Eu não tenho tempo pra isso, Dirlewanger. Abra isso agora e me deixe sair!”, ordenou Briegel.
“Briegel, ouvi falar que te apelidaram de ‘coronel’, é isso? Coronel Briegel? Justo você que nem chegou a ser um cabo! Nem experiência em guerra direito você tem, sorte sua que seu pai te colocou na SD. Senão você estaria na rua vendendo waffles”, disse Dirlewanger.
Briegel permanecia sem expressar nada. Sabia que aquelas alfinetadas só poderiam sair de alguém que não bate muito bem da cabeça, como era Dirlewanger.
“E você? O que raios está fazendo aqui? Você não me contou isso ainda”, perguntou Briegel, se virando pra Dirlewanger, vendo que não havia opção a não ser enfrentá-lo.
“Eu vim com a Legião Condor. Ajudei as tropas, andei um pouco de avião, matei uma galera aí. Cara, você tinha que ver! Ontem eu encurralei uma velhinha que estava com duas crianças num beco aqui de Guernica. Eu fiz elas implorarem pelas vidas, ficaram de joelhos, não paravam de chorar!! Hahaha!! Você tinha que ver, Briegel!”, disse Dirlewanger.
“Misericórdia á la Dirlewanger. Que patético você fazer uma senhora e duas crianças implorarem pelas suas vidas. Só um idiota como você mesmo”, disse Briegel.
“Hã? Mas quem disse que eu as deixei viver?”, disse Dirlewanger. Briegel ficou abismado, e fechou os punhos não acreditando no que estava ouvindo, “Eu tava meio estressado, e ela era velha demais pra comer. Sobrou uma menina, mas aí eu e mais os outros soldados estupramos a menina ali mesmo na frente dos corpos. Enfiamos um cabo de vassoura na xoxota da menina, nossa, ela sangrou até morrer, você devia ter visto!”.
Até Sundermann teve enjoos só de ouvir essa descrição. O rosto de Briegel saiu da surpresa pra uma expressão de fúria.
“Seu maldito… Filho duma puta desgraçado. Você fez isso com uma família indefesa?!”, disse Briegel, elevando o tom.
“Óbvio que fiz. Nós somos a justiça. Não é isso que o Führer diz? Quem não é ariano são simples animais. Eu estava certo em fazer isso”, disse Dirlewanger, sem o menor rancor, empatia, ou nada.
Briegel permaneceu em silêncio. Era medonho ouvir aquilo. E em como Adolf Hitler, com todas as crenças idiotas dele de raças superiores haviam mudado tanto a cabeça das pessoas achando que outros que não fossem da sua etnia eram seres que valiam menos que animais. Talvez Dirlewanger nem seguisse tanto Hitler. Mas tinha uma atração imensa em fazer o mal. Juntava basicamente a fome com a vontade de comer. Era conveniente pro exército nazista contar com Dirlewanger e sua tropa.
“Puxa, não são muitos que conseguem te deixar assim a ponto de te tirar do sério. Mas, quer saber? É exatamente assim que eu preciso que você esteja!”, disse Dirlewanger, fazendo um sinal para dois dos seus soldados. Eles saíram pela outra saída, que estava próxima de Dirlewanger, como se fossem pegar algo, “Te chamam de ‘coronel’, mas quero ver se você realmente faz jus. Se você é um guerreiro, um soldado”.
Nessa hora todos ouviram um grito vindo da saída de onde o soldado havia ido. Era um grito de terror, como se algo horrível tivesse acontecido.
“Mas que merda é essa…?”, disse Briegel.
O outro soldado entrou correndo gritando “Socorro! É um monstro!!”. Ele também soltava urros de dor, e seu rosto estava completamente desfigurado, como se estivesse derretendo, com pedaços de carne e pele se misturando com sangue. Seus olhos estavam praticamente saindo das órbitas, e ele não aguentou e caiu morto no chão ali mesmo.
“E agora temos nossa estrela!”, disse Dirlewanger.
Quem entrou depois era um ser no mínimo bizarro. Tinha um braço que era claramente maior que o outro, e andava meio que apoiado neles, como uma espécie de gorila, mas extremamente habilidoso e rápido, parecia um quadrúpede. Tinha uma máscara de médico da peste medieval (uma máscara preta que tinha um formato de um bico de pássaro) sem buracos para os olhos, com dois canos anexados nas lateriais da máscara. Não dava pra ver muito a pele, mas nos poucos locais que não estavam protegidos com uma malha de metal marrom escura era possível ver uma pele meio roxa, como se faltasse oxigênio, com algumas brotoejas, parecendo erupções da pele.
“Derrote esse bicho aí, ‘coronel’ Briegel!”, gritou Dirlewanger, “É fácil de derrotar, na verdade. Me prove que você é realmente um guerreiro. Você sempre foi melhor que eu. Se morrer aqui, vou viver com a certeza de que me tornei melhor que você”.
Briegel e Sundermann rapidamente se agacham e se escondem atrás de caixas com equipamentos militares que estavam por lá. O monstro bicudo começou a andar pela sala. Virava o rosto e avançava rapidamente com as quatro patas, parecia quase voar de tão rápido, verificando cada um dos cantos do local com uma velocidade incrível.
“Merda, temos que nos separar. Você contorna a sala que vou atrair esse bicho pra cá, entendeu?”, disse Briegel.
Mas Sundermann estava com uma cara de quem estava profundamente apavorado e transtornado, encostado em uma das caixas, olhando pro nada, tremendo e pálido.
“Sundermann?! Isso é hora de ficar assim?”, disse Briegel, baixinho ao lado dele.
“I-isso é um e-exercício, não é?”, disse Sundermann, gaguejando de medo. Ele então virou pra Briegel, com os olhos arregalados, “Isso é um t-treino, né? N-não é nada pra valer, não é?”
“Mas que merda, Sundermann”, disse Briegel, se virando pra frente dele e colocando as mãos no ombro dele, “Olha pra mim, olha nos meus olhos. Isso não é um treinamento, garoto. Isso é a vida real. Não podemos falhar. Se erramos, já era, nós dois vamos morrer. Temos que trabalhar juntos”, nessa hora Briegel viu que Sundermann continuava como se fosse em um transe, amedrontado. Briegel pra acordá-lo deu um sonoro tapa em sua face, “Isso é a guerra, soldado! Não é hora disso! Mantenha o foco, vamos derrotar essa merda, ouviu? Temos que trabalhar juntos!”.
Sundermann estava piscando os olhos, como se estivesse voltando pra realidade. Mas isso não quer dizer que havia perdido o medo.
“Tá me ouvindo, Sundermann?!”, disse Briegel, de maneira imperativa.
“S-sim!”, gaguejou Sundermann. Briegel deu outro tapa no rosto de Sundermann.
“Não é essa a resposta que quero soldado!!”, disse Briegel. Sundermann enfim voltou a si.
“Sim! Sim, coronel Briegel!”, disse Sundermann, com firmeza.
“Brincar? Eu não tenho tempo pra isso, Dirlewanger. Abra isso agora e me deixe sair!”, ordenou Briegel.
“Briegel, ouvi falar que te apelidaram de ‘coronel’, é isso? Coronel Briegel? Justo você que nem chegou a ser um cabo! Nem experiência em guerra direito você tem, sorte sua que seu pai te colocou na SD. Senão você estaria na rua vendendo waffles”, disse Dirlewanger.
Briegel permanecia sem expressar nada. Sabia que aquelas alfinetadas só poderiam sair de alguém que não bate muito bem da cabeça, como era Dirlewanger.
“E você? O que raios está fazendo aqui? Você não me contou isso ainda”, perguntou Briegel, se virando pra Dirlewanger, vendo que não havia opção a não ser enfrentá-lo.
“Eu vim com a Legião Condor. Ajudei as tropas, andei um pouco de avião, matei uma galera aí. Cara, você tinha que ver! Ontem eu encurralei uma velhinha que estava com duas crianças num beco aqui de Guernica. Eu fiz elas implorarem pelas vidas, ficaram de joelhos, não paravam de chorar!! Hahaha!! Você tinha que ver, Briegel!”, disse Dirlewanger.
“Misericórdia á la Dirlewanger. Que patético você fazer uma senhora e duas crianças implorarem pelas suas vidas. Só um idiota como você mesmo”, disse Briegel.
“Hã? Mas quem disse que eu as deixei viver?”, disse Dirlewanger. Briegel ficou abismado, e fechou os punhos não acreditando no que estava ouvindo, “Eu tava meio estressado, e ela era velha demais pra comer. Sobrou uma menina, mas aí eu e mais os outros soldados estupramos a menina ali mesmo na frente dos corpos. Enfiamos um cabo de vassoura na xoxota da menina, nossa, ela sangrou até morrer, você devia ter visto!”.
Até Sundermann teve enjoos só de ouvir essa descrição. O rosto de Briegel saiu da surpresa pra uma expressão de fúria.
“Seu maldito… Filho duma puta desgraçado. Você fez isso com uma família indefesa?!”, disse Briegel, elevando o tom.
“Óbvio que fiz. Nós somos a justiça. Não é isso que o Führer diz? Quem não é ariano são simples animais. Eu estava certo em fazer isso”, disse Dirlewanger, sem o menor rancor, empatia, ou nada.
Briegel permaneceu em silêncio. Era medonho ouvir aquilo. E em como Adolf Hitler, com todas as crenças idiotas dele de raças superiores haviam mudado tanto a cabeça das pessoas achando que outros que não fossem da sua etnia eram seres que valiam menos que animais. Talvez Dirlewanger nem seguisse tanto Hitler. Mas tinha uma atração imensa em fazer o mal. Juntava basicamente a fome com a vontade de comer. Era conveniente pro exército nazista contar com Dirlewanger e sua tropa.
“Puxa, não são muitos que conseguem te deixar assim a ponto de te tirar do sério. Mas, quer saber? É exatamente assim que eu preciso que você esteja!”, disse Dirlewanger, fazendo um sinal para dois dos seus soldados. Eles saíram pela outra saída, que estava próxima de Dirlewanger, como se fossem pegar algo, “Te chamam de ‘coronel’, mas quero ver se você realmente faz jus. Se você é um guerreiro, um soldado”.
Nessa hora todos ouviram um grito vindo da saída de onde o soldado havia ido. Era um grito de terror, como se algo horrível tivesse acontecido.
“Mas que merda é essa…?”, disse Briegel.
O outro soldado entrou correndo gritando “Socorro! É um monstro!!”. Ele também soltava urros de dor, e seu rosto estava completamente desfigurado, como se estivesse derretendo, com pedaços de carne e pele se misturando com sangue. Seus olhos estavam praticamente saindo das órbitas, e ele não aguentou e caiu morto no chão ali mesmo.
“E agora temos nossa estrela!”, disse Dirlewanger.
Quem entrou depois era um ser no mínimo bizarro. Tinha um braço que era claramente maior que o outro, e andava meio que apoiado neles, como uma espécie de gorila, mas extremamente habilidoso e rápido, parecia um quadrúpede. Tinha uma máscara de médico da peste medieval (uma máscara preta que tinha um formato de um bico de pássaro) sem buracos para os olhos, com dois canos anexados nas lateriais da máscara. Não dava pra ver muito a pele, mas nos poucos locais que não estavam protegidos com uma malha de metal marrom escura era possível ver uma pele meio roxa, como se faltasse oxigênio, com algumas brotoejas, parecendo erupções da pele.
“Derrote esse bicho aí, ‘coronel’ Briegel!”, gritou Dirlewanger, “É fácil de derrotar, na verdade. Me prove que você é realmente um guerreiro. Você sempre foi melhor que eu. Se morrer aqui, vou viver com a certeza de que me tornei melhor que você”.
Briegel e Sundermann rapidamente se agacham e se escondem atrás de caixas com equipamentos militares que estavam por lá. O monstro bicudo começou a andar pela sala. Virava o rosto e avançava rapidamente com as quatro patas, parecia quase voar de tão rápido, verificando cada um dos cantos do local com uma velocidade incrível.
“Merda, temos que nos separar. Você contorna a sala que vou atrair esse bicho pra cá, entendeu?”, disse Briegel.
Mas Sundermann estava com uma cara de quem estava profundamente apavorado e transtornado, encostado em uma das caixas, olhando pro nada, tremendo e pálido.
“Sundermann?! Isso é hora de ficar assim?”, disse Briegel, baixinho ao lado dele.
“I-isso é um e-exercício, não é?”, disse Sundermann, gaguejando de medo. Ele então virou pra Briegel, com os olhos arregalados, “Isso é um t-treino, né? N-não é nada pra valer, não é?”
“Mas que merda, Sundermann”, disse Briegel, se virando pra frente dele e colocando as mãos no ombro dele, “Olha pra mim, olha nos meus olhos. Isso não é um treinamento, garoto. Isso é a vida real. Não podemos falhar. Se erramos, já era, nós dois vamos morrer. Temos que trabalhar juntos”, nessa hora Briegel viu que Sundermann continuava como se fosse em um transe, amedrontado. Briegel pra acordá-lo deu um sonoro tapa em sua face, “Isso é a guerra, soldado! Não é hora disso! Mantenha o foco, vamos derrotar essa merda, ouviu? Temos que trabalhar juntos!”.
Sundermann estava piscando os olhos, como se estivesse voltando pra realidade. Mas isso não quer dizer que havia perdido o medo.
“Tá me ouvindo, Sundermann?!”, disse Briegel, de maneira imperativa.
“S-sim!”, gaguejou Sundermann. Briegel deu outro tapa no rosto de Sundermann.
“Não é essa a resposta que quero soldado!!”, disse Briegel. Sundermann enfim voltou a si.
“Sim! Sim, coronel Briegel!”, disse Sundermann, com firmeza.
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